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Capítulo 20: O caminho que escolhi


Um dos exorcistas continuava a atirar, usando os projéteis para atrasar a aproximação do oponente. Infelizmente, foi em vão. Megumi continuava a avançar, segurando as balas em sua mão e as olhando com desdém. A palma da mão da garota sangrava mas as feridas regeneravam-se em uma velocidade absurda, em questão de segundos estava totalmente curada. Os passos dela eram firmes, sem tirar os olhos dos alvos. Seu olhar expressava uma fúria fora do comum que intimidava qualquer um. Mesmo assim, os exorcistas estavam firmes e um deles criou várias lanças de luz.

- Precisamos contê-la. – Ele disse jogando as lanças em direção à jovem.

Ela jogava o corpo para os lados agilmente, dando mortais para trás e segurando algumas lanças. Os longos anos de treino em artes marciais foram bem úteis unidos ao poder monstruoso de um demônio. Um de seus oponentes criou uma rígida barreira de luz entorno do corpo da garota, essa barreira era espessa e a luz enfraquecia qualquer demônio. Megumi se ajoelhou, apoiando a mão sobre o chão e olhando para baixo com as longas mechas de seu cabelo cobrindo o rosto. Era perceptível, apenas, um sorriso de canto em seus lábios expondo as presas afiadas.

Megumi ergueu seu corpo e deu um soco na barreira, causando fortes rachaduras nela. Os exorcistas recuaram assustados e preparando o próximo ataque. O segundo soco foi o suficiente para deixar a barreira em pedaços e a garota continuou a avançar enquanto estalava os ossos da mão.

O olhar vermelho como sangue, as orelhas levemente pontudas, a cauda afiada e a forma de agir lembravam muito um certo demônio. Um demônio que o Vaticano teve sérios problemas para mandá-lo de volta para o inferno.

- Vamos tentar um feitiço mais forte. – O homem de branco, líder deles, dizia seriamente. – É a hora de colocar todo o nosso poder à prova.

- Isso, vamos lá. – Seu colega concordava com o plano, era a única opção que restava.

Os três exorcistas ficaram em cantos distintos, formando um triângulo isósceles onde o demônio encontrava-se no centro. Eles se ajoelharam, tocando o joelho direito e a mão direita no solo. Todos estavam de cabeça baixa, conjurando algum tipo de feitiço durante aquele ritual de exorcismo. Suas vozes tornaram-se unificadas, soando como o belo canto dos anjos por causa da melodia formada pelo modo que manipulavam seus timbres.

Uma linha dourada era traçada entre os homens, formando o desenho do triângulo. Essa linha brilhava cada vez mais até criar imensas paredes douradas, quase transparentes. Megumi dava socos na barreira feita mas era em vão, seu poder não chegava aos pés do ritual de exorcismo que ocorria. Ela sentia sua pele arder, os chifres sumiam e logo estava com as características humanas. Seu corpo estava fraco, mal podia se levantar e mover um braço. Era como se aquela luz sugasse lentamente sua vida.

A visão da garota ficou turva, não reconhecia as silhuetas ao seu redor. Cuspia um pouco de sangue enquanto fechava aos poucos os olhos. Era inútil lutar contra tamanho poder. Por outro lado, os exorcistas também gastavam uma quantidade considerável de energia e isso era perceptível pelo sangue que escorria de seus nariz. Porém, eles não podiam recuar e iriam até o fim matando o demônio.

O cântico dos anjos continuava a ecoar por aquela espaço, parece que o tempo havia parado para todos ali presentes. O único exorcista que ficou de fora – aquele que lutou contra Laylah – observava todo o ritual, sentindo a nostalgia invadir o seu peito. Esse era um golpe muito poderoso que foi ensinado pelos arcanjos aos exorcistas. Um ritual antigo e eficiente. Era quase impossível haver falhas, exceto se um demônio de poder imensurável interferisse.

Não toquem no meu sacrifício.

