Capítulo 13
Delilah Decker
Entro em casa e vejo Peter colocando um taco dentro da bolsa de treino, meu pai está falando com ele em uma voz baixa quando me aproximo da mesa de jantar.
-Vão sair para treinar?- pergunto.
-É, quase isso.- Peter sorri.
-Peter vai treinar um pouquinho de box.- meu pai acaricia meus cabelos.- Como foi a aula hoje?
-Ótima.- minto.
Só fui chamada de cadela e vagabunda umas dez vezes antes de eu me irritar e mais dez vezes depois. Mas nada que eu não pudesse aguentar.
-Box, é?- pego uma garrafa de água.
-Sim, eu e Will vamos fazer uma aula extra.- ele respira fundo pegando a bolsa de treino.
-E por que está levando o taco?- fico confusa.
-Querida, não pergunte muito.- meu pai abre a caixa de pizza.- Quer um?
-Quero.- pego.
Enquanto estou comendo a porta da minha casa abre e Will entra, ele não está nada vestido para uma aula de box. Seus olhos param em mim e ele dá um sorriso casual.
-Fiquei curiosa, quero ir pro box com vocês.- termino o meu pedaço.
-Não mesmo.- Peter sorri.
-Por que está levando o taco?- pergunto os seguindo.
-A gente vai treinar depois.- Will explica calmo.
-Mentira.- cruzo meus braços.
-Tchau, Del.- Peter beija minha cabeça.
Os dois vão embora e olho por cima do ombro para meu pai, ele balança a cabeça ignorando e eu reviro os olhos indo até a escada para subir de dois em dois.
Chego no meu quarto e fecho a porta, passo pela estante e pego o livro novo que Will me deu. É a continuação do que eu estava lendo, preciso muito terminar esse.
Deito na cama e abro o livro, mexo as pernas e começo a ler, mas não consigo parar de pensar onde Will e Peter foram, com certeza eles não foram fazer uma aula de box.
Coloco uma mecha atrás do cabelo e me concentro totalmente no livro, é hora de ler agora e vou me concentrar nisso e não em Will ou em Peter.
☀️
Will Matthews
-É rápido.- eu subo o zíper do moletom.
-Ok, ok.- Peter pega o taco dele.
-Temos cinco minutos antes de alguém ver ou o alarme tocar.- eu vejo no relógio.- Tem certeza que essa rua não tem câmera?
-Não, o Flinn falou que o pai dele sempre reclama para colocarem e nunca fazem...
-Ok, entendi.- pego meu taco.- Rápido, lembra?
-Sim.- saímos do carro.
Meu coração acelera e eu sorrio subindo o capuz enquanto nos aproximamos do carro de David, parado perto do bar da faculdade que sempre frequentamos.
Mexo a cabeça para Peter e começamos a bater no carro, quebro o vidro do parabrisas e amasso o capô. Peter arranca um dos retrovisores e quebra várias janelas.
Quando já destruímos bem, o alarme toca e corremos para o carro que pegamos emprestado com um dos amigos idiotas de David que emprestou para um amigo de Peter.
Eles nunca iam descobrir quem era que tinha passado nesse carro, Peter acelera e tiro o capuz rindo. Parece que eu voltei a ser criança e quebrei o carro da minha mãe para ela dar atenção.
Mas agora quebrei esse carro por um motivo certo e não tenho mais minha mãe me chamando de inútil sem noção igual ao meu irmão.
Reprimo a memória e Peter para perto de um supermercado, sorrio lentamente e respiro fundo tentando parar de rir, mas penso no rosto de David quando descobrir.
-Ok, a gente tem que devolver o carro.- Peter faz careta.
-Espera.- tento parar de rir.
-A gente tá fodido se alguém descobrir.- ele respira fundo várias vezes.
-Cara, relaxa.- consigo parar de rir.- Ele não é inteligente o bastante.
-É, verdade.- Peter sorri.
