- O que você está fazendo aqui Becca? - Julius me pergunta surpreso.

- Não é da sua conta. - Retruco.

- Ainda está brava comigo?

- Para estar brava com você eu teria que me lembrar da sua existência, coisa que eu já havia esquecido.

- Esse é seu ex-noivo Becca? - Izan pergunta.

- Infelizmente sim.

Julius caminha até Jamily, coloca a mão em sua cintura e a puxa para perto de si.

- Já disse a eles que estamos namorando? - Ele pergunta para ela.

- Estávamos. - Ela se distancia.

- Do que está falando Jamily? Por quê estávamos?

- Achou mesmo que ia me enganar até quando? - Ela pergunta. - Becca já me contou tudo, então pode parar com seu fingimento.

- E você prefere acreditar nela do que em mim? - Ele se aproxima dela novamente.

- Sai de perto se mim. - Ela dá alguns passos para longe dele novamente.

Izan faz menção de se levantar, então o ajudo com cuidado.

- Jamily pare...

- Você é surdo? - Izan o corta. - Não escutou ela te mandar ficar longe?

- Fique de fora disso! - Julius aponta o dedo para Izan.

- Está na minha casa, então sugiro que abaixe o tom da sua voz comigo.

- Se acalme Izan. - Peço.

Julius é um covarde, e o meu maior medo nesse momento é que ela possa agredir Izan, então tento acalmá-lo. 

- Estou calmo. - Ele segura minha mão.

Izan ainda está muito machucado para entrar em uma briga, então ele não teria chance alguma contra Julius nesse momento.

- Não me diga que vocês estão...

- Não que seja da sua conta, mas sim, estamos namorando. - O corto.

- É sério Becca? - Julius começa a rir.

- Está rindo do que seu idiota? - Pergunto.

- Como tem coragem de namorar um homem como ele?

- Eu namorei um merda como você, então está reclamando do que? - Sorrio cínica. - Agora sim eu achei um homem de verdade, um homem incrível que você nunca foi e nunca será capaz de ser.

- Sua...

- Sua o quê? - O corto.

Dou um passo a frente, mas Izan segura minha mão e me puxa para o seu lado novamente.

- Não sente minha falta Becca? Tenho certeza que você ainda me ama, e está usando esse homem para me esquecer.

- Virou comediante Julius? - Começo a gargalhar.

- Do que está rindo? - Ele pergunta com irritação.

- Foi muito engraçado o que você acabou de dizer.

- Você está fingindo.

- Se acha tão importante Julius? Acha que eu perderia meu precioso tempo continuando a te amar? Eu te amei no passado, mas agora tudo o que sinto por você é nojo.

Conheço Julius bem o suficiente para saber que ele está com o ego ferido. Ele se acha tão incrível que pensa que é tão irresistível a ponto de ser inesquecível, mas como estou deixando bem claro que não sinto nada por ele, Julius está se irritando.

- Só está falando isso porque seu novo namorado está do seu lado. - Ele aponta o dedo para mim Izan que nos escuta em silêncio.

- Pare de passar vergonha Julius, antes de me interessar por Izan eu já havia te esquecido. Como não poderia me apaixonar por ele?  - Olho para Izan. - Você nunca será capaz de chegar aos seus pés, então aceite que é um perdedor.

- Agora eu entendi. - Julius estala a língua. - Está tentando dar um golpe Becca?

- É sério Julius? Essa pergunta é tão clichê.

- Para namorar com um monstro como ele, só por interesse. - Ele olha para Izan com nojo.

Solto a mão do Izan, dou alguns passos em direção ao Julius e lhe chuto no meio das pernas com toda força. Fecho os punhos enquanto  ele se abaixa com dor, então aproveito e esmurro seu rosto.

Julius cai no chão encolhido de dor, então aproveito a chance e chuto seu traseiro com força.

- Mesmo tento cicatrizes no corpo Izan é mais homem do que você seu estrume humano!

Quando eu me preparo para chutá-lo novamente Izan me segura, e me distância do Julius espantado.

Enquanto ele estava falando merda eu fiquei quieta, mas não abre a maldita boca para chamar meu homem de monstro, pois quem vira o monstro sou eu.

- Se acalme Becca. - Izan pede.

- Estou calma! - Grito sem perceber.

Meu corpo todo está trêmulo pela adrenalina, e se não fosse por Izan me impedir, provavelmente estaria o chutando ainda.

- Vai embora Julius, eu não quero te ver nunca mais. - Jamily fala enquanto ele se levanta com calma.

Um sorriso de satisfação brota no meu rosto quando vejo sangue no canto da sua boca. Meu murro foi forte o bastante para machucá-lo, e isso me deixa com uma sensação maravilhosa.

- Vocês são loucos. - Julius diz encolhido.

- Você ainda não viu como eu sou capaz de ser ainda mais louca. - Faço uma cara de pisicopata.

- Você...

- Vai embora Julius. - O corto. - E nunca mais apareca na minha frente.

Ele fica parado no mesmo lugar me observando ainda em choque, então dou um passo em sua direção e no mesmo instante ele começa a correr todo estranho para fora do quarto.

- Você foi incrível. - Jamily bate palmas. - Me lembre de nunca mais te deixar irritada.

- O que esse homem estava fazendo aqui Jamily? - Izan pergunta.

