P R Ó L O G O
𝐀 𝐏 𝐑 𝐄 𝐒 𝐄 𝐍 𝐓 𝐀 𝐂̧ 𝐀̃ 𝐎
Relish in Hawaii ou Prazeres no Havaí é uma shortfic inspirada na música Harleys in Hawaii da Katy Perry, tem como personagens principais Kim Taehyung e Nalani (OC). A história se passa no Havaí, na ilha de O'ahu, onde dois completos estranhos acabam cruzando caminhos para saciar a vontade um do outro. Uma história cheia de desejo, sentimentos confusos, alianças, medos e um casamento com data marcada.
Avisos: linguagem imprópria, conteúdo sexual explícito, traição, tópicos que podem ser sensíveis a alguns leitores como relacionamentos tóxicos. Trata-se de uma obra fictícia e tópicos relacionados ao Havaí ou aos costumes podem ser inventados apenas para história, sem qualquer desrespeito a cultura ou aos habitantes.
Garoto, me diga, você pode me tirar o fôlego?
Navegando pela estrada em forma de coração
Você balança entre uma pista e outra, não use os freios
Porque estou me sentindo tão segura (...)
Vibrações tão reais que você pode sentir isso no ar
Estou acelerando seu motor - ℋ𝒶𝓇𝓁𝑒𝓎𝓈 𝒾𝓃 ℋ𝒶𝓌𝒶𝒾𝒾
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Eu tenho um namorado, mas eu quero você
E é só nervosismo, é só pau
Me fazendo pensar em outra pessoa
Sabe, eu tenho muito a dizer
Eu tento esconder na minha cara
E não funciona, você vê
Que eu só quero ficar com você
E você está certo, você está certo, eu
Tenho meu namorado, mas eu, eu
Não posso evitar, eu quero você - 𝓨𝓸𝓾 𝓡𝓲𝓰𝓱𝓽
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Você ainda não tem certeza, mas eu estou com você
Tudo o que eu posso querer, tudo o que eu posso desejar
Noites sozinhas que nos fazem tanta falta
E dias que guardamos como lembranças
Não há tempo, eu quero ganhar mais tempo
E te dar toda a minha vida - 𝓟𝓮𝓪𝓬𝓱𝓮𝓼
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O arrastar de cortinas soa em uníssono por toda a loja pela oitava vez naquela manhã, de repente começa a me irritar os ouvidos. Já estava cansada de ficar ali sentada esperando minhas madrinhas de casamento escolherem seus vestidos, já que para nossa sorte os que foram encomendados da Europa não chegariam a tempo para a cerimônia. Era dia da minha última prova, sem engordar ou emagrecer um quilo sequer estava tudo sob controle, segundo dona da pequena e luxuosa boutique em que estávamos.
Lani, minha irmã caçula, deixa a cabine e caminha em minha direção para apresentar o quinto vestido que experimentava aquela semana. Um modelo longo, em tom verde oceânico com alças cruzadas e delicadamente moldadas para formar o desenho de uma rede. Todos ficavam bem nela, o corpo avantajado cheio de curvas era de se invejar, como se qualquer coisa que vestisse se moldasse a ela, lembrava mamãe com cintura larga e sorriso encantador.
──── Esse ficou ótimo menina , é parecido com o de sua cunhada Jada. ──── avisou a senhora O'maley, a senhorinha que nos acompanhava nas provas de vestidos e consequentemente cuidava do Pinina Tornai que comprei na última viagem ao Estados Unidos, alguns meses atrás.
──── Concordo, esta linda. Nem vai aparentar que escolhemos de última hora. ──── digo tomando o último gole do chá de hibisco que me foi servido.
──── Nalani querida, vou buscar mais chá, precisa beber bastante líquido para sumir com essas manchas de pedra quente.
Recebo o olhar divertido e descarado de minha irmã, tentava segurar o riso ao me encarar, estouraria como uma bexiga vazando ar se olhasse para a mulher agora. Apenas sorri e assenti a oferta da senhora O'maley, o que mais poderia fazer afinal? Ela havia acreditado na minha desculpa esfarrapada e isso felizmente a impediria de espalhar por todos os cantos a notícia de que havia me visto dias antes do casamento com o corpo todo marcado.
