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13. O Amor Que Lhe Fez Falta

"A amizade pode existir entre as pessoas mais desiguais. Ela as torna iguais."

Aristóteles

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PALÁCIO DE LEONTIUS, PORTO REAL
REINO DE LEONTIUS

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SEMPRE ESTIVE SOZINHA.

Antes de tudo desmoronar, já estava sozinha. Tinha minhas lições sozinha, dormia sozinha, caminhava pelo palácio sozinha, brincava nos jardins sozinha. A única pessoa que me fazia companhia era Ajax, meu irmão mais velho; graças a ele tive memórias felizes as quais me agarrar durante os anos sombrios que caíram sobre mim.

Receber a boneca de pano das mãos de Basilides fora como receber um pedacinho de meu irmão novamente, algo que nunca mais acreditei conseguir desde que Halius Exekias — que ele esteja queimando no inferno — destruiu tudo relacionado a ele, incluindo minhas bonecas. E ser presenteada com uma após ter contado esta história me atingiu de uma forma que não imaginava ser possível; derramei algumas lágrimas durante aquela noite e dormi com a boneca junto ao meu peito. A consideração de Basilides, mostrando que tinha me ouvido e compreendido, fora acalentadora.

Basilides Ariti havia feito a dor — que eu lutava para manter enterrada — se aliviar um pouquinho, e por isso seria grata a ele.

Meu jantar acabara de ser posto quando o servo retornou, parecendo aborrecido.

— Majestade, o homem loiro, Basilides, está nas portas e insiste em vê-la.

Senti meus lábios se curvarem em um sorriso instantaneamente.

— Deixe que ele entre — pedi — Mas antes sirva mais pratos e talheres, assim como uma taça extra.

Não estava em minha sala particular e sim na antecâmara de meu quarto de dormir, já banhada e recolhida; fogos, tochas e velas foram acesos, pois o sol havia se posto. Os dias eram mais longos no verão, mas, conforme ele aproximava-se do fim, tornavam-se mais curtos aos pouquinhos.

Quando Basilides entrou, passando pelas cortinas de seda, saí de meus pensamentos e observei-o, notando sua expressão cansada; ele estava limpo e de cabelos úmidos, com certeza se banhara também, mas suas vestes estavam desalinhadas, como se houvesse se mexido muito — o que não seria surpresa, Basilides Ariti era um homem inquieto e até mesmo um pouco agoniado.

— Perdoe-me... — hesitou, franzindo o cenho — Incomodá-la, majestade. Eu tentei procurar Chrysaor, mas ele não estava...

— Chrysaor foi tratar de alguns assuntos de suas terras. Além de senescal, ele é o barão de Édafos — tranquilizei — Diga-me em que posso ajudá-lo.

— Eu tenho notícias sobre Irmã Honoria, a curandeira — ele começou, parecendo perturbado.

— Já estou sabendo sobre a conversa que você e Eurynax tiveram com a Igétis do hospital da cidade — assenti em direção à uma das cadeiras na mesa — Sente-se e continue.

Ele sentou, com os olhos baixos para a mesa, completamente sem ânimo. Com um pouco de dificuldade ergui o jarro e despejei vinho na taça em sua frente; Basilides me encarou e ergueu a mão para ajudar-me.

— Hoje saí da cidade, fui sozinho verificar qualquer navio que tenha partido para Firentía, e ao que parecia ela não embarcara em nenhum — falou — Voltando, segui por um caminho diferente e deserto, e encontrei o corpo de Irmã Honoria largado não muito longe da estrada.

Suspirei, resignada, pois já imaginava que seria assim. Descreveu tudo que viu: a forma que o corpo estava mutilado e como seu cabelo aparentava que alguém a arrastara por ele.

— Enterrei-a o melhor que pude. O sol já estava quase prestes a se pôr, mas não poderia deixá-la daquela forma. E sim, antes que você pergunte, eu a revistei e ela não tinha nada consigo. Foi arrastada a força até ali ou fugiu tão desesperada que nem se preocupou em juntar suas coisas — Basilides pausou, apertando o maxilar — Acho que se estivesse partindo, teria recolhido suas roupas e dinheiro. Talvez ela tenha deixado para trás, pensando que mais tarde ainda estaria viva para pegá-los...

Ele franziu o cenho e voltou a abaixar o olhar.

— Você não é responsável pelo que aconteceu com ela — consolei suavemente.

— Eu sei — murmurou — Eu só... fico pensando que tudo isso poderia ter sido evitado, e talvez ela ainda estivesse viva. Não sei por qual motivo me envolvi nisso desde o início. Não... Não sou alguém especial e não tenho uso para ninguém, nem mesmo para Phillip e nem mesmo para você.

Suas palavras não pareciam combinar com ele. Basilides soava quase triste, embora não parecesse ser o tipo de pessoa que se sentisse confortável expressando outra emoção que não fosse raiva, ou talvez alegria. Entretanto, compreendia o motivo disso, a mulher havia sido gentil com ele, desde que chegara a um lugar desconhecido, fora brutalmente assassinada e ele encontrara o corpo. Independente do que ele já tivesse feito em sua vida, era normal sentir tristeza, mesmo que superficial.

— Beba o vinho — pedi, e ele o fez, hesitante — Não podemos nos culpar pelo que aconteceu. Todos nós cometemos erros, porém, é impossível voltar atrás. O único caminho é seguir em frente.

Basilides me olhou por entre as pálpebras, bebendo mais um pouco do vinho; seus lábios curvavam-se levemente para baixo, destacando ainda mais seus traços taciturnos.

