Nunca Se Apaixone - Parte 2
Assim como eles prometeram, estão se revezando para me ajudar. Hoje é o dia de Samantha.
— E esse aqui, Nessa? — Ela diz apontando para o currículo em suas mãos. — Ele parece ser experiente e é muito bonito...
Eu começo a gargalhar.
— Estamos procurando um fisioterapeuta. Não um garoto de programa, Sam.
— Sua fisioterapia será muito melhor com um gato desses. — Ela revira os olhos. — E você e Martin?
Faço cara de desentendida.
— Ah, não. Nunca rolou nada entre vocês? — Ela senta-se na cama, onde estava deitada com as pernas para cima. — Não é possível. Gente, só de ele olhar para você é possível perceber o quanto ele te ama.
— Para, Sam. Somos só amigos. Ele só está sendo legal porque estou impossibilitada de andar. — Faço biquinho. — Ele é tão bonito. Não olharia para alguém como eu.
— CALA A BOCA, VANESSA. — Ela diz me jogando uma almofada. — Você é tão linda. Se eu fosse homem, com certeza te pegaria.
Nós gargalhamos juntas.
É tão bom ter alguém com quem conversar. Compartilhar as coisas. Refletir sobre a vida.
Acho que depois de tudo que aconteceu comigo, eu finalmente percebi que ter amigos é maravilhoso.
— Por que está me olhando assim, dona Vanessa? — Samantha me encara.
— Você é muito parecida com Laura. Estou feliz em te ter como amiga.
Ela vem até onde estou – em minha cadeira de rodas, obviamente – e me abraça.
— Obrigada você por não ter deixados àqueles policiais me prenderem.
Eu a abraço também.
— E vê se dá uma chance para o Martin, sua boba. Ele realmente gosta de você. E não é de agora. Então não pense que é por pena.
— Vou pensar em seu caso. — Eu sorrio para ela, que se senta novamente na cama. — Agora, temos que decidir quem contrataremos.
***
— Uau!
Samantha e eu dissemos juntas quando um homem negro, com cerca de um metro e oitenta, todo musculoso entra pela porta, todo de branco.
— Acho que você errou a casa, amigo. — Martin diz e Rafael confirma.
— Não errou não...
— Errou sim! — Rafael me fuzila com o olhar.
— Para, amor. — Samantha, põe sua mão esquerda sobre o ombro de Rafael. — Vanessa precisa acordar com uma visão dessa todos os dias...
— Mas não vai mesmo. — Martin diz bufando.
Samantha e eu caímos na gargalhada enquanto o pobre rapaz é tocado para fora de minha casa por Martin.
— Me dê esses currículos aqui. — Martin pega os currículos da mão de Samantha. — Rafael e eu que vamos escolher sua fisioterapeuta.
— Ok, então. — Digo levantando as mãos, em forma de rendição.
Eles analisam os papeis e depois de algum tempo ligam para um número. E 40 minutos depois, alguém toca a campainha.
— Olá, vocês me ligaram para uma entrevista.
Uma loira peituda, com quase um metro e setenta entra pela porta.
— Seja muito bem vinda! — Rafael diz, levando um tapa de Samantha em seguida.
Eu olho com cara feia para Martin. Que faz beicinho.
Danados, estão se vingando.
— Moça, nós acabamos de fazer uma entrevista com outra pessoa. Ela se encaixa no perfil que queremos. Obrigada por ter vindo. — Digo de maneira firme.
— Oh, sim. Tudo bem. Agradeço mesmo assim. — Ela diz sorridente e vai andando em direção da porta.
Antes de ela sair, ela dá uma piscadinha para Martin e lhe entrega um pequeno papel.
Com dificuldade, rodo minha cadeira de rodas até lá e pego o papel de sua mão.
— O quê? — Ele me olha com cara de cachorro sem dono. — Eu não pedi. Foi ela quem me deu.
Rasgo o papel.
— Iiiiiiiiiiiiii, Vanessa está com ciúmes. Acho melhor correr. — Rafael diz gargalhando.
— Cala a boca.
Fuzilo Rafael com o olhar, o que o faz fechar a boca imediatamente e Samantha gargalhar.
— Vamos assistir a um filme? — Martin intervém.
— Vamos! — Concordo.
E assim terminou mais um sábado.
***
(Um ano e meio depois)
Após seis meses de fisioterapia, tive os primeiros resultados.
Aos poucos consegui movimentar as pernas.
É engraçado como tive que reaprender a andar.
Agora, após um ano, não tenho mais nenhuma sequela. Alguns dizem ser um milagre.
Nesse tempo todo, Samantha esteve sempre comigo me apoiando. Martin se tornou meu ombro amigo. Rafael é como um doutor particular. Mesmo tendo se especializado em neurocirurgia.
E o garoto está fazendo um grande sucesso.
Seu pai lhe pediu perdão. E ele perdoou. Agora eles trabalham juntos no hospital da família.
Lógico que eles passaram por maus tempos após o nome ter sido sujo por Estevão. Mas o profissionalismo de Rafael e de sua irmã foi recuperando a clientela novamente.
Hoje acordei extremamente feliz.
Me olho no espelho e confiro como estou pela milésima vez.
Minha calça preta justa, minha regata branca com um colete preto por cima, meu cabelo em um rabo de cavalo. Passei uma maquiagem leve para esconder as espinhas que resolveram surgir em meu queixo.
— Você está linda. — Martin surge em minhas costas e me abraça.
— Jura? Não está esquisita essa maquiagem? — Pergunto e ele me vira selando nossos lábios.
É um beijo apaixonado.
Bem, depois de todo o tempo que ele passou comigo me apoiando, eu percebi que gostava dele mais do que um simples amigo. E após Samantha tanto insistir resolvi me declarar.
Agora fazem cinco meses que estamos juntos.
Sim, eu esperei ter a certeza de que iria voltar a andar antes de me declarar.
— Você é linda de qualquer jeito. Até mesmo sem maquiagem e descabelada. — Ele afirma, dando um beijo em minha testa em seguida.
***
Estacionei o carro e Martin segurou firme em minha mão direita.
Olho para ele e sorrio.
Hoje é meu dia de voltar a delegacia e eu estou tão feliz que estou nervosa. Não sei como irão me receber. Não sei se conseguirei ser da mesma forma.
Eu superei o trauma pelo tiro.
Superei até a morte de Douglas. Descobrimos que Gabriel o havia envenenado. Vinicius pediu a ele esse favor: se livrar de uma possível ameaça. O cara já não tinha nada a perder, matar um investigador seria apenas mais uma de suas acusações.
Bem, como não fui ao funeral de Douglas, eu o visitei depois. Pedi perdão por não tê-lo salvo. Pode não parecer muito, mas eu me senti reconfortada depois disso.
Entro na delegacia e todos aplaudem.
Antônio me recebe com um buque de flores.
Olho para eles e me sinto extasiada.
Esse lugar é realmente minha vida. Rafael tinha razão.
***
"Equipe Alfa, na escuta."
O rádio interrompe nossas gargalhadas.
— Delegada Dutra na escuta.
"Uma jovem foi encontrada morta."
— Já estamos indo!
Coloco meu colete, pego meu distintivo e minha arma.
— Bem vinda de volta, meu amor. — Martin sussurra em meu ouvido.
E saímos dali, para mais um caso.
Somente um dia normal para nós.
FIM
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