Capítulo 3 (CONTINUAÇÃO)
Luísa também estava ajudando com a distribuição, mas ela estava como todas as criadas da casa. A futura princesa claramente mudaria isso, nem que dependesse da própria vida.
A personalidade forte de Dienly fazia com que poucas coisas a abalasse, mas ver as pessoas que ama sofrendo, a destruía. Ela odiava se sentir impotente e foi assim que se sentiu por anos, agora teria chance de mudar tudo.
Estava indo tudo bem, mas ela sentiu suas pernas muito confortáveis, confortáveis demais para alguém que estava com um furão. O sangue fugiu de seu rosto, e pelo visto não tinha sido só o sangue que tinha fugido...
Ela entrou em total desespero. Onde Simmy poderia ter ido? Se ela saísse da sua posição, a mãe ficaria enfurecida.
E se alguém pisasse em Simmy e nas feridas que não tinham cicatrizado e machucassem o bichinho dela? Melhor a mãe com raiva do que Simmy morto.
Ela tinha criado um vínculo muito forte com o bichinho, também se sentia como um peixe fora da água no meio daquele tanto de gente. Dienly sabia que Simmy tinha sumido por medo das pessoas e do som ao seu redor.
— Cristal, eu vou ter que sair por um instante. Volto em breve — Dienly avisou a amiga e saiu com classe do recinto, deixando a mãe pasma.
Ela começou a apressar os passos depois de virar o corredor e seus olhos estavam focados no chão, procurando vagarosamente o bichinho atentado.
— Se eu fosse um furão, onde eu estaria? Acho que... — ela estava falando sozinha, até colidir com alguém — me perdoe, foi um acidente — disse sem tirar os olhos do chão.
— Acredito que sim, senhorita. Está andando de maneira tão descuidada que não há dúvidas de que tenha sido um acidente — apesar da educação no modo de falar, estava claro que o garoto estava sendo grosso.
Ela decidiu olhar para ver quem era o ser humano que a tratava daquela forma tão grosseira. Quando levantou seus olhos, notou o quanto aquele garoto era lindo, parecia ter sido desenhado à mão por algum artista.
Dienly teve que se segurar para não abrir a boca por causa do espanto. Ele tinha cabelos castanhos, olhos cor de mel, pele clara e parecia ter a idade dela.
Ela não notou que estava encarando-o fixamente, mas ele percebeu e se sentia incomodado com o olhar dela, como se ela pudesse ler sua alma. Então ele arqueou a sobrancelha, fazendo-a sair do transe.
— Bem, é que eu perdi meu bichinho e estou o procurando. Não faço ideia de onde ele poderia estar — Dienly deu uma breve explicação e ia se retirar do local para continuar a busca, mas o garoto segurou o braço dela delicadamente.
Ele não era tão tolo a ponto de não notar as roupas chiques daquela moça a sua frente, o que significava que ela era uma princesa. E se seus cálculos estivessem certos, ela era a princesa de Eartland.
— A senhorita não é a princesa? — Dienly afirmou com a cabeça e o analisou. As roupas do garoto eram bem antigas e pareciam com o tataravô dela, além de estarem bem degastadas.
— Se me permite corrigir, sou a futura princesa — ela se soltou das mãos dele e o menino fez uma reverência — não tinha necessidade.
— Eu deveria, é o certo — ele odiava ter que agir como um submisso, mas no momento ele realmente era.
Ele também tinha ficado fascinado com a beleza dela, não era comum ver cabelos tão bonitos e escuros, a maioria das garotas de seu reino eram loiras devido ao processo de colonização daquela região.
Não podia agir como o tolo que realmente era, precisava ser educado e diferente das demais pessoas ali naquele local. Conan precisava descobrir os segredos daquele castelo, e quem melhor que alguém que vive ali há tantos anos para ajudá-lo?
