Capítulo 5
Isso não vai ter fim
Sonhos e pesadelos dentro de mim
Isso não vai ter fim
Todo o desespero em mim
Julgado por um crime que não cometi
Assisto a minha desmoronar
Já não choro mais por mim
Parece que o fim chegou
Sonhos e pesadelos -Thunder Force
♪💙🌼
Desculpem qualquer erro.
Espero que gostem.
Boa leitura!❤
~❤~
Alguns filmes baseados em fatos reais chegam a ser impressionantes, e ao mesmo tempo ridículos. A vítima sempre faz o oposto do que realmente deveria fazer, e como consequência, acaba morrendo. O assassino sai ileso, ou se é preso, em pouco tempo está livre de novo, pronto pra continuar com a vida de crimes.
E o que resta pra família da vítima? Apenas o luto, a dor, de cada famíliar que convivia com aquela pessoa.
Mas, e se fosse conosco, se acontecesse o mesmo. As nossas ações seriam diferentes? Ou iguais?
Justamente por isso julgamos certas atitudes de quem sofre um assalto e revida, não sabemos que se por acaso quem estivesse lá no lugar desse pessoa fosse a gente, se não faríamos da mesma forma...
"Não vai acontecer nada não."
Simples, dias, horas ou minutos depois, acontece. Ali é que a pessoa sente o peso dessas palavras.
O peso de não ter ouvido o conselho de sua mãe.
O peso de duvidar do mundo real, e pensar que ele é um conto de fadas, que na verdade, a cada dia que se passa ele se torna um pesadelo. Cada um pior que o outro.
Meu dia parecia realmente estranho, estava tudo dando milimetricamente certo. Não havia esbarrando em ninguém, me machucado em algum objeto, ter levado uma bronca. Nada.
E o mais louco disso tudo, é como se isso fosse um aviso, poderia ser de que o dia seria ótimo. Mais no meu caso não era assim.
Eu era o oposto do contrário.
Em vez de isso tudo significar que choveria açúcar, era mais o caso de chover pedras.
Exagero? Talvez. Mas, eu sabia, sempre sabia, mas ignorava. Quando o meu dia começava assim, algo ia da errado. Por mais que fosse pouca coisa, mais iria.
Abro os olhos e por um segundo me permito sorrir. O silêncio é profundo, ouço somente as rápidas batidas do meu coração. Respiro fundo e olho pro céu, peço desculpas por tudo, e que fique tudo bem com minha família, que não doa, e nem seja lenta, mais indolor e rápida.
O frio do cano do revólver envolvido nas minhas costas me trás de volta a realidade. O barulho da buzinas dos carros, o cheiro de fumaça misturado com de algumas comidas, o passo rápido das pessoas passando ao meu lado, me lembra que está tudo bem.
Mas a respiração ofegante próximo ao meu ouvido me faz encolher. O medo volta correndo, os pelos da minha nuca se arrepiam e um grito fica preso na minha garganta.
Isso que é entrar em pânico, uma sensação única, a minha primeira e última suponho.
Ele me aperta ainda mais em um abraço, como se fossemos íntimos, apertando o cano do revólver ainda mais, chegando a doer um pouco e começa a me empurrar, me fazendo caminhar. Sem questionar faço.
—Nem tente fazer alguma besteira gatinha.—Sussurra no meu ouvido e deixa um beijo na minha orelha.
Nojo!
Quase no final da rua tem um beco vazio, o movimento ali já é bem raro. Quando passo por ali caminho o mais rápido que posso, tento o máximo possível nunca passar por ali sozinha, infelizmente hoje isso não foi possível.
Uma senhora vem vindo na nossa direção, olho pra ela quase em súplica, pedindo socorro com o olhar. Ela simplesmente olha e sorrir, passando reto.
Acabo desistindo e entregando nas mãos de Deus, porque ajuda de alguém ali era impossível.
Justamente entramos nesse maldito beco, ele continua me empurrando, até uma dobra de uma parede de um dos galpões que tinha próximos dali, que impossibilitava qualquer pessoa de ver o que acontecia ali.
