Capítulo 15. Você está segura
Nicolas tentou falar com Dominique, mas suas palavras não chegaram até ela. Sua raiva fervia.
— Eu não acredito que você vai fazer isso comigo! — Dominique gritou, avançando para cima de Nicolas com socos que mal faziam impacto em seu braço. — Você não pode!
— Dominique, por favor, fique calma. — Nicolas tentou protegê-la, erguendo o braço para evitar seus golpes, embora soubesse que ela não o machucaria de verdade. — Eu estou sob muita pressão dos ministros. Você sempre soube das minhas obrigações como rei.
As palavras dele pareciam inúteis. Dominique, em um rompante, jogou-se no chão, lágrimas escorrendo livremente pelo rosto, e começou a soluçar.
— Eu vou me matar, Nicolas! — A ameaça ecoou pela sala, carregada de desespero. — Eu não posso viver sem você.
Nicolas se abaixou rapidamente, tentando pegar suas mãos, mas ela se debatia, fora de controle, enquanto as lágrimas molhavam o chão de mármore. Ele sussurrava palavras de consolo, mas nada parecia capaz de trazê-la de volta à razão.
Depois de muito tempo tentando acalmá-la, a mãe de Nicolas, Elizabeth, chegou e pediu para falar com Dominique. Ao ver sua mãe, Nicolas sentiu uma onda de alívio. Finalmente, poderia se afastar daquela situação sufocante.
Ao sair, o peso das ameaças e crises de Dominique parecia diminuir, mas outra preocupação o corroía por dentro. A corte estava agitada. Durante sua última reunião com os homens do governo, ele soube da crescente deserção de guardas para a tropa de Amélia. O general James havia informado que quase duzentas pessoas já acampavam na propriedade da família da jovem. A desculpa de Felipe era a proteção de Amélia, uma guarda pessoal caso ela se tornasse rainha. A promessa de ouro e riquezas que acompanhava essa aliança era tentadora para os ministros, que já tinham sido presenteados pela família dela.
Nicolas, no entanto, estava atormentado. Ele não sabia se Amélia realmente queria se casar com ele ou se estava sendo pressionada pela família. A ideia de ela se casar por obrigação o incomodava profundamente. Ele estava apaixonado pelo sorriso de Amélia e pela paz que sentia ao seu lado. Não suportaria vê-la infeliz em um casamento sem amor.
Enquanto relia os relatos antigos de seu pai sobre os momentos mais felizes de sua vida, como o anúncio da gravidez da rainha e o nascimento do próprio Nicolas, sua mente vagava até Amélia. Ele se lembrou do breve momento que tiveram juntos no jardim, do toque suave de suas mãos e de como se sentiu vivo naquele instante. Quando fechou os olhos, a imagem de Amélia, com os cabelos ao vento, rindo para ele, o envolveu completamente.
— Nic! — A voz de Olavo o tirou de seus devaneios. Seu irmãozinho pulava animado sobre sua cama. — Vamos atirar com arco e flecha!
Sem lhe dar tempo para responder, Olavo puxou Nicolas pelo braço, arrastando-o para fora do quarto.
Enquanto praticavam tiro ao alvo, Olavo começou a contar as fofocas da corte. Ele mencionou que Amélia quase não saía mais de seus aposentos sem a companhia dos irmãos ou de guardas. Havia sido atacada por um vaso que "acidentalmente" caiu de uma janela, e quase foi atropelada por um cavalo descontrolado.
A rainha Elizabeth já havia insinuado que Dominique estava por trás desses "acidentes". Embora Nicolas relutasse em acreditar, tudo apontava para ela. A decepção o abatia. Como não fora capaz de ver a verdade? Sentia-se tolo por não ter julgado melhor o caráter de Dominique.
Quando viu Amélia se aproximar, seu coração deu um salto. Ela vinha acompanhada por um de seus guardas, e sua expressão era serena, diferente da tensão que ele carregava. A simples visão dela parecia dissipar as nuvens pesadas que rondavam seus pensamentos.
A leve brisa carregava o perfume de flores quando Amélia se curvou elegantemente diante dos príncipes.
— Vossas Altezas — saudou, sua voz suave.
Olavo, sempre perspicaz, lançou-lhe um sorriso caloroso.
— Você está particularmente adorável hoje — disse, repetindo uma frase que ouvira Nicolas usar certa vez. Desde que se conheceram, Olavo e Amélia haviam se aproximado rapidamente, partilhando brincadeiras e conversas. A jovem tornara-se uma amiga querida para o irmão mais novo do rei.
