Capítulo 38.1
"esperança (s.f)
sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja; confiança em coisa boa"
Camila
Traição é uma palavra que ouvi muito se falar sobre, mas nunca imaginei passar por isso um dia. Nem o fato de eu ter ido atrás de Julian para terminar nosso relacionamento tira o gosto amargo de minha boca. Apesar de qualquer indício que ele tenha dado, eu nunca imaginei que a pessoa que era meu amigo acima de tudo teria coragem de me fazer passar por isso.
Abro os olhos e vejo o teto branco do meu quarto. Olhar para o nada me dá a sensação de um certo controle sobre minha mente, como se eu conseguisse pensar em nada em específico quando minha cabeça está um turbilhão.
Estou em minha espécie de meditação quando alguém escancara a porta e deixa a luz entrar no quarto.
— Por que sempre sou chamada na hora da fossa? — ouço a voz de Joana reverberar pelo recinto.
Tiro a coberta da cabeça e sento-me na cama.
— Jô?
— Fui recrutada para te tirar dessa situação precária. — ela coloca as mãos na cintura.
— Quem te chamou? — pergunto, confusa.
Depois do que aconteceu ontem, eu apenas me joguei na cama e não falei com ninguém.
— Alissa me mandou uma mensagem. Eles falaram que você não deu mais o ar da graça e eles ficaram preocupados. Tomás disse...
— Tomás!
Levanto-me da cama em um pulo. Eu me esqueci completamente que Tom estava me esperando no hospital.
— Eu esqueci totalmente. — digo em voz alta.
— Esqueceu o quê?
— Eu estava com Tomás no hospital, conversamos e eu percebi que não poderia estar com Julian quando meu coração é claramente de Tom. Com isso, eu deixei ele no hospital e fui atrás de Julian, mas eu tive uma surpresa desagradável e acabei vindo para meu quarto e pegando no sono mesmo no meio de tanta raiva. — resumo tudo sem tomar fôlego e me sento novamente na cama.
Joana me olha como se eu fosse doida.
— O que diabos aconteceu com você? Como foi com Julian?
Respiro fundo antes de contar tudo para minha amiga. Com o passar dos acontecimentos vejo o rosto dela ficando vermelho e seus olhos flamejantes de raiva.
— Ele fez o quê? — ela começa a caminhar em direção a porta. — Eu vou matar esse canalha.
Entretanto, assim que Jô abre a porta, dá de cara com Jean e Alissa.
— Jean! — corro em sua direção.
— Calma, calma, eu sei que sou importante para vocês, mas muita calma nessa hora.
Ele caminha até o meio do quarto e abre os braços.
— Hora do abraço!
Vou de encontro ao seu abraço enquanto Joana e Alissa me acompanham. Quando me afasto, limpo resquícios de lágrimas nos meus olhos.
— Eu fiquei com tanto medo. — digo.
Jean se solta do abraço das meninas e bate palma.
— Chega de choro que Jean está na área pronto para saber do babado com Tomás Ferraz. — ele me faz sentar na cama. — Quero ser atualizado agora mesmo.
Olha-me com os olhos semi cerrados, esperando que eu comece a falar. Respiro fundo e narro novamente todos os acontecimentos da noite anterior.
— Eu não acredito que ele fez isso! — exclama Alissa quando acabo de contar.
— Meu faro nunca erra mesmo. — diz Jean, me olhando como se fosse um monge que tivesse anos de sabedoria. — Mas a pergunta é: o que fará em relação a Tomás?
— Como assim?
— Deus! — ele se levanta. — Como eu, sendo tão inteligente, tenho amigas tão lerdas?
Observamos o menino andar de um lado para o outro, parecendo calcular uma expressão numérica de cabeça.
— Jean? Desembucha! — exclama Joana após a quinta volta dele pelo quarto.
— Camila. — o loiro me chama. — Você tentou ligar para Tom?
— Não, eu estava com vergonha de ligar, afinal, eu deixei ele plantado lá no hospital e... Eu estava triste.
— Ele me disse que você saiu de lá que ia resolver algo. Qual foi a conclusão que você chegou?
Passo a mão em meu rosto.
— Que eu o amo. — sussurro.
— Diga mais alto, Mila. Diga para si mesma com convicção. — diz Joana.
Respiro e sinto meu peito cheio de amor. Eu nunca deveria ter deixado Tom ir embora.
— Eu amo Tomás Ferraz. — digo com uma certeza que não tinha há muito tempo.