Uma parede preta, toda manchada de mofo, vários lixos nos chão, o cheiro era horrível. Sinto ele parar, e se enroscar mais em mim, deixando vários beijos no meu pescoço. Atrás de mim próximo a minhas costas, sinto algo duro, deduzindo o que irá acontecer me desespero e começo a chorar silenciosamente.
Com a outra mão livre ele começa a alisar meu corpo, me fazendo soluçar alto.
—Não chora bebê, vai ser legal.
O que eu poderia ter feito pra isso está acontecido comigo. Sempre fiz tudo certo, tudo no lugar, raramente desobedeci meus pais, sempre que podia ajudava alguém, e agora, tudo isso foi em vão.
Porquê meu Deus?! PORQUÊ?
A única coisa que posso fazer é fechar os olhos e evitar ver isso, a segunda é parar de chorar, implorar não vai adiantar nada. Mais não custa tentar.
— Olha..a po..or faav..vor, deixa eu i..ir, te dou meu celular e..— Sinto minha cabeça ir pra trás e uma dor atinge meu couro cabeludo.
—CALA A MALDITA BOCA! Você não vai pra lugar nenhum entendeu.—Grita bravo.
Minha mochila que estava presa pela minha frente é arrancada brutalmente, sendo jogada longe, agora ele estava ali, diante de mim, com aquela coisa apontada na minha direção.
Os olhos estavam vermelhos, provavelmente estava drogado, sua cabeça estava raspada nas laterais deixando um corte no estilo militar, parecia ter não mais do que vinte anos, vestia um moletom vermelhos surrado, uma bermuda azul escura suja, e um par de tênis novos.
Ele me encarava com um sorriso malicioso no rosto, parecia um psicopata. Me avaliava de cima abaixo, sem tirar aquele sorriso da cara.
Numa tentativa de proteção abracei meu corpo. O que só fez ele sorrir mais ainda.
Começou a se aproximar cada vez mais de mim, me fazendo recuar, até que eu sinto a parede me encontrar, e ele já bem perto. Abaixa a arma e me puxa pela cintura, como se estivesse abraçando um conhecido, cheira meus cabelos e deita a cabeça no meu ombro. Como se aquilo não fosse nada mais que uma demonstração de carinho.
Mas não era.
Eu continuo estática. Começa a passar várias e várias cenas de tudo e todos na minha cabeça. Meus dezessete anos de vida que estão prestes a ser destruído por um drogado de merda, que em vez de arrumar um trabalho, prefere sair por ai arruinando a vida de pessoas inocentes e indefesas.
Não poderia deixar minha vida acabar assim, não sem me defender. Era arriscado, mais não era impossível. Eu poderia morrer, ou talvez não.
A adrenalina que passava em minhas veias trouxe uma coragem desconhecida, uma sensação de raiva dominou tudo em mim.
Não poderia acabar assim. Não podia.
Fecho os olhos com força, ele começa a distribuir mais beijos pelo meu ombro e a falar coisas incoerentes, se grosando em mim. Sinto seu membro encostar na minha perna, me fazendo relembrar as várias cenas dessas que já vi em filmes. Olho de lado e vejo que a sua mão que está a pistola, tá apoiada na parede.
Um, dois, três...
Meu joelho encontra aquele lugar, rapidamente ele derruba a pistola no chão, levando as mãos até o lugar machucado, gritando de dor.
—DESGRAÇ..A..ADA!
Corro em direção ao lugar que caiu a pistola, pego ela e jogo em cima do telhado de uma das casas que havia ali. Quando penso em correr pra sair dali sinto um empurrão, me fazendo tropeçar numa pedaço de tijolo que tinha no meio e cair no chão, batendo minha cabeça na parede. Coloco meus braços em frente ao rosto em forma de proteção e fecho os olhos, esperando pelo próximo ataque dele.
Porém, ele não vem.
Barulhos de algo se chocando me faz retirar os braços da frente do rosto e olhar.
Devo ter batido a cabeça muito forte e agora tô aluciando.
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