Capítulo 5. Descendo pela janela
Naquele fim de tarde, a notícia da iminente chegada da família Navarri ressoou pelos corredores do palácio, alcançando Nicolas durante um jantar solene. Ao redor da mesa, estavam presentes o general de seu pai, seus irmãos, sua mãe e Dominique, cuja presença costumava trazer um misto de desconforto e incerteza ao futuro rei.
A notícia abalou Nicolas profundamente, fazendo com que o apetite lhe escapasse por completo. Enquanto a refeição prosseguia, ele era bombardeado por comentários e conselhos, que mais o irritavam do que ajudavam. Após o jantar, enquanto caminhava solitário aos seus aposentos foi abordado por Dominique, vestindo uma roupa provocante, interceptou-o nos corredores.
— Vossa Majestade — disse ela, com uma reverência que acentua seu decote, os olhos brilhando de intenção — estou sem sono. Pensei que talvez pudéssemos dar uma volta.
Nicolas respondeu com um tom cuidadosamente neutro, ocultando a irritação que crescia dentro de si:
— Devo me retirar. Amanhã será um longo dia.
Dominique, contudo, não se deu por vencida. Aproximou-se ainda mais, colocando uma mão sobre o peito de Nicolas, o toque invasivo trazendo à tona lembranças de noites passadas, em que ela havia se esgueirado até seus aposentos.
— Se você desejar, posso ir até seus aposentos com você — sussurrou ela, a voz carregada de insinuação.
Nicolas, com esforço, desviou-se dela, a expressão firme mas educada.
— Obrigado, mas preciso de um tempo sozinho.
A cena não passou despercebida, algumas damas da corte observavam de longe, prontas para espalhar rumores. Nicolas suspirou profundamente, cansado de ser o foco das fofocas do palácio.
Em seus aposentos, ele abriu as janelas, permitindo que a brisa da madrugada invadisse o ambiente. O ar fresco trazia um alívio momentâneo, mas não dissipava a inquietação que dominava seu espírito. Decidiu que não faria da chegada da família Navarri um evento grandioso, ainda que sua mãe e o general insistissem em tornar aquele momento uma grande cerimônia.
Com um diário nas mãos, Nicolas sentou-se à mesa, tentando organizar seus pensamentos. A lua iluminava o quarto, sua luz prateada refletindo no papel em branco. Ele havia aprendido a anotar suas ideias e sentimentos, na esperança de encontrar clareza, mas naquela noite, as palavras lhe escapavam.
O futuro era incerto, e a perspectiva de conhecer Amélia o deixava dividido entre a obrigação e o desejo de liberdade. Ele não sabia o que esperar de toda a situação, nem como deveria se sentir. Enquanto contemplava a lua, uma sensação de solidão o envolveu, apesar de estar cercado por pessoas e responsabilidades.
Fechou o diário sem escrever uma linha, decidindo que, ao menos naquela noite, deixaria suas inquietações serem levadas pela brisa. Deitou-se na cama, esperando que o sono trouxesse algum alívio, consciente de que o amanhecer traria consigo novos desafios e decisões.
Pela manhã, Nicolas se juntou a Olavo e Dominique para o desjejum no jardim. Ele planejava ensinar seu irmão a atirar com arco e flecha, tentando manter uma aparência calma e serena, embora sua mente estivesse repleta de inquietações. Em meio à agitação que dominava o palácio, ele fingia uma passividade estudada. Os servos corriam em direção ao portão, anunciando a chegada de Amélia.
Dominique, ao ouvir a notícia, enrijeceu a postura, enquanto um servo se aproximava, ofegante.
— Vossa Alteza, a jovem já passou pelo portão. A rainha solicita com urgência sua presença.
Nicolas considerou protestar, mas sabia que seria inútil. Levantou-se, seguindo em direção à entrada, com Dominique e Olavo juntamente, mesmo sem ele ter convidado.. Ambos estavam ansiosos, comentando incessantemente sobre como seria a aparência de Amélia e fazendo piadas. Nicolas fingiu não ouvir, sua irritação crescendo a cada passo.
