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Capítulo Dezenove

Michael Gutierrez:

Após a visita de Lian, peguei o celular e mandei uma mensagem para Allan, avisando sobre o jantar. Para minha surpresa, ele respondeu quase que imediatamente, confirmando que iríamos, com um entusiasmo que me fez sorrir. Aproveitei a oportunidade e perguntei como estava sendo o dia dele.

Allan me respondeu dizendo que o dia estava sendo ótimo, especialmente por estar com Calvin e apresentando oficialmente a empresa ao Percy. Pelo tom da mensagem, dava para perceber que ele estava se divertindo, e eu podia imaginar o trio animado explorando cada detalhe da empresa. Visualizei facilmente Calvin, sempre com aquele sorriso confiante, e Percy, provavelmente impressionado, mas mantendo a compostura profissional.

Aquela cena mental me trouxe uma tranquilidade inesperada. Era bom saber que, mesmo em meio a compromissos sérios, eles conseguiam aproveitar o momento juntos. Eu podia apostar que estavam todos felizes, não apenas pelo sucesso do trabalho, mas também pela amizade e conexão que os unia.

Sentado ali, por um instante, deixei a mente vagar, pensando em como essas relações — tanto a minha com Allan, quanto a deles entre si — foram se desenvolvendo e se fortalecendo ao longo do tempo. E, com o jantar marcado para a noite, não pude deixar de sentir uma leve ansiedade, mas também uma expectativa boa, de reunir todos esses laços em um só lugar.

Depois de enviar a mensagem para Allan, voltei aos meus afazeres, mergulhando novamente na análise de papéis e documentos que pareciam nunca ter fim. A manhã passou em um piscar de olhos, e quando percebi, o horário do almoço já havia chegado. Decidi que almoçaria ali mesmo no orfanato. O ambiente estava tão agradável e acolhedor que me parecia a melhor escolha.

Na hora do almoço, sentei-me com o pessoal no refeitório, onde as conversas fluíam leves e descontraídas. Entre risadas e trocas de histórias, notei que a diretora estava especialmente animada. Ela falava com entusiasmo sobre os novos projetos para o orfanato, as melhorias que estavam planejando e o progresso das crianças que estavam sob nossos cuidados.

— Sabe, Michael — ela disse em um tom cheio de empolgação —, temos algumas parcerias novas surgindo e isso vai abrir tantas portas para essas crianças! Estou muito esperançosa com o futuro delas.

Seu otimismo era contagiante, e logo todos na mesa estavam envolvidos na conversa, compartilhando suas próprias ideias e sugestões. Ver a paixão e o compromisso de cada um ali me deu uma nova energia. Era fácil se perder no meio dos desafios do dia a dia, mas momentos como aquele me lembravam do porquê de todos estarmos ali: oferecer uma chance real para essas crianças de terem um futuro melhor.

Entre uma garfada e outra, ficamos imaginando como cada um dos projetos poderia se desenrolar e até brincamos sobre quem seria o primeiro a correr atrás das doações ou participar dos eventos beneficentes. A diretora, com um sorriso travesso, sugeriu que eu seria o primeiro a ser voluntário, o que gerou risadas gerais.

No fim, o almoço não foi apenas uma pausa para repor as energias, mas também um momento de conexão e renovação do espírito de equipe. Enquanto voltava ao trabalho, sentia-me mais leve, com a cabeça cheia de ideias e o coração aquecido por estar cercado de pessoas que compartilhavam a mesma paixão e propósito.

Ao passar pela recepção, notei um homem parado ali, batendo o pé no chão com impaciência. Ele olhava em volta com uma expressão de irritação e, em certo momento, murmurou para si mesmo:

— Onde estão as pessoas desse lugar?

Antes que eu pudesse reagir, ele ergueu o olhar do celular e nossos olhares se encontraram. No instante em que reconheci aquele rosto, meu corpo inteiro congelou. Um arrepio subiu pela minha espinha, e senti um aperto no peito tão forte que quase me faltou o ar. Aquele sorriso... um sorriso que não via desde a infância. Um sorriso que, por anos, habitou os meus piores pesadelos.

