Capítulo 36.2
"Reencontro (s.m.)
ato ou efeito de reencontrar-se; novo encontro; redescobrimento"
Camila
Os médicos levam a maca de Jean rapidamente para dentro da emergência.
Limpo as lágrimas que derramei no caminho até aqui e paro de andar assim que o loiro entra em uma ala só para pessoas autorizadas.
— Venha, Mila. Vamos nos sentar. — Tom toca minhas costas, me guiando a sala de espera.
Sento-me ao lado de Tomás a espera de notícias de meu amigo.
— Obrigada por ter nos ajudado lá na boate e por estar aqui comigo.
Olho para seus olhos castanhos tão familiares que me observa de volta.
— Eu jamais deixaria vocês lá sozinhos. Jean é meu amigo também. — ele diz sem desviar o olhar um mísero segundo.
Olho para minhas mãos antes de voltar a falar:
— É bom ver você novamente.
Tom sorri.
— É bom ver você também. Você está linda, como sempre. Achei que seu novo corte te deixou ainda mais encantadora.
Olho-o e não consigo evitar em sorrir. O músico nunca deixa de ser atencioso.
— Obrigada. Você também está adorável.
Ficamos em silêncio por um tempo, mas logo volto a falar:
— Eu soube sobre Lavínia. Eu sinto muito.
— Nunca imaginei que ela seria capaz disso. Nós nunca conhecemos realmente as pessoas, mas Diego já está resolvendo tudo.
Olho para ele com um sorriso nos lábios.
— Diego? Sério?
— É, Mila, nosso menino cresceu.
Sorrimos um para o outro, nostálgicos. Nesse momento o médico aparece e nós nos levantamos em um pulo
— Como ele está, doutor? — pergunto com o coração aflito.
— Apesar de estar com o rosto um pouco inchado, ele está muito bem. — diz de uma forma divertida, me fazendo imaginar no jeitinho Jean de ser.
Agradecemos pela atenção e quando o médico está se despedindo, ele retorna e fala:
— Já estava me esquecendo! Seu amigo me pediu para lhe passar um recado, senhorita.
Franzo o cenho e lhe olho intrigada o incentivando a prosseguir.
— Agradeceu por sua ajuda, porque em menos de 60 segundos você escolheu ajuda-lo, mesmo que pudesse acabar se machucando com isso. Ele valoriza seus segundos voltados a ele, mas que você não se esqueça de usar os demais segundos para tomar a importante decisão que paira sobre si. — Perco toda a capacidade de fala entendendo completamente o que meu amigo havia dito.
Olho para Tomás que me olha confuso de volta.
— Obrigada, doutor. — agradeço com a voz engasgada.
O médico se vai e nos sentamos novamente. Ficamos em um silêncio por um período cada um perdido em seus pensamentos. Consigo praticamente ouvir os neurônios do músico trabalhando para entender a mensagem de Jean. Quebro o silêncio ao fazer uma pergunta:
— Se você tivesse 60 segundos para escolher o que salvar em um incêndio, o que você salvaria, Tom? — digo olhando no fundo de seus olhos.
Tomás me olha estranhando a pergunta, mas responde sem pensar muito:
— Se você estivesse comigo e já estivesse segura, acho que meus instrumentos. Caso contrário, seria você em primeiro lugar sempre.
Abro um sorriso, finalmente tendo a resposta que procuro a tanto tempo.
— Você vai ficar aqui com Jean? Eu preciso resolver uma coisa. — pergunto me levantando, pegando minha bolsa, muito afobada.
— Vou sim, mas... — Tom começa, porém eu já estou correndo em direção a porta.
— A gente se vê. — é a última coisa que eu digo.
Pela primeira vez desde que deixei o músico no quarto de hotel, eu sei que caminho devo seguir.
***
Chego na casa de Julian o mais rápido que consigo. Vejo a luz de seu quarto acessa, por isso, aperto o passo e pressiono a campainha, esperando Cida vir atender a porta.
— Camila? — a funcionária me recebe com um pijama de ursinho e o cabelo despenteado. — Aconteceu alguma coisa?
— Não, eu estou procurando Julian.
Ela abre mais a porta para que eu entre.
— Claro, acho que ele está dormindo, o ouvi chegando uma hora atrás.
Franzo a testa. Julian não me disse que ia sair, aliás, segundo meu namorado, ficaria em casa lendo.
— Obrigada, Cida e desculpe o incômodo.
— Imagina, querida.
Sorrio, simpática e começo a subir as escadas. Chegando próxima o quarto de Jules, ouço risadinhas. Aproximo-me calmamente, aparentemente ele está falando com alguém no telefone.
Abro sua porta e me deparo com uma cena que nunca na minha vida imaginei que veria.
Julian está em cima de uma menina ruiva, tocando um ao outro de uma forma que eu mesma nunca o fiz.
Graças aos deuses estavam cobertos o suficiente para que eu subentendesse o quê estava acontecendo sem precisar ver com meus próprios olhos.
— Julian? — consigo dizer em meio ao choque.
Ele sai de cima da garota e cai na cama, me olhando com uma mistura de choque e culpa.
— Mila, não é o que você está pensando...
— Bem, eu não estou pensando nada, eu estou vendo! — digo em voz alta e olho para a moça me encarando confusa. — Não se incomode em sair de seu conforto aí, eu não quero atrapalhar.
Viro-me e saio sem olhar para trás. Desço as escadas como um foguete, ouço Cida me chamar, mas eu não paro até estar do lado de fora. O ar frio da noite atinge meu rosto e eu respiro fundo.
Eu nunca amei realmente Julian, contudo, nunca imaginei ser traída dessa forma. Eu esperava que sinceridade fosse o mínimo que devíamos um ao outro. Apesar de meu amor por Tomás, sempre respeitei e me preocupei com Jules.
— Camila! — ele sai da porta da frente abotoando a calça e sem camisa.
Olho-o e o vejo se encolher com meu olhar.
— Se você me disser de novo que não é o que estou pensando, eu não respondo por mim!
— Mila, eu posso explicar.
Cruzo os braços e espero.
— Eu...Eu... — ele encolhe os ombros. — Fui um babaca.
— Julian, eu ignorei todos os comentários que ouvi sobre você não se apegar a ninguém, sobre como você é um galanteador, porque eu decidi acreditar em você, na sua verdade. — eu me aproximo dele. — E você me provou ser exatamente o que sempre me disseram.
— Você sempre foi diferente de todas, mas eu sou quebrado, Mila. Sempre faço algo de errado.
— A gente acaba aqui tudo que construímos. A falta de seus pais na sua vida não deve ser motivo para você ser babaca com os outros! — viro-me e vou embora sem que ele tente me impedir.
Vou até meu dormitório para ficar sozinha. Alissa irá passar a noite com Jean, por isso, quando chego em meu quarto, está tudo um breu. Não acendo a luz e entro embaixo das cobertas.
Eu sempre me senti culpada por não amar Julian, por ainda pensar em Tom, mas no fim, nada disso fez diferença.
Fechos os olhos com força e o cansaço do dia cai sobre mim com força.
Com isso, caio no sono, me esquecendo totalmente que Tomás está no hospital esperando por mim.
Imagens exclusivas da Camila ao ver o Julian com outra:
Agora me contem: vocês desconfiavam que o Jules seria capaz disso?
O que acham do encontro de Camila e Tomás?
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