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- Nossa, mas por quê?- Ele pergunta enquanto me abraça forte.

- Longa história.- digo já tento na mente lembranças de uma eu tão distante. Ele senta na minha frente e fica me olhando como se estivesse pronto para ouvir.- Mas não quero falar sobre.

- Tudo bem, se mudar de idéia sempre vou estar aqui para ouvir.- Ele diz enquanto volta a me abraçar. Ficamos assim por uns minutos depois lembro que a vida continua, mesmo eu não querendo.

- Tenho que voltar pra lá.- Digo me levantando e com isso, infelizmente, me soltando do abraço.

- Vai continuar na idéia da vingança?- Ele pergunta.

- Claro que sim, ela vai pagar por cada lágrima da Thainá.- Digo sentindo o ódio percorrer por mim.

- Seguinte, sei como te fazer ficar mais popular que ela, mas não sei se você vai topar.- Ele diz se sentando na cadeira giratória da escrivaninha dele.

- Fala.- Mesmo já sabendo o que era quero ter certeza. Vou ao lado dele.

Ele abre a última gaveta, a maior, com a chave que estava no pescoço dele em forma de colar. Vejo na gaveta notas de 100 em bolos e vários sacos com sacos menores dentro. Ele joga na escrivaninha de forma sarcástica.

- Nem sei porque tô dando a idéia se sei que a resposta vai ser não, mas tá aí, aqueles universitários amam drogas, aí tem maconha e pó. Tá os preços nesse papel aqui.- Ele pega o papel na primeira gaveta, levanta e me alcança. Para a surpresa dele eu pego.- Isso é um sim?- Ele me olha estranhando.

- Sim.- Respondo séria lendo o papel dos preços.

- Cuidado, põe numa mala junto de perfumes, cremes, algo do tipo. E cuida pra ninguém além dos clientes saberem de nada. Cada 300 reais faz um bolinho tá?- Ele me passa as regras enquanto arruma os sacos.- Aqui tem 27 de tecos, 30 de 10, 10 de 5 e 15 de 20, se quiser anotar, se faltar me avisa, mas acho que tá um tanto bom pra uma semana não muito agitada.

- Ok.- Vou até a escrivaninha pego uma folha pequena em branco e caneta, anoto a quantidade de cada uma. Junto os papéis com as drogas no saco e coloco na mochila com meu perfume e dois cremes.

- Tem certeza que não vai dar ruim?- Ele pergunta se virando pra mim e segurando minha cintura.

- Se tu conseguiu porquê eu não irei?- Pergunto enquanto arqueio uma sobrancelha.

- Não quero que se arrependa de entrar pra isso.- Ele diz e me dá um selinho.

- A ideia foi sua, mas foi eu quem aceitou.- Digo e dou uma piscada de um só olho.- Partiu?

- Partiu então. - Ele diz saindo.

Pego minha mochila e coloco nas costas vou atrás dele e vejo o mesmo pegando a chave que não parece de carro e sim de moto, ele sacode ela sorrindo mas eu não falo nada e descemos para o estacionamento do prédio. Ouço o barulho do alarme sendo desativado e vejo uma XT 650 piscando. Chegamos num armário estranho lá em baixo ele pega o mesmo "colar" abre e ele pega dois capacetes caros. Vamos até a moto.

- Suas vendas estão rendendo em.- Digo sarcástica e rindo.

- O crime compensa, mas nada compra tua liberdade não gata. Se liga pra não subir a cabeça essa porra aí.- Ele diz e encosta um só dedo na minha testa duas vezes.

- Capaz, tô ligada querido.- Digo rindo.

- Assim espero querida.- Ele diz sarcástico no "querida" mas no início da frase pareceu sério.- Mas vamos logo.- Ele me alcança um cape, põe o dele e sobe na moto, coloco o capacete, arrumo minha mochila e monto atrás dele.

- Se segura aí tio.- ele diz rindo e logo após fecha a viseira.

Então ele acelera, em grande velocidade naquelas estradas vazias, quanto mais perto da universidade menos automóveis apareciam. Tenho vontade de abrir os braços para sentir o vento porém sei que iria cair então me seguro no corpo dele. Quando chegamos eu desço e entrego o cape pra ele, que levanta o seu e me dá um beijo quente, incrível o equilíbrio dele sobre aquela moto.

- A gente se vê tá.- Ele diz após me dar três selinhos.

- Semana que vem?- Pergunto, assumo, esperançosa.

- Lembra o telefonema que recebi na festa?- assunto para ele.- Um amigo/ cliente meu vai fazer uma festa na cidade que ele mora já que a irmã dele vai viajar. Tenho que ir pra lá no sábado cedo com uma mercadoria boa.- Ele diz se explicando.

- Eu vou.- Digo sem nem pensar o que me espera.

- Esse meu cliente não é muito gente boa mina.- Ele diz com semblante preocupado.

- Eu vou contigo e outra sei me proteger.- Digo puxando da cintura meu canivete e ele ri.

- Agora deu medo mas vou comprar um presentinho melhor ainda pra ti.- Ele diz piscando um só olho e rindo.- Mas tenho que ir, nos falamos ok.

- Sexta de noite vou pro teu apê com meu carro.- Digo avisando ele.

- Tu me fez pagar Uber porque maluca?- Ele ri enquanto pergunta.

- Sei lá.- Também começo a ri, ele me beija de novo.

- Fui!- Ele diz quando acaba o beijo, abaixa o cape e sai em alta velocidade.

Entro nos portões da universidade. É Dafine, tá bem perto de eu arrancar tudo que você mais ama.

Continua...

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