Uma voz extremamente estridente ecoava na mente dos homens ali presentes. Ela causava uma dor de cabeça insuportável. O ambiente mudou, como se todo o local fosse tomado por uma imensa energia negativa.

Intensas chamas azuis circularam todo o local, o calor era insuportável até para demônios de rank F. Um dos exorcistas do triângulo foi queimado vivo por essas chamas, agonizando de dor. Os demais observavam assustados.

- O que é isso? – Um deles questiona.

- Ignore! – O outro ordena. – Continue com o ritual!

Por mais que tentassem manter a concentração, as chamas azuis queimavam o outro exorcista que não teve tempo nem para gritar. A morte foi instantânea. O triângulo estava incompleto e com certeza não voltaria ao normal já que o terceiro exorcista rolava na grama, completamente em chamas.

- Ele veio. – O homem, assassino de Laylah, apertou firmemente a cruz em seu peito.

Era possível ver uma silhueta deformada ao lado da garota desmaiada. Os olhos vermelhos como sangue, presas afiadas enquanto algumas gotas de saliva escorriam do canto de sua boca. O ser era mais escuro que a própria escuridão, mais negativo que a morte e trazia consigo um forte cheiro de enxofre. Os olhos da criatura foram em direção à Megumi, desejando cada gota de sangue daquela menina.

- Deixarei que fique mais forte, aí o banquete será mais delicioso. – Disse com aquela voz fria e olhou para o exorcista. Pensou em matá-lo mas era imprudente gastar sua energia com isso, ele era fraco nessa forma. Precisava de um corpo humano e sabia muito bem quem iria possuir. Então, com uma intensa chama azul, ele queimou tudo ao redor e desapareceu.

Uma fenda foi aberta ali mesmo, atrás de Megumi e alguns demônios de rank F e D saíram dali. O demônio que acabara de desaparecer usou o seu poder para libertar alguns de seus servos pois seria divertido assistir a cidade em pânico. Outros seres de rank B e A também saíram dali, porém logo sumiram entre as sombras em busca de vítimas.

O exorcista ficou parado, boquiaberto e colocando a mão no bolso. Pegou o frasco de água benta e esticou a mão trêmula para frente, precisava fazer algo mesmo que isso custasse a sua vida. Contudo, sentiu uma mão em seu ombro e rapidamente olhou para trás, encontrando Eisei.

- Você...

- Quanto tempo! – Eisei diz sorrindo calmamente. – Parece que estamos com problemas. – Olhava para a garota desmaiada e o corpo de sua mãe perto dali, soltando um longo suspiro. – É... Está pior do que eu imaginava. Melhor sairmos daqui.

- Precisamos de reforços! – O homem exclama decidido.

Então, ele saiu correndo e logo estava fora do campo de vista de Eisei. Esse, por outro lado, fitava a menina e caminhava em sua direção com um olhar triste. Era terrível que as coisas tivessem chegado a esse ponto.

(...)

Megumi abria lentamente os olhos, sentindo uma imensa dor em todo o seu corpo. Olhou para o lado e viu o padre passando um pano molhado por suas feridas profundas, aquelas feitas por exorcistas demoravam a se curar. A garota sentou-se na cama, resmungando baixo e apoiando a mão sobre a cabeça.

- Ai... O que aconteceu?

- Você fez uma grande bagunça, Megumi. – Disse Eisei em tom de reprovação. – Estou decepcionado com você.

- Mas...!

Ela lembrou da morte de sua mãe e, de repente, seu peito doía como nunca. Os olhos encheram-se de lágrimas e a jovem abaixou a cabeça chorando baixinho.

- Onde ela está...?

- Eu limpei o corpo e ele já está pronto para ser enterrado. – O padre comenta olhando para baixo. – Eu sinto muito.

Megumi saltou da cama ignorando a dor e correu para fora do quartinho daquela igreja. Foi até o pé do altar onde encontrou a sua mãe no caixão. Sentia uma forte dor de cabeça por estar em solo sagrado, agora que havia liberado o lado demônio estava vulnerável à objetos e locais sagrados.

