• DEZOITO • PEDRO
Os dias após a madrugada que Manu se foi e Antonella nasceu, se passaram a uma velocidade alarmante. O que eu agradecia firmemente, pois não suportaria viver dias morbidamente lentos e angustiantes. Na sexta - feira, quase uma semana após o encontro com Dudu, Raquel me ligou dizendo que segundo o técnico da vara da infância, Dudu gostou de mim e nosso encontro. O juiz assinou os papéis para que o processo continuasse como deveria e em poucas semanas vou poder passar algumas horas com ele.
Eu me senti flutuar enquanto Raquel me dava a notícia que esperei com ansiedade, ao mesmo tempo que me imaginava me divertindo com o pequeno e alegre menino nos inúmeros programas que passavam por minha mente. Mesmo que a tristeza pela perda de Manu ainda pulsasse como uma ferida aberta, sangrando. Seu enterro foi permeado de choro mas também a sensação de que onde quer que ela esteja, ela estaria em paz. Descansando na tranquilidade que ela tanto merecia.
E tinha a bebê. O ser mais lindo que já vi na vida. Ela ganhou um pouco de peso desde que nasceu, ainda não abriu os olhinhos mas se move vorazmente. Seu médico responsável diz que é uma pequena lutadora e eu acredito. Tem lutado desde o ventre da mãe, não seria diferente agora que nasceu e tem um mundo todo disponível para ela. Os documentos onde Manu passava sua guarda total para mim me asseguram que ela é minha. Mesmo que o medo seja o que me acompanha desde o momento que soube da notícia. Sou responsável por um bebê, um que necessita de cuidados dobrados.
- Pedrinho? Oi? Por onde anda homem? - Layla estala seus magros dedos em frente ao meu rosto.
- Não fui a lugar algum.
- Tem certeza? Não é o que parece! - ergue um estojo com muitos lápis na altura do rosto bonito. O sorriso esfuziante. As cores pareciam ser infinitas. - O que acha? Será que Dudu vai gostar?
- Ele vai amar! - pego o estojo de sua mão, colocando na pequena cesta de plástico. Hoje acordei disposto a comprar algumas coisas para desenho para ele. Seu material parecia um tanto gasto.
- Ah, olha essas tintas guaches. - aperta o pote entre seus seios.
- Está animada demais. Há algo acontecendo?
- Não sei do que está falando! - nega com os olhos pregados no recipiente em suas mãos.
- Hum, sei!
- Suponhamos. Disse, suponhamos que eu esteja namorando!
- Oh meu Deus! Quem é o sortudo? - quase dei pulinhos, percebendo que é a primeira vez em dias que realmente gargalho de verdade.
- Gilberto! - me observa atentamente, como se estivesse esperando algo. - Não vai dizer nada?
- Como o que?
- Algo como: Não faça isso Layla, são colegas de trabalho. Ou: as regras não permitem relacionamentos no ambiente de trabalho. - disse isso tudo tentando imitar minha voz.
- Temos essas regras?
- Deixa para lá! Acha que vai dar certo? E se não der? Como vamos trabalhar normalmente depois disso?
- Primeiro de tudo: respira mulher. E segundo: se joga. Se não der certo, sei que é uma ótima profissional assim como Gil, para que possam separar o lado pessoal do profissional.
- Adoro ser sua amiga sabia?
- Eu sou o melhor! - estufo meu peito em sinal de orgulho. Lhe dando uma piscadela.
- Não é para tanto também!
Bufa alto, revirando os olhos. Passa por mim, seu ombro tocando levemente o meu. E assim entre conversas e gargalhadas quase compramos a papelaria inteira para um menino de sete anos de idade. Ávido por desenhar o mundo a sua volta.
Como era hora do almoço e estava de folga por mais alguns dias. Presente da tia Martina, que mesmo longe em sua mais nova viagem de lua de mel, entendeu que precisava de um tempo. Então quem estava responsável pelo museu era Gilberto. Estaciono em frente ao Otto, nos sentamos na mesa perto das enormes janelas de vidro, que nos revela um pequeno mais bem cuidado jardim. Fazemos nosso pedido, enquanto me refresco com a água servida, vejo Layla me olhar de lado uma vez ou outra. Tomando uma respiração profunda solta a bomba.
