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vinte e oito.

Capítulo Surpresa de Quinta-Feira!

Despejo toda a minha breve história com Henry Hastings em Carson, no caminho de volta à enorme e gelada casa dos Rowan. Quando finalmente termino o meu desabafo indignado, a expressão de asco em seu rosto me devora.

― Essa é a coisa mais ridícula que eu já ouvi.

― Ah, que gentil da sua parte! ― Estreito meus olhos antes de virar o rosto para a janela. ― Não sei realmente o que eu esperava ouvir de Carson Rowan sobre a minha malfadada vida amorosa inexistente.

― O amor é uma grande besteira, Liv. É só um jogo. Tudo o que você precisa é dar uma descarregada, sabe? Por que você não escolhe um dos caras do time e transa com ele? Se quiser posso dizer quem tem o pênis maior ali.

― Duas coisas! ― Grito para que Carson pare de dizer besteiras. Eu o fuzilo com os olhos, mas ele está rindo para a rua movimentada de caminhões carregados à nossa frente. ― Primeiro: eu não quero transar com ninguém usando uma jaqueta dos Ice Cage porque, diferente de você, eu não acho que o amor seja um jogo. E, segundo: você fica olhando para o pênis de todo mundo naquele vestiário e sai por aí com uma régua ou consegue medir de cabeça mesmo?

― Duas coisas! ― Carson me imita. ― Primeiro: o amor é uma merda cujo único objetivo é fazer você se sentar no banco do carro de qualquer pessoa e desabafar sobre suas frustrações de expectativas não alcançadas.

Aquilo me atinge de uma maneira pessoal. Porque eu realmente tenho feito isso em relação ao que sinto por Henry. Estive no carro de Seth desabafando sobre isso e estou repetindo a dose com Carson.

― E, segundo: não tenho problema em olhar para um pênis. Isso não afeta minha masculinidade. Faz com que eu tente me superar para ser o líder entre os pintos.

― E se o seu pinto for menor que o de algum outro cara pelado no vestiário você clica naqueles sites com anúncios de aumento peniano?

Carson gargalha no meio de um agudo da Ariana Grande. Reviro os olhos, levando a mão ao rádio e desligando a sua playlist de iscas. Ele para de rir imediatamente, me fitando de um jeito perigoso como quem diz que não devo meter a mão onde não sou chamada.

― Você está deixando um nerd fazer você se sentir uma merda. Nerds não amam nada além de suas mãos que eles usam para ― a mão dele sobe e desce no ar simulando a masturbação― pensando em garotas que só existem nos jogos eletrônicos.

― Nem toda pessoa pensa com a cabeça do pênis, Carson. Se você teve problemas com o amor no passado e quiser conversar sobre isso, talvez eu possa ajudar você com os seus traumas.

A mão dele voa em direção ao meu rosto. Seus dedos apertam o meu queixo, mas a sensação que tenho é de que ele está comprimindo o meu coração. Tenho um breve ataque de medo, mas Carson me solta antes de fazer a curva à rua dos Rowan. Arregalo os olhos para frente e a única coisa que ele diz é:

― Nunca mais diga nada sobre isso. Você não faz ideia do que está dizendo.

Uma marca fria pinica o meu rosto onde Carson apertou. Estou navegando entre o espanto e o medo olhando para ele. 

― Tudo bem.

Eu digo, tentando quebrar o gelo. A sensação pesada de culpa bate em meus ombros. Carson é alguém machucado pelo amor. Eu não devia ter ido tão longe.

― Sinto muito, Carson. Vamos apenas fazer a nossa pesquisa, então. É o nosso objetivo comum, certo?

― Não me leve a mal, Liv. ― Seu tom goteja insensibilidade. ― Mas não quero que você seja minha irmã. Não há uma vida em que eu me imagine sem o Seth. Ele sempre esteve lá. Quando eu tinha problemas, era ele quem resolvia. Não quero que isso mude.

Eu me sinto rejeitada pelos Rowan, como se não fosse bem-vinda ali. Não sei por que isso me incomoda. Mas quando salto do carro, humilhação está quente em meu rosto. Subo na calçada quebrada, com Carson reclamando sobre uma Kombi velha parada em frente ao portão de ferro, onde o seu Honda deveria ficar até que ele esteja pronto para outra festa mais tarde.

A caixa da mamãe se acomoda entre meus braços como um escudo. Deixo Carson para trás. Ele parece estar analisando o modo como estacionou o carro novo do mesmo jeito que eu o imagino medindo pênis no vestiário. Quando ele finalmente termina e me alcança no alpendre, notamos que a porta está entreaberta.

Nossos olhos se chocam de apreensão.