— Bem, a senhorita é a futura princesa — Conan diz e Dienly balança a cabeça — um prazer conhecê-la. Me desculpe pelo modo grosseiro que falei, não peça para que cortem minha cabeça.
— Como a princesa bondosa que sou, irei te livrar dessa morte dolorosa — os dois riram e Dienly tentou se afastar — se me permite, tenho que encontrar meu animal.
Ele não podia a perder de vista, então fez o mais sensato, a acompanhou enquanto ela saía. Dienly sabia que ele estava a seguindo, então o olhou confusa.
— Sem querer ser indelicada — ela começou a frase, entrelaçando seus dedos — por que está me seguindo?
— Como um pedido decente de desculpas, quero ajudar a senhorita a encontrar seu bichinho — Dienly não tinha como se opor à ideia, também não tinha nenhum motivo para isso. Ela apenas deu de ombros e Conan encarou isso como uma aceitação.
Conan prestou atenção em cada mero detalhe daquele castelo, ele achou a estrutura do local bem melhor que a do seu palácio.
— Se o senhor fosse um bicho para onde você iria? — ele parou de olhar o local e observou a garota que parecia meio fora de si.
— Para algum lugar bem escondido, um local que ninguém conhecesse e fosse bem seguro — ela colocou a mão na bochecha, virando a cabeça para o lado.
Dienly não conhecia nenhum local escondido daquele castelo. Mas se houvesse um esconderijo ali, seus pais a diriam?
— Eu não conheço nada que seja secreto — ela assume e Conan se sente frustrado. Todo seu esforço tinha sido em vão.
Tinha saído naquela manhã com a certeza de que encontraria algo, desejando poder ser útil de alguma forma.
Ele queria dar orgulho ao seu pai, queria voltar com notícias que fossem fazer a diferença para o reino. Em vez disso o que ele conseguiu? Nada.
Conan já estava ali mesmo, então não custava nada achar o animal daquela garota, pelo menos iria ser útil para alguém.
Ele saiu na frente, indicando para ela o seguir. Era arriscado estarem sozinhos passeando pelo castelo, se alguém os visse juntos a reputação de Dienly seria destruída.
— Bem, eu falei muito sobre mim até agora. Como se chama? — Dienly parou por alguns segundos, mas ainda tentava acompanhar os passos rápidos do garoto.
— Me chamo... — ele não tinha nenhum nome em mente, então escolheu o mais próximo da realidade — Charles.
— Charles — ela falou, parecendo se acostumar com a forma que o nome saia de sua boca. Conan fez o mesmo, apreciando como o seu nome falso soava tão delicado nos lábios daquela garota.
Eles andaram por alguns minutos, procurando Simmy por todos os cantos daquele lugar e nada. Aproveitaram para conversar e se "conhecerem".
Charles teve que improvisar uma vida que estava longe de ser a dele. Fingiu ser um garoto pobre que morava no Leste, que tinha uma família grande, apesar das discussões.
Dienly sentia pena por ele e jurou para si mesma que quando fosse rainha iria ajuda-lo de alguma forma.
Ele inventou a vida que queria ter, mas nunca teria a chance, pois sua mãe havia morrido quando ele tinha 8 anos. Rainha Cassy estava bem em um momento, e no outro, estava sem vida.
A mulher era altruísta, bondosa e delicada, totalmente o oposto do pai. O que não fazia sentido era ela estar casada com Adrian, porque o homem claramente não a merecia.
Sentia falta de sua mãe, era a única pessoa que se importava com algo além daquele maldito reino. Seu pai sequer viveu o luto pela esposa que passou 10 anos ao lado dele.
Mas agora ele tinha uma mãe chamada Kendria e um pai chamado Robert. E eles eram a família perfeita apesar de serem pobres e viverem de esmolas e vendas incertas.
Dienly tinha se compadecido do garoto que parecia feliz apesar das suas condições. No fundo ela estava com um pouco de inveja, pois daria todo seu dinheiro por um lar amoroso.
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