──── Ela realmente acreditou. ──── Lani sentou-se ao meu lado com a postura irritantemente correta e sorriu sacana. ──── Tem tantos hematomas que se não tivesse me contado dos detalhes da noite passada eu acreditaria que levou uma surra. ──── comentou buscando o copo de água saborizada que havia deixado na mesa de centro antes de se levantar para provar o vestido.
──── E levou, uma surra de pau. ──── Jada, esposa do meu irmão mais velho e minha melhor amiga honorária, surgiu atrás de nós com dois pares de sandálias nas mãos. Uma de tiras finas e salto quadrado e outra que parecia um tamanco em tom amadeirado. ──── Qual eu levo? ──── requisitou.
──── A cerimônia vai ser na praia, não precisa calçar nada. ──── aviso deixando a xícara vazia na mesa de centro redonda a nossa frente.
A morena da a volta no sofá acinzentado em formato de arco e se senta na outra extremidade, acabo em meio a elas, naquela sala de espera mediana e pomposa. Havia fechado a loja para nós, uma regalia que somente as filhas e a nora favorita do comerciante mais influente na cidade conseguiam.
──── E daí? Você estava dando para um desconhecido gostosão ontem, acho que algumas regras não estão sendo aplicadas nessa ocasião. ──── balanço a cabeça em negação tentando não rir da naturalidade que trazemos aquele assunto a tona. O fato é que não me sinto culpada pelo que fiz na noite passada, nenhum pouco mesmo.
──── Foi minha despedida de solteira. ──── argumento gesticulando com a ponta dos dedos.
──── Você chegou em casa dizendo que estava toda assada e sentando de ladinho. ──── rosnou em exaltação. ──── Isso foi uma despedida das suas cinco últimas vidas passadas.
──── Eu realmente preciso parar de contar as coisas pra vocês quando estou bêbada. ──── reclamo agarrando uma almofada de estampa floral, cheira a material novo de loja. ──── Foi bom, muito bom mesmo, mas já é passado. Nunca mais vou ver o estrangeiro e
──── Estrangeiro pausudo, digo, nas suas palavras. ──── interrompeu a fim de completar a frase, causando uma onda de ardência nas minhas bochechas. Não pelo comentário, mas por ser uma baita verdade.
──── Nunca mais vou ver o estrangeiro pausudo, e vou me casar. Parem de fantasiar sobre isso. ──── dito torcendo para que cansassem daquela história, que apesar de muito boa, ficaria sendo o que é pelo resto dos meus futuros dias, apenas uma história.
──── Como??? ────questionou Jada encarando o teto, parecia desnorteada com os próprios pensamentos ──── Na minha cabeça simplesmente não é possível ele fazer aquelas duas coisas ao mesmo tempo e ainda se segurar... o Kai não dura vinte minutos se esforçando.
──── Ew! Não fala da sua vida sexual com meu irmão, é nojento. ──── imito uma cara de nojo desviando o olhar dela, aquilo era um pouco demais para o meu pobre estômago.
──── Nós somos casados oras, logo você também será.
A senhora retorna com a xícara de chá em mãos e um sorriso tão agradável que por pouco não a peço por alguns conselhos sobre a vida. Uma pena não poder confiar em alguém tão próximo a papai, qualquer palavra minha estaria nos ouvidos deles na velocidade da luz.
──── O grande dia esta chegando. ──── anuncia animada e balançando os ombros em excitação, mais alegre do que a noiva, no caso, eu.
──── Sim... ──── limpo a garganta e armo um sorriso largo e convincente ──── Felicidade.
Suspiro querendo, por um milagre, eliminar toda aquela tensão que invade meu peito quando me lembro que irei me casar. Irei me casar em menos de cinco dias.
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Minha mente viaja sorrateiramente a exatas treze horas atrás, o momento em que meu corpo se chocou contra a parede do corredor estreito e eu gemi seu nome enquanto seus dedos se afundavam dentro da minha lingerie. Os olhos grandes que me devoraram com tanto desejo que faziam minhas pernas fraquejaram. Eu poderia e deveria ter dito não. A palavra se formou várias vezes, mas só chegava um pedido a ponta da minha língua: Mais.
Sinto a garganta secar ao lembrar da sua pele sob meus dedos, dos fios com cheiro de água do mar, da língua quente que marcou grosseiramente meu pescoço e ombro, da mão firme que covardemente acariciava meus seios. Pensar naquele estrangeiro me deixava ridiculamente excitada, e pensar no que mais poderíamos fazer se aquela não fosse a última vez que iríamos nos ver era frustrante, de corpo e alma.
