Capítulo 15
Acordou suando frio, seus olhos brilhando em puro medo, ele olhava para os arredores, se encolhendo enquanto procurava seu padrinho. Assim que se deu conta, ele se escondeu nos lençóis, logo ouvindo passos em sua direção.
- Aconteceu algo? – Questionou a voz, que ele reconheceu como a de Tom.
- Não foi nada, só um pesadelo. – Explicou sem sair debaixo das cobertas.
- São frequentes? – Havia uma preocupação muito bem escondida ali, o que não passou despercebido por ele.
Ficou em silêncio por alguns segundos e descobriu seu rosto. – Sempre quando esqueço de tomar a poção. – Disse.
Tom olhou para ele um pouco surpreso. -Entendo. – Falou, logo suspirando. – Por que você toma tantas poções todos os dias? Não minta. – Seu olhar era frio e pensativo.
Os olhos heterocromados se arregalaram, logo voltando ao normal. – Como?
- Me responda.
- Eu meio que... – Suspirou. – É para meu corpo se recuperar. – Olhou para o chão, se sentando na cama.
- Se recuperar do que? – Perguntou ele com seriedade, o que havia acontecido para ele tomar tantas poções por mais de um mês? Sequelas de uma doença perigosa?
Ficou em silêncio por quase um minuto, ponderando se deveria ou não dizer a verdade, logo concluindo que não havia problema no outro saber. – Maus tratos. – Sua voz não saiu mais que um sussurro.
- Quem? – Os olhos azul escuros agora brilhavam em preocupação e raiva, quem se atrevera pagaria caro, ele garantiria que o responsável implorasse pela morte.
Harry olhou para Tom e deu um sorriso fraco. – Minha suposta família, mas tudo bem Tommy, são só sequelas, daqui a alguns meses... – Hesitou. – Ou anos, eu vou estar completamente recuperado, já estou bem melhor. – Ele se surpreendeu ao ser envolvido pelos braços do maior, logo ele retribuiu o abraço, enterrando seu rosto no peito do outro.
- Eu não fazia ideia. – Apertou mais o menor, como ele não havia percebido?
- Tudo bem Tommy, nunca mais vai acontecer.
- O que vai fazer? – Questionou, separando-os.
- Bom, não tenho mais pais, e todos me tratam bem no orfanato. – Disse. – Quando eu for maior e idade, vou começar a morar em alguma das minhas propriedades.
- Que bom. – Ele deu um suspiro de alívio.
- E você? O que pretende fazer quando sair do orfanato?
- Provavelmente irei morar em alguma propriedade dos Slytherin e ser empregado no ministério. – Respondeu.
Harry se levantou e foi para o banheiro, quando se olhou no grande espelho se lembrou que ainda parecia uma criança de 5 anos, seus olhos estavam inchados pelas lágrimas, logo voltou vestindo um suéter azul escuro e uma calça preta. – Vamos tomar café da manhã. – Disse saindo do quarto.
Havia apenas uma mesa no salão, onde os professores e alunos se misturavam, assim que Harry se sentou, Tom ao seu lado, ele percebeu alguns olhares curiosos em direção a si.
- Sr. Peverell? O que aconteceu com seu corpo? – Questionou a professora de DCAT.
- Estava tentando praticar poções, o caldeirão explodiu e fiquei assim, Tom disse que vai passar em alguns dias. – Explicou, se servindo logo depois.
Depois disso, a mesa ficou em silêncio, Harry saiu e foi para a biblioteca e ficou lá por algumas horas, até que ficou com fome e foi em direção as cozinhas, ele percebeu passos atrás dele e se virou, vendo a alguns metros um lufano que reconheceu como Alex, ele foi até ele, esperando que ele o reconhecesse.
Harry ficou de frente para o menino.
- Harry? – O moreno claro o observou surpreso, o outro apenas mexeu a cabeça em concordância. – O que aconteceu? – Questionou curioso se abaixando para ficar na altura do outro.
- Eu estava tentando melhorar em poções... – Sorriu colocando a mão na nuca. - Então o caldeirão explodiu e fiquei assim, acho que é minha versão de cinco anos. – Deu uma risadinha. – Tom disse que vai passar em alguns dias.
Alex olhou para ele de cima a baixo e passou a mão pela bochecha do menor. – E eu pensando que não tinha como você ficar mais fofo. – Ele riu dando um sorriso carinhoso, Harry sorriu.
- Por que voltou mais cedo? – Perguntou o bicolor, com Fred em seu ombro enquanto acompanhava o outro até a sala comunal da lufa-lufa.
- A viagem acabou sendo mais curta, ouve um problema relacionado às férias do meu pai por uma troca de documentos. – Explicou abrindo a entrada da comunal.
O lufano estava entrando na sala comum quando percebeu que o outro não o seguia. – Você não vem?
