III - Nas Estrelas
A chuva formava uma leve cortina, gotículas de água a voejar na atmosfera como se lhes fosse quase impossível vencer a força da gravidade. O androide e a figura velada de castanho, capa longa da cabeça até às botas negras, caminhavam pelo carreiro em busca de abrigo na cabana que partilhavam naquele planeta rochoso e escuro. O sol era uma estrela distante que iluminava debilmente as paisagens e os sítios, um ponto amarelo de luz pregado num céu índigo acima do horizonte recortado em montanhas.
- Sim, esta chuva é imprevista – disse ele segurando no tecido do capuz para manter-se tapado e protegido da chuva.
O androide apitou uma resposta.
- E muito desagradável, concordo.
A cabana surgiu após vencer o terreno inclinado e escorregadio, uma construção pobre sustentada por um penhasco áspero, parede imensa de rocha que se perdia numa altura difícil de lobrigar, no topo do qual se acumulavam nuvens escuras. Ele parou e o androide fez o mesmo. Havia luz numa das janelas.
- Está alguém lá dentro. – Olhou em volta. – Não vejo nenhum meio de transporte... Como terá chegado até aqui?
No planalto rochoso que se anexava à plataforma onde se erguia a cabana estava uma única nave, um X-Wing. A sua silhueta característica, salpicada pela chuva mansa, recortava-se na luz esparsa. Não existia uma segunda nave, mas a luz na janela indicava que não estavam sozinhos.
Ele analisou as sensações daquela presença estranha e misteriosa. Um convidado inesperado... Nada pressentia de mal, mas também nada pressentia de bom. Uma ausência. E só tinha experimentado aquela nulidade de vibrações na Força numa única pessoa.
O cavaleiro Jedi avançou decidido, o sabre de luz a balançar no cinto. Não se acanhava perante nenhum desafio e certamente que a luz na janela não o tinha deixado perplexo. Talvez curioso, saber se era possível ter aquele reencontro... Provavelmente estaria muito enganado e não era quem ele julgava que seria. Chamou pelo androide, num tom paciente:
- Vamos, Artoo.
Empurrou a porta que nunca trancava. Não havia nada a explorar no interior frugal daquele lar. Estacou, varado por um sentimento de ansiedade quando viu quem estava ali dentro, notoriamente à sua espera. Alguém velado, como ele, por uma capa castanha semelhante, que se cobria integralmente, da cabeça até às botas negras.
Não era um estranho, pelo contrário. Reconheceria aquela figura em qualquer sítio. Pela aparência, pela postura, pela assinatura invulgar que emanava na energia cósmica, pelo simples calor daquela vida.
O androide tocou-lhe nas pernas, silvando um protesto, pois continuava à chuva se ele não se decidisse a cruzar o limiar da porta escancarada.
- Oh... Sim, claro... Entra.
Deixou o androide rolar para o interior, ele também entrou. Puxou o seu capuz para trás, analisando a imagem que se lhe apresentava. Esta era nítida, consistente, verdadeira como a chuva que o tinha surpreendido durante o passeio meditativo. A surpresa era tão improvável que o seu sistema interno de alerta ativara-se. Aguardou que a visita tomasse a iniciativa, enquanto processava internamente as possibilidades que teriam provocado aquele acontecimento, todas as improváveis e também as estranhamente prováveis.
- Estava à tua espera... mestre.
- Cleo?
O nome apertou-lhe a garganta. Não se imaginava a pronunciá-lo depois do que tinha acontecido em Bespin. Mas a aura que ele percebia naquela mulher coberta pela capa Jedi pertencia à sua primeira aprendiza. Sem qualquer dúvida. A mesma aura fechada, secreta, elusiva. E ele repetiu, incrédulo:
- Cleo?
Ela sorriu e também baixou o capuz.
A visão do rosto dela fê-lo dar um passo atrás. Os olhos comprovavam o que sentia através da Força. Ela estava ali! Ela tinha regressado! Viva e como se recordava dela, com aquele indício de travessura na expressão desafiadora, mais bela do que nunca. Não era um dos fantasmas da Força, não era uma visão, não era um delírio, não era um holograma. Era tão real quanto ele ou Artoo.
- Luke Skywalker. Tão agradável voltar a ver-te.
- Digo o mesmo – gaguejou ele.