De tristeza eu entendia, e muito bem, mas ele parecia ter mais dificuldade em ocultá-la do que eu. Não gostei de vê-lo assim; costumava compadecer-me da tristeza dos demais, pois sabia como era senti-la.

— Pedi que pratos, talheres e uma taça extra fossem postos à mesa com a esperança de que me acompanhasse no jantar — sorri — Você aceita? Deve estar com fome...

— Eu... sim. Sim, estou com fome.

— Então vamos nos servir? — minha pergunta foi retórica.

A mesa estava servida com porco e batatas assadas, legumes cozidos, purê, pãezinhos, vinho e suco de laranja. Tomei apenas uma taça de vinho, depois apenas o suco enquanto terminava a comida. Partilhamos a refeição em silêncio, e pude perceber que era moderado na bebida, ele não parecia ter prazer em bebidas que pudessem inebriá-lo.

Ficamos em silêncio enquanto os servos retiravam os pratos e jarros, e limpavam a mesa; era bom ter companhia, não fazia nem questão que ele conversasse comigo. A maioria das pessoas não se sentiam confortáveis em ficar muito tempo em minha presença, a Febre Rubra sempre assustava, embora não fosse uma doença contagiosa. Havia nascido com ela, e não podia fazer nada senão suportar suas consequências.

— Eu sou filho bastardo de uma prostituta — Basilides falou, me surpreendendo — E só conheci meu pai depois da morte de minha mãe. Ele não era um homem bom. Na verdade, ele era um demônio — franziu o nariz.

Apoiei o cotovelo na mesa e apoiei o queixo na mão, observando-o em silêncio, e ele devolveu meu olhar, embora parecesse pensativo.

— Minha mãe era uma mulher gentil e inteligente. Desde que me lembro morávamos em um grande bordel em Makedóvia — pigarreou e desviou brevemente o olhar — Apesar dessa condição, vivíamos bem, cresci correndo e brincando com outras crianças, as outras moças cuidavam de mim também — ele se referia as prostitutas — Cuidávamos um dos outros o melhor que podíamos.

— Qual era o nome dela? — perguntei — De sua mãe.

— Daphne. Daphne Ariti, uso apenas seu nome — respondeu, ainda como se estivesse preso em suas memórias — Ela costumava me contar que não havia nascido na Makedóvia, mas sim que havia atravessado o mar antes de meu nascimento. Raramente falava de seu passado, parecia sentir falta — suspirou, dando um sorriso fraco — Tinha os cabelos loiros e os olhos azuis, como eu.

Ergui as sobrancelhas, tentando disfarçar o quão interessada fiquei ao ouvir sobre sua mãe; não era de Makedóvia, fora para lá antes dele nascer, além de dizer que atravessara o mar. E o nome Daphne me era conhecido.

Interessante.

— Já meu pai ele era... Bem, ele... Ele era um homem autoritário, liderava uma organização da qual me forçou a fazer parte. Eu vivia em um bordel — pigarreou, desviando o olhar brevemente — Ele foi até lá me buscar alguns dias depois da morte de minha mãe. Anos depois eu descobri que na verdade ele estava por trás da morte dela. Não havia sido acidente, era por culpa dele que ela morreu.

Continuei em silêncio, e dessa vez ele não voltou a falar por um bom tempo. Encarava um ponto além de mim, ainda pensativo.

— Estou lhe contando isso por um motivo, rainha Andromeda — sua expressão se tornou indecifrável, mas ele parecia decidido — É minha forma de demonstrar que confio em você. Afirmo isso agora. Quero ajudá-la no que precisar, quero ajudá-la quando for para Vrachos.

— O seu pai — comecei com cuidado — Ele era membro da Irmandade de Mercinia, não era?

O olhar de Basilides não vacilou, mas pareceu um pouco surpreso.

— Sim.

— Foi uma das primeiras coisas que Chrysaor e eu desconfiamos sobre você: que deveria ter sido parte da Irmandade, porém que teria se retirado dela. Sua postura fazia parecer que buscava uma vida nova.

— A senhora estava certa — suspirou, baixando os ombros — Descobrir que minha mãe havia sido assassinada foi a gota d'água para mim. Precisei fugir, acabei aqui em Leontius — remexeu-se na cadeira — E de resto, acho que você já sabe — parou por um momento — Eu amava minha mãe.

— Eu sei — podia ver em seus olhos que ele a amava tanto quanto eu amava meu irmão.

Nós dois tivemos pessoas que amávamos tiradas de nós, e forçados a uma realidade que não queríamos. Tivemos nossas vidas viradas de ponta cabeça em um curto período de tempo, e carregávamos marcas disso em nosso coração.

Era por conta disso que eu conseguia ler seus olhos tão facilmente. Eu reconhecia o que ele tinha dentro de si.

— Não há nada que eu não faça por meu reino, quero protegê-lo. E por isso serei muito grata por decidir aceitar me ajudar, mesmo que talvez tenha pedido algo demais de você — esclareci.

— Irei ajudá-la, Andromeda — ele repetiu, sem desviar seus olhos cor do céu dos meus. Seus lábios se curvaram para cima, em um sorriso que poderia ser considerado atrevido — Amigos?

Senti novamente o calor em meu ventre que subia para meu pescoço e face assim que ele disse meu nome, e devolvi um sorriso, assentindo com a cabeça.

— Sim, Basilides. Podemos ser amigos, eu espero.

No silêncio que seguiu-se, as orbes azuis percorreram meu rosto; assim como eu, ele tentava me analisar.

— Algum dia você irá me contar sua história toda? — questionei baixo.

— Somente se você me contar a sua por completo também.

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