trinta e seis.
Se você perdeu o capítulo extra de quinta, volte uma casa!
Ou um capítulo, na verdade...
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É um erro para o meu agressor ter deixado um dos meus braços livres porque eu jogo a minha mão para trás com força e cravo as unhas em seu rosto. Ele me solta imediatamente e eu caio no chão, me arrastando de costas no escuro.
— Jesus, Olivia!
A lanterna do meu celular bate contra o rosto encolhido de Seth e eu caio para trás, sentindo como se meu coração estivesse morto. Minha cabeça pesa quando eu olho de um lado para o outro.
— Eu estou infartando. Ou tive um derrame e meu cérebro está me mandando mensagens elétricas sobre como é estar em coma.
— Isso é possível? — O rosto de Seth plana sobre mim, iluminado pelo meu celular. Seu sotaque acentuado ocupa todos os sensores sonoros da minha mente. — Ninguém se lembra de como é estar dentro de um coma.
Meus olhos seguem o caminho de três linhas rosadas no lado esquerdo do rosto dele. As ondas do cabelo castanho de Seth obedecem à gravidade e deslizam na minha direção. Entreabro os lábios e sinto meu coração bater no lugar.
— Seth... — Sussurro antes de abraçá-lo com força e puxá-lo para baixo. — Seth! Me desculpa pelo arranhão. Eu achei que fosse... Meu Deus! Por que você me pegou assim? Ainda estou infartando.
— Sinto muito. — A voz dele vibra contra a pele do meu pescoço enquanto ele me puxa para cima. — O que está fazendo aqui, Olivia?
— Eu só consigo pensar que meus joelhos estão derretendo, agora. — Ainda estou abraçada em Seth quando ficamos de pé, mas meu corpo inteiro treme sem que eu controle. Abro os olhos e vejo Bill à meia luz. O cachorro do tio Nolan tem um espírito risonho enquanto balança a causa para mim. — Traidor!
Seth gira comigo, me arrastando do chão e encontrando Bill.
— Eu gritei por esse traidor por uma hora inteira! Gritei tão alto que todos os Bill em um raio de cinco quilômetros me ouviram. Se Bill Clinton tivesse uma fazenda em Seven Heavens ele teria me ouvido.
— Não brigue com o Bill. — A mão de Seth escorrega até a parte de trás do meu joelho e ele me puxa para cima, me carregando. — Ele só está demonstrando lealdade a mim.
— Eu conheço esse cachorro desde que ele nasceu. — Choramingo enquanto ele me leva até próximo à tenda. — O tio Nolan disse que ele devia estar com você. Eu não acreditei, mas decidi procurar. Achei que você estivesse em Seven Heavens.
— Achei que você estivesse em Denver.
Seth me coloca no chão e eu protesto internamente porque a sensação de ser carregada por ele fez meu coração voar como pluma e pousar calmamente em sua cavidade natural. Eu finalmente vejo seu rosto em uma luz mais forte que vem de sua cabana de tecido cor de algodão queimado e me contorço de culpa pelo que minhas unhas fizeram.
— Ei, tudo bem. Eu não devia ter abordado você daquela maneira. E é a primeira vez que uma gata me arranha assim.
Sorrio, um pouco mais aliviada. Seth segura o meu queixo entre o seu polegar e o indicador e ergue meu rosto antes de atingir meus lábios com um beijo rápido. Os olhos dele carregam o meu de um lado para o outro como se pudesse me controlar em hipnose.
— Como está a sua mãe? — A mão dele despenca.
Eu sinto que entramos em um terreno gelado porque a nossa mágica conexão evapora na dureza como Seth aperta o próprio maxilar.
— Ela recebeu alta e decidimos vir para o rancho. Ganhar um tempo livre do meu pai. Eu descobri algumas coisas sobre o passado. Coisas que esclarecem muitas outras.
— Vou querer saber?
— Talvez. — Olho para baixo, evitando os olhos de Seth. — Você a encontrou? Sua mãe?
— Ah, não. — Seth se afasta um passo. — Não há muito o que fazer por enquanto. O xerife pediu reforços e eles vão fazer uma busca mais detalhada. Eu decidi não ligar para o meu pai. Eu não quero estragar o momento do Carson. Ele está muito animado, em muito tempo. Não há nada que eles possam fazer, também.
— Seth, você falou com Taylor Hastings? Porque ela já havia tentando mexer no túmulo de Pet antes.
— Você sabia disso? Espero que tenha uma boa explicação para não ter me dito.
Volto a encará-lo. É como se as sobrancelhas dele estivessem tremendo de tensão. Cruzo meus braços, na defensiva. Seth mal aparecia no período em que ele achava que era meu irmão e o meu pai abafou o caso. Eu poderia me explicar a ele de mil maneiras, mas apenas balanço a cabeça negativamente.
