Capítulo 2
Estava lendo um dos meus livros favoritos embaixo de uma árvore que dava visão pro campo de arco e flecha, faltava dois dias para irmos embora do castelo e ainda não havia criado coragem pra fazer aquela aula tão boba. Fernando pediu mais um texto depois do primeiro, com o dobro do tamanho. A maioria da turma quis aproveitar o passeio e deixou para escrever de última hora, já eu preferi terminar primeiro. Bruna e Rey tinha ido fazer aula de equitação, só que dessa aí eu manteria ainda mais distância.
Vejo uma menininha correndo e rindo como se tivesse brincando de pega-pega. Sorri. E logo atrás vi quem ela chamava de pai, sem querer acabei sorrindo ainda mais. Ele a pegou no colo e girou no ar abraçando seu corpo. Observo os dois atentamente e meu olhar se cruza com os seus. Ele também sorri como se estivesse respondendo o meu, que até o momento ainda estava lá. Desvio os olhos um pouco envergonhada e fico ainda mais quando o vejo vindo em minha direção.
- Senhorita Torres, como vai?
- Bem professor, e o senhor? -Respondi amigavelmente.
- Senhor não, por favor. Pode me chamar de Fernando. Não estamos numa escola. - Pede.
- Quem é ela papai? - Pergunta a menina loira em seu colo.
- Essa é uma das alunas do papai. - Diz a colocando no chão.
- Meu nome é Luana e o seu? - Me apresento.
- Sofia, tenho quatro anos.
-Que linda Sofia, você já é uma mocinha não é? - Rio e olho para Fernando que nos observa atentamente.
- É sim, e está tentando fugir de todo mundo correndo pelo castelo. Vamos logo que sua mãe já deve estar te procurando. - Ela ri. - Até logo senhorita Torres. Nos vemos daqui a pouco na aula.
Aceno para os dois enquanto se afastam. Era interessante como ele e sua família viviam bem em suas constantes viagens, mas considerando que ele trabalha em tempo integral viajando ao redor do mundo, não vemos muitas escolhas pra eles. Gabriela, sua esposa era uma médica muito renomada, trabalhava em um dos melhores hospitais do Brasil, mas quando teve Sofia começou a viajar com Fernando e faz trabalhos filantrópicos em cada país que iam.
◇◇◇
- Essa é nossa última aula nesse lindo cenário, porém apenas o início dessa jornada. Vamos conhecer lugares encantadores e inspiradores. Serão, a cada etapa, mais desafiados em suas escritas. Vão crescer como indivíduos e escritores. E para comemorar esse pequeno início que estamos concluindo convido todos vocês para um jantar muito especial. Será hoje a noite no restaurante da ala sul ás sete. - Todos aplaudem comemorando.
Alguns alunos se levantam para falar com Fernando e outros já vão embora. Fico sentada ao lado de Bruna, e Rey que estava do outro lado, vem sentar com a gente.
- Eu nem acredito que já vamos embora. Por mim ficaria pra sempre nesse paraíso. - Diz Bruna.
- Só que esse paraíso deve custar o olho da cara. - Foi a vez do Rey se manifestar.
- E esse curso não?
Enquanto eles ficaram conversando, me deitei na grama olhando pro nada. Viro a cabeça em direção a alguns alunos e no meio deles lá estava Fernando. Ele me olhou de volta e me deu um sorriso rápido. Sorrio de volta mas logo desvio o olhar.
Começo a pensar em como, desde que cheguei aqui fico com essa ideia boba de que ele estava flertando comigo. Eu sei, eu sei. Loucura! Acho que é normal uma parte minha desejar isso já que sempre fui apaixonada por sua imagem de escritor, poéta e mentor, mas começo a me dar conta de que não o conheço de verdade, apenas seu lado artístico, mas não como uma pessoa real, um pai, um marido.
Ai céus! E ainda isso, o homem é casado e eu, com vinte e cinco anos na cara não consigo entender que nunca seria uma opção viável pra ele. Já está mais do que na hora de parar de pensar nele como um homem e vê-lo apenas como mentor. Focar no meu futuro e começar a traçar minha vida como uma pessoa normal.
Esses pensamentos me deram uma certa coragem e resolvi que iria começar minha drástica mudança bem agora. Levantei pegando minha bolsa e já me despedindo dos meus amigos. Corro pelo campo em direção ao meu lugar favorito dali. Paro por um segundo vendo aquelas pessoas lançando flechas e caminho até elas.
Falo com o instrutor e pego os equipamentos que ele me deu coloco e fico esperando uma das duas pessoas na minha frete terminarem. No último momento quase penso em desistir, mas a voz dele me fez parar.
- Vejo que finalmente tomou coragem. - Confirmo vendo que o rapaz que atirava já deixou sua vaga livre.
- É, parece que sim. Quer ir na frente? - Sugiro ainda sem muita certeza da minha decisão.
- De jeito nenhum, pelo contrário, vou até te acompanhar pra ter certeza de que vai até o fim. - Diz colocando a mão nas minhas costas me incentivando a avançar até a posição, dispensa o instrutor e ele mesmo resolve me orientar.
- Eu não faço ideia do que estou fazendo. - Confesso nervosa.
- Só faça o que eu disser. Agora fique na posição. - Ele ri. - Abaixe o cotuvelo.
- Desculpe. - Sussurro envergonhada.
- Leve a mão que está segurando a flecha até sua boca. - Faço isso e o olho sentindo borboletas no estômago. - Agora mire, respire fundo e solte.
Seu olhar também se prendeu ao meu e toda aquela intensidade fez eu me desligar de tudo e nem percebi quando soltei a flecha. Quando dei por mim e finalmente olhei, mal pude acreditar que tinha acertado o alvo. Não foi no centro, mas passou bem perto.