Seguiu-se uma pausa densa. A chuva continuava a cair mas a sua leveza impedia que se escutassem as gotas sobre o telhado da cabana. Um nevoeiro líquido envolvia aquele mundo, a cabana constituía uma ilha de conforto e os dois, acompanhados do androide, Luke e Cleo, protegiam-se nesse refúgio abençoado. Ele fechou a porta para que não entrasse o frio daquela tempestade amena.
Endireitou as costas. Pigarreou.
- Bem-vinda à minha casa.
- Outro lugar emprestado – disse ela analisando o lugar, girando a cabeça e observando os pormenores daquela sala despojada.
- Sabes que gosto de viajar pela galáxia... Tu... tu também fizeste uma viagem – arriscou ele, observando-lhe os gestos.
- Uma grande viagem! – concordou ela, misteriosa.
- Deves estar com fome. Posso preparar uma refeição. Continuo a servir-me das rações de combate, mas sei que não te importas desse tipo de comida.
- Chá de fygre serve, mestre.
O astromec também tinha as suas desconfianças e reagiu com um apito discreto quando ela se voltou para ele.
- Artoo, meu pequenino. Como estás?... Sim, sou eu.
Ela inclinou-se, estendeu uma mão e passou-a pela cúpula do androide. O carinho pareceu convencê-lo, que se aproximou um pouco mais, com apitos curtos e temerosos. Continuava pragmático e imune a impressões, naquele caso aceitava a situação esquisita, pronto para atuar se houvesse perigo.
Junto à parede existia uma mesa minúscula. Um tampo quadrado sobre uma armação em forma de cruz que só permitia um lugar, mas existiam dois bancos robustos a acompanhar a mobília. Ela sentou-se num deles. A mesma mão que usara para acariciar Artoo colocou uma madeixa atrás da orelha, que se desprendera do penteado. O cabelo rebelde, como sempre, como ela.
Luke puxou o segundo banco, tirou o sabre de luz do cinto, pousou-o na mesa, sentou-se em frente a ela. Perguntou:
- O que fazes neste sistema? Como soubeste que estava aqui?
Estava cheio de perguntas. Ela torturava-o com aquele sorriso enigmático e resolveu-se a não responder a nenhuma indagação diretamente. Sabia o que fazia ali, sabia o que iria dizer e o seu espírito não se abria à análise que ele tentava fazer com a Força. Estava a deixá-lo apreensivo. Tentou não demonstrá-lo, mas ao entrelaçar os dedos das mãos, notava-se a sua tensão. Ela fingiu não se ter dado conta da pressão que estava a exercer sobre o Jedi experimentado. Disse-lhe:
- Vim buscar uma coisa que é minha e que sei que tens guardada.
- O teu sabre de luz.
- Sim, mestre.
- Claro. Irei devolver-to. É o teu sabre de luz...
Luke humedeceu os lábios. Prosseguiu nas suas tentativas para deslindar o mistério. Paulatinamente, vogando por aquele espaço que ela ocupava com firmeza, rodeava-a meigo para não a afugentar, como a chuva do exterior que tombava na terra sem ruído.
- Como regressaste? Foi o mestre Eilin?
Ela sorria-lhe. Não lhe respondeu outra vez. Em vez disso afirmou:
- Estou tão feliz por estar novamente contigo, Luke. Este dia não devia acontecer mas está a acontecer. Que importa como a Força funciona? As suas dádivas são inquestionáveis.
- Deveras.
Num impulso, ele debruçou-se sobre a mesa, acercou-se dela e as suas bocas tocaram-se.
Um primeiro beijo.
Quando a olhou, ela estava espantada. O gesto teria sido repentino, ousado, estranho, nenhuma dessas coisas ou todas elas juntas? Ele tentou justificar-se.
- Há tanto tempo que eu queria...
- Amo-te, Luke.
O coração dele saltou um batimento.
- Pensei em dizer-te isto quando nos voltássemos a ver. Amo-te.
- Eu... Cleo. – Era demasiado difícil. No entanto, tinha consciência de que já tinha perdido demasiado tempo com as suas indecisões, a obedecer ao que era certo e não ao que ele sentia. Fechou e abriu os olhos. Inspirou e expirou, susteve a respiração. – Eu também te amo. Disse-te que te amava... depois de te teres ido embora, em Bespin. Queria que me tivesses escutado – confessou emocionado.
