Capítulo 14
Will Matthews
Entro em casa com Peter e bocejo bem alto quando ele faz o mesmo, vim deixar ele aqui e de quebra também vim comer o café da manhã que o treinador faz.
O treinador pode não ser muito flexível com o horário e com os treinos, mas ele realmente era um bom cozinheiro e ele sabia que eu vinha.
-Panquecas.- ele coloca os pratos na frente da gente.- Suco?
-Por favor.- falamos ao mesmo tempo.
Começo a comer e percebo que não tem nenhum outro prato na pia, então Delilah não comeu ainda e o pai dela parece estar preocupado com isso também.
-Cadê a Del?- Peter também percebe.
-Não saiu do quarto o dia todo.- ele fala calmo.- Fui na porta e estava trancada.
-Será que ela pulou da janela de novo para ir em alguma festa?- Peter pergunta.
-Ela nem tá de castigo.- o treinador faz careta.
-Ela deve estar lendo ainda.- Peter tenta parecer calmo.
-Com a porta trancada?- o treinador olha para mim.- Que tipo de livro você oferece a ela, Will?
-Contos de fada.- sorrio.
-Claro.- ele revira os olhos.- Vou levar a comida para ela...
-Eu levo.- me levanto.
Peter mexe a cabeça e o treinador deixa eu pegar a bandeja, subo as escadas rapidamente agradecendo pelo meu equilíbrio quando chego no corredor.
Caminho até a porta dela e bato duas vezes, não recebo nenhuma resposta e tento abrir a porta, mas ela não responde nada disso e eu limpo a garganta.
-É o Will.- falo.
-Vai embora.- ela fala lá de dentro.
-Eu tenho...- olho para a bandeja.- Ovo com salsicha e torradas.
-Eu não tô com fome.- ela parece irritada.
-Eu tô nu também.- acrescento.
Ouço algo lá dentro e logo ela abre a porta, sorrio lentamente ao perceber que a expressão dela era de desespero. Ela realmente acha que eu ia fazer isso aqui?
-Você abriu rapidinho...
-Me dá isso.- ela pega a bandeja e vejo um corte no braço dela.
-O que foi isso?- franzo as sobrancelhas.
-Nada.- ela começa a fechar a porta e entro.- Will...
Fecho a porta atrás de mim e vejo todas as roupas rasgadas, algumas estão dentro de uma sacola de lixo e outras ainda estão espalhadas pelo chão. Não sobrou uma.
-Caralho, Delilah.- pego um tecido de algodão.- Quem fez isso?
-Quem quebrou o carro todinho do David?- ela levanta as sobrancelhas e fico duro no canto.
-Ele veio aqui?- franzo as sobrancelhas.
-Veio.- ela coloca a bandeja em cima da escrivaninha.
-E rasgou todas as suas roupas.- jogo o tecido no chão.
-Não tem problema.- ela senta na cama.
-E seu braço?- aponto com o dedo.
-Eu cai.- ela limpa a garganta.
-Quando ele empurrou você?- pergunto e ela abaixa a cabeça.- Porra, Delilah!
-Foi sua culpa.- ela levanta.
-Minha?- franzo as sobrancelhas.
-Sim, se você não tivesse tentado bancar o herói, ele nunca ia ter vindo aqui...
-Ok, talvez eu tenha tentado bancar o herói...mas foi querendo te ajudar...
-Olha, só vai embora.- ela me empurra para a porta.
-Mas...
-Will.- ela bufa.
Seguro o rosto dela e a beijo, movo meus lábios contra os dela e torço para não levar um chute no saco, mas Delilah fica mole em meus braços e me deixa levá-la até a cama.
Ela nos vira e me senta na cama, abraço sua cintura quando ela senta no meu colo e passa os braços pelos meus ombros, movo minhas mãos e acaricio ela.
-Ai!- ela se afasta e seguro o braço dela.- Não foi nada.
Me aproximo melhor para ver o machucado e é uma linha fina bem vermelha no braço dela. Fico com tanta raiva que devia ir quebrar a cara dele.
-Não.- ela tira o braço e nos encaramos.
-Mas eu nem falei nada.- faço bico.
-Eu vi seu olhar.- ela sorri com raiva.
-O que você vai fazer sem roupa...
-Eu não preciso sair até segunda, então eu vou dar um jeito.- ela sai do meu colo e a observo.- Obrigada pelo ânimo, mas eu quero ficar sozinha.
-Tem certeza?- apoio as mãos atrás do corpo.- Eu posso ficar aqui.
-Meu pai e meu irmão...
-Eles não saem pra um treino sozinhos todo sábado?- pergunto.
-É, mas...
-Perfeito.- me jogo no meio da cama e tiro os sapatos.- Vou pegar um livro, ok?
-Claro, são todos seus.- ela murmura comendo.
Reviro os olhos e pego um livro de época que dei para ela, vejo que tem vários post-its para marcar as cenas favoritas. Sorrio lentamente e olho para ela.
Que está com o livro apoiado na coxa enquanto come, é o terceiro livro, Corte de Asas e Ruína. Ela está no meio e ganhou ele ontem, então realmente é uma leitora rápida.
Não atrapalho e sei que ela quer ficar em silêncio, então vou ficar em silêncio com ela e deixar que aproveite o livro enquanto eu aproveito esse.
Sou um ótimo amigo.
☀️
Delilah Decker
Estou lendo ao mesmo tempo que Will, fica um silêncio bem confortável com ele aqui comigo. Não é algo incômodo desconfortável, é até que legal.