- Então, transaram? - engasgo com tudo. Meus olhos lacrimejam. Ela se ergue meio desesperada, meio rindo loucamente. Bate em minhas costas.
- O que?
- Seu encontro na quinta? Resultou em algo?
- Hum...
- Me diz que pelo menos enfiou a língua na goela dele. Aquele lindo! - se abana dramaticamente.
- Não transamos. Mas nos beijamos.
- Só?
- Só! - disse simplesmente.
- Trocaram números de telefone? Rola nudes e tudo mais?
- Meu Deus mulher! Para onde foi sua timidez?
- Está por aí, em algum lugar!
- Boba! - rio levemente, tomo um pouco mais de água. Calmamente para não engasgar novamente. - Não trocamos nossos números de telefone. Não me lembrei, acho. Mas ele pegou em minha ficha no escritório do tio.
- Rola ou não rola nudes?
- Layla! - uma senhora sentada em uma mesa adjacente a nossa, balança a cabeça negativamente. Repreensão firme em seu rosto.
- Aqui está! Tenham um ótimo almoço! - nossa comida chega e logo o assunto "nudes" morre. Mas a decepção de que não falo com André desde que deixamos o hospital é esmagadora.
[....]
Assim que estaciono em frente a minha casa, fico confuso ao encontrar dois carros de diferentes cores e tamanhos parados na minha vaga juntamente com o carro de meu pai. Assim como o fato de que minha casa estava aberta, tanto as três janelas da frente e a porta. Vagarosamente verifico meu celular em busca de mensagens ou ligações por parte dos meus amigos e minha família, não havia absolutamente nada.
Salto para o asfalto ligeiramente quente, pego minhas bolsas de compras que se resumiam em apenas artigos de papelaria e sigo em direção a minha casa, pensando que na certa minha mãe estava aqui. Ela disse que viria todos os dias para verificar como estou e ela tem feito isso com uma devoção dem igual. Em alguns dias, papai tem que vir pega - la. Assim que entro os latidos agudos de Hulk chegam aos meus ouvidos junto como uma confusão de braços, pernas me envolvendo e palavrões soam em meus ouvidos. De repente me sinto mais aquecido. Meus primos estão aqui.
- Porra, seu fodido! Nem para avisar que vou ser tio!
- Vá se foder Arthur! - o sorriso em seu esculpido rosto chega a ser cegante de tão branco e bonito.
- Não agora! Primeiro quero te abraçar, que tal? - se pendura em mim como um macaco em busca de carinho.
- Seu porco! - dou - lhe um soco com força em seu ombro esquerdo. Ele ri alto, me apertando junto a seu corpo firme e musculoso. Mamãe ri da cozinha, um pano de prato pendurado em seus delgados ombros.
- Que você ama!
- Não se iluda tanto! Tio Saint te acostumou muito mal. E vocês gêmeos? Como chegaram aqui tão rápido? Alemanha não fica tão perto daqui.
- Temos contatos sabe? - dizem juntos. O loiro ofuscante do cabelo deles iluminando seus rostos.
- Contatos, sei! Mas é sério, vocês estão treinando pesado para os próximos jogos não estão?
- Sim!
- Falem separados pelo amor de Deus! - com muito custo consigo tirar Arthur do meu corpo. Ele bufa, bagunçando meus cabelos e puxando - os em seguida. Sua eterna mania.
- Tem comida aí tia Lua? - agarra minha mãe por trás, ela ri escandalosamente. Se vira, beija sua testa sorrindo brilhantemente.
- Mas é claro! Suas tias estão vindo.
- Oh merda! Vou sair daqui vinte quilos mais gordo!
- É só não comer os doces que Lili faz!
- Não posso, é quase um crime recusar aquilo! Já que meu primo querido me enxotou par longe dele. Vou me arrumar ali no sofá. Posso?
