• QUARENTA E DOIS • PEDRO
Sinto um carinho em meu rosto, seguido de um puxão em meus cabelos. Um gemido deixa meus lábios, uma risadinha juntamente com as gargalhadas de Ella. Abro meus olhos fingindo estar assustado, o que me rende mais sorrisos dos meus tesouros. Beijo Dudu loucamente, ele se debate dizendo estar muito grande para isso. Logo me agarro a Ella, que tenta me beijar de boca aberta. Havia baba por todo o meu rosto quando enfim me levantei.
Com a ajuda de Dudu, dei banho e arrumei sua irmã. Enquanto ele brincava com ela no cercadinho, me ocupei em fazer sua mamadeira e adiantar o café de Dudu. Ele me observou de maneira quase apaixonada amamentar a irmã, a veneração em seus olhos era quase palpável. Meu coração dobra de tamanho ao ver o quanto a ama. Mesmo que não tivessem passado tanto tempo juntos, eu mostrava fotos e vídeos dela em nossos encontros. Acho que aos poucos foi se rendendo a ela. Assim como eu fiz assim que sua minúscula mão se agarrou ao meu dedo indicador.
Depois de alimentar e banhar meus bebês, deixo Ella no cercadinho sob o olhar de falcão do irmão e corro para tomar um rápido banho e me trocar para mais um dia de trabalho. Enquanto coloco uma camisa social preta, digito uma mensagem rápida no grupo da família para saber quem vai ficar com Ella hoje. Minutos depois minha mãe responde que será tia Lu. Pego minha carteira indo em direção a sala. Logo ela surge toda a sorrisos.
- Bom dia família feliz!
- Bom dia tia Lu!
- Tia Lulu! - corre pulando nos braços dela que carrega um sorriso completo em seu rosto. Um dos raros em muito tempo.
- Então, quando vai dormir na minha casa?
- Hum...- seu pequeno dedo indicador bate contra o queixo. Lanço um olhar atravessado em direção a minha tia, que me manda uma piscadela.
- Ele dormiu lá terça - feira tia. - arrumo pela décima vez a tiara na cabeça de minha filha. - Não arranca filha, fica tão linda.
- Ella é das minhas, essas tiaras incomodam.
- Shiuu tia.
- Então, abasteci a casa da árvore com muito doce e salgadinhos.
- Não corrompa meu filho tia!
- Isso quem faz é sua tia Lili, oferecendo doces e tortas para o menino. Não sei de onde saiu essa veia ardilosa dela.
- Deixa papai. É só hoje. - junta as mãos em sinal de súplica. Um beicinho se formando em seus lábios.
- Eu já ouvi isso antes.
- Última vez.
- Tudo bem.
- Ebaaaaaa! - olha com o conhecido olhar de cachorrinho para minha tia.- Posso levar Ella?
- Mas é claro! Faz tempo que essa boneca não dorme na casa da tia preferida dela.
- Tem certeza? Ela pode ficar comigo, é bom que dormimos juntinhos. Não é bebê? - como se para confirmar, ela puxa meus cabelos com força.
- Eu fico com ela também. Vamos fazer uma noite de pijama com direito a vídeo chamada para sua prima Tábata. Ela vai morrer de inveja quando nos ver juntos. Depois que sua irmã dormir vamos partir para a casa da árvore, comer muita besteira e dormir ao som das cigarras.
- Nossa um belo programa. Vai lá pegar sua mochila, hoje é seu primeiro dia de aula se lembra?
- Sim, papai! - sai correndo em direção ao seu carro.
- Tia, tem certeza? As vezes sinto que estou abusando da boa vontade de vocês.
- Não abusa em nada. Isso se chama família. - seu braço envolve meu pescoço, fico sem ar por um momento. Beija meu rosto com força. - E você precisa transar príncipe.
- Cristo!
- Vai negar? Quanto tempo tem que não dá uns amassos no loiro delícia?
- Hum...- tento fazer as contas. Sua gargalhada escandalosa ressoa no ar. Lhe dou um olhar carregado.
- Duas semanas.
- Mentira!?
- Verdade. Desde o almoço de domingo, quando me falou sobre o grupo que tem espancado homens de idades diversas pela cidade. O que custo a assimilar.