Fecho meu livro e ele nem ergue os olhos do dele, deixo o livro em cima da escrivaninha e começo a colocar as roupas dentro da sacola de lixo.
Eu nem sei como vou contar para meu pai o que aconteceu e como eu não tenho roupa para sair, esfrego minha testa e respiro fundo jogando o saco de lixo no armário e fechando ele.
-Qual é seu plano?- ele pergunta.
-Não sei.- murmuro.
-Eu posso te ajudar...
-Não.- bufo.
-Del...
-Todas as suas roupas estão rasgadas.- ele se move na cama e senta do meu lado.- Já é sábado e você não ainda não recebeu o salário.
-Eu vou dar um jeito.- cubro meu rosto.
-Deixa eu te ajudar.- ele acaricia minha coxa.
-Will...
-Ok, então vamos falar de outra coisa.- ele respira fundo.- Por que estava com ele?
-Ah, Deus.- choramingo.
-Ok, ok.- ele aperta minha coxa.- E se eu falar algo para você?
-O que você vai falar pra mim?- falo frustrada.
-Quando eu tinha catorze vim sozinho de avião para cá.- ele fala baixo.- Foi assim que meu tio ganhou minha guarda.
-Por que veio?- ergo a cabeça e o encaro.
-Porque ela tinha me....- ele limpa a garganta.- Ela não era uma boa mãe, eu passei minha infância toda sem atenção e carinho. Nick e Ally eram os únicos que me dava um tratamento como pessoa.
O observo e ele está de cabeça baixa, olho para a mão dele na minha coxa e coloco minha mão na dele. Acaricio as costas da mão com o dedão e respiro fundo.
-Ele chegou aqui dizendo que ia pegar tudo que me deu.- começo.- Então me empurrou e eu caí, não tive coragem de levantar enquanto ele rasgava tudo.
-Ele nunca mereceu você.- a mão de Will acaricia a parte interna da minha coxa.- Não sei por que estava com ele todo esse tempo...
-Por que ele está certo, eu estava interessada no dinheiro dele....
-Você não é ruim por isso.- ele fala tão próximo que eu viro o rosto e meu nariz toca o dele.
-Não te preocupa eu estar usando você?- pergunto e ele sorri.
-Ah, você está me usando.- ele morde meu lábio.- Mas eu gosto.
Will avança contra meus lábios sem pressa e toco a nuca dele enquanto me coloca no meio da cama e sobe em cima de mim, coloco minhas pernas ao redor dele e agarro sua camisa.
Os beijos ficam mais intensos e ele mexe os quadris contra o meu de forma lenta como se estivesse me provocando. Mordo seu lábio e passo a língua pela sua.
-Deixa eu te ajudar.- ele sussurra.
-Will...
-Não vou te dar livros por um mês por causa disso.- ele beija meus lábios de novo.- Resolve?
-Você não vai desistir?- afasto minha cabeça e nos observamos.
-Não, dificilmente eu faço isso.- ele pisca um olho para mim.
Sorrio quando ele começa a beijar meu pescoço, fecho meus olhos e os lábios dele fazem com que eu tenha que apertar as coxas e segurar seus ombros.
-Meu pai pode chegar.- empurro ele para o lado.
-Como a gente vai fazer isso?- ele deita na cama confortável.- Você não pode ir na loja de short e camiseta.
-Não sei.- continuo sentada.
-Que tal a gente pensar nisso enquanto eu me divirto?- ele me deita e fica de lado enquanto beija meu pescoço.
Sorrio lentamente enquanto ele acaricia minha barriga em círculos e passa a língua pelo meu pescoço de forma relaxada. Isso é melhor do que eu pensava.
Viro de lado também e beijo ele, movo a mão até a nuca dele e aperto seus cabelos, ele coloca uma perna entre as minhas e gemo contra seus lábios quando ele pressiona só um pouco.
-Will.- sussurro.- Se meu irmão chegar...
-Peter já sabe.- ele sussurra e eu ergo a cabeça.
-O que?- minha voz sai fina.
-Ele já sabia, eu só contei que não era nada muito sério...
-Ah, Deus.- começo a sair da cama.
-Tá tudo bem, Delilah.- ele senta.
-Tudo bem?- começo a andar.- Ah, eu não tenho roupa, nem posso ir embora...
-Se acalma.- ele levanta.
-Porra, eu tô fodida...
-Ei, ei.- ele me abraça.
Respiro rapidamente e ele me aperta com força como se soubesse que era exatamente isso que iria fazer a minha respiração baixar e eu me acalmar.
Estou com a bochecha contra o peito dele e suas mãos acariciam meus cabelos, aperto a camisa dele com os dedos. Ele abaixa as mãos dele até minhas costas.
-Calma.- ele sussurra.- Vai tudo dar certo.
-Não vai.- mordo o lábio.- Meu ex-namorado é um idiota vingativo e eu não tenho roupa nenhuma.
-Que tal se eu for comprar uma roupa comum e depois a gente vai na loja?- ele limpa as lágrimas da minha bochecha.
-Ok, isso parece bom.- respiro fundo.
-Viu? É só ficar calma.- ele beija minha testa.
-É, ok.- assinto.
Will pega os sapatos dele e senta na ponta da cama enquanto os coloca, abraço meu corpo com força quando vejo ele levantar com mais calma do que eu tenho.
-Obrigada.- falo antes dele ir.
-Você é minha amiga.- ele sorri.
Mexo a cabeça e ele vai embora, sento na minha cama e respiro fundo percebendo que não gostei nem um pouco de ser chamada de amiga.
Mas é isso que eu sou, uma amiga.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro