00 - PRÓLOGO
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00- THE NIGHT WE'VE MET
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SIRIUS BLACK SE LEMBRAVA DO EXATO MOMENTO EM QUE CONHECEU MORGANA. Não foi quando seus pais mencionaram os Morgenstern em um jantar de família, ou no primeiro ano em Hogwarts. Ele sabia dela e havia a visto antes, mas não a conhecia de verdade. Também nunca tivera interesse em saber de mais uma garota mimada da Sonserina.
Mas no quarto ano em Hogwarts, ele percebeu que algo era diferente. O momento da qual ele se lembrava perfeitamente bem ocorrera na véspera da noite de Natal de 1974. Quase todos os alunos estavam em casa para celebrar o feriado em família, mas não Sirius.
Cansado das brigas, discussões e visões preconceituosas, ele decidiu não voltar para casa naquele ano. O pior era ver os olhares desapontados que seus pais dirigiam a ele e Sirius não queria passar o Natal se sentindo um estranho na própria casa.
Seu amigo James Potter havia o convidado a passar as festividades com a família dele. Mas Sirius ficou sem graça, achava que iria se sentir um intruso mesmo que fosse a família de seu melhor amigo. Então deu a desculpa de que talvez mudasse de ideia e fosse ver os pais, portanto Potter não precisava se preocupar.
Mas a verdade era que o filho dos Black se sentia sem lugar.
E logo na véspera de Natal onde todos se reuniam para comer, trocar presentes e simplesmente estar... em família. Era solitário e vazio.
Sirius sempre se mantinha ativo, motivado e impulsivo. Aquele sentimento melancólico era algo que ele não sabia muito bem lidar.
Ele olhou para os campos do castelo pela janela da torre da Grifinória e lembrou-se de como era se sentir livre, correr com quatro patas e farejar o ar. Era muito mais fácil adormecer aquele sentimento se não estivesse na forma humana.
Então ele calçou as botas, pegou sua capa e desceu pelo castelo até chegar do lado de fora. Ele tinha uma certa habilidade em encontrar caminho fácil pelo castelo.
Ele, James, Remu e Peter faziam com tanta frequência que tinham um mapa mental pronto. Cogitavam em passar aquilo para o papel, facilitaria muito.
Não encontrou alunos pelo caminho, os poucos que tinham ficavam na sala comunal de suas respectivas casas ou jantando no Salão Principal. Mas o horário do jantar estava quase no fim e ninguém se animava muito para ficar mais tempo quando o clima estava tão frio.
Sirius não se importava com o frio, ele gostava de sentir o vento sobre o seu corpo por um instante e depois dormir no ar quente da lareira da sala comunal. Um passeio acalmaria sua mente.
Ele teria que ser cauteloso e não poderia demorar muito. Só havia conseguido a transformação completa duas vezes antes e quase enloqueceu. O choque entre instinto e razão era perigoso e requeria muito treino. Mas ele ia dar só uma corrida nos campos nevados e voltaria antes que as portas se fechassem.
Ele correu pelas sombras na direção leste, passou pela ponte suspensa tomando cuidado para seus passos não ecoarem pela noite. Através da neblina ele podia ver a imensidão de neve pelo campo e as luzes da cabana de Hagrid lá embaixo.
Na descida ele correu para debaixo de uma árvore e tirou a capa, depois a camisa e sentiu a pele arrepiar com o gelo. Depois se livrou das calçasbe da bota, seu corpo estava começando a tremer. Talvez não devesse praticar quando o clima estava naquelas condições de temperatura, mas já que estava ali não ia parar.
Sirius sempre seguia com uma força impulsiva em tudo o que fazia, às vezes achava que isso se refletia nabsua forma animaga. Sua transformação começava como se ele tivesse caído em um lago, a forma animalesca o envolvia como água fresca.
Seus ossos se distorciam para tomar uma nova forma, a pele alongava e repuxava em locais especificos até os membros se tornarem patas e as unhas se tranaformarem em garra.
A pele era coberta por pelos e seus sentidos eram alterados, mais aguçados. O pensamento não era guiado só pela razão, mas também pelo instinto.
Ele se permitiu sentir o novo corpo e ter certeza de que dessa vez a transfiguração estava completa. Era horrível qual ficava um braço ou uma orelha diferente.