- Eu também. - a seriedade toma seu semblante e postura corporal.
- Campos de Esperança era tão calma e pacata acho. Agora tem assaltos e esse grupo que tem feito a vida de algumas pessoas um inferno.
- Você toma cuidado príncipe. Nossa, meu coração não vai aguentar se acontecer algo com você ou qualquer outra pessoa de nossa família.
- Eu vou tia. Um tempo atrás, achei que estava sendo observado. - decido falar o que não disse a ninguém. Seu corpo endurece se tornando algo próximo de uma tábua de madeira.
- E só está dizendo isso agora?
- Não é nada demais. A sensação já foi embora.
- Pedro Bianco Melo!
- É sério, eu disse para André que se eu notar algo estranho ou se estou sendo seguido eu diria a ele.
- Muito bem. - Dudu surge quase derrapando no tapete da sala.
Acomodo - o no assento de elevação assim como Ella em sua cadeirinha. Minha tia entra com a bolsa gigantesca de Ella em seu colo e logo depois de colocarmos nossos cintos de segurança, dou partida. A escola onde matriculei Dudu é perto de minha casa, um trajeto que faríamos em vinte minutos a pé mas como estou de carro e para ir trabalhar passo por ela, vai ser mais fácil leva - lo de carro mesmo. Nos despedimos com um abraço apertado na frente da escola e um beijo no rosto. Eu quis leva - lo até sua sala mas ele negou. Dizendo com as mãos na cintura de que era grande e poderia ir sozinho para sua sala. No entanto ainda vi uma inspetora o seguir de longe. Com o coração apertado, volto para meu carro. Recebo um aperto leve em minha coxa e logo dou partida no carro novamente. Agora para deixar minhas divas na casa de minha tia e seguir para meu trabalho.
- Está quieto hoje. O que foi?
- Não é nada. - digo o mais simples possível. Mesmo que minha garganta esteja seca como um deserto.
- Não é nada minha bunda.
- André está quieto nos últimos dias.
- Mas ele é quieto príncipe.
- Mais do que o normal.
- E isso é possível?
- Acredite, é.
- Já conversaram? Pelo que Mika me diz ele é bem difícil em se abrir. Mas com você ele é bem expansivo.
- Não. Quando estou com ele quero pular em seus ossos.
- Não te julgo.
- É sério tia. - faço uma curva. Avisto a casa de minhas tias e onde tanto brinquei com meu irmão e minha prima. O quintal é o mesmo, nunca muda. Estaciono mas minha tia não desce, ambos olhando para o painel do carro. - Quase um mês atrás e em outras oportunidades eu perguntei se ele voltaria pra Londres e se era permanente.
- O que ele disse?
- Não tive resposta.
- Eu no seu lugar, iria para a Xtreme. Encheria a cara e me esfregaria em um dançarino sexy naquele palco maravilhoso. Mas você não sou eu. Então apenas converse com ele. Se for sobre voltar para Londres, terão de entrar em um acordo. Vocês tem um relacionamento, então resolvam juntos como isso vai acontecer isso entre vocês. E ele tem uma vida lá.
- Eu sei, ele nunca me escondeu isso. Disso não posso acusa - lo de mentir para mim. Ele sempre foi bem transparente comigo.
- Só conversem e depois trepem. Sexo é vida gente.
- Meu Deus! Sai do meu carro pervertida. Tenho que trabalhar.
- Quem vê assim, pensa que é um santo. Você adora...- tapo sua boca, o que arranca uma gargalhada dela.
- Só vai mulher.
- Eu vou. - salta do carro. Abre a porta do banco de trás e logo tira minha bebê. Beijo seu rosto aspirando seu cheiro. Com um tchau final, as deixo.
[.....]
Troco pela terceira vez de roupa, voltando a enrolar a toalha em minha cintura. Resmungo diante de minha indecisão, não deveria estar assim pois nem iremos sair para qualquer lugar. Apenas pedirei uma pizza e vamos assistir a um filme. Verifico meu celular em busca de alguma mensagem ou ligação por parte de minhas tias. Tenho medo que Dudu se machuque naquela casa ou de minha bebê ter uma febre. Sei que estou procurando um pretexto para estar com eles, mesmo essa sendo minha noite de folga como minha tia me informou mas é mais forte do que eu.