É instintivo, mas ele me empurra para trás e me bloqueia, entrando primeiro. Estou seguindo Carson com seu braço tocando o meu em cautela. Mas assim que chega na sua enorme e arejada sala de estar, suas costas tensas relaxam e ele grunhe para o teto de catedral.

― Ah, merda.

Dou um passo adiante, meu rosto deslizando pela jaqueta dos Ice Cage até eu receber uma visão completa do lugar. Há duas pessoas nuas no sofá. Puxo o ar entre os dentes, mantendo-o preso dentro de mim ao constatar que uma delas é Marie Belcher. E ela está dormindo como veio ao mundo sobre um desacordado Seth Rowan, tão bagunçado quanto o cabelo cheio de fulgor de sua acompanhante.

Minhas bochechas estão em carne viva por dentro quando Seth desce as escadas e se junta a mim e Carson na cozinha. Não é todo dia que se presencia uma cena pós-sexo e eu estou irritada. Por isso não consigo parar de morder a parte interna da minha boca.

E, por mais que eu queira afastar isso da minha mente, não posso esquecer a humilhação de Marie Belcher me implorando para não dizer nada para o grupo de Jovens Católicas da Catedral do Sagrado Coração. O gosto ocre que se mistura à minha saliva e contrai minha garganta. Os olhos de Seth vasculham a geladeira aberta como se não estivéssemos ali.

Vergonha líquida ferve no meu rosto quando me lembro disso. Escovo minha franja para baixo, tentando me concentrar em todas as fotos antigas que temos espalhadas pelo balcão. Eu empurro meu cabelo para o meu rosto como defesa.

Seth não parece estar prestando atenção no falatório de Carson sobre a visão de nossos pais adolescentes. Mas não quero ter que olhar para ele para confirmar porque estou com raiva.

Raiva de ver a sua bunda de novo quando ele se virou para o lado e continuou dormindo sem se preocupar com o desespero de Marie. Raiva por ele ter transado com ela no meio da sala com a porta entreaberta. Raiva por ele simplesmente esfregar isso na nossa cara.

― Sua mãe era muito gostosa, Liv. ― Carson me empurra o álbum da mamãe, me trazendo de volta ao plano real. ― Não fique tão triste com o que eu vou dizer, mas... Você não se parece com ela.

O que estamos fazendo ali, com todas aquelas fotos, é tentar achar semelhanças entre nós e nossos pais quando eles tinham a nossa idade. Então, mesmo que me corroa por dentro o que Carson disse, não posso deixar de concordar com ele. A mamãe era praticamente a garota mais bonita e sensual que eu já vi.

Temos algo de parecido no estilo e no modo como cortei o cabelo da última vez que estive em Fort Collins para uma de suas sessões de terapia. Mas seus olhos são opacos, de um verde tão turvo quanto o fundo de um lago. E ela exala sedução em todas as fotos. Até mesmo nas que está usando o uniforme das noviças do Convento das Irmãs de Caridade Santa Elizabeth Ann Seton, do qual ela fez parte por um ano.

― Ei, Seth. Aquela Kombi hippie estacionada do lado de fora é da Belcher?

― Não. É minha.

É a primeira vez em dias que ouço a voz de Seth e quando ele se aproxima, limpo as mãos suadas no vestido que pertenceu a Pet e ignoro a presença dele. Mas o cheiro refrescante e efervescente do seu sabonete de capim limão e gengibre é suficiente para me distrair.

― Cadê o Jipe, cara?

― Vendi.

― Vendeu o Jipe para comprar uma Kombi velha?

― Não. Vendi o Jipe para outras coisas. A Kombi eu consegui com o dinheiro que sobrou.

Há tanta tensão nos músculos de Carson quando minha visão periférica o captura que desvio o foco para uma foto do meu pai nos armários do vestiário do colégio. Não é difícil pressupor que ele era uma espécie de rei na St. Vincentti. Talvez tenha aprendido a ser mandão ali mesmo.

― Por onde você andou, mano? Eu te procurei todos os dias.

― Por aí, Carson. Você já devia estar acostumado com isso. Às vezes preciso de um espaço, cara. Mas estou aqui agora, não estou?

― Você vai trocar a porra do sofá, certo? Ninguém vai se sentar onde as suas bolas estiveram.

― Ah, vai se foder, Carson.

― Não! Vai se foder, você! ― Carson grita para as costas de Seth quando ele retorna para a pedra escura da pia. ― Você vendeu o Jipe para ficar chapado? Usar drogas e andar numa Kombi hippie é seu objetivo agora?