Fizemos uma última parada na confeitaria local, precisava checar a lista de convidados com o buffett e adicionar mais algumas pessoas a pedido do meu noivo. Mansur não era muito ligado a essas coisas e havia deixado quase tudo nas minhas mãos, eu não me importava muito, afinal gostava de manter a cabeça ocupada, só era estranho ver tudo finalmente se encaixando. O quebra cabeça do meu futuro resumido em decoração, comida e um belo vestido, sem contar o homem que estaria a minha espera no altar, a única peça que não havia sido escolhida por mim.
Minha cunhada fala ao telefone, andando de um lado ao outro na calçada, ela agia da mesma forma boba a apaixonada a anos quando conversava com meu irmão e os dois estavam casados a seis anos. Admirava isso, além de sua paciência, mas especialmente como pareciam ridiculamente apaixonados a todo instante, nem mesmo a chegada da minha sobrinha havia mudado isso.
──── Vamos, Kai esta preparando o almoço, seu futuro marido vai nos encontrar lá.
──── Mesmo? Já não basta o fato de que vamos passar o resto da vida juntos? ──── digo sem pensar e noto o olhar intrigado das duas sobre mim. ──── É brincadeira gente, eu hein. ──── dou um tapinha em Lani, a caçula sempre fica atordoada quando solto coisas do tipo, tem ficado mais frequente do que gostaria.
Entro do cadilac vermelho que ela dirige, presente do nosso pai. Ele sempre arruma um jeito de compensar sua forma nada sutil de controlar nossas vidas. Eu vou me casar com um herdeiro da ilha vizinha, ela vai se formar em administração e assumir os negócios da família, com o auxílio de Kai, apesar de ser o primogênito, ele abriu mão de certas coisas para viver a vida feliz com Jada, abriu mão da sua posição nos negócios para se casar com uma local.
──── Esta pensando nele de novo? ──── indaga a dona dos olhos gigantes, sentada no banco do passageiro atrás de mim.
──── Não. ──── era verdade, eu não estava pensando nele, não até aquele momento e agora esta fodida até o caminho de casa.
──── Por favor, não vá formar uma poça no meu carro. ──── zombou a motorista girando a chave na ignição.
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Meu irmão mora longe do centro urbano e arranhásseis de Honolulu, mais especificamente Wakiki onde estávamos; Diz que prefere a quietude, com o mar na sua porta e menos turistas em Kailua, eu não o julgo, o local lembra a nossa casa quando éramos pequenos, quando mamãe era viva e nos levava todos os dias para ver os barcos de pesca sair.
Arranco os sapatos e os deixo na entrada da casa, me sinto mais confortável com os pés no chão. Recebo um abraço de urso do homem que tem o dobro da minha altura em músculos e um sorriso terno nos lábios finos. A sua aparência engana facilmente, corpulento, cheio de tatuagens, olhos grandes e angulados tais quais os meus e de Lani.
──── Fez outra tatuagem? ──── pergunto segurando seu braço e vendo o nome da sua filha escrito em nosso dialeto. ──── Gostei, tem que me levar para fazer contigo na próxima, nós três. ──── olho para Lani que nega, ela tem medo de agulhas. ──── Os irmãos KALAWAI'A. ──── dito contente com a minha própria ideia. ──── Vamos fazer algo com três pontas e o nome da mamãe no meio.
──── Isso é tão cafona... ──── cantarola a mais nova passando por Kai em direção a cozinha, fugindo do seu abraço de urso.
──── Sua medrosa! ──── esbravejo vendo a figura corpulenta sumir casa a dentro. ──── Onde esta minha sobrinha?
O gritinho animado da criança é ouvido pela casa quando surge arrastando algo pela sala modesta. Tropeça no tapete costurado a mão no centro da sala, esbarra em um estátua ao lado do sofá pouco incomodada com os obstáculos no caminho.
──── Tia Nalani. ──── berrou ao me ver, nunca fui boa com crianças, ainda não sabia como pegar ela no colo mesmo tendo dois anos, mas eu adorava a pequena, adoro vê-la crescer e também adoro o fato de que o meu nome era o único que ela sabia dizer direito, me tornando automaticamente sua favorita.
Me inclino para frente estendendo a mão a ela, o nosso aperto formal e super secreto. É como tento me safar, mas ela sempre acaba agarrada a minha perna me forçando a lhe dar um abraço desajeitado.