— É verdade — completou Nicolas, pegando suavemente a mão de Amélia e depositando um beijo leve em seus dedos. Amélia sentiu o calor subir-lhe ao rosto, suas bochechas corando com o gesto.
Olavo, notando o rubor, disfarçou uma leve pontada de ciúmes ao ver o afeto entre o irmão e sua amiga.
— Mas você usa muito esses mesmos vestidos — Olavo comentou, sem maldade. — Um verde, um azul e um rosa. Todos ficam lindos em você, mas as minhas irmãs notaram e fizeram comentários maldosos. Eu, claro, te defendi, até mesmo de Dominique.
Amélia riu gentilmente, tocada pela preocupação do pequeno príncipe.
— Não me incomoda que falem de minhas roupas, príncipe. Gosto delas porque eram da minha mãe. Quando as uso, sinto que estou mais próxima dela.
Nicolas observou Amélia com uma ternura contida.
— Isso é lindo, Amélia. E você realmente ficou encantadora com o vestido azul... o mesmo que usava quando desceu pela janela. — A lembrança trouxe um sorriso ao rosto de Nicolas. Aquele dia marcara algo nele, talvez pela angústia que sentira nos olhos de Amélia, algo que ecoava seu próprio tumulto interior.
Olavo, sempre entusiasta, mudou o rumo da conversa.
— Eu gosto mais da sua roupa de amazona! — disse com empolgação. — Você parece uma verdadeira guerreira quando a veste.
Amélia piscou para o príncipe, divertida.
— Na verdade, são roupas da esposa de um pirata — disse, arrancando uma risada leve de Nicolas, que pensou se tratar de uma piada. No entanto, Amélia prosseguiu, com um brilho travesso nos olhos. — Na viagem para cá, fomos abordados por piratas, mas conseguimos vencê-los em uma luta acirrada — declarou com orgulho. — A esposa do pirata usava roupas assim, e eu as tomei para mim.
Nicolas estreitou os olhos, desconfiado. Ele já ouvira essa história antes, uma lenda inventada pelos irmãos de Amélia durante as longas viagens. Ainda assim, ele não pôde deixar de sorrir, admirado com a vivacidade da jovem.
— Vocês realmente enfrentaram piratas? — perguntou, entrando na brincadeira.
— Sim, Vossa Alteza. Foi uma grande aventura — uma voz firme se fez ouvir. Felipe, o irmão de Amélia, havia se aproximado, escutando a conversa. Seu sorriso tinha um toque de provocação. — Vocês estão jogando? — perguntou Felipe, vendo os arcos nas mãos dos irmãos. — Que tal uma competição?
— Não vejo necessidade — Amélia respondeu, séria, lançando um olhar desafiador ao irmão. — Sei que você venceria de qualquer maneira.
Felipe riu, provocando.
— Dois contra dois. Eu fico com o baixinho — ele olhou para Olavo com um sorriso travesso — pra dar uma chance maior a vocês.
Todos riram, exceto Olavo, que fez um leve bico, fingindo-se ofendido.
Apesar das brincadeiras, Felipe sempre estava por perto, zelando por Amélia, especialmente depois do incidente com o cavalo. Seus irmãos, revezando-se, não a deixavam sozinha, prontos para protegê-la de qualquer nova ameaça, real ou imaginada.
Felipe disparava suas flechas com precisão impressionante. Desde muito jovem, sonhava em ser um poderoso general, comandando grandes exércitos, e, em Navie, esses sonhos finalmente começaram a se realizar. Sua mira era infalível, e, embora todos tivessem ido bem no arco e flecha, já era esperado que ele e Olavo saíssem vitoriosos. O pequeno príncipe, radiante com o triunfo, puxou Felipe pela corte, ansioso para contar a todos que havia vencido o próprio futuro rei, deixando Nicolas e Amélia sozinhos.
O silêncio entre eles era confortável, mas Amélia, parecendo ponderar algo, quebrou a calma com uma observação séria:
— Talvez eu vá embora da corte com a chegada de meu pai.
Nicolas virou-se para ela, surpreso. Havia algo na voz de Amélia que lhe soou preocupante. Ele viu em seus olhos uma tensão que não estava ali antes.
— Por qual motivo, Amélia?
