Capítulo 23. Passeio pelo Jardim.
O tempo se desdobrava de forma diferente para cada pessoa que estava no hospital. Para os médicos segundos podem salvar uma vida, para pessoas que estava com dor e ferida segundos são eternidades.
E para quem está na fase de recuperação?
Bom esse é o caso de Oliver, ele estava se recuperando a maior parte do tempo se sentia entediado talvez fosse o fato dele ser uma pessoa muito ativa e ficar parado era ruim, ele ainda não estava como antes e isso poderia ser mais frustrante que o resto.
Seu passa tempo era observar Arco Íris, algumas pessoas podem pensar que o espectro que reflete pela água, mas era sua cuidadora e enfermeira 24h horas por dia, ele notou que sua doçura pode ser relativa já que Íris era uma verdadeira ditadora alguns momentos, mas era bom ter ela do seu lado, o medo de ir embora e ela poder voltar a sua vida e deixar ele para trás é triste.
Havia se passado dez dias que Oliver não estava em tratamento tão intenso, já podia se alimentar sozinho e o medico iria liberar em breve, pelo menos foi a promessa do médico e ele pergunta todos os dias parecendo uma criança insiste.
A nova rotina de Oliver agora era andar de braços dados com Íris para passear no jardim, o médico havia autorizado ele tomar um pouco de ar fresco e ver o movimento
— Já está cansado? — Iris perguntou preocupada com seus braços entrelaçados no de Oliver, suas mãos repousavam uma como a outra
— Você me trata como se eu fosse um inválido. — Oliver bufou, além de tirana as vezes Íris as vezes ela exagerava na super proteção.
— Não está no hospital por estar vendendo saúde, seu teimoso.
— Estou bem Arco Iris. — Oliver colocou sua mão sobre a de Iris, eles caminhavam de braços dados — Fico pensando, parecemos um casal de velhinhos, caminhando nos jardins de um hospital.
— Estou bem para uma velha.
— E eu? — Oliver sorriu, seus hematomas tinham quase todos sumidos, estavam bem claros
— Se tirar os socos na cara você tomou está ótimo. — O tom de brincadeira da voz de Íris fez Oliver sorrir.
Eles caminharam por alguns instantes e se sentaram no banco de madeira costumeiro, Oliver ainda segurava a mão de Íris, ela tinha um olhar longe o que deixava preocupado, sempre estava preocupado com o fato de poder perder ela.
— Iris, podemos conversar seriamente?
— Não conversamos seriamente?
— Nunca — A voz de Oliver parecia uma flecha certeira em Íris, ela apenas suspirou. — É sobre o que aconteceu.
— Você ainda está se recuperando.
— Todos contaram suas versões da história, você ouviu várias coisas, creio eu que devo contar a minha versão da história. É dura e triste.
Oliver já tinha pensando que precisava contar a verdade os olhos de Íris chocados no cativeiro quando ele disse que havia matado alguém o deixou de coração partido. Ele sabia que tinha feito coisas erradas mais não desejava que sua amada o visse como monstro.
— Não precisa falar nada.
— Vai ser bom para mim, você se incomoda em me ouvir?
— Não. Pode falar.
Foi um longo momento de silêncio antes que Oliver começasse a falar aquilo que desejava e explicar as coisas, não que tivesse algum tipo de explicação tirar a vida de alguém mais ele tentaria.
— Bom, existem muitos buracos na história que eu desejo tapar. Quando eu era jovem e comecei a trabalhar na divisão do tráfico, eu jamais imaginei como isso iria me atingir. Era jovem e destemido, eu e meu amigo Luan, a gente dava realmente a cara para bater, sem medo das consequências, sem medo de ameaças, a gente queria invadir os lugares, prender os bandidos e ser heróis. Hoje em dia eu vejo que não existe nenhum herói. Ninguém é 100% bom ou 100% ruim. Quando começamos a lidar com a família dos Servin, Luan e eu estávamos em alta, não havia um crime que a gente não pudesse solucionar. Recebemos avisos e ameaças, próprias pessoas de dentro da corporação diziam para gente tomar cuidado, mais estávamos no topo, éramos os mocinhos e nada ia nos parar.