A imagem de uma noite trágica, marcada pelo medo e pela perda, voltou à minha mente como um flash. O rosto do homem à minha frente era o mesmo do monstro que ousou tirar a vida da minha mãe.

Minha voz saiu vacilante, quase sufocada pelo pavor que me dominava.

— Tristão...

Ele sorriu ainda mais, como se saboreasse minha reação, cada vestígio de terror estampado em meus olhos. Era o mesmo sorriso frio e calculista que eu lembrava — o sorriso de alguém que sente prazer em causar dor.

— É assim que você recebe seu querido tio? — ele disse, arrastando cada palavra com uma calma assustadora, como se estivéssemos tendo uma conversa comum.

O som da voz dele parecia envenenar o ar ao meu redor. As lembranças vieram com força: aquela noite fatídica, os gritos abafados, o cheiro metálico no ar... Aquele homem havia destruído a minha infância, e agora ele estava aqui, em carne e osso, como se nada tivesse acontecido.

Minha mente girava em caos enquanto tentava processar o que estava acontecendo. Tudo dentro de mim gritava para correr, fugir, mas minhas pernas pareciam feitas de chumbo. Como ele poderia estar aqui, tão à vontade, como se nossa última interação não tivesse sido marcada por sangue e sofrimento?

A presença dele ali era um pesadelo ganhando forma. Enquanto ele me encarava, o tempo pareceu se arrastar, e eu soube, naquele momento, que nada seria o mesmo depois desse encontro.

Cada fibra do meu corpo gritava em alerta, mas eu me obriguei a manter a compostura. Não podia, sob hipótese alguma, permitir que Tristão visse o quanto ele ainda exercia poder sobre mim. Ali estava ele, o homem que destroçou minha vida, surgindo no meio do meu espaço seguro como uma sombra que nunca realmente desapareceu.

— Não sou mais a criança indefesa que você conheceu, Tristão — consegui dizer, a firmeza na minha voz mascarando o turbilhão de emoções que ameaçava me consumir por dentro.

Ele riu suavemente, um som carregado de veneno e ironia, com aqueles olhos frios e calculistas que pareciam dissecar cada movimento meu.

— Ah, vejo que o tempo realmente te endureceu. — Ele deu um passo à frente, cruzando os braços com a postura relaxada de quem acredita ter o controle da situação. — Mas me pergunto... será que, lá no fundo, ainda existe aquele garotinho frágil que implorava para que tudo fosse apenas um pesadelo?

Meu estômago revirou. Ele sabia exatamente onde cutucar, quais feridas reabrir. Mas eu me recusei a dar a ele essa satisfação. Esse orfanato, as crianças aqui, eram o que me mantinham forte, o que me dava propósito. Não permitiria que ele trouxesse o caos e a destruição que um dia devastaram minha vida para esse lugar que se tornou meu refúgio.

— O que você quer aqui? — perguntei, mantendo a voz firme, ainda que cada palavra me exigisse um esforço descomunal.

Tristão me encarou com um sorriso predatório, claramente se divertindo com a situação.

— Só queria ver como meu sobrinho querido está. Afinal, a família é tudo, não é?

A palavra "família", saindo dos lábios dele, era uma blasfêmia. Para Tristão, "família" nunca significou nada além de controle, manipulação e violência. Ouvir isso vindo dele foi como um soco no estômago.

— Não há nada para você aqui, Tristão — respondi, minhas palavras agora afiadas como lâminas. — Você já causou destruição o suficiente. Não pense que vou permitir que você faça o mesmo novamente. Estou aqui para proteger o que resta da minha mãe, e as suas ameaças não vão me impedir de conseguir o que é dela por direito.

Ele inclinou a cabeça ligeiramente, como se estivesse considerando minhas palavras.

— Talvez você esteja certo. Mas... quem sabe, eu ainda tenha um papel a desempenhar na sua vida, sobrinho? — A ameaça velada em seus olhos era inconfundível. — Acha mesmo que pode me destruir tão facilmente, depois de tanto tempo?