Assim que batem na porta, saio correndo sabendo quem me espera do outro lado. Mesmo estando só de toalha, atendo a porta. André tem uma garrafa de vinho em uma mão e a outra se apoia no batente da porta. O olhar de desejo que recebo dele, não faz nada para esconder a luxúria que emana dele. Com movimentos calculados passa a língua em seu lábio inferior, o movimento me afetando mais do que o recomendável. De repente eu imagino essa língua em uma parte específica do meu corpo e merda, me recuso a olhar para baixo apenas para confirmar o quão excitado estou.
- Não vai entrar? - minha voz sai rouca, carregada do mais puro desejo. Respiro profundamente, aspirando seu perfume. A vontade de lamber cada parte de seu corpo quase me tem entrando em combustão.
- Claro. - pigarreia gravemente. Seus olhos passam por cada centímetro de minha pele exposta. - Costuma atender a porta desse jeito?
- Hum...que jeito? - digo um tanto perdido.
- Praticamente pelado.
- Não. Eu estava tentando escolher uma roupa para mim.
- Quer ficar bonito para mim?
- Engraçadinho. - beijo seus lábios rapidamente.
Antes que possa me afastar, sinto meu corpo ir de encontro a parede mais próxima. Ofego pelo susto mas completamente pronto para o que quer que ele vá fazer comigo. Sem pudor algum me esfrego nele gemendo e grunhindo ao sentir sua quente e pulsante ereção, mesmo através de sua roupa. Mordo seu lábio inferior quando sua mão entra debaixo da toalha, seus dedos. Maravilhosos dedos me envolvem, me masturbam com força e rapidez. Eu já não consigo me controlar, eu não solto mais gemidos contidos mas sim gritos. Pouco me importando com meus vizinhos, eles que se conformem que tenho uma vida sexual ativa. André me beija no mesmo ritmo que movimenta sua mão. É um beijo bruto, as vezes nossos dentes se batem mas eu gosto. Hoje meu namorado parece estar mais solto. Geralmente ele só me ataca no fim da noite. Minhas pernas falham quando um arrepio de puro prazer sobe por minha espinha, anunciando que estou chegando lá.
De repente não tenho mais sua mão em mim, quase choro de frustração pela perda do contato. Ele ri baixinho, os lábios inchados pelos nossos beijos desenfreados. Não sei onde o vinho foi parar, mas próxima coisa que sinto é minha toalha ser arrancada de mim, deixando - me totalmente nú e que estou vendo André de joelhos. Tento me segurar em algo pois a visão dele de joelhos, se mostrando totalmente rendido a mim é avassaladora. Minha cabeça bate contra a parede quando me toma completamente em sua boca. Seu gemido de apreciação é um combustível para mim.
- Porra. - lambe da base a ponta. Voltando com tudo.
- Olhos em mim Pedrinho!
- Oh caralho! - tento manter meus olhos abertos quando me suga e me lambe com vontade. Não consigo mais aguentar, me deixando levar, estremeço quando o mais forte orgasmo se apodera de mim. - Merda, não sinto minhas pernas. - pensei em me oferecer para cuidar de seu problema também, pois posso ver o quão excitado ele está mas minha mente se recusava a fazer uma conexão segura com minha língua. Com delicadeza, beija meus lábios. Sinto meu gosto em sua boca e quase peço por mais.
- Eu te seguro, vem cá! - abro um olho apenas, seu braço envolve minha cintura e juntos vamos para meu quarto. Sem muita orientação, ainda balançado pelo orgasmo recente que tive, coloco apenas um short de pano mole azul e uma camiseta. André me analisa de cima a baixo. As mãos cruzadas atrás de sua cabeça.
- O que?
- Essas suas blusas.
- Você e sua implicância com minhas blusas.
- O que posso fazer se são dois números menores que você.
- Não exagera amor. - mando um beijo no ar. Ele o pega, fingindo guardar em seu corpo. - Agora, preciso saber o motivo dessa bela recepção na sala.
- Não gostou?
- Não disse isso. Só que não era você.
- Posso ser selvagem as vezes. - prendo meus cabelos, caminho até a cama e me sento em seu colo. Minhas pernas em ambos os lados de sua cintura. Sem me conter beijo sua boca e afundo meu rosto em seu pescoço, aspirando seu cheiro.