Oliver ficou alguns segundos em silêncio antes de voltar a falar
— Quando os Servin me pegaram eu senti o quanto podia me machucar, pela primeira vez me senti estranhamente vulnerável. Era estranho mesmo aquela emoção, imaginei como o Superman se sentiria com a kryptonita. As horas que fiquei em cárcere por eles foram longas e me fizeram pensar. Você sabe como foi a morte de Luan — Iris apenas concordou com a cabeça — Jogaram ele no chão, parecia um boneco e depois atiraram na cabeça dele. Eu não sei descrever o que senti naquele momento, como senti que poderíamos evitar aquilo se fossassem mais cautelosos. Patrícia ficou muito abalada e eu também foi quando comecei a caçada pelos Servins, ela era meu apoio técnico, estudava acido para dissolver os resquícios de nossos crimes, eu encurralei e matei todos eles, um por um, menos o Yuri. Não consegui estabelecer minha paz de espírito depois disso. Nem eu e nem a Patrícia, ambos seguimos a sobra de algo tão bárbaro.
Oliver olhou ao distante como se estivesse se lembrando do que aconteceu — Eu me sinto culpado, não cabia a minha faz isso, o destino iria se encarregar de todos eles, mas aprendi a conviver com a minha culpa, cuido dela para não cometer os mesmos erros. Por isso eu fugi com você, por isso te levei para longe, por isso toda a segurança.
Iris estava muito concentrada na imagem dela atirando em alguém, era comum se sentir culpado pelo que se fez? Oliver parecia fazer ser comum e toda ação tem uma reação psicológica apesar de não parecer.
— Sabe o Luan deixou uma carta para mim e para Patrícia, quando lemos tudo fez sentido.
— O que dizia a carta?
— Muita coisa, um dia eu prometo te contar.
— Agora não?
— Agora não — Oliver recostou no banco — queria ir para casa.
— Os médicos em breve vão te liberar.
— Você vai comigo? — Oliver encarou Iris.
A pergunta não a pegou tão de surpresa, ela sabia que uma hora eles teriam que conversar sobre o que realmente estava acontecendo entre eles.
Todos pensavam que eles eram casados, ela era chamada de senhora Rangel, nem se quer Gabi havia comentado essa situação, Íris estava na mais no hospital e desde que voltou a cidade simplesmente não foi ver sua casa, sua vida começava e terminada na situação toda de Oliver.
Eles eram um casal? Essa era a pergunta que rondava na cabeça de Íris.
Já para Oliver não havia dúvidas de que eles estavam juntos, ele não tinha dúvida de nada, ao olhar para mão de Iris ela usava a aliança que eles foram obrigados a usar devido à situação ele também usava a sua. Havia uns dias que havia notado na mão de Iris aquele anel, isso fez ele ter certeza que ambos estavam em sintonia e na mesma pagina, pelo menos é isso que Oliver pensou todo tempo.
— Claro que vou — Iris respondeu — Ficarei com você até estar melhor.
O sorriso que Oliver trazia em seu rosto não lhe pertencia mais, como um balde de água fria capaz de congelar ele completamente;
— Você salvou minha vida, Oliver — Ela completou.
— Você nos salvou, não me deve nadar.
Oliver olhou adiante novamente, e dúvidas surgiram em sua cabeça, dentre elas por qual motivo Íris ainda usava a aliança que ele havia lhe dado já que iria embora em breve, pelo menos foi isso que a garota havia dado a entender naquele momento.
Ambos ficaram em silêncio observando o céu por um bom tempo, até Oliver sentir o cansaço abater seu corpo em recuperação e ele voltar para dentro do hospital até seu quarto com a ajuda de Iris.
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