──── Precisa pega-la no colo antes que não tenha mais tamanho para isso. ──── aconselhou meu irmão, quando virei o rosto para fita-lo já trocava bitocas com a minha cunhada. Faço uma careta voltando a atenção a pequena de cabelos assanhados.
──── Por favor, não cresça e se case. ──── murmurei em sua direção vendo um sorrisinho faltando dentes aparecer no seu rosto. ──── Prometa que não vai ficar bobona assim. ──── Levanto o mindinho em sua direção.
──── Pometo. ──── imagino que ela não faça ideia da promessa que me faz, e mesmo assim parece me dar toda sua convicção.
──── Pare de fazer minha Moana prometer essas bobagens. ──── Kai se meteu entre nós duas buscando a pequena no colo. ──── Não ouça a sua tia, se dependesse dela ficaria sozinha para sempre e dormindo no nosso sofá.
──── Titia pode domi no sufa ──── lamentou tentando me defender.
Acabo me divertindo com a sua inocência, era mesmo adorável.
Seguimos todos para a cozinha, que apesar do ar modesto e típico tinha todos os eletrodomésticos que sabia da existência, era uma mistura agradável do nosso passado e presente. Tento ficar do outro lado da ilha da cozinha enquanto terminam de preparar o almoço, mas o cheiro tentador de Laulau* me faz tentar roubar um pouco no prato antes de todos. Mas não tenho sucesso, meu irmão acaba me colocando para montar a comida nas travessas, o que não era realmente necessário, mas já que seu cunhado estava por vir teria que se deixar ser apresentável. Bobagem.
Monto a mesa com ajuda de Lani, ela fala sem parar sobre os cursos da faculdade, a mais nova de fato estava animada para continuar com o estudos, agora que tinha mais idade. Jada se ausentou por alguns minutos para colocar uma Moa irritadiça para dormir, me esquivo até a cozinha quando ouço as batidas na porta, meu querido noivo estava ali. Pego um pilha de pratos de cerâmica, os pratos de casamento de Jada e em suas palavras o correto para servir as visitas.
──── Que demora é essa? ──── Lani pergunta pronta para me arrastar para fora do cômodo. Ouço risadas masculinas ao percorrer o pequeno corredor, mais que as que esperava. ──── Mansur trouxe dois amigos deles, são uns gatinhos. ──── diz ficando com as bochechas infladas.
──── Escolhe um deles e nós casamos em dupla. ──── brinco umedecendo os lábios.
Talvez pensar demais sobre um casamento, que na verdade é uma aliança, faça parecer que detesto a ideia de ficar ao lado de Mansur. Eu também não amo a ideia, apenas era como as coisas deveriam ser, estávamos noivos a exatamente sete anos, desde os meus 19 anos, pelo menos foi quando descobri os planos do meu digníssimo pai. Conquistar a ilha unindo as duas famílias. O Okalani não é nenhum monstro do mar, mas se eu tivesse escolha certamente não estaria me obrigando a encaixar meus próprios planos naquela vida.
Tomo uma lufada de ar generosa nos pulmões e abro um sorriso menos letárgico o possível. Mansur é um homem alto, pouco corpulento, mas com músculos a mostra, tem os fios de cabelos quase tão longos quanto aos meus locks vermelhos. Lábios finos e nariz levemente achatado. É um homem bonito, muito bonito mesmo, e isso era tudo que eu via. A superfície do meu futuro marido.
Ao seu lado jazia um rapaz loiro, de olhos esverdeados, pele branca coberta por tatuagens coloridas e fios loiros se sobressaindo das laterais de um boné preto que dizia "ALOHA" em letras garrafais.
Ainda sustento o sorriso quando a porta se move insinuando que alguém ficara no meio do caminho. Outro homem entra no recinto.
As orbes amendoadas enxergam através de mim. Por pouco não me cortam ao meio. Os músculos do meu rosto ficam mais rígidos, não sei mais se estou rindo ou tendo um derrame. É a única parte estática no meu ser, uma vez que meu sangue corre como larva quente rompendo de um vulcão em erupção, meu coração batuca tão rápido dentro da caixa torácica que parece soar como o aviso de desastre natural prestes a varrer a ilha.
O homem a minha frente era o destrate natural se formando ardilosamente.
E eu.
Eu era a ilha.
