"polisipo (adj.)

é quando o difícil do mundo dá um tempo. do grego significa: pausa na dor"

Camila

10 minutos antes

Tomás está no palco do programa de Georgina Bryan cantando Falling, minha música favorita de Harry Styles. 

Depois que decidi que viria atrás de meu namorado, eu liguei para Roger, o preparador vocal da banda, para perguntar onde a banda estaria exatamente. Eu sabia que eles estariam em uma cidade próxima da universidade, mas não sabia onde, pois eu queria fazer uma surpresa para o músico. 

Roger me contou e disse que colocaria meu nome na lista para poder entrar na emissora do programa. 

— Boa tarde, eu sou Camila Bian e trabalho para a banda Reconvexo. — disse dando um sorrisinho quando cheguei a portaria.

O segurança olhou para minha cara atentamente e eu tentei a máximo não parecer uma fã doida que queria entrar a todo custo. Ele olha para mim novamente e para a prancheta em sua mão.

— Seu nome não está na lista. — concluiu simplesmente.

— O quê? Mas eu preciso entrar. — disse, ansiosa.

— E o que você faz na banda? — o homem cruzou os braços me desafiando. 

Olhei para o nome seu crachá.

— Senhor John, me sinto ofendida em não me reconhecer, porque eu sou...a estilista!

Ele olhou para vestido com estampa de gatinhos. 

— Já chega! Não tenho tempo para picuinha de fã. Se retire, por favor.

— Mas...

— Mas nada. — John começou a me expulsar da portaria.

— EI! — alguém gritou — Ela está comigo. 

Olhei para trás e vi Roger, meu salvador, correndo para me ajudar. O segurança libera a entrada a contra gosto e seguro a vontade de jogar um beijo para ele por ter duvidado de mim. 

E agora aqui estou, assistindo a performance mágica da banda quando alguém fala do meu lado.

— O que faz aqui? — a voz de Lavínia soa irritada. 

— Assistindo a apresentação de meu namorado. — digo simplesmente.

— Venha comigo. — ela me puxa por um longo corredor até chegar no camarim da banda. 

Lavínia nunca foi tão grosseira comigo a esse ponto. Eu sempre gostei dela e pelo quanto que ela cuida de Tomás, mas aparentemente as pessoas mudam quando o dinheiro delas está em jogo.

— Você não deveria estar aqui logo hoje.

— Não entendi. — franzo a testa, confusa.

— Eles vão fazer uma turnê internacional que não sabem ainda. Você aqui só vai deixar Tomás com pé atrás sobre isso. — ela praticamente cuspe cada palavra.

Fico estática ao sentir o impacto de suas palavras. Além de serem duras palavras, são verdadeiras e parece que a empresária enfiou uma faca em brasa no meu peito. Como eu não falo nada, ela continua:

— Tomás está fazendo o melhor que pode para não falhar com você e nem com a banda, mas ele não está conseguindo porque tudo que tem de decisão relacionado a Reconvexo, ele demora 5 segundos para aceitar e eu sei que nesses segundos ele traça caminhos de como chegar até você ou simplesmente estar mais próximo de você. Não me entenda mal, Mila, vocês dois são fofos, porém sei que vai chegar um dia que ele vai precisar escolher e eu não tenho dúvidas que será você, só que ele terá que viver a vida encarando as consequências de ter desistido de seu sonho por amor. Eu não acho que ele irá questionar essa decisão, mas viverá com um gosto amargo na boca.

Fico a encarando, ainda sem conseguir responder.

— A decisão é sua se vai deixar ele jogar tudo no lixo. — termina de falar e sai pisando duro.

Eu me sento no sofá ao meu lado e coloco o rosto entre as mãos. Talvez Lavínia tenha razão, Tomás desistiria de tudo se eu pedisse  e isso não é certo.

Eu preciso evitar com que ele desista do seu sonho.

***

Depois de meia hora, a banda chega no camarim e estão afobados com o claro sucesso em sua entrevista. Estou ainda sentada no sofá, mas já recomposta para encarar a batalha mais de difícil de minha vida: deixar Tomás voar sem que eu fique o impedindo de chegar ao céu.

— Ei, Camila! — ouço a voz dócil de Greta me chamar. 

Ela está usando um vestido longo branco e me olha com um carinho imenso como todas as vezes que nos encontramos. 

— Greta! — levanto-me para abraçá-la. — Você está linda.

— Obrigada, meu bem. — ela me olha atentamente. — Sua aura não está legal. O que está te perturbando tanto? 

Uma lágrimas escorre pela bochecha e eu a limpo rapidamente. 

— Só estou cansada mentalmente. — dou um sorriso amarelo.

Greta coloca uma mecha de cabelo atrás de minha orelha. 

— Entendo. Se precisar de algo é só me chamar, tudo bem?

Assinto quando ouço meu nome:

— Camila? — pergunta Tom ao me ver.

Dou um sorriso, fazendo-o vir rapidamente na minha direção e me abraça de modo que me tira do chão. 

— Eu não sabia que você vinha. — diz acariciando meu rosto. — Espera! Você estava assistindo a apresentação? Eu vi uma sombra loira e pensei mesmo que fosse você.

Assinto.

— Eu estava, mas pedi para Lavínia onde era o banheiro e ela me trouxe para cá. — minto, não querendo falar sobre muita coisa na frente da banda. 

— Ei, Tom... — Emma entra no recinto toda sorrisos, mas para ao me ver. — Ah, oi, Camila. 

— Emma. — cumprimento. 

— Hã...Tom, nós vamos a uma festa para comemorar a turnê internacional... — ela tampa a boca com um choque forçado. — Meu Deus, Camila já sabe? 

— Já sim. — Tomás me olha chocado. — Lavínia me contou. 

— O quê? Eu quem deveria te contar. — seu tom de voz expressa sua chateação.

— Poxa... — Emma diz, com clara falsidade. — Bom, vamos para a festa?

— Não. — responde Tomás me olhando e eu não consigo desviar meus olhos dos dele. — Quero ficar com minha namorada. 

Não ouço quando a morena sai do camarim, pois quando percebo Tom me beija de forma apaixonada e cheio de saudades. Eu me entrego ao beijo de forma que pareço que vou derreter em seus braços. 

Depois de um tempo agarrados, juntos, eu preciso reunir forças que eu nem sabia que tinha para dizer duas palavras com tanto significado: 

— Precisamos conversar. 

Oiiii, gente. Como estão?

O que acham que Tomás e Camila vão conversar?

Os próximos capítulos serão decisivos para nosso casal.

Nos vemos na próxima <3