- E escutei!
Luke passou-lhe os braços pelas costas, puxou-a para si e beijou-a.
Caiu num vazio tépido onde abraçava a alma dela. Não a deixaria ir-se embora pela segunda vez. Queria-a ali, ao seu lado, companheira do seu destino, a viajar com ele entre as estrelas. Dois cavaleiros Jedi a experimentar o poder do amor cintilante.
Desejava-a dolorosamente. Todo ele clamava por senti-la. Por tê-la. Por possuí-la.
Os lábios tocavam-se, moles e quentes. Ele entreabriu os seus, envolveu o lábio superior dela e fez assomar a ponta da língua que passou, ligeiramente, pelo lábio de baixo. Cleo soprou um gemido abafado, ele sorveu o bafo doce e quente. Abriu mais a boca, aprofundou o beijo. Ousou gemer também quando enrolou a língua na dela, misturando as salivas e os gostos.
Queria tanto tocá-la que começava a ser doloroso. O prazer que antecipava fazia o seu coração bater com tamanha força que ele escutava-o, retumbante, dentro da cabeça, abafando os outros sons que existiriam para além daquele toque, daquele entrelaçamento, daquele beijo. O silêncio era um véu que os unia, mas de resto aquele mundo nunca fora muito ruidoso e a chuva, caindo, era música serena, quase inaudível.
Luke levantou-se, obrigando-a também a pôr-se de pé. Pressionou-a contra a parede enquanto a beijava, enquanto a saboreava. Os bancos tombaram, o androide apitou. E Luke lembrou-se de que o seu companheiro metálico estava ali. Olhou por cima do ombro.
- Artoo... Desliga-te!
- Porquê? – perguntou ela admirada, respirando profundamente o ar que ele lhe tinha estado a furtar.
Luke envolveu-lhe o rosto com as mãos, penteando-lhe para trás os fios de cabelo despenteado. A boca dela estava vermelha, húmida, entreaberta, a tentar conciliar o fôlego. Sentia-se incrivelmente atraído para aquela boca, não se queria apartar daquela boca, daquela mulher.
Tê-la... Possuí-la...
- Não vais querer que ele esteja ligado...
- Porquê?
A inocência dela era desconcertante. Não estava a interpretar corretamente os estímulos que estaria a perceber nele, deixava-se conduzir, deixava-se encantar. Era maravilhosa naquela atitude ingénua.
- Vais perceber que é melhor assim... Cleo.
Repuxou-lhe os lábios com um beijo seco. Tão saborosos e tentadores! Ela sorriu.
- O teu astromec não pode ser testemunha de que estás a beijar uma mulher?
Luke suspirou impaciente.
- Sim... Isso...
- Aposto que o teu astromec já te viu fazer muitas coisas... menos recomendáveis.
- Cleo, tu também vais querer que ele esteja desligado.
- Vou?
Puxou-a com a mão direita. Artoo foi obediente e desligou-se com um silvo ténue. Atravessaram uma porta, um corredor. Levou-a para o quarto, um anexo estreito onde estava uma cama desarrumada. Acendeu uma luz discreta que criava sombras sedutoras. Encostou-a à parede e beijaram-se, numa envolvência que lhes permitia descobrir os primeiros pontos que os faziam reagir com maior ou menor intensidade. Ele provocou-lhe mais gemidos, gritos ténues quando passava as mãos pelo corpo dela que tremia, que se encolhia, que vibrava entre carícias. Os dedos moviam-se em explorações inéditas. Entre os cabelos, pousados nos ombros, a apertar os quadris, a calcar as nádegas.
As mãos de ambos eram incansáveis. Queriam desvendar os segredos mútuos, onde sabia melhor o toque. Ela buscava com o olhar ansioso a resposta de Luke aos seus carinhos, ensaiava beijos cada vez mais brutos, mais exigentes. Mostrava-se sôfrega, não o queria soltar.
Cleo expôs o pescoço, Luke chupou-o. Criou uma mancha vermelha que lambeu e ela respondeu com um suspiro prolongado. Fez segunda chupadela. O travo do suor dela era salgado, com um perfume agreste que o enfeitiçava. Ela cheirava tão bem!