- Posso me acostumar com esse seu lado selvagem.
- Isso é bom.
- Que filme vamos assistir?
- Ação.
- Tudo bem.
Pego a toalha que usava ao redor da cintura, que foi parar perto da janela da sala. Coloco. - a na área de serviço para que possa secar, André abre o vinho e serve para mim enquanto eu pego o suco na geladeira. Faço uma pipoca para nós e dando play no filme, me deito em seu peito. O subir e descer de seu peito juntamente com o bater rítmico de seu corpo me colocam em um estado de quase sono. O dia foi corrido hoje e nem parei para almoçar. Acho que durmo no meio do filme, pois quando abro meus olhos vejo os créditos subirem na tela. Me espreguiço ouvindo o estalar de minhas juntas, sinto uma mão massagear minha nuca, o que me faz quase ronronar como um gatinho.
- Está cansado.
- Um pouco. O dia foi tão corrido hoje que nem almocei.
- E por que só me disse isso agora? Poderia ter feito algo rápido para nós. - há um leve tom de repreensão em suas palavras mas não ligo. Beijo o lugar onde seu coração bate sobre a camisa.
- Comi pipoca amor. E dá tempo para você fazer algo, senhor chef.
- Não vai abusar ein.
- Nunca. Mas antes eu preciso te perguntar algo. - agarro seu pulso, impedindo - o de se levantar. Ele se deixa ser puxado e estamos de frente.
- Claro, o que é?
- Tem alguns dias que está um pouco quieto e distante. Quero saber se é algo relacionado a Londres.
Sua atenção se desvia de mim, seu pomo de Adão se move rapidamente.
- Pedrinho...
- Só me diz a verdade André. Eu sempre te pergunto se ou quando vai voltar para Londres e nunca tenho uma resposta exata.
- É por que não tinha uma.
- Mas agora tem. - digo o mais firme que posso. Posso estar acabando com nossa noite, mas é meu direito saber.
- Como sabe tenho feito alguns trabalhos de lá, a distância.
- Sim, você comentou algo em nossas conversas.
- Surgiu um problema que não posso resolver daqui. Tenho que estar lá.
- Quando?
- Em duas semanas.
- Ok. - me levanto em busca do que fazer.
Duas semanas. Só tenho mais duas semanas com ele. Sinto como se parte do meu coração morresse ao ouvir essas palavras. Me viro de costas, me recriminando por me deixar envolver demais. Eu sabia que um dia ele voltaria. Sua vida não é aqui. Uma única lágrima desliza por minha bochecha. Sou virado bruscamente, meu corpo se choca contra o seu. Meu rosto é erguido, uma trilha de beijos é deixada onde a lágrima passou.
- Por favor, não faça isso.
- O que?
- Agir como se estivesse tudo acabado entre nós.
- Sua vida é em Londres. Eu não vou deixar o Brasil, então acho que sim. Acabou tudo entre nós.
- Não! - grita em meu rosto. Os olhos arregalados, seu aperto em meu rosto se intensificando. Seus lábios tomam os meus. - Se fosse antes, sim. Não pensaria duas vezes antes de arrumar minhas malas e voltar para onde minha casa era.
- Era? - pisco outra lágrima maldita. Ele gargalha, enfiando o rosto em meu pescoço.
- Sim. Não conseguiria ficar em um lugar onde você não está.
- Mas sua vida...
- Posso ter meu escritório aqui. Na cidade vizinha não há um escritório de advocacia, então posso muito bem abrir um lá.
- Não.
- Não? - ele vacila cambaleando para trás. Praguejo baixinho, me dando conta de que o ex namorado fez a mesma coisa.
- André, me escuta. Não sou London. E não pode largar sua vida lá por mim. A cidade onde você chamou de lar...
- Você não está lá.
- Você vai se arrepender lá na frente. Sei que vai. - eu já estou chorando.
- Não vou. Só o que tenho em Londres é meu escritório, o qual posso gerenciar daqui. Só em casos de emergência que terei de estar presente.
- Homem, me escuta. Não é assim... - seu beijo me fala mais uma vez.
- Não vou sair de sua vida Pedro Bianco Melo!
19/08/2019
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