Capítulo 16. Primeiro Encontro
Amélia sentia uma euforia crescente, algo que se misturava com a leveza de finalmente ser vista, verdadeiramente vista, por Nicolas. Cada gesto em seus últimos dias indicava que ele não a enxergava mais como uma estrangeira em seu corte, mas como alguém importante. Alguém que ele desejava conhecer profundamente. Essa nova percepção a encher de uma força que ela nem sabia possuir
Ao vasculhar os baús em busca de algo especial, seus dedos tocaram o vestido que Catarina e Pedro haviam apresentado. "Foi feito para você", disse Catarina. Amélia segurou o tecido azul entre as mãos, admirando a delicadeza das flores bordadas e as mangas compridas. Ao se olhar no espelho, viu mais do que apenas uma mulher bem vestida. Viu alguém preparado para um novo passo, com esperança.
Amélia havia dispensado suas aias, hoje gostaria de se arrumar sozinha, ajeitou os cabelos com cuidado, e com os lábios levemente coloridos, ela se perguntou se Nicolas notaria o esforço, se ele aprovaria o que via.
No entanto, ao abrir a porta, uma pequena onda de inquietação a tomar. Lucas, que sempre a tranquilizava com sua presença animada, não estava lá. Ela hesitou por um segundo, olhando para João Luís, que a informou que Lucas havia saído com seu irmão. Um lampejo de preocupação passou por sua mente, mas ela confiava que, se algo grave tivesse acontecido, Lucas teria contado a ela. Mesmo assim, a ausência dele a deixou mais vulnerável ao turbilhão de emoções que se acumulava em seu peito.
Enquanto caminhava pelo corredor em direção ao salão de jantar, sentia as palmas das mãos suarem. O ar parecia mais pesado, e a expectativa de vê-lo de novo crescia a cada passo. Quando avistou Nicolas à porta, algo dentro dela se acalmou. Ele não estava em trajes formais, mas em roupas casuais, um casaco de couro preto simples que contrastava com o esforço que ela havia feito. Por um breve momento, Amélia se sentiu disposta, mas o sorriso sincero de Nicolas rapidamente dissipou qualquer desconforto.
— Vossa Alteza — disse ela, curvando-se levemente, tentando disfarçar o nervosismo.
Nicolas não respondeu com formalidades. Seus olhos estavam fixos nela, e havia algo mais do que simples gentileza naquele olhar. Ele deu um passo em sua direção, seus lábios se curvando num sorriso caloroso.
— Você é incrivelmente linda, Amélia — disse ele, pegando sua mão e o beijando delicadamente.
Amélia sentiu o calor subir pelo seu rosto, seu coração acelerando com o simples toque. Mas quando Nicolas acrescentou "não vamos ficar aqui", a surpresa se misturou com sua animação.
— Achei que íamos jantar — ela comentou, olhando de volta, confusa.
— E vamos — respondeu ele, oferecendo o braço.
Enquanto caminhavam pelo jardim, Amélia notou algo incomum. Um pergolado coberto de flores os aguardava, um cenário preparado especialmente para eles. A madeira recém-instalada no chão, as almofadas macias, a toalha de linho fina e os cobertores sugeriam uma intimidade inesperada. Amélia se disse como tudo havia sido feito tão rapidamente. Claro, sendo o futuro rei, Nicolas tinha pessoas para fazer esse tipo de arranjo para ele, mas a dedicação aos detalhes era impressionante.
— Pensei que você mais gostaria de jantar aqui — Nicolas disse, sua voz baixa e cheia de interesse, enquanto eles se aproximavam. — Sob a luz das estrelas.
A melodia suave de suas palavras fez o coração de Amélia disparar. Ele realmente o conhecia. E aquela noite, com o céu limpo e as estrelas brilhando como pequenas joias, parecia tirada de um sonho.
A ideia não tinha sido inicialmente de Nicolas e Arthur disse que ela iria adorar, então ele se sentiu confiante para seguir em frente com seus planos.
Amélia sentou-se ao lado de Nicolas, aceitando sua mão consecutiva. Ele abriu uma garrafa de vinho e começou a servir delicadamente as iguarias, todas escolhidas com cuidado, especialmente porque ele sabia ser suas favoritas. A cada mordida que ela aprovou, Nicolas sorriu, claramente satisfeito por agradá-la.
O ar fresco da noite traz uma sensação de tranquilidade, e conforme as horas passando, eles se deitaram lado a lado sobre as almofadas. Nicolas jogou um cobertor sobre as pernas de Amélia, e ambos contemplaram a lua que parecia mais prata e luminosa do que nunca. Ela sentia um tipo de paz que não experimentava há muito tempo.
— Está se divertindo? — Nicolas perguntou ao ver Amélia sorrindo para as estrelas.
— Parece um sonho — sussurrou Amélia, sua voz suave no silêncio da noite.
— A ideia não foi minha, eu peguei do diário do meu pai e tive um ajuda de um amigo — Nicolas se referia ao irmão de Amélia.
— Eu gostei da ideia. —Amélia encarou Nicolas, ele tinha uma nostalgia em sua voz — Sente falta do seu pai?