A tensão no ar era sufocante. Ele não estava ali por acaso, e eu sabia disso. Tristão nunca faz nada sem um motivo oculto, e eu ainda precisava entender o que realmente o trouxe até aqui. Mas, fosse o que fosse, eu não podia deixá-lo ter qualquer vantagem.

Antes que eu pudesse responder, um dos funcionários do orfanato apareceu no corredor, rompendo o clima pesado. Ele olhou para nós dois, percebendo a tensão no ambiente, mas sem ter a menor ideia da profundidade do que estava acontecendo.

— Está tudo bem aqui, Michael? — perguntou ele, com uma hesitação evidente na voz.

Tristão se virou lentamente, adotando um sorriso educado que não combinava com o olhar predador que exibira momentos antes.

— Ah, claro, tudo em perfeita ordem. Estava só conversando com meu querido sobrinho.

Fiz um esforço enorme para me recompor e respondi ao funcionário:

— Sim, está tudo sob controle. Pode voltar ao trabalho, eu cuido disso.

Ainda desconfiado, o funcionário assentiu e se afastou. Assim que ele saiu de vista, o sorriso de Tristão desapareceu, dando lugar a uma expressão fria e sombria.

— Isso foi apenas uma visita cortesia, Michael. Eu voltarei... e da próxima vez, trarei algo muito mais interessante. — Com essa ameaça sutil, ele se virou e saiu pela porta da recepção, como se fosse apenas mais um visitante qualquer.

Fiquei parado ali, tentando processar o que acabara de acontecer. Minha mente girava em um turbilhão, mas uma coisa era clara: esse reencontro foi apenas o prelúdio de algo muito mais sombrio. Tristão sempre foi uma ameaça à espreita, mesmo na ausência, e agora, com ele de volta, sabia que a paz que eu havia construído estava prestes a ser posta à prova. Sabia que o jogo havia recomeçado — e dessa vez, eu não podia me dar ao luxo de perder.

O silêncio que se instalou na recepção após a partida de Tristão era quase opressor. Permaneci imóvel, lutando para retomar o controle das minhas emoções. Por dentro, uma batalha intensa se desenrolava. O medo, a raiva e a insegurança competiam para assumir o comando, mas eu sabia que não podia ceder a nenhum deles. Tristão estava de volta, e isso significava que tudo o que construí nos últimos anos estava em risco. Ele sempre soube como desestabilizar as pessoas ao seu redor, mas dessa vez eu precisava estar preparado.

Respirei fundo e, aos poucos, senti meus músculos relaxarem. Ainda que temporariamente, a máscara de tranquilidade tinha que voltar ao lugar. Olhei em volta, certificando-me de que ninguém havia testemunhado mais do que deveriam. Se Tristão estava realmente disposto a entrar na minha vida novamente, eu precisaria ser ainda mais cauteloso.

Voltei à minha sala, mas sentar e continuar com o trabalho parecia impossível. Cada vez que fechava os olhos, a imagem do sorriso de Tristão surgia, aquela mistura de crueldade e autossatisfação que eu conhecia tão bem. Peguei meu celular, hesitei por um segundo, mas decidi enviar uma mensagem rápida para Allan, informando-o que precisávamos conversar mais tarde. Não podia preocupar ele agora, mas precisava ter alguém ao meu lado quando finalmente colocasse meus pensamentos em ordem.

Levantei-me da cadeira e comecei a andar pela sala, tentando dissipar a tensão acumulada. Enquanto caminhava, as memórias da infância invadiam minha mente como um filme indesejado. Lembrei-me da maneira como Tristão dominava a casa, como sua presença impunha medo, e como, naquela noite terrível, ele destruiu tudo o que eu mais amava. A dor ainda era palpável, uma ferida que nunca cicatrizou completamente.

Mas eu não era mais aquele garoto indefeso. Eu havia lutado muito para chegar até aqui, para transformar meu trauma em força e para garantir que outras crianças jamais passassem pelo que eu passei. Não deixaria Tristão arruinar isso.

De repente, ouvi batidas suaves na porta. Era a diretora, com uma expressão preocupada no rosto.

— Michael, está tudo bem? Vi você conversando com aquele homem na recepção. Quem era ele?