Sentia os arrepios dela fluir através dele, arrepiando-o da mesma forma enlouquecedora. Na maioria das vezes a sensação era física, o corpo a exigir o contacto. Mas quando passava para o plano espiritual, quando se transfiguravam em dois seres luminosos entrelaçados na Força, fundindo-se em brilho, Luke sentia-se a arder numa combustão de puro desejo.
Tê-la e possuí-la.
A arrastar a língua, ele explorava a pele que ela lhe concedia. Saboreava cada pedaço fragante de derme. Queixo, faces, boca, orelhas. Cleo afastava-se, focando-se na sua boca, na sua língua, que ela atacava desenfreada.
- Não tão depressa, Cleo.
- Porquê? Quero beijar-te! E Artoo já não nos está a observar...
- Há mais.
Ela pestanejou.
- Mais?
Luke colou a sua testa à dela.
- Sim... Mais. Hoje quero tudo de ti.
- O que significa isso? – perguntou ela, levantando uma sobrancelha.
- Continuas a confiar em mim?
- Claro, mestre!
Depois ela percebeu. Susteve a respiração. Ficou mais ruborizada.
- Oh... Vais... despir-me e vais despir-te. E depois...
- Depois dançamos juntos. Queres dançar comigo, sem qualquer limitação? Ser una comigo e com a Força?
- Sim – gaguejou ela. – Sim... mestre.
Luke levou-a para junto da cama. Cleo estremecia. Os tremores eram tão evidentes que se notavam nas suas mãos inquietas. Não sabia onde colocar as mãos, se juntá-las à frente, se juntá-las atrás, se deixá-las penduradas. Os dedos fletiam-se, esticavam-se.
Ele aproximou-se lentamente. Despiu-lhe o casaco, tirou-lhe a blusa puxando-a para cima, soltou-lhe o rabo-de-cavalo e todas as madeixas rebeldes, desapertou-lhe o cinto. Tudo entre beijos curtos e afetuosos, para que ela fosse relaxando.
- Não tenhas medo.
- Medo? Eu não estou com medo...
A seguir pediu-lhe que tirasse as calças, que descalçasse as botas. Quando ela ia retirar a roupa interior, uma blusa justa de alças e as cuecas, ele disse-lhe que não o fizesse. Que queria ser ele a deixá-la nua. Ela corou, baixando a cabeça, mordendo a unha do polegar da mão trémula. Um gesto encantador!
Ele também se despiu e ficou apenas de cuecas.
Sentaram-se na cama. Ele atrás dela.
Luke levantou o cabelo de Cleo para cima para alcançar-lhe a nuca que beijou. Ela retraiu-se com um calafrio. Ele continuou osculando-a, descendo aos poucos aquele caminho delicioso, percorrendo a curva até ao ombro. Acariciava-lhe os braços à medida que progredia nos beijos. Calcava em pontos espaçados, provocando-lhe outros arrepios. Encostou-se a ela. A sua excitação já evidente tocou-a e ela teve um breve espasmo ao descobrir aquela parte dura do corpo dele. Quis escapar-lhe, ele prendeu-a. Sussurrou-lhe que deixasse guiá-la. Repetiu-lhe o pedido de confiança.
Rodeou-a, ajoelhado sobre a cama. Enfiou as mãos por debaixo da blusa interior justa e subiu até aos seios dela que envolveu com os dedos. Cleo olhou-o indignada, mas não o afastou, ou teceu qualquer comentário. Envergonhada, baixou a fronte e descobriu o volume que se desenhava sob o tecido escuro das cuecas dele.
- Oh...
Luke apalpava-lhe os seios devagar, experimentando a pele macia. Semicerrou os olhos azuis, imaginando-os firmes e de bicos espetados, mornos, leitosos, auréolas escuras, disponíveis para a exploração atrevida da sua língua. As suas virilhas latejaram.
- Vou despir-te agora esta blusa. Está bem?
Cleo acenou afirmativamente. Não conseguia desviar os olhos daquele volume, do que se escondia ali sob o tecido negro. Ele vestia-se todo de negro, até a roupa interior. Ela suspirou... Luke sentiu-se encorajado com a curiosidade dela.
