Capítulo 3
- Senhorita Becca?! - Me assusto quando alguém grita por meu nome.
- Sim?
Um homem de meia idade caminha até eu, pega na minha mão e aperta de leve enquanto sorri fraco.
- Me desculpe pelo atrasado. - Ele pede.
- Não precisa se desculpar.
- Esperou muito por mim? - Ele pergunta.
- Não muito. - Minto.
Já fazia mais de três hora que estava esperando por alguém, mas como ninguém chamou por meu nome continuei no cais.
- Jamily deve ter errado quando me passou o horário da sua chegada.
- Imagino que sim. - Forço um sorriso.
Tinha que ter o dedo daquela nojenta. Não sei como não pensei nisso antes, era óbvio que ela faria algo para me irritar logo de cara.
Não consegui dormir a noite passada, e nem enquanto viajava de Nova York para o Havaí. Quando enfim cheguei no meu destino final, não tinha ninguém para me recepcionar.
Óbvio que o homem na minha frente não tem culpa alguma, e sim aquela cobra da Jamily que insiste em complicar minha vida.
- Me desculpe não me apresentar antes. - Ele diz. - Me chamo Alvin.
- Muito prazer Alvin. - Falo. - Como já sabe eu sou a Becca.
- O prazer é todo meu querida.
Pego minha mala, mas Alvin a toma de mim e começa a caminhar.
- Não precisa...
- Deixe isso comigo. - Ele me corta.
- Mas...
- Já vi que é teimosa. - Ele sorri.
- Talvez um pouco. - Assumo.
- Isso será interessante. - Alvin fala baixinho, mas eu escuto.
- O quê será interessante? - Pergunto.
- Não é nada. - Ele desconversa.
Fico sem entender nada, mas como ele não disse nada quando perguntei, não irei insistir.
Depois de alguns minutos Alvin para ao lado de um carro, em seguida abre o bagageiro e guarda minha mala.
- Entre. - Ele abre a porta do carro.
- Obrigada. - Agradeço.
Depois de me sentar no banco, Alvin fecha a porta, então coloco minha bolsa sobre as pernas, e coloco o cinto de segurança em seguida.
- Seja bem vinda ao Havaí. - Alvin me deseja.
- Obrigada. - Agradeço.
- Tenho certeza que vai amar sua estadia aqui na ilha. - Ele diz. - É um lindo lugar.
- Tenho certeza que sim. - Olho em volta.
Do pouco que vi realmente é muito bonito, mas tenho a impressão que não será muito agradável minha estadia na ilha. Se eu tivesse vindo de férias, com toda certeza seria uma visita animada e feliz, mas esse não é o caso.
Sempre quis vir ao Havaí, mas nunca tive a oportunidade, e agora que tive não foi para passar as férias, e sim trabalhar.
Enquanto Alvin dirige tento olhar o máximo possível em volta, mas estou com tanto sono que está praticamente impossível deixar os olhos abertos.
Abro a janela do carro, e deixo o vento quente bater contra meu rosto, enquanto respiro profundamente o ar limpo da ilha.
Depois de sair da cidade as estradas se tornaram íngremes, mas Alvin está dirigindo tranquilamente, provavelmente porquê já está acostumado.
- Posso te fazer uma pergunta Alvin? - Me viro para ele.
- Claro. - Ele confirma com a cabeça.
- O senhor Izan é tão ruim quanto falam?
Alvin se cala por alguns segundos, e quando começo a pensar que ele não gostou da minha pergunta ele fala:
- Não estou tentando justificar o comportamento dele após o acidente, mas Izan está passando por um momento muito delicado, então eu peço que tenha um pouco de paciência com ele.
- Não respondeu minha pergunta, mas já posso imaginar que ele não vai aliviar para mim nem um pouco.
- Se algum dia ele confiar em você, acabará entendendo o motivo que o levou a se tornar um homem tão amargo. - Alvin parece triste. - Na verdade eu não o reconheço mais, e o que desejo nesse momento é que ele seja o antigo Izan novamente.
Não tenho a mínima ideia de como está o estado do meu paciente, mas se ele realmente se tornou um homem frio, com toda certeza existe outro motivo para sua mudança.
Eu acho que uma pessoa não iria mudar da noite para o dia porque sofreu um grave acidente, então provavelmente existe algo nessa história que eu ainda não sei.
Não sou uma pessoa muito curiosa, mas tenho que assumir que quero desvendar o que se passa na mente desse homem, mas algo me diz que não será tão fácil como desejo.
- Por que ele rejeitou todos enfermeiros? - Pergunto.
- Ele nunca nos disse, mas como o conheço muito bem, eu acho que Izan está tentando se punir de alguma forma.
- Vai acabar morrendo...