- Eu iria lhe apresentar como meu namorado. - Ela suspira alto. - Mas na verdade eu queria mesmo era provocar a Becca.

- Você...

- Não brigue com ela Izan. - O corto. - Quando veio para a ilha Jamily não imaginava que ele era um crápula.

- Como eu fui tão idiota? - Jamily faz uma pergunta a si mesma.

- Agora você sabe como ele realmente é, então faça o possível para esquecê-lo.

- O que aconteceu aqui? - Susan entra no quarto. - Por quê o amigo da Jamily foi embora correndo?

Seus cabelos estão bagunçados e ela está ofegante, o que indica que Susan veio correndo para o quarto.

- A Becca deu uma surra nele. - Jamily começa a rir.

- O quê?! - Ela me olha incrédula.

- Ele se atreveu a mexer com meu namorado, então não resisti e lhe dei uma lição. - Falo.

- Quando eu vi sangue no canto da sua boca, achei que tinha brigado com Izan, mas fico aliviada. - Susan suspira alto.

Como eu já disse antes sou uma excelente pessoa, mas não abusa da sorte que viro uma fera. Julius poderia me ofender que eu teria tido paciência e ficado quieta, mas no momento que ele abriu a boca para chamar Izan de monstro fiquei muito brava. Quando eu me dei conta já havia batido nele, e tenho que assumir que não me arrependo nem um pouco.

- Me ajuda com o jantar Jamily? - Susan pergunta.

- Claro.

As duas saem do quarto lado a lado, enquanto Jamily com animação começa contar Susan em detalhes o que aconteceu.

- Sente-se. - Izan aponta para a cama.

Ele está sério, então faço o que ele pede sem dizer nada.

Depois de me olhar em silêncio por um tempo, Izan se senta ao meu lado e pega minha mão e aperta de leve.

- Ai. - Faço uma careta de dor.

- Está doendo muito? - Ele pergunta preocupado.

- Não muito. - Sorrio fraco.

Agora que a adrenalina está passando estou começando a sentir dor, mas não vou falar nada para Izan para não deixá-lo ainda mais preocupado.

- Pare de mentir, seus dedos estão inchados.

- Logo melhora, não se preocupe.

Izan solta minha mão, se levanta e começa a caminhar de um lado para o outro, de repente dou um pulo quando me assusto com ele gritando:

- Você é louca?!

- Eu...

- Como pode se arriscar desse jeito? - Ele me corta.

- Se ele não tivesse aberto a boca eu não teria feito isso.

Izan passa a mão pelos cabelos bagunçados com nervosismo e volta a se sentar ao meu lado novamente.

- Precisa se controlar, porque essa não será a última vez que isso vai acontecer. - Ele fala mais calmo.

- Vou bater em todo mundo se necessário.

- Fico feliz por querer me defender do mundo, mas não se coloque em perigo por minha causa. E se Julius revidace sua agregação? No meu estado eu não seria capaz de te proteger, então sabe como eu iria me sentir?

- Me desculpe. - Peço. - Eu não queria te deixar preocupado.

- Só me prometa que jamais fará isso novamente ok?

- Não posso prometer isso, mas prometo que irei tentar me controlar se tiver uma próxima vez.

- Você é...

- Não fique bravo comigo. - Faço um biquinho. - Minha mão está doendo.

Da mesma forma que Izan precisa se amar do jeito que é, eu preciso aprender a me controlar, pois como ele mesmo disse, sempre terá pessoas sem coração que irá me acusar de ser interesseira por estar com ele, e o achar repugnante por causa das suas cicatrizes.

- Você é tão dramática. - Ele revira os olhos.

- Você não acreditou no que Julius disse não é Izan? - Mudo de assunto.

- É óbvio que não. - Ele pega minha mão. - Eu sei do seu caráter, então não precisa se preocupar.

Pego sua mão entre as minhas e encosto minha cabeça no seu ombro.

- Não deixe te afetar o que ele falou. Você nunca foi, não é e nunca será um monstro.

- Eu sei. - Ele suspira alto.

- Deveria ter deixado eu bater mais naquele traste.

- Minha mulher é tão valente. - Ele começa a rir.

- Só estava protegendo meu homem.

- Não acha que ele vai querer se vingar de você? - Izan pergunta preocupado.

- Julius é tão idiota como covarde, acho bem provável que nunca o veremos novamente.

- Espero que você tenha razão.

Se por infelicidade ele aparecer na minha frente de novo, espero que finja que não me conhece, pois se for falar merda, não respondo por mim.

- Apesar de achar que se arriscou, estou feliz por saber que a mulher que eu amo se importa tanto comigo, ao ponto de bater em um homem sem se preocupar com as consequências.

Me levanto rapidamente, e o encaro de de olhos arregalados.

- O... o que você disse?

- Quer que eu repita tudo de novo?

- Não. - Nego com a cabeça. - Só a parte da mulher que você...

- A mulher que eu amo? - Ele sorri lindamente.

- Mas... Você... Eu... Nós...

Izan se levanta tranquilamente, se aproxima de mim, envolve minha cintura com as mãos e me puxa para mais perto de si.

- Eu te amo Becca. - Ele fala. - Te amo loucamente, e espero ter a chance de passar cada segundo da minha vida ao seu lado.