Jogou-se sobre o corpo aos prantos e gritando alto, os gritos ecoava pela capela. Eisei observava a cena com uma dor no coração, vê-la assim era a última coisa que desejava.

Após uma hora lamentando, a garota e o padre fizeram um enterro improvisado e prepararam a cova de Laylah no fundo da capela. Depois, Megumi ficou frente à frente com o túmulo segurando uma rosa vermelha – flor favorita de sua mãe. O padre tocou levemente o seu ombro e disse:

- A cidade está tomada por exorcistas, aqui já não é mais seguro para você.

- Sim, eu sei. – Megumi diz friamente, apertando com força o punho. Era possível ouvir o som do estalo de seus ossos. – Eles precisam pagar!

- Vingança não é a solução.

- CALADO! – Ela grita e vira-se para o homem. – Eles não me ouviram uma vez sequer! Eles me machucaram e tentaram me matar! E sabe o que mais? Mataram a minha mãe!

- Eu sei mas você não pode agir como um monstro.

- E se eu for um monstro? Hein? Quando você sempre escuta isso das pessoas, com o tempo você passa a acreditar no que dizem. – Ela falava friamente e saía andando. – Eu darei um jeito nisso e te mato se tentar me impedir!

Eisei apenas ficou parado, vendo sua "filha" adotiva sair dali em passos pesados. Não poderia interferir pois essa era a primeira vez que Megumi tomou uma decisão por contra própria. Ela estava começando a seguir o seu próprio caminho, só restava respeitá-la e apoiá-lo no que fosse necessário. A brisa fria ergueu um pouco o sobretudo do padre que apenas encolheu-se, tremendo de frio ao lado do túmulo da sua amiga.

Megumi pegava a espada e a prendia em sua cintura, saindo da capela e caminhando pela cidade. Eram duas horas da manhã, as ruas vazias e uma imensa escuridão – os postes começaram a falhar novamente até se apagarem por completo. O cenário era macabro mas não assustava a garota. Pelo contrário, ela sentia-se mais determinada do que nunca.

Tentou ignorar alguns demônios de rank F que voavam pela região – eram iguais àquele que a abordou no parque –, eles procuraram algum alimento, ou seja, almas. Um deles tentou atacar um mendigo mas foi cortado ao meio pela katana de Megumi. Ela encarava a criatura friamente e partiu para cima das demais, girando o corpo agilmente e as matando com um único corte sua lâmina.

- Essa espada é mais forte do que eu pensei... – Sussurra olhando o seu reflexo na lâmina e voltava a correr.

Seu único objetivo era a vingança, mesmo assim não deixou de fatiar alguns demônios no caminho. A garota sabia que estava machucando os semelhantes mas não conseguia suportar o fato de que pessoas sofreriam com esses seres, por isso manteve os seus valores aprendidos desde criança – pelo menos nesse momento.

Seu olfato era aguçado e podia farejar o maldito exorcista que matou a sua mãe. Ele não estava muito longe dali, então apressou os passos. Enquanto corria, lembrava de uma informação importante sobre a sua katana.

Flash Back On

Laylah polia a lâmina da arma, observando seu belo rosto pelo reflexo. Megumi chegava correndo, teve um dia cansativo na escola e mais brigas. Seu rosto estava cheio de cortes e o olho roxo.

- De novo... – A mulher murmura virando-se para a filha. – Você está bem?

- Sim... – Ela disse sem jeito e encarava a arma. – Por que tanto cuidado com uma espada comum?

A mulher soltava uma breve risada, pegando remédio e passando nos cortes da filha. A katana ficava de lado enquanto cuidava da pequena. As mãos de Laylah eram macias e delicadas – muito irônico pra quem matava com força bruta – por isso Megumi não sentia dor.