Ponderei por um momento sobre o que dizer. Não queria envolvê-la nisso, mas sabia que precisaria de aliados para lidar com o que estava por vir. Suspirei e me aproximei dela.

— Aquele homem... é um fantasma do meu passado. O nome dele é Tristão, e ele não traz nada de bom. Preciso que fique atenta a qualquer movimentação estranha ou qualquer pessoa nova que apareça por aqui. Não quero assustá-la, mas ele é perigoso.

A diretora franziu a testa, claramente preocupada, mas assentiu.

— Claro, Michael. Pode contar comigo. Qualquer coisa diferente, eu te aviso imediatamente.

Agradeci com um aceno e ela saiu, deixando-me sozinho novamente. Fiquei ali, encarando a porta, sabendo que essa era apenas a primeira de muitas decisões difíceis que eu teria que tomar. Tristão não voltaria se não tivesse um plano. Ele era calculista e paciente, e eu precisava antecipar seus próximos passos.

Mas, desta vez, eu estava determinado a enfrentá-lo. Não era mais o garoto amedrontado que ele deixou para trás. Eu tinha um propósito agora, e não permitiria que ele destruísse o que levei tanto tempo para construir.

Enquanto o dia seguia, eu me preparei mentalmente para o que estava por vir. Tristão podia achar que ainda me conhecia, mas eu também aprendi a jogar. E desta vez, eu não seria a vítima. Eu seria o adversário.

*************************

O resto do dia passou rápido e, ao chegar em casa, tomei um banho rápido, escolhendo uma roupa confortável, mas adequada para o jantar na casa de Lian. Depois, contei para Allan sobre o encontro com Tristão. Como esperado, ele ficou irritado, mas insisti para que deixássemos isso de lado por enquanto e nos concentrássemos em aproveitar o jantar sem preocupações.

Ajudei Allan a entrar no carro e começamos a dirigir para a casa de Lian. Durante o trajeto, em um dos semáforos, Allan apertou minha mão e, quando olhei para ele, trocamos um sorriso tranquilo, que trouxe um pouco de conforto depois de um dia tão agitado.

Quando chegamos à casa de Lian, Allan começou a comentar sobre o quanto sonhar com uma casa própria é um objetivo para muitas pessoas. Ele divagava sobre como planejar todos os detalhes da construção ou reforma é importante, e como contratar profissionais qualificados faz toda a diferença no resultado final. Notei o brilho nos olhos dele enquanto falava sobre nosso futuro, sobre construir algo juntos. Era reconfortante vê-lo tão animado com a ideia de criarmos nosso próprio espaço.

Nos aproximamos da porta e toquei a campainha. Em questão de segundos, a porta foi aberta por Hector, que estava radiante, vestindo uma calça jeans e uma camiseta com um desenho de coelho. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele correu na nossa direção como um foguete.

— Tio Michael, tio Allan! Que saudade de vocês! — disse ele, me abraçando pela cintura e em seguida plantando um beijo na bochecha de Allan.

— Como está, campeão? — Allan perguntou, bagunçando os cabelos de Hector, que imediatamente franziu o rosto, contrariado.

— Não me desarruma, tio Allan! — Hector reclamou, cruzando os braços. — Meu pai e o tio Jorge passaram horas arrumando meu cabelo!

— Desculpa, campeão — Allan disse com um sorriso travesso, bagunçando o cabelo dele de novo antes de receber um tapinha meu no ombro em sinal de repreensão. — Tá bom, sem mais brincadeiras.

Revirei os olhos enquanto entrávamos na casa. O estilo moderno do lugar era evidente: tons neutros, móveis com linhas retas e um ambiente minimalista. Tudo parecia cuidadosamente pensado para criar uma atmosfera contemporânea e acolhedora, sem perder a sofisticação. Os eletrônicos de alta tecnologia integrados à decoração só reforçavam o toque moderno.

— Papai, eles chegaram! — Hector gritou, correndo em direção à cozinha, e logo voltou segurando a mão de Lian e de Jorge, seu namorado.

— Olá, Jorge — Allan cumprimentou com um sorriso.