Ela hesitou, o silêncio caindo novamente. Era claro que Amélia não queria expor tudo, e Nicolas sentiu um desconforto crescer dentro dele. Temia o que ela pudesse dizer, e mais ainda temia que Dominique estivesse envolvida. Ele não sabia se suportaria ver Amélia magoada por algo que pudesse ter partido de sua ex-noiva.
— Por favor, me diga — ele insistiu, pegando gentilmente sua mão.
Amélia suspirou, desviando o olhar antes de finalmente responder:
— Meus irmãos acreditam que, no momento, a corte não é um lugar seguro pra mim. Eles preferem que eu vá para a residência da família até que... haja uma decisão.
Nicolas sabia o que ela queria dizer com "decisão". Uma decisão sobre o casamento, sobre um possível noivado. Aquele momento o sufocava, a incerteza o deixava em estado de alerta. Ele puxou a mão dela para mais perto, pressionando-a contra seu rosto como um gesto de afeição, mas também de desculpa silenciosa.
— Eu lamento tanto por isso, Amélia.
Ela o olhou com ternura, mas com algo mais: uma seriedade que ele raramente via nela.
— Nicolas, como a possibilidade de um casamento entre nós aumenta a cada dia, eu acho que devemos conversar.
O coração de Nicolas disparou. "Agora?", pensou, temendo o pior. Ele engoliu seco e perguntou com a voz ligeiramente trêmula:
— Agora?
— Sim, agora — a voz dela era firme, quase imperativa, tão diferente do tom doce e meigo que costumava usar. O príncipe sentiu-se instantaneamente ansioso. A assertividade de Amélia o fez pensar no pior cenário: seria ele rejeitado? Seria essa a conversa que colocaria fim às suas esperanças?
Nicolas a conduziu até um banco, longe dos olhares curiosos dos criados e servos, para que pudessem falar em particular. Ele preferia que, caso fosse rejeitado, pelo menos ninguém assistisse a isso. Enquanto se sentavam, ele notou a inquietude no semblante de Amélia. Ela mexia nervosamente no tecido de seu vestido, evitando olhá-lo diretamente.
— Amélia, o que...?
Ele tentou falar, mas foi interrompido pela jovem, que parecia lutar contra as palavras. Amélia respirou fundo, reunindo coragem, seu olhar vacilando entre as mãos e o horizonte. Ela temia que o que estava prestes a revelar pudesse afastá-lo para sempre, que o vínculo entre eles se rompesse antes mesmo de ser oficializado.
— Nicolas... — começou, sua voz trêmula. — Eu... preciso contar algo sobre meu passado. Não posso seguir em frente sem que você saiba. Tem coisas que... que podem mudar o que você sente por mim.
Nicolas sentiu um aperto no peito, mas forçou-se a manter a calma. Ele não sabia o que ela estava prestes a revelar, mas o medo da rejeição o corroía.
Amélia, com os olhos marejados, desviou o olhar mais uma vez, mas encontrou forças nas profundezas de sua alma. Ela precisava contar tudo, mesmo que isso significasse perder a única pessoa que começava a ocupar um lugar importante em seu coração.
— Eu... temo que, quando souber, você não vai mais me querer ao seu lado.
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A tensão pairava entre Nicolas e Amélia como uma sombra invisível. A revelação sobre sua possível partida e o turbilhão de segredos agora expostos apenas aumentavam o peso que o príncipe sentia sobre os ombros. Ele estava prestes a responder quando Amélia o interrompeu, com um tom que misturava confissão e desculpa:
— Vossa Alteza, eu não desejo, de forma alguma, atrapalhar a sua vida... ou a de Dominique. Aceitei vir para cá a pedido de minha família e de minha cunhada, mas não pensei, nem por um momento, que realmente poderia me casar.
As palavras de Amélia caíram sobre ele como uma avalanche, gelando-o por dentro. Ela não quer se casar comigo? A dúvida, que ele tentava reprimir desde o início, emergiu com força total. Nicolas sentia como se a terra sob seus pés estivesse desmoronando. Sua voz saiu urgente, quase aflita:
— Você não quer se casar comigo?
O silêncio que seguiu foi insuportável. Nicolas não conseguia parar de observá-la, os gestos nervosos de Amélia, a forma como suas mãos tremiam e como ela evitava seus olhos. Ela parecia tão vulnerável, tão... humana. Ele nunca a tinha visto assim. Seus pensamentos se confundiam, a respiração estava ofegante, e a pressão no peito aumentava a cada segundo. Ele não conseguia respirar direito, como se o ar estivesse se esvaindo da sala.
