Ataque
Narração Daniel
Abro os meus olhos com certa dificuldade. Estou deitado em um chão frio. Meu rosto está em contato com o chão e eu tento me levantar para olhar em volta, sem sucesso.
Meu corpo está todo dormente. Começo a me desesperar e a soar frio. “O que está acontecendo? Onde estou?” penso enquanto tento voltar a calma.
Reviro os meus olhos o máximo que posso e consigo ver a Tereza. A mesma está se mexendo, mas não muito, acho que ambos estamos na mesma situação.
De repente começo a sentir um cheiro forte de gasolina. Decido ignorar aquilo por enquanto. Tento voltar a calma. Decido ficar parado até conseguir mexer o meu corpo.
Após alguns minutos eu finalmente consigo me mexer. Com muita dificuldade eu me sento. Olho em volta e vejo várias prateleiras com jarros de vidros.
Me arrasto até a Tereza e tento ajudá-la a se sentar e com muita dificuldade eu consigo. Ela a me encara por um tempo e eu quebro o silêncio.
— O…. que... aconteceu ? — pergunto com a voz fraca.
— Eu… não sei. — falou ela tentado se levantar, mas voltando ao chão logo em seguida.
— Se eu fosse vocês não tentaria levantar — Olho para a voz e vejo o Carlos, ou seria o clone dele? Ele estava falando com a gente através de um buraco que havia no teto.
Fico me perguntando a onde é que estamos, mas tais pensamentos são tirados da minha cabeça pela voz da Tereza.
— Você colocou algo naquela comida, né? — Tereza falou tentando colocar superioridade na voz, mas falhando miseravelmente.
— Tem razão. Eu coloquei. — respondeu.
— Por que?
— Pelo simples fato de não podermos existir lá fora juntos. Ninguém acreditaria se de repente aparecesse irmãos gêmeos de vocês.
— Vocês pretendem nos substituir? — pergunto com os olhos arregalados. “Eles não podem fazer uma coisa dessas, são as nossas vidas que estão em jogo. Nossos sonhos, futuro. Eles não podem simplesmente chegar e querer tirar tudo de nós “ penso enquanto olho para ele incrédulo.
— Só farão isso por cima do meu cadáver. — Anunciou Tereza.
— Acredito que esta é a ideia. — Rebateu o clone.
Eu não sei o que estou sentindo. Não acredito que fui enganado. Achei…. Eu achei que o meu meu clone me amava… Fui um perfeito idiota. Nem para dar as caras o desgraçado teve a coragem.
— Onde estão os outros? — pergunto com um tom de raiva, que foi facilmente percebível.
— A minha versão fraca está bem alí. — falou apontando para trás de mim. Me viro e vejo o Carlos sentado encostado na parede, apenas observando a cena. Acho que ele aceitou o seu destino e preferiu ficar quieto na dele. — As versões mais fortes estão na casa. Aliás, a sua versão, Daniel, ficou bem triste. Ele acha que você já está morto. Conseguiu fisgar um de nós, viado.
“Ele me ama? Eu não acredito. Ele me ama.” penso após ouvir ele falar. Preciso ir até ele. Ir até o meu Daniel. Me levanto com certa dificuldade, Tereza faz o mesmo. Eu a encaro por um curto período de tempo, mas logo volto a minha atenção para o clone do Carlos.
— Não iremos morrer e muito menos seremos substituídos. — Digo para o clone que me encarava com um sorriso no rosto.
— Bom, isso é discutível, mas não tenho tempo para isso. Eu tenho coisas para fazer. Tipo dormir, porquê eu tive que vigiar vocês a noite toda e já está amanhecendo. — Nessa hora o clone saí da minha vista. Fico me perguntando o motivo dele ter feito isso tão de repente, mas a resposta para isso logo vem.
Ele segura uma garrafa com um pano dentro em uma mão e um isqueiro no outro. Nessa hora, tudo faz sentido, o chão molhado, o cheiro de gasolina e o que ele segura na mão. Tereza aparenta também ter sacado o que ia acontecer.
A mesma pega na minha mão e me leva correndo em direção a uma porta que havia atrás da gente. Carlos se levanta e nos segue. Tudo que eu consigo ouvir é um barulho de vidro quebrando e uma imensa luz, misturado com um calor.
Chego no cômodo e vejo várias prateleiras com pote de vidro em cima. Olho para trás e vejo Tereza fechando a porta, mas isso não impedirá do fogo chegar até nós.
Em um momento de desespero eu me jogo no chão e começo a chorar. “Eu só queria passar o feriado em um lugar legal” penso em meio aos meus soluços. Conforme eu choro eu sinto o cheiro de fumaça e um calor se aproximar.
— Daniel não chore. — disse Carlos colocando as mãos no meu ombro — Não temos tempo para isso.
— Odeio ter que dizer isso, mas o Carlos tem razão. — Ouvi Tereza falar. — Precisamos encontrar uma saída.
— Tu-tudo bem. — falo me recompondo, levantando devagar e enxugando as lágrimas do meu rosto. — Vamos sair daqui. — falei decidido. Eu não irei morrer aqui e muito menos queimado.
Começamos a revirar o local procurando qualquer coisa, entretanto o tempo não estava ao nosso favor. A fumaça entrava com tudo para o cômodo que nós estava.
Olho para a porta e vejo que ele começa a pegar fogo. Faço o possível para não me desesperar, mas a fumaça que eu começava a inalar não colaborava.
