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02 | Contra Aliens e Robôs

Quando desci, ele estava sentado no sofá, jogando vídeo game com Mike, enquanto papa lia um jornal sentado na poltrona.

— Enfim desceu, querida! — minha mãe falou, e Soul se virou pra me olhar, sorrindo em seguida.

— Ora, e a "maquiagem", o "sapato", a "roupa"? — ironizou.

— Eu fiz o meu melhor. — sorri, me aproximando do papai pra deixar um beijo em sua bochecha.

Nada como uma dose de decepção como vingança por me deixar falando sozinha. Coloquei só um short, camiseta e tênis, prendi o cabelo numa tranca e pus uma boina, junto de suspensórios e as meias coloridas até a altura da canela.

— Bom dia, papa. — papai sorriu, me dando um beijo na testa também.

— Está linda assim, filhota. — sorri, recuando um pouco e dando uma volta pra ele ver todo o visual. — Vai precisar de dinheiro? Papa te enviou pro seu cartão, se precisar de mais, pode mandar mensagem que eu vou enviar mais e...

— Pai, não precisa. Tenho um caixa automático com pernas ali. — apontei pro Soul, que franziu as sobrancelhas meio ofendido e papa se ajeitou no sofá, bufando com desgosto. Ignorei isso, me aproximando do Soul. — Vamos, Sr. Caixa?

— Estou numa partida mega importante, agora espera. — ele voltou o olhar pra tevê.

— Agora estamos perto de fechar a missão. — Mike ainda me mostrou língua e baguncei seu cabelo, irritada. — Você demorou, babona.

— Não acredito que vai me trocar por um vídeo game, Soul. — o belisquei e ele fez careta.

— Você me trocou pelo sono. — retorquiu e bufei. — Agora vamos ter de ir na minha moto e...

— Com capacete. — papa interrompeu.

— E cotoveleiras. E joelheiras. — mama completou.

— E colete à prova de balas... — Papa seguiu, e nós rimos. — Melhor: usem uma armadura.

— Qual é, sogrão, eu só tenho os capacetes.

— Então vão de carro.

— Soul, podemos ficar e assistir um filme no meu quarto então, já que não podemos ir de moto e nem carro você tem carteira ainda. — falei, resolvida.

— Prefiro fazer outras coisas, na verdade. — ele sorriu em tom sugestivo e papa engasgou enquanto eu o beliscava por ficar falando asneira, na frente da minha família toda ainda por cima!

— É brincadeira. — minha mãe ainda ria. — Podem ir de moto. Mas não façam besteira. — ela me segurou pelo braço. — E você não vai dar um passo lá fora sem comer algo, mocinha. — ela me arrastou direto pra cozinha.

— Mama, eu já estou atrasada.

— São só três horas de atraso, nada demais. — Soul gritou da sala e revirei os olhos. — Mas o pessoal disse que não tinha problema, já que a namorada do Kid e as irmãs Thompson também foram.

— Lizzy e Patty também foram? — perguntei, enquanto mama me forçava a me sentar na mesa, enquanto me servia waffles e melado, e enchia um copo de suco de laranja.

— É e... ali! Dá o sinal, Mike! — revirei os olhos, enquanto os dois falavam coisas sem sentido envolvendo o jogo. Uma guerra pós apocalíptica entre humanos e aliens robôs... vai entender.

— "E..." o quê?— insisti, dando algumas garfadas no waffles.

— E... e... e o quê mesmo? — ele dizia e suspirei.

— Como se eu fosse saber... — resmunguei, enfiando outra garfada de waffles na boca.

— Não, não, não, não! — ouvi ele resmungar.

— NÃO! — Mike gritou. — Isso é culpa sua, Soul!

— Minha?! Se você tivesse instalado a bomba relógio ao invés dos explosivos, teríamos tido sucesso em destruir a base HX-20 e invadir a nave dos...

— Não, não, não... se você tivesse corrido na hora em que tinha de eliminar as máquinas vigias e...