- Não é uma espada comum, filha. – Ela responde sorrindo calmamente. – É uma relíquia da nossa raça. Essa espada carrega uma história mais antiga que a história dos humanos.

- Uau! Pode me contar?

- Claro.

- Quando nós, demônios, fomos criados havia uma grande ameaça para nossa espécie: Os seres celestes. Anjos e arcanjos rondavam o mundo, protegendo tudo que considerava sagrado. Mesmo assim, nossa raça cresceu de uma forma inacreditável principalmente com a chegada dos humanos. Eles eram frágeis e facilmente manipulados. Então, a fim de garantir a sobrevivência, os nossos ancestrais fizeram um ritual onde todo o seu poder e sua vida fossem direcionados a uma única arma.

- Que seria essa espada, certo?

- Sim. Essa espada poderia cortar qualquer coisa e, nas mãos de um demônio poderoso, poderia confrontar até um ser celeste.

- Uau!

- Mas toda arma poderosa se torna um terrível perigo se cair em mãos erradas. Então, ela ficou na posse do rei dos demônios.

- Quem é ele?

- Bem, ele é... – Laylah ficou em silêncio, incapaz de dizer que era o pai da pequena. – Ele é um completa idiota. – Comenta se levantando.

- Hein?

- Agora durma, eu contarei mais sobre essa espada outro dia.

- Mas mãe....

- Sem "mas". – Ela franze o cenho.

Flash Back Off

A lâmina da espada atravessava o corpo de um enorme demônio, ele cuspia sangue e cambaleava para os lados, logo caindo no chão morto. Seu corpo consumia-se em chamas e desaparecia. Megumi continuava a avançar até encontrar uma casa simples em uma pequena rua. Chutou a porta, quebrando-a em pedaços e se surpreendeu com a cena.

O exorcista estava abraçado com sua esposa e filha. Ele ainda estava repleto de machucados e sangrando mas se recusava a soltar a sua família. A garotinha em seus braços chorava baixo, temendo a morte e a sua mãe a apertava protegendo a menor. Esse sentimento era nostálgico para Megumi, ela lembrou do abraço caloroso da sua mãe e daquele sentimento de proteção que tanto a confortava.

- Pode me matar mas não as mate! – Dizia o exorcista.

- Não, pai!

- Tsc. – Megumi erguia a espada e todos os três fechavam os olhos. Segundos se passavam e nada havia acontecido, eles abriram os olhos e viram a jovem imóvel. Ela abaixou a espada e os encarou com um olhar frio, causando arrepios neles. – Eu não sou esse monstro que você pensa. Eu tenho sentimentos, tinha uma família e tinha esperança no mundo.

- Desculpa, eu não sabia. – Ele diz abaixando o olhar. – Fomos treinados para acreditar nos que os livros sagrados diziam.

- Livros são feitos por homens, homens cometem erros. Deveria saber disso. – Ela diz em tom de reprovação. – Mas eu não irei te matar.

- Não? – Ele ergue o olhar surpreso.

- Não, você tirou tudo de mim. Então eu irei tirar tudo de você.

O golpe da katana foi certeiro, arrancando a cabeça da mãe e da garotinha. A lâmina parou centímetros próximo ao pescoço do exorcista que estava com uma expressão de puro pânico. Megumi apenas sorriu e saiu dali como se nada tivesse acontecido, enquanto os gritos e clamores do homem ecoavam por toda a rua. Esse som era como música para os seus ouvidos.

Os demônios eram malvados por natureza, então causar sofrimento alheio alimentava e instigava seu desejo pelo caos. Com Megumi a situação não era diferente, ela sentiu-se mais "feliz" ao saber que pôde se vingar.

A garota ouviu gritos de desespero das pessoas, aproximou-se do centro da cidade e viu vários demônios circulando o local. Os poucos exorcistas existentes tentavam conter o problema mas era em vão, o poder do inimigo era maior. Muitos homens estavam mortos e outros machucados. Por mais insensível que fosse, ela sentiu uma imensa vontade de ajudar aqueles homens que deram tudo para proteger as pessoas ali.