— Allan, como vai? Ouvi que os resultados do teste foram... um tanto satisfatórios para você e sua família — disse Jorge, apontando para mim logo em seguida. — Imagino que esse seja seu namorado. É um prazer conhecê-lo, Michael. Realmente, o mundo é pequeno.

— Esse é o Michael, sim, meu namorado — Allan disse com orgulho, segurando minha mão com firmeza. — E, realmente, quem diria que você iria acabar namorando o irmão de consideração do Michael.

— Pois é, quem diria — Jorge respondeu com uma risada, apertando a mão de Allan. — Mas vejo que você está bem, Allan. Achei que estaria com a cabeça a mil por causa dos resultados.

— Vai precisar de mais do que isso para me deixar em choque total — Allan respondeu, e eu percebi pelo olhar que ele me pedia para não tocar mais nesse assunto. Respeitei seu desejo, e logo o deixei conversando com Jorge, enquanto segui com Lian até a cozinha.

— Como eu sei que vocês comem de tudo, resolvi fazer uma lasanha ao molho branco — Lian disse, apontando para o fogão com um ar de orgulho. — E, claro, teremos refrigerante para combinar, já que o Hector está aqui participando do jantar.

— Tio, eu ajudei a fazer a comida! — Hector declarou, aparecendo de repente e me abraçando pela cintura. — O papai e o tio Jorge disseram que vai ficar ótimo porque eu ajudei!

Tentei não rir, lembrando da vez em que Hector "ajudou" Lian a cozinhar e acabamos comendo um estrogonofe cheio de pedaços de chocolate e cobertura de morango. Passamos dias com dor de estômago, mas Lian simplesmente não conseguia dizer não ao filho.

— Aposto que vai ficar delicioso — disse, com um sorriso que escondia a preocupação de que meu estômago talvez estivesse prestes a ser testado novamente.

Quando Hector saiu para a sala, Lian se aproximou e sussurrou no meu ouvido: — Fica tranquilo, o Jorge supervisionou tudo. Nada de doces nas comidas salgadas dessa vez.

Soltei um suspiro aliviado, mas Lian não resistiu em provocar: — Mas aquele estrogonofe estava bem criativo, vai...

— Criativo? Passamos quatro dias praticamente morando no banheiro! — retruquei, fingindo indignação. — Mas, admito, você realmente não consegue dizer não ao Hector.

Lian deu de ombros com um sorriso derrotado. — Como eu poderia? Ele é tão fofo! E, como bom pai, devo apoiá-lo nas aventuras culinárias, mesmo que sejam... um pouco ousadas.

— Só estou dizendo que, às vezes, ele sabe dobrar você como um papel. Espere ele crescer mais um pouco, aí sim pode deixá-lo mais à vontade na cozinha sem medo de acabar com doce em tudo.

Lian riu e deu um tapinha no meu ombro. — Você já está dando um exemplo de como vai ser um ótimo pai. Estabelecendo limites e tudo mais. Tenho certeza de que o título de "melhor pai do mundo" será seu.

Revirei os olhos, mas não pude evitar sorrir. Lian era um verdadeiro idiota às vezes, mas suas palavras sempre vinham com uma sinceridade desarmante.

— Às vezes me pergunto como alguém como você pode ser um pai tão bom e, ainda por cima, um funcionário exemplar numa das melhores empresas de tecnologia do país — comentei, balançando a cabeça.

— Sou assim só com você — ele respondeu, piscando. — Agora vamos para a sala, antes que o pessoal comece a perguntar o que estamos tramando na cozinha.

Ele me puxou para fora da cozinha, e logo ouvi a risada contagiante de Allan na sala. Não pude evitar soltar uma risada também, sentindo que, pelo menos por essa noite, poderíamos deixar as preocupações de lado e aproveitar o momento com amigos que, ao longo do tempo, se tornaram nossa verdadeira família.

********************************

O jantar correu de forma descontraída, com conversas fluindo facilmente e risadas pontuando a noite. No entanto, não resisti a fazer algumas perguntas nada sutis para o Jorge sobre suas intenções com o Lian. Afinal, ele estava namorando meu melhor amigo, e eu tinha o direito de saber o que esperar. Minha curiosidade e proteção pelo Lian não conheciam limites.