Quando lhe expôs os seios pequenos e redondos, Luke também suspirou. Salivava intensamente, como se estivesse diante de uma refeição requintada. Eram perfeitos. Queria beijá-los, trincá-los mas conteve-se. Mais tarde, pensou. Mais tarde, quando fosse o momento certo... Não podia ser tudo de uma vez ou destruía a emoção da surpresa, do presente divino. O langor de tudo aquilo aumentava-lhe a líbido.
Deitou-a suavemente, com a delicadeza que dispensaria a um tesouro frágil. Ela era linda, magnífica. Aquele corpo chamava por ele num apelo hipnótico. Ficaria a contemplá-la para sempre naquela posição se fosse capaz, se aguentasse suster em si toda aquela vontade que fazia dele carente pela carne dela.
Não iria contrariar o seu instinto de homem, todavia. Tê-la. Possuí-la.
De pálpebras semicerradas, as pestanas dela tremulavam. Mordeu o lábio inferior, inspirou demoradamente. Moveu a cabeça languidamente, os cabelos espalhados sobre os lençóis enrugados.
- A cama... tem o teu cheiro – disse ela a absorver o odor almiscarado.
- Tenho dormido aqui. Sozinho.
- Estás com o Artoo.
- Não é a mesma coisa...
Usou a mão direita artificial e coberta com a luva preta para entrar dentro das cuecas dela. Assim que lhe tocou, ela levantou e uniu os joelhos.
- Não, Cleo. Deixa-me tocar-te...
- Aí? É estranho... mestre.
Sempre que o tratava por "mestre" excitava-o mais. Não a corrigiu.
Com as mãos desuniu os joelhos relutantes. Ela fechou os olhos. Pelo movimento da glote, notou que ela engoliu em seco. Pela rigidez, anteviu o embaraço que ela deveria estar a sentir. A sua alma fechou-se e na Força ficou outra vez o nada que gostava de ser ao pé dele. Iria alcançá-la, incendiá-la, enchê-la de luz...
Foi com calma. Os dedos enluvados abriram cuidadosamente a passagem estreita, fizeram uma pequena exploração, ele descobriu a sua virgindade. Como desconfiava, aquela era a primeira vez dela. Estivera em tantos primeiros momentos daquela mulher, aquele era o que se seguia, o mais natural, o mais bonito, o mais delicioso.
Enlaçou-se com ela num beijo vagaroso. Aproveitou para lhe tirar as cuecas puxando-as tão devagar quanto o beijo que trocavam, para que o tecido roçasse pelas pernas dela e que cada pedaço percorrido fosse uma tortura de antecipação. Ela, finalmente nua, finalmente exposta e vulnerável, finalmente pronta para ser gozada por ele.
- Oh... mestre...
Foi a sua vez de retirar as cuecas. Ela sentou-se e olhou descaradamente para o sexo dele. Luke sorriu quando Cleo cobriu a boca com as mãos. Segurou numa dessas mãos e levou-a até ao membro ereto. Ela estava relutante, tímida, mas depois consentiu que ele a fizesse tocar naquela parte do corpo que exercia sobre si um fascínio incrível. Conseguia ler deslumbramento nela. Aquilo agradava-a. E agradava-lhe bastante mais.
Luke colocou os dedos dela em redor do seu pénis e ensinou-a, num silêncio prazeroso, como devia mexer a mão.
Cleo aprendeu depressa. E gostava do que aprendia. Mexia a mão, para cima e para baixo, acariciando a sua rigidez, a pele suave sobre o membro intumescido e palpitante. Retirava prazer disso, a sua respiração estava mais superficial e rápida, os olhos húmidos. E ela riu-se.
- Porque te ris?
Ela descolou os lábios para falar, a voz veio-lhe rouca:
- Porque sinto que estás a descontrolar-te... Nunca te tinha visto a perder o controlo... Em nenhum momento. Sempre tão controlado, Luke Skywalker. E agora, olha como vacilas...
- Entrego-me a ti... Vacilante.
Puxou-a para um beijo longo, intenso, segurando-a pelos braços. Depois retirou a mão dela do seu membro, entrelaçaram os dedos e fê-la deitar-se. Posicionou-a de maneira a que ficasse do seu lado esquerdo, pois queria usar a sua mão verdadeira. Com esta começou a acariciar-lhe as coxas. Debruçou-se e chupou-lhe um dos seios. Finalmente sentiu-lhes o sabor jovem. Eram mais saborosos do que imaginara. O seu pénis pulsou impaciente.