- Como se sente? - Perguntou.
- Incrível! - O espaço entre nós parecia cada vez menor. Mas a ideia não era esquecer ele?
EXATAMENTE!
- Obrigada pela ajuda. - Me afastei, me recompondo.
- Não tem dê que. Agora preciso que ir.
Nos despedimos, tirei o equipamento devolvendo para o instrutor e segui para meu quarto. Estava vazio, então resolvi deitar um pouco para descansar.
◇◇◇
Acordei com o falatório entre Bruna e Rey. - Acorda princesa, já está quase na hora do jantar. - Bruna me chama e levanto vendo que os dois já estavam prontos.
- Nós vamos tomar uns drinks no bar, caso queira encontrar com a gente é melhor se apressar. - Rey fala e logo depois os dois saem pela porta.
Relutante levanto da cama e separo uma roupa para vestir. Tomo banho, me visto e faço uma maquiagem bem básica.
Sabia que não conseguiria encontrar eles ainda no bar então vou direto para o restaurante. Chegando lá pergunto ao garçom pela mesa da turma e ele me guia até o local indicado, já tinham alguns poucos alunos sentados e em uma das pontas da mesa estava Fernando, com sua esposa e filhos.
Ando até um lugar vago perto do meus amigos, quando ouço a voz de Sofia me chamando para sentar perto dela. Por mais que quisesse negar não poderia fazer isso com aquela garotinha tão fofa, Rey e Bruna me olham sem entender e apenas dou de ombros. Respiro fundo e sento ao seu lado, cumprimento Fernando e Gabriela e começo uma animada conversa com Sofia.
- Luana certo? - Pergunta Gabriela e confirmo. - O que está achando do curso do meu marido?
Engulo a seco, não imaginaria que ela ia querer puxar assunto justo comigo. Respondo suas perguntas com cuidado e sendo o mais simpática que poderia ser.
Quando chegaram para anotar os pedidos não pensei duas vezes em pedir uma taça de vinho para acompanhar o jantar, que logo se seguiu da segunda e da terceira taça.
◇◇◇
Ao fim do jantar Gabriela se retirou da mesa junto de Sofia e alguns alunos. Fernando fez um pequeno discurso e logo saiu também. Eu fiquei tão desconfortável com a situação que fugi para o bar e bebi um pouco mais, agora no lugar do vinho, resolvi esperimentar um dos drinks da casa. Rey, Bruna e mais uma menina da turma se juntaram a mim mas por pouco tempo.
Depois de alguns minutos vejo Fernando entrando no bar sozinho e veio se sentar justo ao meu lado. Coisa boa não ia rolar!
- Whisky e gelo por favor. - Pede ao garçom e se vira pra mim. -O que achou do jantar?
- Muito agradável. - Tento não transparecer já estar bêbada.
Conversamos um pouco, sobre diversas coisas, rimos e me deixei levar pela bebedeira. Ele também já não estava no seu normal. Ele falou de coisas mais particulares de sua vida, assim como eu. Nos divertimos vendo como tinhamos coisas em comum e outras nem tanto.
- Você é muito linda sabia? - Engasguei no meio do riso.
- Obrigada. - Fico o encarando esperando sua reação sem saber ao certo em que situação estamos. Ouço uma música familiar e rosolvo fugir do assunto. - Adoro essa música.
- É muito boa mesmo. - Sorri sugestivamente. - Estou impressionado.
- É? Por que? - Ele chega mais perto de mim.
- Você é inteligente, viajada, tem bom gosto pra música. Quero te conhecer melhor. - Coloca uma mecha do meu cabelo pra trás da orelha.
- Quero te conhecer melhor também. - Dito isso perco o fôlego sentindo ele tão perto de mim. Meu corpo anestesiado pela tensão entre nós e só volto a sentir algo quando seus lábios se juntarem aos meus.
Nos beijamos suavemente e sem pressa. Foi breve, porém mágico. Ele se levanta, pega sua carteira e paga nossas bebidas estende sua mão para que eu a pegue e me puxa pelo castelo em direção aos quarto. Ele abre uma das portas que imagino ser o seu, fico nervosa pensando que sua mulher poderia estar ali, mas ele saberia o que estava fazendo. Apenas me deixei leva.
Sem ao menos me deixar entrar direito no quarto, ele já trancou a porta atrás de mim e me prensou contra a mesma segurando em minha cintura e voltando a me beijar ardentemente. Sinto ele abri o zíper do meu vestido pelas costas e descer seus beijos até meu pescoço. Se afasta um pouco para que consiga tirar meu vestiso por completo e depois volta a atacar minha boca.
Com o mínimo espaço entre nós, deslizo minhas mãos até os botões de sua camisa, desabotoando-os lentamente antes de removê-la, seguida de sua calça. Agora, apenas com roupas íntimas, ele me segura firme, fazendo com que minhas pernas se enrolem ao redor de sua cintura enquanto seus lábios continuam nos meus. Caminhamos assim até a cama, onde ele me deita com suavidade, posicionando-se sobre mim.
Nossos toques se tornam mais intensos, e logo me vejo por cima dele, explorando seu corpo com beijos que traçam um caminho até sua cintura. No momento seguinte, ele retoma o controle, invertendo nossas posições. Seu toque percorre minha pele, arrepiando cada centímetro, enquanto seus lábios exploram minhas costas. Me deixo levar pelo ritmo que ele dita, perdida no calor do momento.
O desejo entre nós se intensifica, e nossos corpos se encaixam em perfeita sintonia. Entre movimentos envolventes e sussurros entrecortados, nos entregamos completamente até atingirmos juntos o ápice. Por fim, ele me envolve em seus braços, e, exaustos, adormecemos, embalados pelo calor um do outro.
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