- Sim meu amor!
- Claro que não! A casa ainda é minha! - faço minha melhor cara de bravo. Um segundo apenas de silêncio para depois nossas risadas sem controle fluírem pelo ar.
- Não disse? Esse cara me ama!
- Como eles são Pedrinho? - Murilo pergunta com excitação escorrendo por suas palavras. Envolvo ambos os seus ombros com meus braços, nos levando até o sofá livre. Nos jogamos ali em uma confusão de braços e pernas.
- Ah, eles são simplesmente lindos!
- Todos os pais acham seus filhos lindos! Desenvolva!
- Dudu é um pingo de gente. Cabelos escuros que vão até os pequenos ombros. Tem um sorriso arrebatador e ama desenhar. Acho que sou seu modelo permanente.
- Isso era antes que eu chegasse. Estou aqui, vou te desbancar! - Victor alisa suas madeixas loiras.
- O ego de vocês não tem limites não é?
- Nunca! - os três gritam com sorrisos bestas em seus rostos.
Enquanto me deixo relaxar entre eles, curtindo sua companhia pergunto sobre meus tios. Ambos os casais estão ocupados trabalhando mas disseram que eu os mantivesse informados sobre o dia que as crianças viriam para minha casa, pois eles estariam aqui para recebe - las e isso me deixou ainda mais feliz e seguro de que tudo vai dar certo. Como minha mãe havia dito, minhas tias chegaram quase uma hora depois. Arthur nem sequer cumprimentou tia Lili, já foi assaltando as travessas com os doces das mãos dela. Tia Lu se pendurou nos gêmeos metralhando eles com suas perguntas um tanto pessoais. Meus primos só sabiam rir.
No início da noite meu avô veio buscar mamãe. Ela não queria ir, mas com um pouco de persuasão foi de bom grado. Ganhei um beijo de despedida de ambos e entrei para ficar um pouco mais com uma parte de minha família que quase não vejo. Murilo me chamou para ir a Xtreme. Segundo ele, poderíamos relembrar os velhos tempos. Recusei suavemente, eu realmente não estava com cabeça para uma noite de farra. Perto das sete eles se foram, todos lamberam meu rosto só para me tirar do sério.
Ficando sozinho, abri uma garrafa de vinho e fui para o quintal traseiro. Hulk corria para lá e para cá. Energia pulsava através de seu grande corpo. A música que coloquei em meu aparelho de som soa baixa embalando minhas emoções ainda ardentes em alguns momentos. Três copos de vinho depois, minha mente estava leve. Não estava bêbado mas era bom sentir essa leveza. Meu celular vibra, dançando sobre a superfície lisa da varanda.
"Abra a porta! Estou aqui fora!" André
Seguro o aparelho fortemente contra meu peito. O mesmo pulsando em antecipação por vê - lo. Tantos dias sem uma palavra sua que minha vontade é manda - lo se foder mas aí penso que não temos nada. Ele não tinha obrigação alguma de estar sempre aqui comigo. Nós éramos.... não sei o que somos ou éramos. Hulk late indo em direção a porta.
Olho para a tela por uns minutos.
"Um minuto!"
Me ergo, aliso meu short de tecido fino, calço meus chinelos. Tomando respirações profundas tento mostrar que sua presença não me afeta quando abro a porta, o que vai completamente por terra assim que nossos olhos se cruzam. O ar fica rarefeito, o desejo estalando ao nosso redor. Engulo em seco quando vagarosamente sua atenção se fixa em meu rosto, descendo lentamente por minha boca, ficando ali por um tempo além do recomendável. Então ele encara meu torço nú. Minha temperatura corporal parece triplicar.
Suas roupas de corrida se grudam ao corpo malhado. Observo seus braços bronzeados, imaginando - os em volta de mim. Nego suavemente, não. Adotando uma postura relaxada, deixo o peso do meu corpo cair contra o batente da porta. Pigarreio, ele pisca como se estivesse sendo despertado de um sonho.
- O que faz aqui?