Trocamos de cena como um piscar de olhos. Antes de pé nos apresentando, depois sentados desfrutando do almoço preparado por meu irmão. Uma conversa amistosa havia se formado, e eu tentei, os deuses sabem que tentei me concentrar no assunto da mesa, mas sentia o olhar dissimulado do homem sentado na cadeira da frente sob mim.
Me permito encarar de volta quando um coro de risadas ecoa, estão animados demais rindo das histórias da época da faculdade que Brian tinha para contar sobre Taehyung e Mansur, aparentemente eles eram um trio e tanto.
Não era atoa que o cretino me secava, tinha a língua entre os lábios acerejados e uma expressão capciosa na face esculpida pelos deuses. O cabelo preto liso deslizava sobre seu rosto e um lenço preso na testa os impedia de atrapalhar sua visão.
Encarou meus dedos entrelaçados aos de Mansur sob a mesa, levou uma garfada na boca e elogiou a comida. O tempero era incrível, disse. A voz que antes tinha ouvido apenas abafada pela música agora parecia perigosamente límpida e profunda. Grave e o mesmo tempo adocicada, um punhado suficiente para causar dependência.
──── Estou tão contente que estejam aqui, perdi contato com quase todos quando deixei a faculdade. ──── sibilou meu noivo eufórico. ──── Vai ser memorável tê-los no meu casamento. ──── ergueu o copo propondo um brinde.
Todos levantaram seus copos e desejando felicitações um coro de "vivas" se iniciou.
Ele levantou a perna e tocou na minha, por baixo da mesa. Esgueirou o pé entre a fenda do meu vestido e acariciou minha pele. Tossi com a surpresa e não me atrevi a olhar para ele, não me atrevi e impedi-lo também. Como podia um homem ser tão quente.
──── Vou pegar mais bebida. ──── aviso me levantando para buscar outra jarra com o suco batizado que era servido, uma receita de família.
Solto o ar que parecia estar prendendo desde que Taehyung surgiu na sala, me apoio na ilha da mesa e respiro. Uma, duas, três, quatro vezes até sentir minha cabeça parar de girar.
Não sei se o destino resolveu tirar o dia para gozar com a minha cara ou se estava sendo punida pela quantidade de pecado cometido na noite passada. Como poderia o desconhecido ser exatamente um velho amigo de Mansur; como um amigo de faculdade havia pousado na Ilha logo essa semana. De todas as ilhas, de todos os dias, por que logo hoje?
Jogo um punhado de água no pescoço, estou suando frio, nervosa e por mais que odeie admitir: instigada. Se aquele homem abrir a boca eu estou, no sentido menos prazeroso da palavra, FODIDA.
──── Já estou voltando. ──── aviso ao ouvir os passos ecoarem na sala.
Caminho alguns passos até o armário, abro a parta e acabo tendo que me esticar para buscar a garrafa de gin na última prateleira. A minha altura e ter uma criança em casa não ajudava muito.
Sinto uma onda de calor no meu encalço, o peito que bate contra as minhas costas me prendendo contra o móvel.
Filho da puta!
──── O que acha que esta fazendo? ──── murmuro. Levantar a voz seria perigoso, e se entrassem ali.
──── Então vai se casar ──── a voz grave reverberou por meu ouvido. Engulo em seco. ──── Não parecia comprometida ontem.
O braço longo alcançou a garrafa. Senti sua virilha roçando na minha bunda, o empurro, quero acreditar que estou fazendo isso, invés de procurar por mais contato.
──── Era uma noite especial. ──── tento não lembrar de todos os detalhes que a envolviam, apesar dos flashes ainda serem vividos. ──── Minha despedida de solteira. ──── acrescento.
A garrafa desce a altura dos meus olhos, agarro o vidro e pisco lentamente com sua respiração arranhando minha epiderme.
──── Tem certeza que foi só uma despedida? Tenho a impressão de que acabamos de nos conhecer. ──── tento não pensar no que tem em meio das suas pernas quando se esfrega despretensiosamente contra minha bunda.
──── Não seja um cretino. É amigo de Mansur.
──── E você é a noiva dele. ──── responde com um tom provocativo.
Teria lhe esbofeteado se não estivesse reunindo forças para lhe dar uma cotovelada e me livrar daquela armadilha.