— E se você não tivesse alarmado a máquina vigia perto do centro de comando eu não teria que ter tomado tanta cautela! A culpa é sua...

— Não jogo mais com você! — Mike gritou, o interrompendo.

— E eu vou levar meus jogos daqui! — Soul respondeu. — Nunca mais jogo com um assassino de equipe como você.

— O quê?! Eu sou o assassino de equipe?!

— Isso mesmo! Matou a Hanna, o Dereck e o Jordan. E depois, eu! — Soul listou e franzi o cenho. Não acredito que ele está discutindo com o pirralho de oito anos por causa disso...

— Quem matou a Hanna foi você!

— O quê? Claro que não!

— Você quem atirou na cabeça dela, eu vi!

— Aí, sua irmã me mata se ela souber que aquela oferecida estava se insinuando a cada duas frases pro meu Batman!

— Ela se insinuava pro personagem!

— Não interessa. Tenho amor à vida do Batman. E à minha. — segurei o riso. Eu não sou a ciumenta ao ponto de enlouquecer por um personagem de jogo. — Maka, quando vamos? Sabe, é que metade do sábado já foi...

— São nove e quarenta. — reclamei, olhando o relógio.

— Não interessa. Para a minha nonna, já se foi metade do dia.

— E desde quando você é a sua nonna? — ri, terminando de comer e bebi o restante do suco em dois goles só pra me levantar rápido. — Mama, vou indo. Prometo lavar a louça do café de amanhã se... — nem terminei de falar e ela começou a tirar o meu prato.

— Anham, claro que lava. — provocou, enquanto eu dava um beijo na bochecha dela. — Juízo, hein meu amor. — ela se virou pra colocar tudo na pia.

— Amo você. — mandei mais beijos pro ar, saindo da cozinha. Quando passei por papa, dei outro beijo em sua bochecha e ele me deu um na testa.

— Volte inteira. — ele sorriu, olhando pra Soul, que discutia mais baixo com Mike. Os dois pareciam falar em códigos ou sei lá. — Garoto... — ele usou seu tom de voz intimidador, mas como sempre, Soul o ignorou.

— Soul! — o puxei pela mão, o arrancando do sofá.

— Garoto. — papa repetiu e ele enfim o olhou. — Tome conta da minha menininha.

— Pode deixar. Sempre trago ela quase inteira, sogrão, não confia em mim?— Soul sorria e suspirei, lembrando da última vez que caí na calçada e cheguei com um galo na testa que parecia mais um chifre do que um galo. Papa até tentou me arrastar pro hospital.

— Não quero só metade da minha filha, seu cafajeste! Traga ela inteira, intacta, do jeitinho que tirou ela daqui! E cedo!

— Não prometo nada. — Soul sorriu e o belisquei enquanto o arrastava pra porta. — Isso ainda não terminou. — ele apontou pra Mike.

— Pode apostar que não. — Mike disse irritado e Soul fez careta pra ele.

— E voltem ced... — papa ia dizendo, quando arrastei Soul pra fora e ele fechou a porta.

— Acho que não era nada importante. — ele deu de ombros, me pegando pela mão e seguimos pro portão.

No meio fio, estava sua moto, estacionada, e ele me ajudou a colocar o capacete, após enfiar minha boina no bolso.

— Da próxima vez me avisa que vamos de moto antes de eu colocar algo na cabeça.

— Você sempre faz alguma coisa só pra me ver desmanchar esses frufrus do seu cabelo antes de colocar o capacete. — ele riu, enquanto subia na moto.

— Mentira, eu não colocaria se me dissesse com antecedência que vamos nessa sua porcaria. — subi na garupa e enrolei os braços ao redor de sua cintura.

— Da próxima vamos voando, vai adorar montar na vassoura da bruxa da minha mãe. — ele brincou, enquanto ligava a moto e a tirava do meio-fio.

— Que horror! Não fala assim da dona Eloá, ela é um amor de pes... — ele acelerou de repente, rindo quando soltei um gritinho esganiçado, nem me deixando terminar minha defesa pra sogrinha.

Continua...

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