- Sei que está tarde...- seu dedo indicador vai parar entre suas sobrancelhas. Ele o esfrega ali. Os olhos pregados no chão, os ergue lentamente.
- Nem são dez da noite!
- Eu sei.
- Você não ligou...- fecho firmemente meus lábios. Me amaldiçoando por liberar as palavras que estavam entaladas em minha garganta e peito. - Desculpe, você não era obrigado a nada.
- Não era, mas eu quis!
- E por que não fez?
- Queria te dar espaço. Precisava de tempo para digerir tudo.
- Eu precisava de...- você. Completo em pensamentos. - Não importa. Quer entrar?
- Se não for incomodo.
Abro largamente a porta, ele entra passando por mim. O aroma picante de seu perfume misturado ao suor me acende por inteiro. Ele para no centro de minha sala, olha ao redor catalogando cada detalhe possível. O silêncio é ensurdecedor.
- Pedrinho!
- André!
Rimos baixinho. Faço sinal para que ele fale. Encolhe os ombros largos.
- Sei que pode ser loucura mas eu senti sua falta.
- Não é loucura André! Eu também senti sua falta. Estou no quintal traseiro, quer se juntar a mim?
- Sim! - vou até o armário, pegando uma taça. Me junto a ele, quase entrelaçando seus dedos aos meus. Me seguro no entanto.
- Quer beber algo? Tenho vinho, cerveja, vodca e...- seu corpo se torna rígido instantaneamente. Com um sorriso forçado ele nega bruscamente.
- Só água e sua companhia.
- Ok! Não é muito fã de bebidas não é?
- Não!
- Posso saber o motivo?
- Não hoje! - enfia suas mãos em seus bolsos.
Lidero o caminho até chegar onde estava. Hulk praticamente dança entre as pernas dele, pulando sobre ele. Ganhando um carinho de presente atrás da orelha. Afasto o máximo possível a garrafa de vinho de onde estamos, André bebe sua água em goles pequenos, os olhos pregados em mim novamente. Meu rosto se torna quente. O clima estranho se dissipando aos poucos, o que agradeço mentalmente.
- Há algo que quero fazer desde que cheguei a sua porta!
- E o que seria?
- Te beijar! Muito, você não imagina!
Sentindo uma palpitação em meu peito, ansiedade me corroendo por inteiro, me inclino em sua direção. Ele faz o mesmo.
- Está esperando o quê então? Me beija André!
- Com todo o prazer!
Sua mão agarra minha nuca com força, meus cabelos são esmagados por seus dedos. Nossas respirações aceleradas. Em um piscar de olhos estou em seu colo. Sua ereção sob mim viva e pulsante. Me esfrego nele buscando alívio, ele geme e eu também. Nossas línguas, dentes e lábios se chocam com o poder do desejo entre nós. Sua mão livre vai para minha bunda, apertando - a ao ponto de dor, mas não me importo.
- Me diga para parar! - segura meu rosto em frente ao seu.
- Nunca!
- Pedrinho, você bebeu...
- Não estou bêbado porra! - mordisco seu lábio inferior.
- Merda! - junta sua boca a minha novamente. Ele desce seus beijos ardentes por meu queixo, pescoço se demorando um pouco ali. Sua língua quente e úmida vai para meu mamilo esquerdo, ele chupa e morde entre segundos de diferença.
- Mano? Oh porra! Desculpa, não queria atrapalhar!
Pulo do colo de André como se estivesse pegando fogo. Tento me cobrir mas é em vão pois estou sem blusa. Fe está parado na porta, a expressão ainda devastada. André continua sentado de costas para ele, olho para seu colo e imagino o motivo.
- Amanhã eu volto!
- Não! Você fica, estava preocupado com você!
- Não...eu nem sei por que estou aqui!
- Não vai! - beijo longamente os lábios inchados de André. - Pode esperar um pouco? Preciso falar com meu irmão!
- Claro!
- Obrigado! - entro ansiando abraçar meu irmão. Só não sabia o que viria a seguir.
E aí gente? O que será que os irmãos vão conversar ein?
02/08/2019
Mais tarde sai outro
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