Em um futuro sombrio e distante, onde a escuridão parecia reinar absoluta, uma pequena criatura tremia incessantemente. Um dragão de escamas pálidas, acorrentado, estava deitado sobre uma mesa de mármore áspero e frio, escondida nas profundezas das Catacumbas de San Sebastiano, em Roma. Este lugar sagrado e histórico, agora transformado em um santuário sinistro, era um labirinto de passagens escuras e nichos onde milhares de ossos repousavam como testemunhas silenciosas do passado. A atmosfera carregada era densa, impregnada de segredos esquecidos e histórias enterradas.

A câmara em que o dragão estava confinado ficava no coração das catacumbas, cercada por pilares que sustentavam a estrutura decadente. Uma cruz invertida esculpida na parede central brilhava fracamente com um tom arroxeado, alimentada por uma energia desconhecida. Inscrições em latim cobriam as paredes desgastadas, parecendo pulsar de maneira sinistra, como se ecoasse o próprio lamento dos mortos.

O medo que dominava o pequeno dragão não era das relíquias ao seu redor, mas do que estava prestes a acontecer. De repente, passos ecoaram pelos corredores estreitos e úmidos. Uma figura emergiu da penumbra, sua presença absorvendo a pouca luz das velas espalhadas pela câmara.

Ela vestia um uniforme negro que parecia ser tecido do próprio vazio, absorvendo a claridade ao redor como um buraco negro. Os detalhes de engrenagens e símbolos de relógio brilhavam em um tom neon roxo, projetando-se de forma ameaçadora contra o cenário antigo. Seu rosto estava oculto por uma máscara intrincada, que parecia vibrar com um poder temporal.

Os olhos do dragão se arregalaram em desespero. Ele sabia o que aquela figura representava e os riscos que sua presença trazia. Sua voz saiu trêmula, carregada de súplica.

— Os poderes do colar que está portando são singulares e vastos... mas não foram feitos para isso! Por favor, você não entende o que está prestes a fazer!

A figura mascarada não respondeu imediatamente. Lentamente, ela retirou de sua capa um caderno pesado, o qual depositou sobre a mesa de mármore ao lado do dragão. As páginas, gastas pelo uso, estavam repletas de nomes, cada um marcado com símbolos misteriosos. Um nome destacava-se: Crystail.

Com um movimento lento e deliberado, plumas negras começaram a surgir ao redor dela, flutuando no ar antes de se transformarem em fumaça. Quando a névoa finalmente se dissipou, revelou-se a verdadeira identidade por trás da máscara: Spacetime Girl, uma jovem de olhar frio e calculista. Seus cabelos negros e curtos emolduravam um rosto pálido e sereno, mas os olhos – um violeta profundo e o outro prateado – brilhavam com um poder além da compreensão humana.

Ela ignorou os protestos do dragão, abrindo o caderno em uma página marcada. Retirando de seu bolso uma esfera mágica que pulsava com a energia das eras, ela ergueu o colar que trazia no pescoço e encostou-o na superfície da esfera.

Um clarão intenso tomou conta da câmara. As inscrições nas paredes começaram a brilhar e se mover, como se comemorassem a ruptura entre o passado e o presente. O chão da câmara tremeu, e um portal escuro e giratório abriu-se aos pés de Spacetime Girl.

O dragão, sem forças para resistir, observava a cena em agonia.

— Não… Por favor, pare! — ele implorou uma última vez.

Mas a jovem apenas sorriu de forma cruel, antes de desaparecer lentamente pelo portal, carregando consigo os destinos de eras inteiras.

Quando o vórtice desapareceu, a câmara voltou ao silêncio absoluto. O dragão, solitário e impotente, sussurrou em meio ao desespero.

— Acabou… a era dos Jewelsic’s…

Uma lágrima solitária escorreu de seus olhos, brilhando com o último vestígio de esperança que desaparecia no vazio das catacumbas.