Eu me sinto uma intrusa ali. Não sei se pego as coisas da mamãe de volta e corro ou se saio sorrateiramente até que os irmãos Rowan resolvam suas diferenças. Opto pela segunda opção. Mas assim que meus pés tocam o chão e eu me viro, Seth chama por mim.

― Olivia, não precisar ir embora. ― A voz dele soa exausta através do chiado de sua respiração. ― Eu devo desculpas a você. Eu... Bebi demais, certo? E vou trocar o sofá, Carson. Não devia ter trazido a Belcher aqui. Acho que cheguei até em casa no piloto automático. E, não. Não vendi o Jipe para comprar drogas. Estava fazendo melhorias no rancho Wilder.

Arregalo os olhos, me abraçando sem conseguir me virar.

― Você usou alguma droga. Certeza. Ou já está se sentindo um Wilder o suficiente para investir em um negócio que não é seu?

― Não usei drogas! ― Seth se defende. ― Eu andei bebendo. Foi só isso. E eu gosto do velho Nolan. Ele precisava de algumas coisas. Não estou nem aí para os Wilder.

Meus lábios se apertam e decido realmente sair da cozinha. Aquilo me atinge de forma pessoal. Mas antes que eu saia, Carson grita:

― Parada aí. Você está vivendo há três dias como uma Rowan. Não se faça de ofendida. Temos essa droga para terminar antes da festa na casa do Garret.

Fecho os punhos, ainda me sentindo uma intrusa. Mas dou meia volta e retomo meu lugar no balcão. Pela primeira vez ergo os olhos até Seth. Ele está recostado na ilha de mármore, os antebraços sobre as dezenas de fotos antigas que espalhamos ali. Seu cabelo está molhado do banho e seus olhos são os mais sonolentos que já vi. Mas ele parece o Seth de sempre, com sua camisa social amarrotada de riscas cinzas e as maçãs do rosto mais vermelhas onde o sol queimou nos últimos dias.

― Se está me cobrando sobre não usar drogas, espero que fique limpo hoje, Carson.

― Carson tem ficado limpo durante todos esses dias que você desapareceu. E ele vai jogar em Minnesota na próxima semana.

Seth se balança para frente e para trás, analisando nossos rostos. Não acredito que acabei de defender Carson. Mas, algo consola minha consciência me dizendo que talvez isso o incentive a parar de usar coisas ilícitas.

― Bom garoto. E você conseguiu fazer com que Carson Rowan andasse na linha por mais de um dia, Olivia. É o recorde dele.

― Será que vocês não sabem resolver nada sem sexo ou drogas? ― Pergunto.

Seth revira os olhos, caminhando de costas e escondendo seu sorriso ao se virar para trabalhar em uma nova bebida.

― Você esqueceu rock'n'roll. ― Carson ergue uma foto do papai. ― Seu pai tinha uma cara miserável de babaca, ahn?

― Do tipo que fazia bullying no colégio. ― Concordo.

― Com caras tipo o meu pai.

Uma foto de James Rowan vai parar na outra mão de Carson. Enquanto meu pai carrega um ar de quem conseguia qualquer coisa que quisesse, James Rowan é tão esquálido e gélido quanto Severo Snape adolescente seria.

― Acho que eles eram melhores amigos com benefícios, sabe? ― Seth sugere, bradando uma faca. ― Tipo mutualismo.

― Amigos com benefícios são amigos que transam.

― Minha nossa. ― Reviro os olhos. ― Em quantas aulas de biologia você foi, Carson? Só as de reprodução, eu aposto. Mutualismo é uma associação entre dois seres vivos no qual ambos são beneficiados gerando uma associação obrigatória ao qual chamamos de simbiose ou uma associação facultativa denominada protocooperação.

Carson finge estar tendo uma convulsão momentânea.

― Um precisa do outro para sobreviver. ― Seth volta ao balcão trazendo duas taças largas com algo laranja dentro. É tão apolíneo que salivo. ― Por exemplo: notas e popularidade. O nosso pai salvava o Wilder em matemática e o cara oferecia o que a popularidade tem de melhor para o nosso pai.

― Mulheres gostosas. ― Carson ergue uma foto da minha mãe.

Carson começa a gargalhar, puxando umas das taças que Seth preparou. Quando ele dá risada de coisas que não têm graça eu tenho a sensação de que ele flerta com o desespero.

― Não soa parecido? ― Seus olhos azuis me atingem. ― O meu pai ser um gênio das finanças enquanto o seu ser o cara que só quer saber de sexo no sofá da sala?

Quando Carson termina de dizer isso, é Seth que ele encara. Sabemos o que ele está querendo insinuar. Que talvez estejamos com os pais trocados, realmente. Encaro outra foto de James Rowan e não consigo enxergar nenhuma semelhança genética entre nós.