Ele sacudiu o focinho e suas patas tocaram a neve. Ele farejou o ar sentindo o cheiro de comida vir da cabana de Hagrid.
Esticou as patas pelo terreno se permitindo uma leve corrida. Seu corpo trabalhava diferente, mais ágil e selvagem. O sentimento de melancolia agora parecia mais distante, a liberdade quase palpável.
Ele desceu a colina na esperança de surrupiar algo pela janela, talvez um pedaço de bolo ou de carne. Depois ele correria pela borda da Floresta Negra, sem adentrar muito na mata e voltaria antes que Lupin ficasse preocupado demais com sua ausência.
Descendo a colina e arrastando neve em suas patas, ele viu a porta da cabana de Hagrid se abrir. Sirius correu para a borda da floresta e observou de longe usando as sombras como camuflagem e estreitou os olhos deixando as orelhas bem em pé.
Uma menina saiu da cabana carregando uma cesta e o cheiro de comida era forte. Ela desceu as escadinhas da entrada, se virou e acenou para Hagrid uma última vez. Ele fechou a porta e ela se virou para começar a subir a colina.
Ela usava calça jeans, coturnos pretos um casaco gigante e escuro. Seu cachecol era verde e prata com o emblema da Sonserina. Sirius nunca imaginaria que algum aluno da Sonserina poderia ir até a cabana de Hagrid e sair de lá com comida. Parecia algo que ele faria só para seus amigos.
Todos os alunos da Sonserina desprezavam Hagrid por ter sangue de gigante e ser proíbido de usar magia. Quem seria a garota?
O vento gelado parecia assobiar nos ouvidos dele, como se a colina estivesse sussurrando segredos. A garota parou como se pudesse ouvi-los e se virou na direção das árvore. Ela olhou para a borda onde começava a Floresta Negra e ao invés de seguir caminho para o castelo, ela seguiu na direção oposta.
Ela se aproximou do ponto onde Sirius estava. Devagar e cautelosa. Uma mão segurava a cesta e a outra estava nas costas como se estivesse se preprando para pegar a varinha no bolso da calça.
Quando o vento gelado soprou novamente jogou o cabelo dela para trás. Sirius pode ver o rosto de Morgana Morgenstern iluminado pela fraca luz da cabana.
— Quem está aí? — Ela perguntou em voz baixa. — Lucius Malfoy, se for você eu lhe cortarei a garganta. Mas se for outro alguém... Tenho bolo de carne para dividir....
Havia duas coisas ali que Sirius achou engraçado. Primeiro, a ideia de cortar a garganta de Malfoy; segundo, o cheiro de bolo de carne de Hagrid.
As folhas secas das áevores sacudiram com o vento do inverno, fora isso o restante do mundo era silêncio. Mas Morgana esperou pacientemente.
Ela descobriu a cesta o cheiro ficou ainda mais forte. Sirius andou dois passos, suas patas afundaram na neve mas ficaram visíveis para ela. Porém, o restante do seu corpo em forma de animal continiava oculto nas sombras.
Morgana observou as patas e deu um meio sorriso.
— Olá! Você é um dos amigos de Hagrid? — Ela murmurou. — Quer um pedaço de bolo, totó?
Totó? Que audácia. Sirius não poderia deixar que sua reputação como cão ficasse daquela maneira. Ele saiu da sombra das árvores e caminhou lentamente pela neve erguendo o pescoço deixou as costas eretas, mostrou os dentes o olhar se manteve fixo em Morgana enquanto se aproximava.
Era sua pose mais ameaçadora. Morgana o observou com olhos atentos e surpreendidos. Ela lentamente tirou da cesta um bolo salgado recheado de carne, se inclinou na direção dele e ofereceu um.
Sirius se aproximou mais, seu focinho quase tocou a mão dela. Ele farejou por uns instantes e então abocanhou o bolo. O movimento foi tão rápido que ele ouviu Morgana ofegar e em seguida sorrir para ele.
— Muito bem, totó.
Sirius fungou enquanto mastigava. Aquela garota não temia pela própria vida. Ela sorriu e Sirius achava que nunca tinha visto Morgana Morgenstern sorrir, sua expressão nas aulas eram sempre sérias ou irritadas. Agora ela sorria para ele de um jeito quase... carinhoso.
Ela deu a ele outro pedaço de bolo e Sirius não pode evitar sacudir a cauda. Ela riu baixinho, seu hálito quente era como fumaça no meio do ar de inverno.
