Capítulo 1
E lá estava Dienly, mais um dia presa em seu castelo enquanto olhava o jardim pela janela. Flores, bastante flores, tudo extremamente colorido do lado de fora, o oposto do que era por dentro.
Ela vivia sua vida com apenas um propósito: ser a rainha de Eartland. E isso a atormentava bastante. Ia ser coroada à princesa daqui poucos meses e tudo que ela pensava era nas coisas que iria ter que abrir mão para se dedicar inteiramente ao serviço no palácio.
Ia sentir falta do seu violino, de brincar com seu furão, de ler durante o dia e de poder ir ao quarto da amiga ficar conversando sobre coisas nada produtivas.
Em Eartland as coisas eram um pouco diferentes do resto do país, ela iria ser coroada aos 16 anos e iria ter que trabalhar no castelo mexendo com a administração do castelo e do reino. Nos outros reinos as pessoas já nasciam com a devida posição que iam permanecer até o dia da morte de seus pais ou de seus casamentos.
Dienly vivia em uma das torres do castelo com seus pais e vários criados, a casa era lotada deles. Todos eles moravam lá já que o rei e a rainha achavam mais útil, pois poderiam precisar deles a qualquer hora e eles tinham que estar presentes.
Dienly pensava o contrário, achava que as pessoas mereciam viver a vida delas tranquilamente, trabalhando de uma forma não tão cansativa e tendo suas próprias vidas para cuidar. A opinião dela nunca foi ouvida, aliás, nenhuma opinião dela aparentava ter valor naquele local.
A futura princesa passou 15 cansativos anos dentro daquele castelo e o único lugar que podia chamar de lar era o conforto do seu quarto. Era uma garota que tinha tudo de sobra e era invejada por muitas pessoas, mas ela não era feliz e nunca contou isso para ninguém, pois nunca quis dar trabalho para seus pais que estavam sempre muito ocupados para dar ouvidos a uma adolescente.
Amanhã seria um grande dia no castelo, um ponto negativo para Dienly, já que odiava todos os eventos que os pais ofereciam. Todo ano era a mesma coisa, sempre uma correria e uma chatice, sem contar que era impossível que ela socializasse em algum desses eventos, pois tinha que estar sempre à frente.
A princesa ajudava o pai a organizar os eventos, porque no próximo ano iria assumir e precisava saber de tudo para fazer o trabalho sozinha.
Ela foi em todos esses eventos e nunca conheceu nenhum jovem em potencial, nem para amigo, nem para namorado. Seu pai ficava muito feliz com isso, porque apesar de tudo ele se importava, ela era a coisa mais importante do mundo para ele. Ele só não sabia como ser um bom pai.
Leonardo não queria ver a filha com o coração partido, desejava que ela não fosse como ele..., mas ela era. Dienly tinha a responsabilidade de todo um reino em suas costas e iria sentir ainda mais isso após se tornar princesa.
Dienly ainda estava mergulhada em seus próprios pensamentos quando bateram na porta do seu quarto, ela balançou a cabeça e se levantou a contragosto, fazendo seu vestido se alinhar novamente. Abriu a porta do quarto e viu sua única e fiel amiga, Cristal.
— Dienly! Você ainda não viu que horas são? — Cristal indagou, sabendo que sua amiga estava em outro planeta — você ainda não arrumou o cabelo e já está na hora de descermos, se demorarmos mais um minuto sua mãe te mata — ela entrou no quarto e puxou Dienly para dentro, sem dar tempo de contestar.
Dienly realmente não tinha notado que horas eram, estava tão concentrada em sua análise da vida que nem percebeu quando o sol se pôs e deu lugar a noite. Sentiu o vento entrar no seu quarto pela janela que estava completamente aberta e decidiu fechar apenas quando fosse dormir.
Cristal era filha de uma das empregadas do castelo e ajudante pessoal de Dienly, ela mesma a escolheu para o papel, porque além de muito eficiente, sabia que seria bom ter alguém com uma idade próxima da sua.
— Me desculpa por atrasar as coisas, Cris. Eu estou tão pensativa nesses últimos dias, mas diga-me, você também não acha que algo diferente deveria ocorrer nesse lugar? Estou tão enjoada de todos os dias serem iguais — Dienly suspirou e sentou-se na cadeira branca confortável que estava na frente da sua penteadeira.
Cristal começou a arrumar os cabelos de sua amiga rapidamente, ambas sabiam que Eleanor, a mãe de Dienly, não era uma das melhores pessoas nem em seu melhor estado de espírito, então não deve se comentar como ela era quando estava estressada. Obviamente ganharia a briga contra um Pitbull faminto.
— Eu compreendo o que você pensa, Di, mas agora está na hora de irmos. Depois a gente conversa mais sobre isso, podemos nos encontrar no jardim após o jantar — Cristal sugeriu e Dienly afirmou com a cabeça, agradecendo por ter pelo menos uma pessoa naquele local que fazia os dias dela serem melhores.
Ela era tão grata pela existência de Cristal que a tratava como uma irmã, porque família não é apenas um laço sanguíneo, é algo como um lar. Ela nunca se importou com a condição financeira de Cristal, não de uma forma negativa, mas já deu algumas joias para sua amiga para ajudá-la a pagar algumas dívidas feitas pelo pai dela.
A futura princesa nasceu com um senso de justiça e uma determinação que não era vista em metade do reino. Ela não se achava digna da vida que levava, pois nunca tinha lutado por ela. Todas aquelas joias e coisas chiques não foram conquistadas por ela, nem por seus pais, apenas por seus ancestrais que deram a vida por isso.
Cristal terminou o penteado no cabelo de Dienly e saiu empurrando ela porta à fora. A escada tinha 18 degraus, Dienly sabia disso porque já tinha analisado tudo naquele local, sabia até a quantidade de móveis, e conhecia todos os livros da biblioteca, apesar de não ler a maioria deles.
A maioria dos livros da biblioteca eram sobre economia, administração ou história do reino, nada que a interessasse muito. Por outro lado, Cristal sempre aproveitava seu tempo livre antes de dormir para ler alguns dos livros ali.
As duas chegaram à sala de jantar do castelo, o lugar mais fabuloso do palácio! Pintada de branco e dourado, possuía um lustre gigante acima da enorme mesa de madeira branca que comportava umas 30 pessoas, mas nunca chegava a ter tudo isso. Sua vida era altamente solitária, preferia ter nascido em uma família comum.
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