Ela soltou um gritinho. Ele riu-se.
- Agora, és tu quem se ri – apontou ela deliciada.
- Também estás a perder o controlo.
- É difícil não o perder quando me estás... a beijar nesse lugar.
Ele repetiu o chupão, delicado, usando a língua para humedecer o mamilo. Passou de um seio para o outro. Ela estava a ficar mais agitada. Ao mesmo tempo, ele massajava-lhe o interior das coxas para que ela fosse abrindo as pernas, para que ela desejasse que ele a tocasse no ponto onde estava a sentir prazer, para que ela exigisse que entrasse nela para acalmar essa parte incendiada do corpo. Cleo gemia e contorcia-se. Os dedos dele subiram e tocaram-na, aflorando a passagem húmida. Desta vez, ela não uniu os joelhos. Estava pronta...
Luke colocou-se em cima dela. Cleo percebeu que iria acontecer alguma coisa. Petrificou, extasiada e receosa. O peito subia e descia, entre arquejos.
- O que...?
- Chiu. Continua a confiar em mim.
- Vais... O que vais fazer?
- Entrar dentro de ti.
- Com...? Não...
Luke beijou-a, brincando com a língua dela. Distraindo-a do próximo ato.
E com uma única investida, penetrou-a. Completamente. Até ao encaixe total.
Ela gritou com a dor que lhe rasgava a inocência. E subitamente estrebuchou, agitando-se a rugir, furiosa e animalesca, debaixo dele. Estava a defender-se do que julgaria ser um ataque, a realçar o seu instinto profundo de mulher combativa e guerreira. Ela debatia-se contra ele, querendo soltar-se, fugir-lhe. Mas ele, que a sentia apertada e molhada, queria continuar dentro dela, experimentando aquele momento de pertença, partilha, posse e entrega. Queria continuar a ensinar-lhe aquele caminho de amor e de intensidade. Não iria recuar quando a tinha, quando a possuía.
- Cleo, acalma-te... Não te vou magoar.
- A sério? Estás a magoar-me! – protestou num grito.
- Chiu...
Beijou-lhe a boca para sossegá-la. Ela sacudiu a cabeça. Ele moveu-se para fora e novamente entrou dentro dela, devagar. Ela deteve-se.
- Sim, a sério...
Repetiu o movimento com a mesma lentidão. Saiu por inteiro de dentro dela, entrou devagar, ainda mais devagar para que ela sentisse o preenchimento, para que ela percebesse que a dor intensa fora apenas durante a primeira vez.
Ela continuava quieta. Ao terceiro movimento igual, entreabriu os lábios, moveu as ancas, ajeitando-se ao pénis dele, soltou um gemido rouco. Ele insistiu nos movimentos lentos, mas agora sem sair completamente de dentro dela.
Concentrou-se. Ela era deliciosa e pertencia-lhe. Deixava-o ansioso, fremente de paixão, quase incapaz de manter o controlo físico naquele estágio em que se envolvia para além do corpo. Aquela mulher assim entregue, curiosa, responsiva aos seus movimentos, anelante, estava a entontecê-lo e a dominá-lo. Mas não queria terminar já... Não podia terminar já.
Ele beijou-a suavemente, encostou a boca ao ouvido dela e disse-lhe:
- Vês? Estou a amar-te.
Ela ofegou quando ele aumentou a cadência dos movimentos pélvicos. Mexeu-se com ele, parou quando ele parou. Estavam os dois devorando-se, provocando-se. Olharam-se nos olhos.
Ele retomou os movimentos, longos e lânguidos, penetrando o mais fundo possível. Ela gemia alto, prolongando o som agudo conforme ele ia entrando dentro dela. Um gemido, outro, mais outro, um suspiro. As mãos dela estavam no pescoço dele, deslizavam-lhe pelos ombros, dedos cravados nas costas. Olhava-o encantada, apaixonada.
- Oh, minha linda mulher. Sente... Sente... Isto é tão... Como eu te amo!
- Luke! – gritou ela.
- Amo-te tanto!
- Eu... Oh... sim! Mais, por favor! Quero mais!
- Tens tudo. Dou-te tudo...