Mesmo estando muito frio, ela se agaixou no meio da neve e esticou a mão devagar na direção dele. Sirius mostrou os dentes esperando que ela recuasse, mas Morgana apenas sussurrou "calma, garoto" e tocou o topo de sua cabeça.
De novo, Sirius não conseguiu evitar que sua cauda abanasse.
— Está sozinho logo na véspera de Natal? — Ela disse em uma voz infantil e carinhosa. — Devo brigar com Hagrid por te deixar sozinho aqui fora nesse frio?!
Ela deixou a cesta no chão e o encheu de afagos. O toque de Morgana era quante e ele queria muito se afastar, mas algo no seu instinto animal o fez se aproximar dela farejando seu pulso e seu braço. Ela tinha cheiro de avelã e chocolate quente.
— Eu sabia que você não era mau, garoto. — Ela murmurou afagando-lhe as orelhas. — Qual o seu nome...? Não tem coleira, totó.
Sirius soltou um resmungo impaciente, ela tinha que parar de chamá-lo assim. Ele tentou mostrar os dentes para parecer irritado, mas Morgana sorriu e fungou com o mariz vermelho devido ao frio.
— Você não é mau, vou te dar um apelido melhor. — Ela murmurou.
Sirius se aproximou do colo dela e colocou a cabeça na cesta roubando um pedaço de torrada.
— Considere isso meu presente de Natal para você. — Ela sussurrou. As mãos dela afagaram as patas de Sirius e ela soltou um risadinha como se tivesse acabado de descobrir algo. — Suas patas são macias. Vou chamá-lo de almofadinhas.
Sirius se afastou lambendo os dentes e querendo evitar mais afagos. Morgana se levantou e pegou a cesta novamente.
— Me acompanha até a ponte suspensa? — Ela perguntou e ele virou o focinho para o outro lado como se estivesse desinteressado. Ela riu desacreditada, talvez pensando que ela o cão mais folgado que já tinja visto e começoi a subir a colina.
Sirius a seguiu mantendo certa distância.
— Sabe, totó... — Ela começou a dizer. Sirius soltou um resmungo baixo pela garganta, ela percebeu. -Digo, almofadinhas... Eu não quis ir para casa nesse recesso. Meu tio parece ter enlouquecido mais, minha irmãzinha está morando com nossa tia, e o casarão parece tão vazio quanto eu. — Ela parou um segundo e olhou para a cabana de Hagrid e depois para ele.
— Mas essa noite foi boa. Snape e Grace não estão aqui, então achei que eu ficaria triste. Tristeza e raiva são tudo o que eu sinto... — Ela murmurou e ficou difícil saber se a sombra em seu olhar era mais gélida que o próprio ar que soprava na colina. — Mas hoje foi bom. Se estiver por aqui de novo amanhã, posso pedir para Hagrid um novo lanche.
Ela piscou com um dos olhos, o frio em seus olhos eram uma confiança inabalável que ela vestiu enquanto andava para a ponte suspensa em direção ao castelo.
Sirius correu de volta para a árvore perto de entrada da ponte e sacudiu o corpo tirando a neve dos pelos. A transformação para voltar ao seu corpo normal geralmente era mais rápida, era como alcançar uma memória recente. Voltar ao seu corpo humano era como deitar em sua cama depois de um longo dia.
Mas com o corpo as sensações vieram como uma avalanche: frio, o gosto de pão de carne e o toque de Morgana pareciam que ainda estavam nele. Sirius praguejou baixo enquanto colocava de volta as roupas frias.
— Totó... — Ele repetiu nervoso enquanto colocava de volta o cachecol de volta ao pescoço. — Como aquela metidinha sangue-puro ousa...
Ele apressou o passo pela ponte suspensa para chegar ao castelo antes do toque de recolher. Estava tremendo de frio, mas logo se sentiu aquecido assim que entrou no castelo.
Quando entrou no dormitório deu graças a Merlin por Lupin estar dormindo, aquilo lhe pouparia ter que responder perguntas. Ele trocou o pijama rápido para evitar pensar em como o sentimento de melancolia havia sido substituído por curiosidade.
Mas quando ele deitou a cabeça no travesseiro não pode evitar recordar o cheiro de Morgana Morgenstern e as coisas que ela havia lhe dito naquela noite.
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