Meus amigos começam uma salva de palmas para mim e eu sorrio. Feliz por me sentir aliviada em finalmente assumir que o buraco que sentia no peito era reconhecer meu amor por Tomás.
— E o que eu faço agora? — pergunto baixinho. — Eu não quero dizer tudo o que sinto por telefone. Quero poder tocá-lo novamente.
— Vamos até ele. — meu amigo diz, simplesmente.
— Como vamos saber onde ele está?
— Ás vezes, você esquece que Tomás é famoso, senhorita Bian. — Alissa diz e me entrega seu celular.
Vejo um vídeo de Dominic mostrando um estúdio em que está com a localização de uma cidade há cinco horas de onde estamos.
— Como vou dirigindo até lá sozinha?
— Nós vamos todos juntos. — Jô fala.
— Isso mesmo. Eu arrumo o carro para caber todos nós. — conta Jean, já indo em direção a porta.
— Onde você vai? — pergunto.
— Arrumem as malas e me encontrem no estacionamento em uma hora. — diz simplesmente e sai.
***
— Onde diabos você arrumou isso? — Morgana, que nos encontrou para embarcar junto nesta aventura, pergunta para Jean.
Ele estaciona uma mini van rosa na nossa frente.
— Contatos, minha cara. — eu reponde. — Entra todo mundo que eu já volto, amadas.
— Jean está agindo estranho. — reflete Alissa.
— Mais estranho que o normal. — continuo e nós rimos.
Entramos todas no carro, ajeitamos nossas bolsas e ficamos em silêncio por um tempo.
Alissa e Morgana passam a mexer no celular, enquanto eu decido ler algum livro. De repente, a menina negra exclama, chamando nossa atenção.
— Mila, você viu isso? — Alissa me entrega seu celular e vejo ser um vídeo de Tom.
Ele está sentado com o violão no colo e tocando uma melodia conhecida: a música Mila. Sinto meu coração bater mais forte quando ouço sua voz rouca e linda encher o ambiente.
— Ele sabe que eu amo essa música.
— Sabe tanto que ele postou no seu aniversário. Olhe a data.
Olho para onde minha amiga indica e vejo que realmente era o dia do meu aniversário. O dia que eu pensei que ele havia esquecido. Tom fez uma homenagem que só eu saberia reconhecer.
Coloco a mão na boca, em choque.
— Eu achei... — gaguejo.
— Que ele tinha esquecido. — Jô termina a frase para mim e eu aceno com a cabeça.
Ponho a mão em cima de meu coração que está batendo forte.
— Eu preciso dizer tanta coisa a ele. — limpo uma lágrima solitária que escorre por minha bochecha. — Cadê Jean? Precisamos ir.
— O que ele foi fazer leva tempo mesmo. — diz Joana do banco do carona, enquanto lixa as unhas e estica os pés em cima do painel do carro.
— Você sabe o que ele foi fazer? — pergunto me sentando ereta no banco.
— Eu sou uma pessoa que tudo ouve e tudo vê, minha cara.
Nesse momento nosso amigo entra e se senta no banco do motorista, colocando o cinto rapidamente.
— Resolvido. — conta para Jô.
— Do que vocês estão falando? — pergunto.
— Esses dois estão de segredinhos desde quando contou o que Julian fez. — Alissa conta.
Olho rapidamente para Joana e Jean, desconfiada.
— O que vocês fizeram com Julian?
Os dois trocam olhares.
— Posso contar? — o menino pergunta.
Minha melhor amiga dá um sorriso sacana e dá de ombros. Jean vira para trás e me encara com um olhar divertido.
— Eu deixei um recadinho para Jules, mas tem um brinde junto.
Estreito os olhos.
— Que brinde?
— Tenho um amigo que tem um cachorro que tem problemas intestinais e peguei o cocô dele, mas não para fazer adubo...
Um silêncio recai pelo carro até que Morgana e Alissa explodem em gargalhadas. Olho para meu amigo, chocada.
— Você quer dizer que...
— Julian vai ter trabalho para tirar cocô de cachorro do sapato.
— Jean! — solto uma risada.
— De nada, docinho. — ele se vira para frente e liga o carro. — Próxima parada: Tomás Ferraz.
Meu amigo engata a primeira e pisa no acelerador como se não houvesse amanhã. Todas nós voamos com tudo para trás.
— Só me faça chegar viva. — grito.
— Com certeza, meu cristal. Ninguém vai separar meu casal mais.
Olá, docinhos de Nutella. O que acharam do capítulo?
Estamos nos últimos três capítulos </3 aproveitem a aventura final.
Vejo vocês na próxima <3
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