— Então, Jorge — comecei, inclinando-me um pouco sobre a mesa com um olhar sério —, você já pensou no que realmente quer com o Lian? Porque, vou te avisando, ele e o Hector são praticamente minha família, e eu levo isso muito a sério.

Jorge, aparentemente preparado para essa linha de questionamento, sorriu de maneira serena antes de responder:

— Minhas intenções são as mais puras possíveis. Eu me importo muito com o Lian e com o Hector. Quero estar presente, apoiar e construir algo sólido com eles. E prometo, Michael, que serei o mais fiel e dedicado até o fim.

Ainda assim, não me contentei apenas com essas palavras. Inclinei-me um pouco mais, deixando claro que minha preocupação não era brincadeira.

— Fico feliz em ouvir isso, Jorge. Mas quero que você saiba de uma coisa: se em algum momento você machucar o Lian ou meu sobrinho, não importa o quanto eu goste de você, vou acabar com a sua raça sem pensar duas vezes.

O silêncio que se seguiu foi rapidamente substituído por uma risada nervosa de Jorge, enquanto Lian balançava a cabeça com um sorriso de quem estava acostumado com minha proteção exagerada.

— Michael, você nunca muda, hein? — Lian comentou, claramente se divertindo com a situação.

Allan, do outro lado da mesa, apenas sorriu, já acostumado com meu jeito protetor. Ele sabia que, por trás das palavras duras, havia apenas a preocupação genuína com aqueles que amo. Mesmo assim, ele acrescentou com um tom brincalhão:

— Acho que Jorge entendeu o recado, amor. Vamos dar um descanso para ele.

Jorge riu e, de forma descontraída, levantou seu copo de vinho em um brinde:

— Ao Lian, ao Hector e à nossa "família expandida". E também ao fato de que eu estou em boas mãos, cercado por pessoas que claramente se importam.

Levantamos nossos copos e brindamos, deixando o clima leve novamente. O jantar continuou com mais conversas animadas e até algumas histórias engraçadas do passado de Lian e Jorge. No final, senti que o ambiente estava cheio de calor humano e camaradagem, e fiquei grato por estarmos todos ali, juntos, criando memórias que, com certeza, ficariam marcadas.

Depois de um tempo agradável e cheio de risadas, nos despedimos de todos e voltamos para casa. O caminho foi tranquilo, com a cidade já mais silenciosa àquela hora. Enquanto dirigia, notei Allan me observando de canto de olho, com um sorriso suave nos lábios. Quando finalmente paramos em frente à nossa casa, ele se virou para mim, os olhos brilhando de uma maneira que fez meu coração acelerar.

— Você realmente é alguém incrível — ele disse, com um tom de admiração sincera. — Eu te amo ainda mais por isso.

Fiquei em silêncio por um momento, absorvendo a intensidade das palavras dele. Allan sempre teve esse jeito de me pegar de surpresa, de encontrar o lado que nem eu sabia que estava mostrando. Saber que ele valoriza minha preocupação e dedicação, até mesmo nos momentos em que posso ser um pouco exagerado, me aqueceu por dentro.

— E eu amo você por ser quem é, por me entender e me aceitar, mesmo quando sou um pouco... intenso demais — respondi, sorrindo enquanto segurava sua mão. — Sabe, você me faz querer ser melhor todos os dias.

Allan apenas sorriu e apertou minha mão, seus olhos ainda cheios de brilho. Ficamos assim por alguns segundos, em silêncio, só aproveitando aquele momento entre nós, sem precisar de mais palavras.

Quando finalmente entramos em casa, o sentimento de estar com ele, com todas as suas pequenas declarações e olhares cheios de carinho, fez com que qualquer preocupação que eu ainda carregava sobre Tristão ou o passado se dissipasse, pelo menos por aquela noite. Estávamos juntos, e isso era o suficiente para enfrentar qualquer coisa que viesse pela frente.

Encerramos a noite de mãos dadas, sabendo que, independentemente do que acontecesse, tínhamos um ao outro. E isso, no final das contas, era o que mais importava.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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