Enquanto eu procuro acabo pisando em uma espécie de diário. Eu pego ele e abro. Nesse momento pouco me importava se eu estava prestes a morrer, a minha curiosidade sempre fala mais alto.
Abrindo o diário eu dou de cara com várias anotações. Em uma das últimas folhas, eu vejo uma reações químicas. “Essas são as fórmulas para fazer clones?” me pergunto enquanto olho para o diário.
— DANIEL! — Ouço Tereza me gritar. Olho para ela e vejo ela de frente a uma porta. — Saia do mundo da lua e vamos. — Sem pensar duas vezes eu corro na direção da porta.
A essa altura a fumaça tomava conta de quase todo o cômodo. Tereza abre a porta e damos de cara com um corredor escuro. Pelo cheiro dava para ver que alí era bastante úmido.
Nós passamos pela porta e fechamos a mesma atrás da gente. Seguimos sem rumo por aquele corredor. Não podíamos enchergar nada. Eu seguro fortemente o diário com a minha mão, a outra uso para tocar na parede e não né perder.
— Para onde esse corredor vai nos levar? — pergunto.
— Se eu estiver certa, este corredor vai nos levar de volta para a casa. Então, se preparem para lutar. — Tereza fala e eu apenas ouço.
Conforme vamos andando a minha mente começa a vagar para longe. Eu não quero de maneira nenhuma lutar contra ele….. Eu não quero fazer isso. Ainda mais que eu descobri que ele gosta de mim.
Acabo dando um sorriso bobo na possibilidade de eu e o meu clone ficar juntos, seria maior loucura. Logo sou tirado dos meus pensamentos quando esbarro em alguém.
— Ai, por quê parou? — falo para quem está na minha frente e eu não faço ideia se é o Carlos ou a Tereza.
— Acho que chegamos. Então fale baixo. — Tereza fala. Logo vejo uma luz entrar no corredor. De começo, os meus olhos reclamam da luz e eu fecho os olhos por um tempo, mas logo sou obrigado a abrir eles.
Vou andando em direção a luz até que estou totalmente nela. Percebo que me encontro no porão da casa. A segunda vez que eu entro aqui. Acho esse fato engraçado, pois eu só entro aqui para me esconder de alguém que quer me matar.
— O que faremos agora? — pergunto em um tom baixo.
— Não é óbvio? — Tereza me pergunta indo em direção a um remo que está no canto e o pegando. — Iremos lutar pelas nossas vidas, e nossos lugares no mundo.
— Isso mesmo. — falou Carlos em concordância. — Nenhum clone pau no cú irá me substituir. — Ele pega um pedaço de pau que havia alí.
— Então, tá. Vamos acabar logo com isso. — falo com total determinação. Se era briga que os clones queriam, era briga que eles iam ter.
Deixo o diário que antes eu segurava fortemente nas mãos em cima de uma prateleira que havia lá e pego um taco de baseball que eu achei jogado. Assim que eu pego o taco Carlos e Tereza me olham com uma cara que eu posso jurar que significa “vamos trocar de arma?” apenas finjo não perceber os olhares de ambos e vou em direção a escada.
— Precisamos de um código. — paro de andar assim que escuto a voz de Carlos.
— Como assim um código? — pergunto ao mr virar para ele com uma de minhas sobrancelhas arqueada.
— Um código para que saibamos quem é o original e quem é a cópia. — ele me responde como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Qual seria esse código? — pergunta Tereza.
— Bom… — Carlos fica olhando para o nada, esperando que um código venha na sua cabeça. — Marco um gol. Isso mesmo, marco um gol, é um ótimo código.
— Tá, tanto faz. — fala Tereza começando a andar em direção as escadas. Ela passa por mim e começa a subir elas, eu vou subindo atrás dela e Carlos vem atrás de mim.
Vamos subindo lentamente para não fazer barulho. Minha respiração é calma, quero fazer menos barulho possível. Dava para sentir a tensão alí. Quando chegamos perto da porta, começamos a ouvir vozes. Paramos e começamos a prestar atenção nelas.
— Tem certeza que eles estão mortos? — perguntou uma voz que eu reconheci de imediato como a voz do Paulo. Nessa hora eu me xingo mentalmente por ter esquecido dele, mas porquê o Paulo quer saber se estamos mortos?
— Óbvio que estão. O lugar é fechado. Se o fogo não matou eles, a fumaça, sim. — Ouvi a voz do clone do Carlos. — Mas e a sua versão fraca, onde está? — nessa hora eu paraliso. A pessoa que estava na cama o tempo todo era o Clone? Então quer dizer que o verdadeiro…. O Paulo está….
—Eu o matei — Sou tirado dos meus pensamentos pela voz. — Eu o afoguei, enquanto o fodia fortemente. — Eu capto um tom de malícia e minhas pernas começam a tremer. “Paulo…..” é tudo que eu consigo pensar. Ele não merecia ter um destino assim. Ser estuprado e afogado.
— Tudo bem então, partiremos daqui em vinte minutos. Arrume logo as suas coisas. — Ouço a voz do clone de Carlos e alguns passos se distanciando da porta.
Eles estão com pressa, sei disso. Eles acham que o jogo acabou, mas está apenas começando. Tereza olha para trás e eu aceno que sim com a cabeça. A hora é agora.
Tereza abre a porta e nós três vamos para o corredor, para lutarmos pelas nossas vidas…..
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N/a: Me desculpem a demora kshsish ( rindo de desespero )
O livro chegou no final, o próximo capítulo é o último 😢
Espero que tenham gostado do livro até aqui e me desculpem os erros.
Até ❤
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