- Não sei se posso, nunca vi ninguém de outra casa na comunal da sonserina. – Falou.
- Aqui sempre tem um ou outro de outras casas, pode entrar, além do mais, provavelmente não tem mais de 3 lufanos em Hogwarts, e duvido que algum deles julgaria você por usar verde e prata. – Pegou a mão do menor e os dois entraram no recinto.
Harry olhava para os arredores e Fred ronronava em seu ombro, se sentou em uma das poltronas, logo sentindo um impacto em sua cabeça, sua consciência começou a se esvair, logo caiu nos braços de Morfeu.
Quando acordou, ele se viu em uma mesa de pedra cheia de runas, nu e preso por correntes, ao seu lado estava Alex com um sorriso cheio de malícia.
- Alex? – Sua voz estava nublada. – O que está acontecendo? Onde estamos?
- Estamos nas catacumbas de Hogwarts, vou fazer um ritual. – Explicou calmamente.
- Que ritual? – Questionou Harry.
- Irei trocar sua vida pela da minha querida irmãzinha. – Ele pegava uma adaga.
- É impossível. – Disse com firmeza.
- E quem é você para dizer isso? – O maior cortava o braço do outro em uma linha reta.
Suspirou, contendo um gemido de dor. – Puxe a manga do meu braço direito.
O lufano o fez cautelosamente, logo vendo o símbolo das relíquias no pulso do outro, ele arregalou os olhos, se voltando para Harry.
- Impossível. – Ele disse horrorizado, o menor usou sua magia e quebrou as correntes.
- Nada é impossível Alex. – Falou o menor indo em direção ao castanho claro, logo seus olhos se encheram de falsas lágrimas. – Tudo até agora era mentira? Pra você eu era só isso? Um sacrifício? – Lágrimas escorriam pelas suas bochechas.
- Sim, me aproximei de você com esse objetivo. – Disse como se fosse óbvio.
O lugar se esfriou e uma figura surgiu entre as sombras, indo para perto de Harry.
- Morte? O que faz aqui?
- Mestre, eu preciso que o mate, se isso não acontecer, ele assassinará James, e você deixará de existir. – Sussurrou o ser.
- O que é isso? – Perguntou o lufano, seus olhos banhados de puro terror.
Harry se aproximou e beijou o maior. – Desculpe Alex. – Sussurrou, logo quebrando o pescoço do outro com sua magia.
Quando terminou o trabalho sujo, a Morte o guiou até uma escada de pedras, que daria em um armário de vassouras.
Saiu e foi para os corredores, nem percebeu quando entrou no dormitório, ele não conseguia parar de pensar no que havia acontecido, ele matou alguém a sangue frio, e não sentiu nada, foi tão simples e fácil, parecia normal, como se já tivesse o feito várias e várias vezes, seus pensamentos não deixavam aquele lugar. Tomou um banho e fez suas higienes, sentou-se em sua cama e ficou pensando.
- Aconteceu alguma coisa? Você já está assim a meia hora. – Tom o tirou do transe, indo em sua direção.
- Eu... Promete que não vai me julgar? – Ele se virou para o outro, o encarando seriamente, não era como se ele pudesse o julgar, certo? Segundo informações que ele conseguiu em sua primeira vida, Tom já torturava pessoas desde os treze anos.
- Sim, o que aconteceu? – Ele se sentou em uma cadeira a frente de Harry.
- É com Alex... – Suspirou. – Fui com ele até a comunal da lufa-lufa, quando me sentei em uma poltrona, fiquei meio tonto e logo desmaiei, quando acordei, eu estava preso por correntes em uma mesa com runas, Alex me disse que faria um ritual para trazer a irmã de volta, trocaria uma vida por outra, também falou que desde o começo ele planejava isso. – Falou cabisbaixo.
- E depois? – Questionou preocupado.
- Consegui me livrar das correntes com magia, depois eu... – Pausa. – Depois eu matei ele. – Sussurrou, lágrimas escorriam por suas bochechas.
Tom ficou surpreso, embora não deixasse transparecer.
- Eu sou um monstro. – Concluiu Harry.
- Você não é um monstro. – Disse o outro com convicção.
- Assassinei alguém e não senti nada, não me sinto mal por ter matado ele Tom, eu me sinto mal por não sentir nada. – Falou.
O maior o envolveu em seus braços, cheirando seu cabelo e fazendo movimentos circulares nas costas do outro, eles ficaram assim por muito tempo, e Harry adormeceu ali mesmo, Tom deitou o bicolor na cama, ia se afastar mas ouviu um resmungo manhoso vindo do outro, então se deitou e ficou observando o rosto angelical do menor, seus antigos namorados haviam vindo tão facilmente, mas Harry era diferente, ele sentia uma verdadeira conexão, ele precisava dele.
Notas da autora
Espero que estejam gostando da história, desculpa pelos erros, por favor comentem críticas construtivas.
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