Encontro um sorriso quadrado me mirando a poucos metros, ele apoia o cotovelo na ilha jogando todo o peso do seu corpo ali. Veste um conjunto parecido com o da noite anterior, exceto pela jaqueta de couro que escondia a camisa. Camisa laranja florida, shorts brancos e a bandana que combinava consigo.
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As poucas horas que ficamos reunidos não pareciam se findar nunca. Após sermos pegos conversando na cozinha por minha cunhada ── e nos safado com uma desculpa pronta do homem ── retornamos a mesa. Ouvi mais histórias, especialmente de Brian que começava a ficar bêbado. Não parecia ser acostumado ao álcool havaiano como o restante na mesa, Taehyung bebia pouco, o vi dar dois goles no copo e nada mais.
Os acompanhei até a saída, Mansur iria os levar de volta ao hotel onde estavam hospedados. Meu noivo pressionou os lábios aos meus rapidamente e saiu levando seus amigos. O estrangeirou não perdeu a oportunidade, abraçou-me e os dedos longos deixaram um aperto discreto na minha bunda.
Mil vezes cretino.
E não deveria esperar menos que isso daquele playboy fodidamente gostoso e sem a menor noção. Aquela havia sido a minha primeira impressão, fazia jus a sua figura.
𝓝𝐨𝐢𝐭𝐞 𝐚𝐧𝐭𝐞𝐫𝐢𝐨𝐫 - Ilha de O'hau, Centro de Honolulu 11:29 pm ☾
As dançarinas de hula fazem um espetáculo com direito a tochas e labaredas em direção a plateia, esse é de longe o meu espetáculo favorito, não era atoa que estava de pés torcendo para a apresentação. Como qualquer garota havaiana imersa na cultura sabia de cor e salteado as cantigas que traziam força e harmonia as apresentações. Jada se escondia envergonhada de mim a cada grito sincronizado com as meninas, levanto um copo e entorno o drink.
Minha euforia indica que havia bebido um pouco mais que o aceitável socialmente. Digo, não existe nada mais traiçoeiro do que drinks adocicados de frutas, quem acreditaria que um abacaxi podia conter shots quase puros de vodka.
Sentia-me nas nuvens, como se aquela não fosse a minha última noite de liberdade, mas era. Torcia para que as horas se arrastassem um pouco mais, que o meu corpo não fosse vencido pelo álcool e eu pudesse continuar sentido aquela curta e ilusionaria felicidade. Não queria ter que acordar amanhã e enfrentar a vida real e por isso, me recusava a pensar na existência do amanhã.
Uma salva de palmas invade a plateia, como de costume a ilha esta cheia de turistas, o brilho em seus olhos me instiga, eles veem aquilo pelo primeira vez, quero sentir o mesmo que eles sentem. Um segundo grupo sobe no palco, a dança é mais agressiva seguindo o ritmo potente dos tambores. A cada toque, parece que a ilha e eu estamos prestes a entrar em erupção.
Miro uma figura três mesas a frente, estou sozinha agora, não sei onde Jada foi e ela parecia ser a única capaz de me impedir de deixar o espaço para explorar a festa. Passo pela mesa de frios, provo o doce de abacaxi com mel, jogo uma uva na boca e me pego sorrindo para o estranho que usa uma bandana vermelha a poucos passos de mim.
Estamos jogando algo que parece caça e caçador, pois onde me perco ele parece me encontrar. Atravesso o lounge do restaurante, passo entre garçons com bandejas cheias de bebidas e noto que continuo sendo perseguida. Fugir dele me causa uma queimação deliciosa a nuca.
Estou na extremidade contrária a minha mesa, temo ter sumido do seu campo de visão, pois quando cesso os passos já não o vejo.
A luz azulada refletida atrás do enorme aquário que imita uma parede me distrai. Um peixe borboleta nada sem caminho certo desviando de um pequeno cardume, da a volta sob a cabeça que polvo mal humorado e vem em minha direção se chocando contra o vidro onde meus dedos estavam.
Encarando a figura engraçadinha meu olhar transpassou o aquário encontrando ele do outro lado. A língua entre os lábios, os braços cruzados e o peito inflado. O estrangeiro trazia uma expressão indecifrável no rosto, mas se pudesse adivinhar o que se tratava eu diria que ele sentia fome. E não era de nenhum fruto vindo do mar.
Agora a luz azulada do aquário também banhava sua pele, parado a poucos metros, confronta-me descaradamente dos pés a cabeça, por um momento me questionei se vestia alguma roupa, e na mesma levada quis retirar cada peça a fim de deixar seu olhar me incendiar.