Mordeu-lhe a orelha, beijou-lhe o pescoço, mordendo também aí. Ela arqueou as costas, empurrou-se contra ele que lhe acrescentou noutro sussurro:
- Toda... a luz... Tens tudo, meu amor.
- Luke!
Havia doçura. Havia furor. Havia uma sublime entrega.
Tê-la entre os seus braços, vibrando num fogo ardente, era como quando ele enfiava as mãos nas areias escaldantes de Tatooine. O calor subia-lhe pelo corpo, preenchia-lhe cada fibra, acendia-lhe o cérebro. Imaginava os céus libertadores, ele a voar numa nave. Um gozo ilimitado, que se estendia até ao infinito do horizonte. Felicidade indizível.
Ela gritou o nome dele enquanto se desfazia em vagas crescentes e contrações internas de puro prazer. E ele também atingiu o apogeu do seu próprio prazer, esvaindo-se quente dentro dela, naquele interior que explodia em luzes e cores fortes, unos na Força como ele lhe tinha prometido. Uma dança especial em rodopios intensos.
Um único ser construído de energia. Vivo e pujante de amor cristalino.
Rebolaram cada um para o seu lado da cama. Respiravam alto, ruidosamente, em completo êxtase, suados, satisfeitos, completos. Ensonados e dormentes, embriagados no perfume um do outro, nos fluidos partilhados, num orgasmo comum, naquela entrega incondicional.
- Mestre?
A voz dela trinou no silêncio. Ele pestanejou, envolvido por aquela alegria tão funda e emocionante que o transtornava, que fazia dele ambicioso e egoísta, que fazia-o esquecer que deveria amar assim todo o Universo e não apenas uma única mulher.
- Sim, Cleo?
- Podemos repetir?
Um suspiro de felicidade, ele sorriu.
- Dá-me um minuto, está bem?
A respiração entrecortada, o cansaço saboroso. Olhavam os dois para o teto desengraçado do quarto, pensando ainda nas sensações que formigavam na pele, que preenchiam o coração, que tangiam na alma como uma melodia sobrenatural. Foram completos, foram amantes.
Luke puxou-a para si, Cleo aninhou-se, deitou a cabeça no ombro dele.
- Estou... peganhenta.
- Eu ajudo-te a lavar-te.
- Posso fazê-lo sozinha... mestre. Não sou nenhuma criança.
- Não – riu-se ele –, não és nenhuma criança. Não depois de me teres amado como o fizeste. Mas deixa-me... cuidar de ti... Tocar em ti... Outra vez.
- Hum... Estou a gostar da proposta... Eu também...
- Sim?
- Eu também... quero lavar-te.
Ela adormeceu pouco tempo depois, embalada naquelas palavras, um sorriso singelo a enfeitar-lhe os lábios vermelhos. Ele beijou-lhe os cabelos. E, pouco tempo depois, também adormeceu.
Despertou estremunhado.
Despertou sozinho. Gelado. Tateou a cama à procura do corpo dela.
- Calma, Jedi.
A voz arranhada sobressaltou-o. Um alienígena atarracado estava à sua cabeceira, mirando-o com um quinteto de olhos bulbosos, segurando nas mãos grossas uma malga com um caldo fumegante.
- Estás melhor agora... Tens estado doente. Com febre. Encontrei-te junto à cabana, desmaiado e a delirar. Apanhaste muita chuva. Não te podes expor à chuva do planeta, é demasiado perigosa para os humanos. O teu astromec apitava por socorro, não te abandonou. Não temas, não somos inimigos... Respeito a Força e os seus protetores. Sei quem tu és, tenho-te observado neste miserável mundo. É uma honra conhecer um Jedi, pensava que já não existiam... Sou um dos poucos habitantes desta pedra, um exilado... Mas não falemos de mim. Queres comer? Trouxe-te esta sopa... Não? Queres voltar a descansar? Está bem... Vou avisar o teu astromec de que já recobraste a consciência e que te sentes melhor. Tem estado preocupado contigo.
Luke voltou a deitar a cabeça no travesseiro, fechou os olhos.
Um suspiro de infelicidade, encolheu-se com a lembrança.
Fora tudo uma visão distorcida de um desejo profundo e proibido, uma fantasia impossível, um sonho.
Cleo...
Ela nunca mais voltaria.
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