— Ah, ótimo. Que bom que se importa.
— Eu me importo, Seth! Estou há horas procurando você sem nem saber se você estaria mesmo por perto! Eu ia dormir perdida esta noite! O que você esperava que eu fizesse? Que me lembrasse de um evento isolado que foi abafado e dissesse a você no meio de toda a felicidade que senti ontem? Porque você não estava em nenhum lugar antes disso. Você fez a mesma coisa que está fazendo agora. Você fugiu! Então, se quer estar informado e tomar a dianteira de algo, esteja na batalha e não correndo dela como um covarde!
Seth puxa uma grande quantidade de ar. Ele beira à indignação, mas não deixo que ele me interrompa.
— Eu fiquei, Seth. E encarei o fato de que talvez fosse uma Rowan. Eu encarei a droga do Henry Hastings no corredor do St. Vincentti sozinha, também! E fui buscar a minha mãe quase morta no hospital. E tudo isso depois de apanhar do meu pai e ser expulsa de casa por ele. O que você aguentou enquanto estava transando por aí com as carmelitas da igreja? O fato de que se fosse meu irmão não poderia transar comigo também?
— Eu aguentei todo o fato de que eu amo você, porra! — Seth grita, me segurando pelos cotovelos e me puxando. — E que não poderia amar do jeito que meu coração queria. Que droga, Olivia!
https://youtu.be/fNdeLSKSZ1M
(Fire meet Gasoline - Sia)
Ele me solta, se virando em descompasso e entrando em sua tenda como um furacão. Bill se aproxima, sentando-se aos meus pés e me encarando como um julgador enquanto eu absorvo o que Seth disse.
— Estava apaixonado por mim. — Sussurro para Bill em plena confusão. — Antes que eu soubesse que também estava apaixonada por ele.
O blue heeler do tio Nolan dá um latido profundo e se levanta, saindo do meu caminho e se deitando no meio das árvores como um vigia. Atravesso a distância até a tenda a passos largos, empurrando o tecido de entrada de um jeito voraz. Seth está com as mãos apoiadas em algo parecido com um contêiner quando eu entro. Ele se vira e ainda há tanta raiva correndo em sua expressão que quase paraliso.
Decido que não me importo com a sua expressão malvada. Venço o espaço entre nós, segurando seu rosto com as mãos e puxando-o para mim. Ele cede e seus lábios são meus. Queima e se espalha tão depressa quanto fogo encontrando gasolina. As mãos dele puxam a minha camiseta. É o tempo de um segundo que meus lábios se separam dos dele para que o tecido suma.
Seth gira comigo, me pressionando contra o contêiner. Eu arrasto a blusa dele enquanto ele me senta sobre o plástico frio e duro. Seus lábios fazem um grande estrago da minha garganta até o meio dos meus seios e eu deixo mais arranhões por toda a extensão de suas costas. Ele se livra do meu sutiã sem cerimônia. É tão excruciante quando sua boca encontra um dos meus seios que minhas coxas se prendem a ele com força e um gemido rouco escapa sem controle.
Não sei como fomos de uma briga até aquele momento. Eu só tenho certeza do nosso desejo. Estamos misturando dor com prazer e fogo. É uma combinação perigosa. Mas quando Seth me deita para trás e desabotoa os meus jeans tudo o que eu quero é que ele me queime. A chama vem até mim no momento em que seus beijos encontram a parte interna da minha coxa.
Mal posso respirar.
Estou queimando viva.
Eu pareço alguém que morreu.
Não de um jeito ruim, sabe. Como alguém que foi dar uma volta no céu e então teve a chance de voltar e agora não sabe o que fazer.
Estou sentada em um banquinho de armar em frente ao nada. Minhas mãos estão no colo e o ar da manhã está tão frio que precisei roubar uma grande jaqueta vermelha do Liverpool da tenda de Seth. Esfrego meus jeans, encarando o amanhecer nas plantações.
Bill está ao meu lado. Ele ergue um de seus olhos na minha direção e sei o que ele está fazendo. Está me julgando. De novo. Cachorro mau.
O toque do sol aquece as folhas das árvores, me dando um vislumbre do quão quente foi a noite anterior. Pensar que os lábios de Seth visitaram lugares que não haviam ido na primeira noite faz o meu rosto arder e minha garganta coçar. Estou tão imóvel e tensa que o banquinho range. E quando minha visão periférica captura outro banquinho caindo ao meu lado, dou um pequeno salto de susto.
Bill fica tão feliz quando vê Seth que é genuíno. O cão se enrola aos pés dele depois de ganhar um afago e fecha os olhos julgadores.
— Ei, baby. — A voz de Seth está rouca de sono. Ele boceja, esticando os braços e prendendo os dedos atrás da nuca. — O que está fazendo aqui fora? Está um pouco frio agora.