- Eu sou uma grande idiota. – Ela murmura, caminhando até os outros demônios. – Ei! Eu estou aqui! – Acenava, chamando a atenção das criaturas.

Então, a jovem sacou a sua katana e avançou contra eles. Cortou as pernas de um demônio gigante, fazendo-o cair e depois cortou a sua cabeça. Sorriu de canto e correu para os demais oponentes, seus cortes eram precisos e acertavam pontos vitais dos monstros. No final das contas, não restou nenhum deles em pé.

Os exorcistas recuaram assustados, todos ensanguentados e surpresos com o que acabaram de ver. Megumi estava com os olhos vermelhos, as presas à mostras e uma expressão sádica no rosto. Sua cauda pontuda balançava para os lados e ela começou a se aproximar dos exorcistas.

- Eu vejo o demônio em seus olhos! – Um dos homens exclama.

Megumi volta a si, seus olhos e perfil físico retornam à aparência humana. Ela olhava para os lados confusa, vendo os olhares de reprovação direcionados à garota. Então, sente correntes feitas de luz envolverem seu corpo. Várias delas prendiam seus braços, pernas, cintura e pescoço forçando-a a ficar de joelhos. Sua mãe foi atingida por esse mesmo ataque.

Os homens começaram a conjurar um feitiço de exorcismo. A jovem sentia o seu corpo ficar fraco e as pernas bambas. Por sorte, tinha poder o suficiente para manter os sentidos aguçados. As vozes ecoavam em sua cabeça, causando uma imensa agonia.

Começou a chover, uma leve chuva que logo aumentou. As gotas d'água caíam sobre o corpo da jovem, escorregando de sua cabeça até o rosto. Ela olhava para baixo pensativa, lembrando de quando sua mãe morreu ou todas as vezes que ouviu palavras rudes das pessoas. Lembrou do que Tomika disse.

Flash Back On

- Eu nunca seria capaz de fazer isso, Tomika! Você é uma pessoa preciosa para mim.

- Preciosa? Alguém como você seria capaz de entender o que significa essa palavra? – Disse com desdém, aproximando-se de Megumi e ficando frente à frente com ela. – Você é o pior ser que existe.

- N-Não...

- Nunca mais se aproxime de mim ou eu conto para todos o monstro que você é!

- Mas somos amigas...

- EU ME NEGO A SER AMIGA DE UM DEMÔNIO! VOCÊ É A PIOR! QUASE ME MATOU NO PARQUE E AINDA QUER FINGIR SER INOFENSIVA?! – Grita irritada e dá um tapa no rosto da garota.

Megumi apoia a mão sobre o local do tapa, olhando para baixo confusa. Elas eram melhores amigas e tudo estava acontecendo de forma errada. Amigas não deveriam agir assim, era o que a jovem pensava. Algumas lágrimas formavam-se em seus olhos e ela fez o maior esforço possível para escondê-las com sua longa franja.

- Tomika-chan...

- Por favor, saía da minha vida. – Fala passando por ela e saindo do beco. Porém, olhava-a por cima do ombro. – Você só trará a desgraça para todos que vivem ao seu redor.

Flash Back Off

Também lembrou de quando apanhava das crianças na escola por ter um temperamento diferente. As dores que aqueles machucados causavam, principalmente os invisíveis aos olhos humanos. A tortura psicológica de todos os dias, as noites chorando. Nunca foi ao inferno – mesmo sendo um demônio – mas, pela sua experiência no mundo humano, não acreditava que podia ser pior do que esse lugar. Isso a fez refletir sobre tudo que acontecia.

- E a maldade de vocês? – Murmura a garota.

- Hein? – Um exorcista ergue o cenho confuso. – O que disse?