― Sem chance. ― Seth estica uma foto até o meu rosto. ― O formato do rosto de Jonathan Wilder é igual ao seu, Olivia. E vocês tem os mesmos olhos.

― Carson acabou de dizer que o meu pai tem cara de babaca.

― Ah, não! ― A mão de Carson escova meus cabelos para trás do meu ombro como se me consolasse. ― Mas você não tem cara de babaca, Liv. Só quando fica repetindo que o amor é a verdade do mundo.

― Eu nunca disse isso!

Eu bato com o pé no meio do estômago de Carson. Ele não fica bravo como espero que fique, apenas salta para trás, tomando cuidado para não derramar a sua bebida e começa a rir novamente. Sentindo-me como uma criança, começo a rir com ele. Acho que é assim, aquela coisa idiota, que é ter irmãos.

Mas quando volto o meu rosto para Seth, não tenho a mesma sensação. Culpa pica meu rosto, desmanchando o meu sorriso.

― Quem disse isso foi Lilly.

Carson para abruptamente com a constatação de Seth, como se lembrasse de algo doloroso.

― Ok. ― Ergo a taça à minha frente. ― Vamos brindar a possibilidade de tatuarmos essa frase quando ficarmos bêbados em Nova York. O amor é a verdade do mundo!

Carson me olha como se eu fosse louca, mas isso o faz esquecer momentaneamente da dor que a perda de Felicity causa em seu peito. Ele bate a sua taça na minha e sou obrigada a virar o coquetel laranja para sustentar a distração.

― Hmm. ― Aperto os lábios sentindo as bolhas fazerem cócegas na minha língua. O gosto doce e suave escorrega com facilidade pela minha garganta. ― Isso não é tão ruim quanto pensei.

― É um coquetel italiano feito com Aperol. ― Seth me explica, mudando rapidamente de assunto. ― Se chama Spritz.

― Spritz.

Repito porque é gostoso como soa a palavra estalando na língua.

― Seth é o cara que viaja em busca de cultura.

O sorriso de Seth propaga triunfo pelo modo como Carson o descreve. Ele se debruça sobre a bancada novamente e ficamos perto o suficiente para que eu conte as variações das luzes no castanho rútilo de seus olhos.

― Embora o Spritz seja muito popular em Roma, Olivia, ele teve sua origem na região de Veneto por volta dos anos de 1800. Durante a invasão da região pelos austríacos, eles tiveram contato com o vinho que era muito forte para o seu paladar. Então adicionaram um pouco de água para diluir a bebida. Isso era chamado de spritzen.

― Uau. ― Estou realmente impressionada. ― Você fala como se tivesse a verdade do mundo.

Seth deixa que seu sorriso aumente até uma gargalhada tímida, mas banhada em vaidade, escapar. Eu mantenho o nosso contato visual tempo o suficiente para sentir minhas bochechas ficarem tão vermelhas quanto o nariz dele. Então capturo o olhar de Carson para nós e desvio os olhos, puxando algumas outras fotos.

Seth escorrega da bancada e abre a geladeira novamente, se escondendo lá dentro. Me obrigo a parecer casual enquanto Carson me mostra algumas anotações atrás das fotos.

Nós descobrimos que meu pai namorou Elysha Cartes, atualmente Elysha Hastings, mãe de Henry. No grupo dele também estavam os Dayrell, pais de Georgia. A mãe deles, Pet, namorou William Maynard, o pai de Conor. E a minha mãe, a noviça mais rebelde de Seven Heavens, saiu do convento para estudar em St. Vincentti e teve uma relação tripla com os Belcher, que nem sonhavam em se tornar pais de Marie um dia.

― Você não se pergunta quando essa merda toda aconteceu? Tipo, eles se tornarem o que são hoje.

Coloco meus olhos novamente em Carson, mas acho que ele não está perguntando diretamente para mim. Ele parece refletir sobre quando nossos pais deixaram de ser espíritos livres e felizes para se enfiarem num emaranhado de traições e submissões.

Meus lábios se descolam, mas não consigo responder. O chiado de alho refogando em azeite me socorre.

― Vou aproveitar o espírito italiano do Spritz e fazer algumas bruschettas. ― O pano de prato voa para o ombro de Seth. ― Vá até a dispensa pegar o pão italiano, por favor, Carson.

Uma sensação de familiaridade segura o meu coração. Não faço parte daquela família e até outro dia eu os odiava. Mas estou completamente embebida de Rowan agora.