Nos encaramos em um silêncio cheio de falas misteriosas. Nem sei se fala a minha língua, mas não preciso disso para descobrir o mel que derrama da sua.
Nos chocamos como imã, agarro seus fios e procuro por equilíbrio quando os braços fortes me erguem alguns centímetros. A tensão de seus lábios me causa excitação imediata e lança sinais por todo meu corpo. É um beijo selvagem, necessitado, uma batalha rítmica e devassa ecoando em barulhos se sucção.
Agradeço o som estrondoso dos tambores, é o único som capaz de abafar meus gemidos.
Nos engalfinhamos em direção a um corredor vazio, paredes amarronzadas e luz vermelha sob nossos espectros, não fazia ideia de onde estávamos e pouco me importava descobrir. Agarro jaqueta de couro puxando seu corpo contra o meu quando trombo bruscamente com a parede. A mão grande se enche em minhas curvas dedilhando e apertando sem a menor cerimônia. Cada vez que o beijo entendo mais sobre a fome que sente. Tenho fome também. Fome de cada pedaço seu. Agarra minha perna erguendo a altura da sua cintura, constato o volume que imediatamente se choca contra a minha virilha.
Trago sua mão ao meu seio, preciso que ele entenda o que quero, melhor, que entenda que os limites ali estão longe de ser alcançados. Em uma mistura de gemidos e amassos sinto-me inundar, desejo a destruição daquelas peças. Preciso senti-lo.
Agarro o falo ávido entre os dedos e o masturbo, respira descompassado no meu pescoço e geme, não. Ele rosna em prazer se chocando contra minha mão que por pouco não consegue envolver toda sua estrutura. Ele é enorme, quero prova-lo.
Contra meus pensamentos sou virada oposta a parede. A saia que me cobria é erguida, minha bunda a mostra recebe um tapa. Quero xinga-lo, mas uma lamúria pedindo por mais é o que escapa da minha boca. Os dedos longos invadem a peça afundando-se em minha umidade, contraio involuntariamente ouvindo sua risada rouca ao pé do meu ouvido.
──── Essa bocetinha quer ser bem fodida?
É a primeira vez que ouço sua voz e por pouco não me desmancho ali em seus dedos. O rosto de modelo de propaganda fala grosso, como um homem, totalmente habilitado para acabar com meu juízo.
──── Filho da puta...sim, sim. ──── respondo tentando manter as pernas firmes.
──── Darei exatamente o que ela quer. ──── seu sotaque muda a entoação de algumas palavras, é ainda mais sexy. ──── Vou te foder tão gostoso que vai querer estender alguns rounds. ──── segredou mordicando o lóbulo e jogou os meus fios para o lado.
Sua boca faz uma bagunça na pele do meu pescoço, morde, chupa, arranha deixando uma trilha úmida e quente. Não tão quente quanto a ardência ao ser invadida. A mão direita agarra a minha na parede entrelaçando nossos dedos, todo meu corpo sente aquilo, suas investidas inicialmente lentas, um vai e vem que se intensifica até que o som da sua virilha se chocando contra minha bunda se tornasse ainda mais erótico.
A mão livre aperta meu seio, brinca com o mamilo dura causando-me ondas de necessidade. O homem é impressionante. Estou envolta demais nas suas estocadas certeiras para raciocinar qualquer coisa fora o fato de que o estrangeiro me fodia gostoso, como prometido. Sinto o ápice se aproximando, rebolo contra seu pau aproveitando o contato, me sente pressiona-lo e agarra-me o corpo outra vez, agora tirando-me do contato da parede.
Entrelaço as pernas envolta da sua cintura ao ser erguida, seu rosto se perde entre meus seios, são cobertos pela boca macia que chupa em um estralo o mamilo. Aquele filho da puta faz algo com a cintura, apoiando minhas costas em uma mesinha de corredor, que por pouco não me faz chorar. Acerta uma, duas, três vezes e sou incapaz de me segurar. Agarro os fios longos gemendo nervosamente. É avassalador, mas ainda não é o suficiente para sanar meu desejo.
Sei que o seu também.
Pois quando meus olhos encontram os do asiático, existe um brilho flamejante esperando por mim.
𝐄𝐌 𝐀𝐆𝐎𝐒𝐓𝐎, 𝐕𝐄𝐌 𝐀𝐈́
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