Ao chegar à entrada, avistou Amélia passando pela cavalaria, cercada pelos ministros posicionados para a ocasião. O anúncio da chegada de Nicolas foi feito, e ele se colocou ao lado de sua mãe.
— Está atrasado, Nicolas — repreendeu a rainha Elizabeth, a voz carregada de desaprovação. — E não devia ter trazido Dominique.
Nicolas ignorou o comentário da mãe, mantendo a expressão impassível. A raiva dentro dele cresceu, pensou que ela teria bom senso de desistir. Embora soubesse que ela não tinha culpa de sua situação, não conseguia separar esses sentimentos, o que o deixava ainda mais irritado consigo mesmo. Precisava ser político, lembrava-se continuamente.
Enquanto o irmão de Amélia fazia as apresentações, Nicolas observava a jovem de perto. Ela parecia assustada, os lábios pálidos e brancos, as pupilas dilatadas. No entanto, a beleza de Amélia era inegável, como no retrato que ele havia visto. Havia uma gentileza em sua aparência que o surpreendeu, e ele notou a mão dela tremendo ligeiramente.
Por alguns instantes, diante daquela cena, Nicolas se compadeceu dela. Talvez Amélia também não tivesse a intenção de casar, e a situação lhe era igualmente desconfortável. Ele via a vulnerabilidade em seus olhos e, por um momento, sentiu um fio de empatia.
A rainha Elizabeth acompanhou Amélia até seus aposentos, enquanto Nicolas voltou ao seu treinamento novamente. Tentava afastar as emoções conflitantes que o assaltavam, concentrando-se na tarefa à sua frente. Entretanto, a imagem de Amélia e a sua fragilidade não saíam de sua mente.
— Será que ela estava doente? Estava tremendo — Olavo perguntou, seus olhos curiosos fixos em Nicolas. Antes que ele pudesse responder, Dominique interveio.
— Acho que ela está com medo de ser queimada na fogueira pois é uma bruxa — brincou Dominique, soltando uma gargalhada que fez Olavo estremecer.
— Chega, vocês dois. Vamos treinar, Olavo. Com licença, Lady Dominique — disse Nicolas, adotando um tom formal enquanto se afastava.
Quando estavam a sós, Olavo perguntou ao irmão:
— Acha que ela é uma bruxa? Eu achei ela bonita.
— Você é muito jovem para pensar isso — respondeu Nicolas, tentando manter a seriedade. No entanto, ele não pôde deixar de concordar internamente. Amélia era bonita, de uma beleza etérea, como os anjos pintados no teto da capela real. Seus longos cabelos e olhos de avelã permaneciam em sua mente.
Ambos retomaram o treinamento, mas Nicolas não conseguia afastar a imagem de Amélia de sua mente. Enquanto praticavam, ele avistou uma figura correndo pelo jardim. O impacto da visão foi tão grande que Olavo, distraído, soltou a flecha, quase atingindo a pessoa.
Olavo pegou a flecha que estava fincada na grama e, ao ver a moça com olhos assustados, como os cervos que costumavam comer as flores de sua mãe, perguntou desconfiado, ainda que com um toque de surpresa:
— Amélia, é você?
A palidez de Amélia fez Olavo pensar que poderia estar diante de um fantasma.
— Sim, sou eu — respondeu ela, tentando respirar com dificuldade. — Você me viu hoje cedo.
— Parece uma pessoa diferente. Me desculpe, sou Olavo.
O jovem príncipe se curvou respeitosamente. Ele era o irmão mais novo do futuro rei, com suas vestes impecáveis e o arco em mãos, mostrando o que o rei estava fazendo de "importante": treinar com seu irmão.
Amélia sentou-se na grama, ainda tentando recuperar o fôlego. Apoiada nos cotovelos sobre os joelhos, repousou a cabeça por alguns instantes. A grama estava um pouco úmida, mas isso era o que menos importava no momento. Finalmente, conseguia respirar melhor, puxando o ar profundamente.
— Você está bem? — perguntou Olavo, preocupado.
— Estou... Este lugar é tão grande e sufocante ao mesmo tempo.
Nicolas, que acompanhava tudo de longe, aproximou-se. As palavras de Amélia soaram como se tivessem saído de seu próprio diário. Ele se sentia da mesma forma, em um lugar grande, mas sufocante, como viver sob a lente de um microscópio.
Amélia tentava acalmar as batidas do coração. Ela olhou para o céu e, gradualmente, seu ritmo cardíaco foi voltando ao normal. Passou a mão pelos cabelos bagunçados devido à fuga pela janela.
— Também me sinto assim às vezes — disse Nicolas, com sua voz grossa e um pouco rouca. Ele havia visto a flecha quase atingir Amélia. Parecia tão assustada, o que fez seu coração doer. Ele sabia melhor do que ninguém como aquele lugar poderia ser assustador. Talvez ela não fosse uma interesseira, como Dominique havia falado, não parecia uma nobre mimada e caprichosa.
O futuro rei estendeu a mão para ajudar a moça a levantar da grama. Amélia encarou os olhos de Nicolas, que tinham um tom de azul profundo, como safiras brilhantes. Nunca havia visto alguém com olhos tão bonitos quanto os dele. Ignorando seu gesto gentil, levantou-se sozinha, ainda ressentida pela desfeita cometida por ele em sua chegada.
Nicolas, com as mãos para trás do corpo, observou Amélia se levantar. Ela batia a sujeira do vestido, que agora era azul com desenhos de flores, bem diferente do vestido mais formal e caro que usara antes. Ao olhar para os pés dela, viu que calçava botas velhas e surradas, algo que realmente não esperava.
— Como você saiu? Sei que seu quarto está vigiado. Vi seus irmãos deixando guardas na porta, além dos guardas da corte.
A voz curiosa de Olavo cortou o contato visual entre Nicolas e Amélia.
— Meus irmãos sabem que uma porta não vai me impedir de sair — respondeu ela, notando os olhos inquisitivos de Nicolas, que pareciam exigir uma explicação para aquela cena. — Desci pela janela.
— Janela? — Nicolas riu da situação. A moça nada tinha de uma burguesa mimada; parecia estranhamente atrapalhada e rebelde, como seus irmãos. A face de Amélia adquiriu um tom de rosa-claro.
— Vai fugir? — Olavo perguntou empolgado, como se estivesse assistindo a uma peça de teatro com cenas de fuga. Isso pintava um quadro ainda maior da ideia de Amélia não ser deste planeta.
— Não, só queria respirar um pouco de ar puro, mas quase fui morta por uma flecha — Amélia respondeu, tentando manter a compostura.
— Sou ruim de mira, lamento por ter te assustado — Olavo disse envergonhado, ele não gostava de machucar as pessoas.
— Um dia será bom — Nicolas respondeu ao irmão enquanto afagava seus cabelos.
— Você também é ruim, Nic. Por isso não dá certo — Olavo protestou.
— Sou boa, posso te ensinar — Amélia disse impulsivamente, cobrindo os lábios com as duas mãos logo em seguida, sentindo-se tímida. Ela sabia que mulheres não deviam atirar com arco e flecha ou lutar com espadas, mas a naturalidade da sua oferta fez ambos rirem.
— Duvido — Olavo disse, mostrando a língua para Amélia.
— Sou sim — Amélia retrucou, mostrando a língua de volta para o menino. Ela era tutora das crianças, sabia como lidar com elas e às vezes precisava parecer ter a idade delas.
Nicolas observou a interação com um misto de curiosidade e encantamento. A naturalidade e a autenticidade de Amélia eram refrescantes, um contraste marcante com a artificialidade que ele estava acostumado a ver na corte. O jeito desajeitado dela, misturado com a coragem de descer pela janela, a tornava única.
Ele notou como o rosto de Amélia se iluminava quando sorria, uma beleza genuína e cativante. A simplicidade e a honestidade em seus gestos despertaram algo dentro dele, uma emoção que ele não conseguia identificar, mas que era inegavelmente forte. Talvez fosse admiração, talvez algo mais profundo.
— Você realmente sabe usar um arco? — Nicolas perguntou, agora mais sério, mas com um sorriso nos lábios.