O ar cheira diferente, longe de estar carregado de nicotina dos cigarros de Carson. Tem o cheiro do licor Asperol, do alho frito e do sabonete de Seth quando ele se move para colocar uma música no celular de Carson, jogado em uma mesa de canto.

https://youtu.be/W4AiOKlOO0Q

Eu descubro que Seth dança enquanto cozinha e é tão engraçado quanto eu tento não pensar que é sexy. Não sei se a bebida está fazendo algum tipo de efeito em mim, mas estou relaxada. Nós três, mesmo sem querer, demos um passo gigantesco rumo a algo diferente do que nossos pais têm criado.

Meu coração infla quando Seth estende a mão para mim por cima do balcão depois que Carson assume o posto de tostar as fatias de pão na frigideira. É como se as chamas que enxergo em segundo plano tivessem se arrastado para sua pele. Um sentimento bom me faz sorrir e segurar seus dedos. Ele me puxa até não existir mais uma ilha de mármore entre nós e no segundo seguinte estamos dançando.

Em minha visão há um caleidoscópio orvalhado de laranja, carmesim e havana. Seth se aproxima e se afasta no ritmo que ele escolhe para nós. Não protesto, estou sendo conduzida por suas mãos e pernas.

Seu sorriso causa a mesma sensação que o balanço no precipício dentro de mim. Sinto que estou me jogando no vazio e, apesar de perigoso, quero sentir a adrenalina me incendiar. A cada vez que ele me gira ou me puxa de encontro ao seu corpo, o magnetismo fica mais forte.

Seth gira muito rápido e sou pega em seu abraço. Enlaço-o de volta para não cair e ele me deita para trás, seu corpo vindo com o meu em um balanço circular até estarmos de pé novamente. Estou completamente tonta quando a minha risada faz cócegas ao sair dos meus lábios.

Minha cabeça pende para o seu ombro e sua mão empurra um dos meus braços para longe de seu pescoço. Nossos dedos entrelaçam no ar, seu pulso valsando com o meu.

O corpo de Seth me conduz para frente e para trás. Ele tem uma das mãos abertas no meio das minhas costas que escorrega devagar e para um pouco acima do meu quadril. Fecho os olhos. É inevitável não sorrir.

Nossos músculos entram em um atrito ritmado. Toda a dança é suficiente para me fazer esquecer o resto do mundo. O seu hálito gelado desce da minha orelha para a curva do meu pescoço e sinto cada poro da minha pele ficar eriçado. O cheiro de banho recém-tomado me cerca, refrescando a incandescência que transita em minhas veias.

― Jesus Cristo. ― A voz de Carson faz com que eu abra os olhos. ― Que vocês não sejam irmãos. Ou isso vai ser uma merda muito grande.

Seth para, dando um passo para trás. Ele puxa os próprios cabelos para cima assim que tira suas mãos de mim como se eu fosse radioativa. O sorriso mais sem graça do mundo tenta se firmar em seu rosto quando ele se esforça para dar uma olhada na comida.

― Para de dizer merda, Carson. A mamãe sempre dançava com a gente na cozinha.

Seth bagunça o cabelo novamente e se vira, rumo à saída. Sou um corpo desconcertado abandonado entre paredes frias de granito e um sentimento que corrói os meus princípios.

― Você sabe por que ele está ficando chapado por aí e transando com as carmelitas jovens da igreja, não sabe?

Entreabro os lábios, mais para recuperar o fôlego e viro o meu rosto para Carson.

Ele comprime a boca suja tomate e desliga o fogo, abandonando a frigideira. Quando passa por mim em busca da saída, Carson desliga a música do próprio celular. Mas antes de sumir pela garagem, seus olhos encontram os meus por cima do ombro.

― Acho que você fisgou um Rowan, Liv. Eu diria que você é uma pescadora das boas porque ele não é tão fácil de capturar como qualquer peixinho dourado.

Carson desaparece e a cozinha é puro silêncio novamente. Olho para o fogão. É como se as chamas ainda estivessem acesas. Minha garganta arde, mas empurro o torpedo de sentimentos que sobe através dela e ameaça explodir em lágrimas.

Derrapo sem controle até o balcão e começo a reunir as fotos da mamãe. Acho que é hora de voltar para casa.

Sem desculpas do papai. Sem os resultados do exame do DNA.

A única coisa que tenho é o sentimento intenso por Seth Rowan.

Me consome de uma forma diferente de tudo que já senti. Porque eu sei que mesmo que nossos destinos não estejam ligados por sangue, estaremos separados para sempre pela sujeira que nossos pais fizeram. 


Ps. Iiiihhhhh pais de Marie e mãe de Liv hmmmmmmmm que isso hein gente?

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