- Nesse momento eu tenho certeza que é isso que ele quer. - Alvin me corta.
Angel me falou que suas queimaduras foram graves, mas ele não está recebendo o devido tratamento porque rejeita todos os enfermeiros que Jamily manda para cuidar do irmão.
O senhor Izan saiu do hospital antes mesmo de receber alta e foi trazido para a ilha de uma forma irresponsável, e desde então não recebe o devido cuidado com seus ferimentos. Ele deveria estar sendo cuidado em um hospital, mas provavelmente é o tipo de paciente que só escuta ele mesmo.
Se ele não se da conta do perigo que ele corre agindo dessa forma, realmente pode acabar morrendo.
- Ele vai te tratar com grosseria, e vai te deixar irritada, mas eu peço que tenha paciência e aguente firme. - Alvin fala. - Eu sei que você não tem a obrigação de cuidar de um paciente assim, mas se tiver coragem de enfrentá-lo ele não poderá fazer nada.
- Eu...
- Izan é minha única família, e eu não quero perdê-lo de uma forma tão trágica. - Ele me corta. - Estou colocando minhas esperanças em você, porque sei que agora é a única pessoa que pode ajudá-lo.
- Não posso prometer nada, mas farei o possível para conquistar a confiança do seu chefe. - Digo.
- Muito obrigada. - Ele olha para mim por alguns segundos e volta a atenção para a estrada novamente.
Espero que Alvin não coloque muita expectativa em mim, porque não sei se terei paciência para aguentar ser ensultada sem merecer. Também não posso obrigar o senhor Izan a receber meus cuidados, então se ele quiser me expulsar da sua casa não posso fazer nada.
- Chegamos. - Alvin fala ao parar em frente a uma casa.
Tiro o cinto de segurança, abro a porta e saio do carro em seguida. A casa não é tão grande como imaginei que seria, mas ainda assim provavelmente cabe quatro do meu apartamento dentro dela.
Olho em volta quando escuto pássaros cantando, e de longe os vejo voando em nossa direção, e posam em algumas árvores que rodeiam a casa.
- Atrás daquela colina fica a praia. - Alvin aponta para o local.
- Assim que tiver tempo irei desbravar a ilha. - Sorrio abertamente.
- Se precisar de compainha é só falar comigo ou com a Susan.
- Ok. - Digo apenas.
A praia não fica longe da casa, então não tem perigo algum de me perder, mas é bom ter alguém para me guiar.
Alvin pega minha mala, em seguida fecha o bagageiro e começa a caminhar em direção a casa.
Quanto mais me aproximo, mais sinto meu coração acelerado. Não estou me reconhecendo, porque essa é a primeira vez que me sinto tão nervosa por cuidar de um paciente.
- Entre Becca. - Alvin fala. - Seja bem vinda.
- Obrigada. - Agradeço.
Ele fecha a porta, e deixa minha mala em um canto, então coloco minha bolsa sobre ela.
- Susan?! - Alvin grita.
Alguns segundos depois surge uma mulher também de meia idade, enxugando as mãos no seu avental.
- Venha conhecer nossa nova convidada. - Alvin aponta para eu.
- Seja bem vinda querida. - A mulher me puxa para um abraço. - Muito prazer, me chamo Susan.
- O prazer é todo meu. - Retribuo o abraço. - Sou a Becca.
Susan se distância, olha para meu rosto por alguns segundos e fala enquanto sorri:
- Você é linda.
- Suas vistas...
- Minhas vistas estão ótimas. - Ela me corta.
Susan pega minha mão, e começa a me guiar em direção ao sofá.
- Você deve estar cansada. - Ela fala. - Sente-se.
- Obrigada. - Agradeço enquanto me sento.
- Estou terminando de preparar o almoço. - Susan começa a caminhar novamente. - Alvin lhe fará compainha enquanto isso.
- Não precisa se preocupar comigo. - Digo.
Susan acena com a cabeça, e some de minha vista, então Alvin pega minha mala e minha bolsa, e começa a caminhar em direção as escadarias.
- Estão vou te mostrar seu quarto.
- Ok. - Me levanto e caminho até ele.
Alvin me entrega minha bolsa, em seguida começa subir as escadas com minha mala na mão.
Alguns segundos depois ele para em frente uma porta e a abre, entra no quarto e coloca minha mala no chão.
- Fique a vontade para desfazer sua mala e tomar banho. - Ele fala. - Assim que o almoço estiver pronto eu te chamo.
- Obrigada Alvin. - Agradeço.
- Por nada querida. - Ele sai do quarto e fecha a porta.
Me sento na cama, e me pergunto em qual dos quartos meu paciente estará, enquanto começo a ficar inquieta para conhecê-lo de uma vez.
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