- Os genocídios? Os homens que foram mortos em guerras? As pessoas morrendo de fome? As crianças mortas? Aquelas abortadas? E os jovens que cometeram suicídio porque vocês não ligavam para eles? – Questionava Megumi quase gritando. – O desprezo que vocês têm pela mesma espécie? O preconceito? Não foram os demônios que fizeram isso, foram vocês!

A garota gritava levantando-se aos poucos, as correntes a puxavam para baixo mas ela era mais forte. Podia-se ver as correntes racharem um pouco enquanto Megumi os encarava com ódio no olhar. Como a humanidade podia errar tanto e culpar os demônios?

- E as florestas desmatadas? Valeu a pena fazer isso por dinheiro? E os animais que vocês extinguiram? O sofrimento deles não era importante? – Ela continuava a questionar enquanto, lentamente, se levantava. – E a poluição dos mares e do ar? Foram nós, os demônios, ou vocês?

As correntes ficavam cada vez mais frágeis mas nenhum exorcista fazia nada, eles apenas fitavam a garota surpresos. As suas palavras o atingiam em cheio em seus corações. Mesmo assim, ela continuava a falar.

- E A ANARQUIA NA SOCIEDADE? OS HOMICÍDIOS POR MOTIVOS EGOÍSTAS? AS CRIANÇAS ABUSADAS? O VANDALISMO? QUEM FEZ ISSO? NÓS, DEMÔNIOS, OU VOCÊS? – Ela gritava com lágrimas nos olhos. – QUEM MATOU A MINHA MÃE? QUEM DIZIMOU MILHARES DE INOCENTES? E AS MULHERES QUEIMADAS NA SANTA INQUISIÇÃO? FORAM VOCÊS!

Megumi puxava as correntes com força, fazendo um "X" com os braços e elas se partiam em pedaços. O brilho das correntes flutuava no olhar, os olhos dela refletiam tal brilho dando apresentando uma beleza fora do comum.

- E A TERRA PROMETIDA? VOCÊS A TRANSFORMARAM EM UM CAMPO DE GUERRA! QUANTOS INOCENTES MATARAM POR PETRÓLEO OU PODER? – Ela gritava cada vez mais enquanto avançava. Ainda tinha uma corrente em seu pescoço, a jovem apoiava a mão sobre ela e a puxava. – VOCÊS MAGOARAM O SEU DEUS! MATARAM O FILHO DELE! NÃO FORAM NÓS, FORAM VOCÊS! – Ela apontava para os exorcistas, simbolizando a humanidade, puxando com força a corrente e a partindo em pedaços.

Todos continuavam em silêncio, incapazes de fazer um movimento sequer. Era uma combinação de medo e culpa, como se todos os pecados da humanidade passasse na mente de cada um deles. Os genocídios, as mortes, os abusos, a corrupção, a injustiça, a ganância, a luxúria, o ódio, o egoísmo e tudo que há de ruim no ser humano. Eles sempre procuraram alguém para culpar mas, desta vez, não conseguiram.

- POR QUE VOCÊS NÃO AMAM MAIS? POR QUE AMAM O SEU IRMÃO? POR QUE NÃO MUDAM A POBREZA NO MUNDO? POR QUE NÃO PARAM DE MACHUCAR O PLANETA? POR QUE NÃO PARAM DE CULPAR NÓS E ASSUMIR OS PRÓPRIOS ERROS? VOCÊS NÃO CONSEGUEM PORQUE SÃO O VERDADEIRO MAL AQUI! – As lágrimas de Megumi não paravam de cessar. Ela erguia o olhar para o céu. – Eles não merecem o Seu perdão.

Nesse exato momento, todos os exorcistas estavam ajoelhados de cabeça baixa refletindo sobre os seus pecados. Era a primeira vez que um demônio os faziam abrir os olhos.

- VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO VIVOS AGORA POR GRAÇA DIVINA? VOCÊS ESTÃO VIVOS PORQUE FORAM SALVOS POR MIM, UM DEMÔNIO! – Megumi apontava para si mesma e dava as costas, olhando-os por cima dos ombros com desprezo. – Nunca esqueçam quem eu sou e do sou capaz de fazer.