-Cara, eu tenho que te contar uma coisa.- eu aproveito que ele está de bom humor.
-Se for sobre minha irmã, eu sei.- ele fala mais sério.
-Como...
-Ted me contou que viu ela saindo do quarto enquanto ele voltava e quando entrou você estava tomando banho.- ele explica.
-Ok, mas o que tem eu tomar banho?- franzo as sobrancelhas.
-Você sempre toma banho depois de transar.- ele fala parecendo desconfortável.
-Como você sabe?- falo com uma voz fina.
-Eu te conheço há quatro anos!- ele me encara.
-É, é uma resposta.- assinto.
-O que te rolando com vocês?- ele liga o carro e dirige mais tranquilo.
-Sexo casual.- falo distraído.
-Minha irmãzinha....- ele suspira.
-Ela que tá me usando.- me defendo.- Se você visse...
-Eu não quero ver.- ele fala rapidamente e rio.
-É casual, ok?- murmuro.- Nada demais.
-Depois do David, ela nunca mais vai querer alguma coisa séria.- ele fala uma verdade e de alguma forma fico pensando nisso a viagem toda de volta para o dormitório.
☀️
Delilah Decker
Estou na metade do livro e ainda são três horas da manhã, meu pai já foi dormir e Peter vai ficar a noite fora. Fecho o livro com o marca página e saio do quarto para pegar água.
Desço as escadas e vou beber água, encosto meu corpo na bancada da pia e fico encarando meus pés e me pergunto o que eu vou fazer amanhã.
É um sábado e eu vou terminar o livro hoje mesmo, então vou ter um tempinho completamente sozinha e é isso que eu estou tentando evitar.
Talvez eu vá para o parque e assista um filme depois, só quero mesmo não ficar sozinha por causa dos pensamentos idiotas que eu fico tendo ao ver as mensagens no meu celular.
Acho melhor jogar meu celular fora mesmo, só tem o pessoal que ainda tá brincando comigo que me manda as mensagens estúpidas.
Sinto ele tremer no bolso do meu short e pego esperando ser Will dizendo que tá vindo aqui. Mas na verdade é David dizendo para eu abrir a porta da frente.
-Não.- bufo.- Não acredito que ele veio aqui...
Caminho com raiva até a porta e tiro as trancas, assim que abro a porta vejo David com um rosto impagável e olho por trás do ombro dele vendo o carro quebrado.
-Sua vadia...
-Não fui eu.- sorrio.
-Claro que não, vaca estúpida, foi aquele seu irmão idiota...
-Vai se foder, David.- começo a fechar e ele me impede.- David!
-Eu quero tudo que dei para você.- ele passa por mim e entra na casa.- Você não merece nada.
-David!- grito baixo para meu pai não acordar.
-Você é uma puta....quero ver o que vai fazer sem as coisas que eu te dei.- ele abre a porta do meu quarto.
-David, não!- agarro o braço dele.
-Sai daqui, sua idiota.- ele me bate contra a parede e começa a entrar no meu armário.
Tento me levantar e arregalo os olhos quando vejo um corte no meu braço direito por causa da batida. Passo meus dedos pelo sangue e olho para David.
Ele está rasgando todas minhas roupas, lágrimas molham minhas bochechas e não consigo fazer nada até ele ter resgato tudo que eu tenho.
Depois que fez isso ele vem até mim e se agacha na minha frente para segurar meu queixo, encaro os olhos castanhos e ele sorri para mim com raiva.
-Da próxima vez que eu for suspenso ou quebrarem meu carro...o seu pai vai ser demitido.- ele sorri.
Tremo quando beija minha bochecha e vai embora, sento melhor e limpo minha mão em um dos tecidos rasgados. Respiro fundo e olho para todas aquelas roupas.
Abraço meu corpo e fico no chão, acho que não vou sair amanhã e nem terminar o livro, acho melhor apenas ficar no quarto e dar um jeito nessa bagunça.
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