— Ele era melhor rei do que pai. Eu entendo ele e o amo com seus defeitos. Eu sinto falta dele, sinto falta do rei principalmente. Ele fazia tudo parecer fácil.
— Na verdade nada nesta vida é fácil, Vossa Alteza.
— Você tem razão, eu queria que fosse.
O vento suave brincava com as folhas das árvores, criando uma melodia sutil que envolvia Amélia e Nicolas, como se o próprio universo estivesse testemunhando aquele momento íntimo. Amélia olhou profundamente nos olhos de Nicolas, que agora menciona um azul profundo, quase hipnotizante, refletindo as chamas das tochas próximas. O mundo ao redor desaparecia, deixando apenas os dois, envoltos em uma tensão palpável.
Nicolas, lentamente, aproximou à mão e deslizou os dedos com atenção pelo rosto de Amélia. Ao sentir o toque delicado, Amélia fechou os olhos, como se absorvesse cada segundo daquela carícia. Seu coração batia descompassado, pulsando em seus ouvidos como se quisesse escapar de seu peito. O toque de Nicolas era quente e reconfortante, mas despertava nela algo novo e eletrizante, como se todas as suas emoções explodissem de uma vez.
Ele se inclinou levemente, e naquele momento tudo parou. Os lábios dele roçaram os dela de forma sutil, um beijo casto, porém carregado de significado. Nicolas, então, encostou sua testa na dela, e o silêncio que foi necessário pela intensidade de tudo que não precisava dizer.
— Amélia, você é uma pessoa muito especial — sussurrou Nicolas, seus olhos brilhando ao encontrar os dela, que estavam igualmente confusos e deslumbrados.
Amélia mal consegue respirar, sentindo o rosto queimado com a intensidade do que acabara de acontecer. Quando Nicolas se aposentou, viu o rubor em suas bochechas e, com um sorriso encantado, comentou:
— Você fica encantadora com essa cor.
Em uma tentativa de esconder sua timidez, Amélia puxou o cobertor e cobriu o rosto, rindo nervosamente. Seus sentimentos eram um misto de alegria e confusão, como se seu corpo e mente permanecessem tentando processar algo inédito.
— Amélia — disse Nicolas com uma risada suave, puxando o cobertor e revelando seu rosto corado novamente — está tudo bem?
— Sim — ela respondeu, a voz quase um sussurro, o olhar desviando, ainda tímido.
— Por que se esconde de mim? — Nicolas perguntou, tirando delicadamente os fios de cabelo que cobriam seu rosto. — Não gostou?
— É a primeira vez que sinto isso.
Nicolas sentiu o coração disparar com a confissão. Saber que Amélia partilhava os mesmos sentimentos era um rompimento e, ao mesmo tempo, uma revelação poderosa. Ele olhou com mais intensidade, admirando a doçura e inocência em seu rosto, e se perguntou como alguém poderia ser tão vulnerável e atraente ao mesmo tempo.
Sem pensar, ele se aproximou dela, seus corpos se encontraram com mais intensidade. Seus lábios estavam a centímetros de distância, tocando-se suavemente não era apenas um toque, era um pedido silencioso, um desejo que crescia entre eles. Sua língua roçou os lábios de Amélia, pedindo passagem, e ela, timidamente, abriu-se para ele. O beijo era suave, mas repleto de uma doçura tímida, como uma dança silenciosa que ambos aprenderam pela primeira vez.
As mãos de Nicolas percorreram o corpo dela, firmando-se em sua cintura, puxando-a suavemente para mais perto. O calor de seus corpos misturava-se ao afresco da noite, criando um contraste que intensificava cada sensação. Quando finalmente se afastaram, Nicolas sugou levemente os lábios inferiores dela, arrancando um suspiro involuntário de Amélia, um som tão doce que fez o desejo dele aumentar.
Amélia, com a respiração acelerada e o coração ainda mais descompassado, encarou os lábios de Nicolas sem nenhum pudor. Passou a língua pelos próprios lábios, quase como se tentasse prolongar o gosto e a sensação do beijo. Antes que você pudesse resistir, inclinou-se novamente, buscando o calor que havia acabado de descobrir. Nicolas, com um sorriso, colocou a mão em sua nuca, guiando-a gentilmente para outro beijo. Seus lábios se encontraram em perfeita sintonia, e suas línguas, agora mais confiantes, exploravam uma à outra com delicadeza.
A mão de Nicolas deslizou pelo corpo de Amélia, sentindo a curva de sua cintura, puxando-a ainda mais para ele, desejando-a em seus braços. O beijo foi se tornando mais profundo, mais intenso, mas ainda carregado de uma ternura que os conectava de maneira inegável. Quando finalmente se afastaram, ambos estavam sem fôlego, mas com um sorriso satisfeito.
— Acho melhor pararmos por aqui — disse Nicolas com um sorriso gentil, plantando um beijo suave na bochecha dela.
O som que escapou dos lábios de Amélia, um leve murmúrio de satisfação, fez o corpo de Nicolas estremecer. Ele teve que conter seus impulsos, lutar contra a vontade de continuar. O desejo o consumir, mas sabia que aquele momento era mais do que físico. Era especial.
Amélia, sentindo o calor do corpo dele, recostou a cabeça em seu peito. O som dos corações cardíacos de Nicolas era tranquilizante, quase uma melodia que acalmava uma tempestade de emoções dentro dela.
— Acho que posso me acostumar com isso — murmurou Amélia, com os olhos se fechando lentamente.
— Eu também — Nicolas respondeu, beijando seus cabelos com ternura.
Enquanto a noite avançava, ele continuava acariciando os cabelos de Amélia, observando-a entregar ao cansaço e ao conforto. Aos poucos, o corpo dela relaxou, e Nicolas a observou cair em um sono profundo, seu rosto sereno, um leve sorriso ainda desenhado nos lábios. Ele não teve coragem de acordá-la e, em algum momento, também se entregou ao sono, sentindo-se mais em paz do que jamais se lembraria.
A luz suave do amanhecer invadiu o pergolado, banhando o rosto de Nicolas com um brilho dourado. Ele abriu os olhos lentamente, sentindo o calor do corpo de Amélia ainda aconchegado nos seus braços. Por um instante, ele ficou parado, apenas observando-a, seus fios de cabelo espalhados desordenadamente pelo rosto. Ela dormia tão tranquilamente, tão vulnerável, que o futuro rei sentiria seu peito se estivesse cheio de algo que não conseguia nomear.
Com delicadeza, removeu o cabelo de seu rosto e depositou um beijo suave em sua testa, sussurrando:
— Amélia... Minha querida.
Amélia começou a despertar com a voz dele, abrindo os olhos lentamente. Ao perceber que estava deitada sobre o peito de Nicolas, seu corpo se retesou de surpresa. Ela se revelou rapidamente, olhando ao redor com olhos arregalados.
— Eu dormi? — Disse, sua voz continha de uma confusão e constrangimento, enquanto se sentava ereta e ajustava suas roupas.
— Nós dormimos — corrigiu Nicolas, ainda com um sorriso tranquilo nos lábios. Ele se sentou ao lado dela. — Desculpe por isso. Eu não pretendi...
Amélia, ainda processando a situação, sentiu uma onda de ansiedade subir por seu corpo. Ela pegou seus sapatos, que estavam jogados no chão, e se gritou, apressada.
— devemos ir. — As palavras saíram apressadas de sua boca, enquanto ela tentava conter a tempestade de emoções que começava a crescer. — Obrigada pela noite, Vossa Alteza.
Antes que você pudesse dar um passo para longe, Nicolas, com um reflexo rápido, segurou sua mão. O toque dele fez parar instantaneamente. Seus olhos se encontraram, e por um breve momento o silêncio reinou entre eles, carregado de algo mais profundo.
Nicolas sentiu seu coração apertar. Ele não queria que ela fosse, pelo menos não ainda. A ideia de deixá-la ir embora agora parecia impossível. Ele queria mais daquele momento, mais do que as palavras poderiam explicar.
— Obrigada pela companhia — disse ele, levando a mão dela aos lábios e beijando-a com delicadeza, como se tentasse prolongar a conexão entre eles por mais alguns segundos.
Amélia se curvou de maneira tímida, mas não conseguiu esconder o turbilhão de sentimentos que começava a aflorar dentro dela. Sem saber como lidar com aquilo, virou-se rapidamente e correu de volta para o castelo, o som de seus passos ecoando pelo jardim. Nicolas, ainda segurando o calor da mão dela na sua, riu baixinho da pressa dela. Não foi um problema, pensado. Em breve, ela seria sua esposa, e todos aqueles momentos seriam apenas o começo de uma vida juntos.
De volta aos seus aposentos reais, Nicolas sentiu-se diferente, mais leve, como se os problemas do mundo tivessem desaparecido por uma noite. As fofocas, os problemas da corte, as expectativas — nada disso importante enquanto ele estava com Amélia. Ela trazia algo que ninguém mais poderia: paz. Uma paz que ele nunca encontrou dentro das paredes do castelo.
Ele se jogou em sua cama, exausto e, ao mesmo tempo, revigorado. Ao tirar suas botas, senti o perfume suave de Amélia ainda impregnado em sua pele. Era doce, frutado, e cada vez que respirava, era como se ela estivesse ali ao seu lado, rindo, sorrindo, beijando-o novamente.
Quando os olhos foram fechados, foi transportado imediatamente de volta à noite anterior. O som da risada de Amélia ecoava em sua mente, o toque suave de seus lábios ainda vibrava em seu corpo. Ele abraçou o travesseiro com força, quase como se quisesse manter aquela viva lembrança, o perfume dela flutuando ao seu redor como uma mensagem silenciosa.
Nicolas adormeceu rapidamente, com um sorriso suave no rosto, sabendo que, quando acordasse, a imagem dela seria a primeira coisa que lhe viria à mente. E, nesse momento, não havia dúvida: ele desejava tê-la novamente. Não apenas em seus braços, mas por completo.
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