E dito isso, saía andando e nenhum exorcista ousou atacá-la ou segui-la. A silhueta dela sumia entre as sombras daquele local, apenas deixando algumas fagulhas de seu fogo azul ao redor dos homens.

(...)

Depois de horas de sermões de Eisei, Megumi finalmente pôde arrumar suas malas. Ela estava decidida a sair dali, desejando conhecer mais sobre si mesma e sua raça. Os exorcistas conseguiram fechar a fenda onde os demônios saíam – por sorte, ela era pequena e fraca o suficiente – e a paz voltou a reinar na cidade.

- Precisa controlar sua raiva. – O padre comenta a ajudando com as malas. – Farei de tudo para conter o caso sobre a família do exorcista que foi morta ontem.

- Eu... Eu não consegui me controlar. – Ela abraça com força o próprio corpo. – Eu matei uma criança... – Engolia seco sentindo as lágrimas caírem. – Eu sou um monstro, não é?

- Vá em busca do seu perdão e encontrará a resposta. Enquanto isso, estarei te esperando voltar... Filha. – Ele abraça a garota e acaricia sua cabeça.

- Desculpa, eu te magoei... – Megumi apertava a camisa do padre, escondendo o rosto em seu peito durante o choro.

- Está tudo bem, você deu o seu melhor mesmo assim.

A despedida também não foi fácil para a jovem que sempre teve o apoio do padre e de sua mãe. Agora, ela precisaria seguir em frente sozinha – ou era o que pensava. Acenou para Eisei, dando as costas e seguindo o seu caminho. Fechou os olhos, relembrando da conversa que teve com o padre pela manhã.

Flash Back On

- Eu irei para o outro colégio. – Ela diz bebendo um pouco do café, observando os machucados das correntes sumirem em um ritmo lento.

- Pensei que queria ser exorcista.

- No momento, tudo que eu quero é descobrir o que eu sou. E sobre o meu pai...

- Bem, ele...

- Eu sei quem é. – Diz séria e Eisei fica surpreso. – Mas isso não mudará nada, não serei como ele.

- Eu sei... – Suspira aliviado. – Mas como descobriu?

- Ele tem entrado na minha mente com certa frequência mas consigo expulsá-lo. A sua voz causa calafrios e sinto como todo o amor do mundo sumisse quando ele aparece. Só um demônio pode causar tudo isso...

- E o que fará? – O padre tomava de uma vez o café.

- Vou seguir o caminho que me trará as respostas. Estar perto daqueles que querem me matar não é a solução, preciso estar perto daqueles que me trarão força. Como entro no colégio?

- Não é você que o escolhe, é ele que te escolhe. É necessário avaliar a essência no coração de vocês. Acredito que não tenha sido chamada até agora porque não despertou o seu lado demoníaco, então não se encaixava no perfil da instituição.

- E agora...?

- Agora sei que causará uma grande bagunça quando chegar lá mas acredito que seja necessário.

- Rum. – Ela sorria de canto, um sorriso confiante.

Flash Back Off

Ao abrir os olhos, Megumi se depara com uma pena preta flutuando na frente de seu rosto. A pena começava a voar entre as árvores, adentrando no interior da floresta. A garota deu nos ombros, não tinha nada a perder então seguiu a misteriosa pena. Parou na frente de um enorme colégio. A brisa erguia as longas mechas de seu cabelo, estava com uma expressão surpresa.

Algo dizia que as coisas mudariam daqui em diante. O futuro estava mais incerto do que nunca mas toda essa situação apenas animava a jovem. Esse seria um ótimo lugar para recomeçar, pedir perdão ou cair por completo nas trevas. Independente de qual seja o caminho que decidisse seguir, não poderia se arrepender. Agora ela carregava sangue inocente em suas mãos, então saberia que um dia isso voltaria para si. E ela? Ela precisaria estar pronta para pagar pelos seus pecados. 

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