— Sei sim, meu pai me ensinou — respondeu Amélia, erguendo o queixo com um toque de orgulho.
— Talvez possamos testar suas habilidades algum dia — disse Nicolas, tentando esconder o interesse genuíno que sentia. Ele sabia que essa moça era diferente, e isso o intrigava.
Enquanto Nicolas observava Amélia, sentia um turbilhão de emoções. A irritação que sentira antes se dissipara, substituída por uma curiosidade crescente e uma admiração que ele não conseguia controlar. Amélia era um mistério, uma pessoa cheia de contrastes, e ele queria entender mais sobre ela.
E, por um breve instante, ele se permitiu esquecer essas pressões, focando apenas na jovem que havia descido pela janela para sentir o ar puro e que, de alguma forma, trouxeram um sopro de ar fresco à sua vida também.
— Pode ser agora? — perguntou Olavo, com uma mistura de empolgação e curiosidade brilhando em seus olhos. Ver uma dama se oferecendo para atirar com arco e flecha era inusitado, algo que suas irmãs sempre evitavam.
— Vamos ver então — respondeu Nicolas, sorrindo ao ver a animação do irmão. Olavo era estranhamente competitivo, e o modo como ele e Amélia se mostravam a língua como crianças travessas era encantador. Pela primeira vez em tempos, Nicolas conseguiu rir de verdade.
Uma dúvida, contudo, pairava em sua mente. Uma moça atirando com arco e flecha? Era algo raro e, certamente, causaria um ataque em sua mãe se uma de suas irmãs tentasse tal façanha.
Amélia sentiu os olhares de dúvida dos dois irmãos. Decidida, traçou um plano em sua mente: erraria de propósito primeiro, para depois mostrar sua verdadeira habilidade, adquirida nas tropas com Pedro e Arthur, impressionando a todos.
Ela se orgulhava de seus dotes "masculinos". As caçadas com Pedro e Arthur eram momentos preciosos, onde aprendera a sempre acertar, mesmo em alvos em movimento.
Nicolas entregou-lhe o arco e a flecha. Com um movimento deliberado, Amélia lançou a flecha que passou longe do alvo. O futuro rei e o príncipe caíram na gargalhada, seus risos ecoando pelo jardim.
Ambos tentaram novamente. Olavo ficou longe do centro, enquanto Nicolas quase acertou. Um serviçal marcava os pontos, e algumas pessoas assistiam ao treinamento da família real, curiosas e entretidas.
— Deixe-me tentar de novo — disse Amélia com confiança.
— Não se envergonhe — comentou Olavo, acreditando que a jovem não sabia atirar.
Nicolas entregou-lhe novamente o arco e a flecha, explicando com calma. Amélia apenas ria interiormente, pois sabia que ele havia explicado errado. Por isso, o jovem príncipe sempre errava o centro e quase a machucara.
Amélia parou, respirou fundo e observou o alvo. Com suavidade, soltou a flecha que acertou o centro, algo que nenhum deles havia conseguido fazer.
— Nossa — disse Nicolas, surpreso — sou um bom professor.
— Foi sorte — Olavo falou rudemente, deixando transparecer seu gênio forte.
Amélia pegou outra flecha e acertou o centro novamente.
— Meus irmãos me ensinaram, eu sei fazer mais coisas que você, pirralho — disse Amélia, brincando com Olavo.
— Posso ser seu rei, não me chame de pirralho.
— Para isso seu irmão tem que morrer — respondeu Amélia, sem perceber a gravidade da afirmação.
— Nossa — Nicolas tentou parecer ofendido, mas sabia que era a realidade da realeza. Amélia apenas comentara um fato.
— Me desculpe, alteza — Amélia começou a gaguejar, sentindo-se nervosa — eu não sou ótima em conversar com pessoas. Mil perdões.
Ela não estava acostumada a conviver com pessoas além de crianças e seus irmãos. Apertando o arco nervosamente, ela se curvou, o que fez Nicolas começar a rir. Achou engraçado observar a moça nervosa. Ela era realmente uma garota de muitas faces, e, nesse momento, despertava nele uma curiosidade e uma admiração que ele não esperava sentir.