Amélia, com os olhos brilhando de emoção contida, respirou fundo antes de continuar, sua voz agora carregada de pesar e honestidade:
— Eu apenas... pensei que você me rejeitaria, pelos meus hábitos. Pelo meu gosto por caçar, cavalgar... — A pausa dela era torturante. — Não estou te rejeitando, não pense nisso. Só... não pensei que seria possível.
A declaração de Amélia teve um efeito imediato em Nicolas. A tensão que parecia sufocá-lo começou a se dissipar, como uma tempestade que lentamente se acalma. Ele soltou um suspiro longo e pesado, o corpo relaxando, ainda que a incerteza persistisse em sua mente. Uma onda de alívio tomou conta dele, mas não o suficiente para afastar completamente a angústia.
— Eu jamais te rejeitaria por isso, Amélia — ele disse, quase em um sussurro. — Acho que essas coisas... são o que te tornam quem você é. Parte do seu charme.
Mas Amélia parecia determinada. Havia algo mais. Ela ergueu a mão, interrompendo-o, e o olhar que lançou a Nicolas era firme, mas repleto de uma dor silenciosa que ele ainda não compreendia.
— Me deixe terminar, por favor.
Ele assentiu, sem dizer nada. A quietude entre eles era pesada, carregada de expectativa e emoção. Amélia respirou fundo novamente, como se estivesse se preparando para um mergulho profundo, um salto para dentro de memórias dolorosas que ela preferiria deixar enterradas. Mas ela sabia que precisava contar, que não poderia seguir em frente sem que ele soubesse a verdade.
— Quando eu vim para a corte — ela começou, a voz um pouco trêmula —, pensei que seria uma oportunidade de conhecer novas pessoas, ver como as coisas funcionam aqui... e agradar meu pai. Mas... você precisa entender o verdadeiro motivo que me trouxe até aqui.
Nicolas a observava com atenção, cada músculo de seu corpo tenso, esperando o que viria a seguir. Ele não podia imaginar o que Amélia estava prestes a revelar, mas algo em sua postura, na forma como seus olhos brilhavam com lágrimas não derramadas, o fez perceber que era algo profundo.
— Minha mãe morreu ao me dar à luz — ela continuou, a voz quase falhando. — Um sangramento muito intenso que ela se esvaiu. Meu pai sempre quis uma filha, e mesmo com a morte dela... ele nunca me culpou. Meus irmãos sempre foram bons comigo, mas... — Amélia pausou, apertando as mãos com força no colo. — Minha vida mudou quando eu fiz 12 anos.
Nicolas inclinou-se um pouco mais para perto, como se quisesse protegê-la da dor que ela estava prestes a reviver. Ele podia ver o medo e o sofrimento nos olhos de Amélia, e sentiu o estômago revirar.
— Um homem... um homem muito importante da região começou a me perseguir. — Sua voz era quase um sussurro agora, mas Nicolas ouviu cada palavra como se fossem marteladas em seu coração. — Ele me desejava porque eu parecia muito com minha mãe. Ele a quis, e, quando não conseguiu, voltou sua atenção para mim. Ele enviava presentes à minha família... riquezas, gado, tudo para me comprar. Meu pai sempre recusou, mas... ele se tornou violento. Começou a me seguir, a me cercar. Arthur me salvou... mais de uma vez.
A raiva que Nicolas sentiu ao ouvir aquilo era avassaladora. O pensamento de alguém ameaçando Amélia, tentando possuí-la como um objeto, o fazia sentir uma fúria que ele raramente experimentava. Seus punhos se fecharam, e ele teve que controlar o impulso de levantar e gritar.
— Eu lamento muito por isso, Amélia — ele disse, a voz grave de emoção.
Mas ela não estava terminada. Amélia olhou para ele, seus olhos cheios de uma tristeza que ele sabia que nunca seria capaz de apagar.
— Meu pai tentou de tudo para nos proteger. Ninguém nos ajudava. Esse homem tinha poder demais. As pessoas diziam que estávamos sendo gananciosos... que só queríamos mais. — Amélia engoliu em seco, as lágrimas escorrendo silenciosamente por seu rosto. — Meu pai, em desespero, aceitou o casamento... mas foi uma farsa. Pegamos o dote e fugimos. Durante a noite, incendiamos nossa casa para que ele pensasse que estávamos mortos.