Eu capturo todos os seus movimentos com o canto dos olhos. Não consigo encará-lo. Quero agir naturalmente, mas não consigo com a lembrança de quando gritei e gemi feito uma maluca. Engulo alto o suficiente para ele ouvir e se inclinar, apoiando os antebraços nos próprios joelhos.
— Olivia?
— Só vim pegar um pouco de ar.
Pisco para o vazio da vista em cima do vale. O rosto de Seth toma o meu campo de visão. Seus olhos estão inchados, mas parecem sorrir, mesmo que seus lábios estejam entreabertos em tons de preocupação. Ele analisa o meu rosto e eu tento me concentrar na marca das minhas unhas em sua bochecha. O que não ajuda, porque me lembro dos outros arranhões que deixei pelo corpo dele. E das marcas de seus dedos nas minhas coxas, bunda e cintura...
— Eu espero que você saiba que quando eu disse "queria", no passado... Eu quis dizer no presente. O que significa que o meu coração ainda quer amar você como achei que não deveria. E estou feliz em poder amar você como eu quero agora.
Seth é tão doce que me comove. Eu estou cheia de constrangimentos por ter sido uma selvagem sem pudor e ele está dizendo que me ama. De novo. Entreabro os lábios, mas não consigo emitir som algum. Ele sorri antes de se endireitar em seu banquinho novamente.
— Está vendo aquele lugar onde o sol não toca, Simba? — O seu braço aponta para o meu lado. Movo o meu pescoço, encarando um aglomerado de árvores verdes na sombra. — Há um lago de águas termais lá. Nós podíamos comer alguma coisa, descer até lá para nadar e depois voltar ao rancho. O que você acha?
— E a sua tenda?
— Ela fica aqui. Para quando eu precisar fugir. Mas acho que vou desarmá-la em breve. Você tem razão sobre encarar as coisas.
Meus ombros relaxam e eu finalmente olho para Seth. Ele está só de camiseta e bermuda, o que me deixa culpada de estar usando sua jaqueta. Seus dedos beliscam meu nariz e é inevitável não sorrir quando ele me dá um sorriso grandioso.
— Você é da cor do sol. — Ele diz.
— Tipo um Pôr-do-sol Eterno?
— Não. Tipo o sol, mesmo. Em qualquer lugar da via láctea ele continua sendo o sol. Ele só se põe na perspectiva de algumas pessoas, certo? Na minha perspectiva você não se põe nunca.
— Meu Deus, você é tão brega! — Nós gargalhamos. — Por isso eu amo você.
Escapa sem querer. Tanto eu quanto Seth olhamos surpresos um para o outro. É cedo para eu afirmar isso, não é? A surpresa me inunda de um jeito tão constrangedor que sinto minhas bochechas queimarem. E quase não consigo respirar quando percebo que as maçãs do rosto de Seth estão ficando mais vermelhas também.
— Ou! — Seth fica de pé. — O que você disse?
— Que você é cafona. — Varro a mão no ar, tentando parecer despretensiosa e mentindo de forma descarada. — Dizendo essas metáforas.
— Não, a outra parte.
Reviro os olhos, apertando os lábios e me encolhendo um pouquinho. Eu sempre me perguntei qual seria o melhor momento de usar verbalmente o "eu te amo" quando duas pessoas ficam juntas. Eu achava que a resposta estava no tempo. Impossível que isso aconteça tão rápido, certo? Mas descobri que o melhor momento para dizer "eu te amo" não é quando a contagem de tempo atinge meses ou anos. O melhor momento é quando essa frase já foi evidenciada muito antes.
E não consigo pensar em mais nada para qualificar o que estou sentindo com Seth desde o Baile de Primavera, quando ele se esforçou para Cherie não ir embora e lambeu a minha cara. Quando ele me encontrou no meio da chuva e me deu o seu pijama para que eu não sentisse frio no meu vestido molhado. Quando roubamos roupas de um parque de trailer e passamos o dia desbravando uma pequena parte do Colorado. Quando ele inventou toda uma história pelo simples fato de querer me beijar no lago Haning.
Vivemos tantas coisas em um curto espaço de tempo nessa primavera que até os mais céticos me diriam ser amor. Eu sinto que é quando lembro da dor em seu rosto quando meu pai me bateu ou quando ele ficou completamente fora de sua órbita ao imaginar que poderíamos ser irmãos. Não tenho nenhuma dúvida de como ele me fez sentir quando descobrimos a verdade e de como ele foi cuidadoso e especial comigo no meu primeiro banho de banheira e na minha primeira vez.
— Eu te amo, Seth. — Concluo, cortando o silêncio apreensivo.
Minhas bochechas ficam tão quente como se lava pura estivesse descendo por elas. Mas Seth me puxa para seus braços e me abraça tão forte que meu corpo derrete na erupção enquanto sua risada compõe a trilha sonora de uma manhã perfeita.
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