Olavo observava tudo com os olhos arregalados, a admiração brilhando em seu rosto jovem. Ele se aproximou de Amélia, ainda empolgado.
— Você pode me ensinar, então? — perguntou, sua voz cheia de expectativa.
Amélia sorriu, a timidez momentaneamente esquecida. — Claro, se você quiser aprender.
Nicolas observava a cena com um misto de curiosidade e surpresa. Amélia parecia trazer um novo ar ao ambiente, um frescor que ele não sentia há tempos. Ele sabia que, debaixo daquela fachada de formalidade e nervosismo, havia uma pessoa genuína e corajosa. A maneira como ela segurava o arco com confiança, como enfrentava as situações sem hesitar, tudo isso fazia com que ele a visse sob uma nova luz.
Enquanto Amélia e Olavo se preparavam para mais uma rodada de tiros, Nicolas não pôde deixar de pensar que talvez, apenas talvez, essa jovem pudesse trazer algo de novo e inesperado à sua vida.
Dominique avistou ao longe Nicolas rindo com Amélia. Aquilo a deixou irada, uma fúria crescente queimando em seu peito. Mandou uma de suas damas de companhia avisar à rainha sobre a atitude inadequada de Amélia. Ver a jovem com Nicolas e Olavo a irritava profundamente. O que ela estava fazendo lá? Não era o seu lugar. Com passos decididos e rápidos, a jovem donzela caminhou até onde todos estavam.
— Altezas — Dominique se curvou com a graça de uma dama perfeita.
Amélia observou o gesto e pensou que era assim que Catarina gostaria que ela se comportasse. Por que para ela era tão difícil?
— Quer atirar conosco, Dominique? — perguntou Olavo, animado.
— Não sei se é adequado — respondeu Dominique, lançando um olhar de desprezo para Amélia, como se estivesse julgando-a dos pés à cabeça. — Só vim avisar que descobriram que você escapou — ela apontou para Amélia com o indicador, um gesto acusador.
— Droga, digam que não me viram.
Amélia saiu em disparada, correndo para o lugar por onde desceu. Escalou novamente a parede do castelo, o coração batendo forte no peito. Será que a Rainha estava lá? Quão ruim seria se ela descobrisse que Amélia escalava paredes como uma aranha?
Dominique observava a cena com olhos estreitos, o ódio fervendo dentro dela. Aquele sentimento de que Amélia iria roubar Nicolas, alguém que ela acreditava ser seu por direito, a consumia. Ver a jovem se destacar de uma forma tão natural, ser capaz de arrancar risos de Nicolas, só aumentava seu rancor.
Enquanto Amélia escalava a parede, Dominique sentia uma satisfação cruel. Ela imaginava a rainha descobrindo a fuga ousada de Amélia e as consequências que viriam. Dominique acreditava que, eliminando a rival, recuperaria o que era dela. Nicolas era seu destino, seu direito. Não deixaria que Amélia roubasse isso dela.
Amélia, por outro lado, lutava contra o medo e a adrenalina. Escalar aquela parede era um reflexo de sua necessidade de liberdade, uma tentativa desesperada de escapar das amarras que sentia. Cada movimento, cada respiração, era uma luta para manter-se fora do alcance da ira da rainha.
O coração de Amélia parecia prestes a explodir quando alcançou a janela de seu quarto. Com um último esforço, puxou-se para dentro dando de cara com alguém que não esperava.
Lá embaixo, no jardim, Nicolas e Olavo ainda estavam atônitos com a situação. Dominique permanecia ali, com um sorriso satisfeito nos lábios, certa de que sua interferência causaria problemas para Amélia. Ela era a dama perfeita aos olhos de todos, mas dentro dela, a escuridão do ciúme e da raiva crescia cada vez mais.
Nicolas observava a distância com uma sensação de desconforto. Algo na expressão de Dominique o incomodava profundamente. Ela era uma jovem diferente, corajosa e cheia de vida. E ele, talvez pela primeira vez, sentia que algo dentro dele mudava ao estar perto dela.
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