Nicolas ficou sem palavras. Ele sabia que a vida de Amélia não tinha sido fácil, mas jamais imaginou que ela tivesse passado por tanto.
— Vocês... roubaram esse homem? — ele perguntou, sem realmente saber como reagir.
— Se você quiser ver assim — ela disse, baixando a cabeça. — Não tínhamos outra escolha. Meu pai fez o que pôde. Fugimos pelo mar... passamos semanas navegando sem rumo. Um navio clandestino nos encontrou. Mas eles nos ajudaram a chegar aqui.
— Piratas? de bom coração? — A incredulidade de Nicolas era evidente, mas havia também uma admiração crescente por Amélia e sua família.
— Às vezes, as únicas pessoas dispostas a ajudar são aquelas que já conhecem a dor da vida — ela respondeu, com um sorriso triste. — Mesmo no meio do caos, ainda existem boas pessoas.
Nicolas olhou para ela, os olhos fixos nos dela, sentindo algo profundo e inabalável crescer em seu peito. Amélia havia sofrido tanto, e, no entanto, ali estava ela. Firme, corajosa, e mais bela do que qualquer outra mulher que ele já conhecera.
— Amélia, ninguém deveria passar por isso. Eu juro... ninguém nunca mais vai te ameaçar assim.
— Você sabe agora o meu segredo mais obscuro — ela disse, a voz vacilando, como se tivesse medo da reação dele.
Nicolas segurou sua mão com firmeza, seus dedos entrelaçados nos dela, transmitindo um calor e uma segurança que ele esperava que fossem suficientes.
— Esse segredo vai para o túmulo comigo, Amélia. Eu te prometo.
Ela soltou um suspiro pesado, como se finalmente pudesse respirar após anos de segurar aquela história dentro de si. As lágrimas que haviam ameaçado derramar-se por tanto tempo agora caíam silenciosamente, e ela descansou a cabeça no ombro de Nicolas. Ele a abraçou, sentindo a fragilidade de seu corpo contra o dele, mas também uma força inegável.
— Você está segura agora — ele sussurrou em seu ouvido, e, naquele momento, ambos sabiam que algo havia mudado entre eles.
O mundo ao redor desapareceu, e por um breve instante, nada mais existia além do toque de suas mãos e o conforto de estarem juntos, compartilhando segredos que ninguém mais jamais saberia.
Quando Nicolas entrelaçou seus dedos nos dela e a beijou no topo da cabeça, ele não pensava mais na corte, em Dominique, ou em suas obrigações. Tudo que importava era Amélia.
— Você gostaria de jantar comigo? — ele perguntou, após um longo silêncio, desejando prolongar a sensação de tranquilidade que ela lhe trazia.
Amélia olhou para ele, surpresa, mas assentiu com um sorriso.
— Sim, aceito.
— Pode levar seus guardas, já me acostumei com a presença deles — disse Nicolas, com um sorriso leve nos lábios, tentando aliviar a tensão que ainda pairava no ar. Sua voz carregava um tom brincalhão, mas havia sinceridade em suas palavras. João Lucas e João Luís estavam sempre por perto, como sombras silenciosas de Amélia, sempre vigilantes. Ele sabia que a presença deles não era apenas uma medida de segurança, mas um símbolo da lealdade e do afeto que a família de Amélia compartilhava.
Amélia soltou uma risada suave, o som ecoando no silêncio do jardim, como um alívio em meio à seriedade do momento. Ela olhou de relance para seus guardas, que mantinham uma distância respeitosa, mas estavam atentos a cada movimento.
— João Lucas e João Luís — Nicolas repetiu, olhando de soslaio para os dois homens. — Eles parecem.. a mesma pessoa. — Ele continuou, provocando, o sorriso crescendo em seu rosto.
— Eles são mais do que guardas — Amélia respondeu, seus olhos brilhando com carinho. — São parte da nossa família, praticamente meus irmãos.
Nicolas acenou lentamente, finalmente entendendo o laço entre eles. Não era apenas proteção, era uma presença constante, uma fortaleza construída em anos de confiança.
— Nesse caso, fico feliz que estejam sempre por perto — ele murmurou, com uma leve reverência aos guardas, que continuaram a observá-lo em silêncio. — Me sinto privilegiado por ser incluído nesse círculo de confiança.
Amélia sorriu mais uma vez, dessa vez com um toque de ternura, enquanto os guardas continuavam como sentinelas silenciosas.
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