Guilherme não falou nada o caminho todo para minha casa, e também não me surpreendi quando resolveu entrar, Carina estava na porta de seu apartamento e me olhou espantada e curiosa. Não era todo dia que eu levava um homem de terno para casa -Ironizei.

Entrei em meu apartamento e agradeci quando ele não olhou em volta da casa, continuou me olhando fixo e pegou Dylan de meu colo, cruzei os braços.

- Não acha que tem algo para me dizer? - Ele perguntou de olhos fechados, visivelmente tenso, enquanto Dylan brincava com a sua gravata.

- O que você quer saber? - Perguntei olhando para baixo, meus pés pareciam muito interessantes agora.

- Dylan.. Quem é o pai dele?

Ele me olhou ansioso, os olhos assustados esperando a minha resposta.

- Eu.. - Suspirei derrotada - Ele é o seu filho.

Dei de ombros, derrotada.

- Por que você o escondeu de mim? - Ele parecia indignado, a respiração pesada.

- Eu não escondi, eu avisei você! Fui na sua casa mais você me acusou de estar querendo apenas o seu dinheiro, que nunca se envolveria comigo e ainda falou que iria tirar o meu filho de mim! - Falei alto com as lágrimas caindo.

Observei enquanto ele ergueu Dylan, olhando-o com tanto amor que o meu coração derreteu.

- Você mora aqui? - Ele falou incrédulo observando o mini apartamento.

- Moro - Encolhi os ombros, cruzando os braços sem me intimidar.

- Vamos embora daqui Dylan, amanhã mesmo eu vou pegar a guarda dele - Guilherme falou e deu as costas levando Dylan.

- O que?! Você não pode fazer isso! - Gritei o puxando pela camiseta social, furiosa.

- Você não tem condições de criar esta criança - Falou.

Droga, o juiz com certeza daria a guarda para Guilherme. Ele era rico e com certeza saberia cuidar de Dylan.

- Não faz isso, por favor! - Implorei, as lágrimas caindo livremente.

Tudo menos meu filho...

- Não foi isso que você fez comigo?! O escondeu de mim? Por que não posso fazer o mesmo com você?

- Deixa de ser cretino!! Dylan é o meu filho e você não tem o direito de chegar e tirar meu filho - Minha guarda baixou e me enchi de desespero - Não faz isso comigo!

Dylan começou a chorar nos braços de Guilherme, que o balançou e logo ele parou de chorar. Guilherme pareceu pensar.

- Com uma condição - Falou por fim, me encarando.

- Qual? Eu aceito qualquer coisa - Praticamente fiquei de joelhos

- Ótimo, você se mudará para o meu apartamento junto com o Dylan - Concluiu

- O que? - O olhei incrédula.

- Vamos Megan, eu perdi dois meses do seu desenvolvimento, quero dar uma vida boa para ele, não vou tirá-lo de você - Falou sinceramente, passando o polegar em meu rosto, o retirei com um tapa.

- Você pode.. Visitar ele no final de semana - Falei - Vai vê-lo todos os dias na empresa.

- Sem chance - Falou.

- Eu vou pensar - Falei encarando Dylan.

Guilherme olhou frustrado para o meu apartamento porém concordou, sentou em meu sofá velho, porém confortante, e começou a brincar com Dylan.

- Ele consome algo além do leite materno? - Perguntou.

- Água - Falei, engolindo em seco.

- Alergia?

- Nozes - Falei.

- Ele tem o formato de seus lábios.

Senti ficar vermelha, igual um pimentão.

Encarei-o surpresa e sorri envergonhada, Dylan começou a chorar e Guilherme ficou sem jeito.

- Ele está com fome - Falei e me sentei do lado de Guilherme, segurei Dylan e o amamentei.

- Eu não me lembro de você - Guilherme falou de repente e isso me magoou.

- Você. . Estava bêbado no dia que... Ficamos - Falei olhando para as minhas unhas.

- Isso explica algumas coisas.

- O que? O motivo que você se envolveu com uma criança?! - Me irritei.

- O que ? Não - Me derreti quando o seu braço rodeou minha cintura - Eu me arrependo de não ter acreditado quando você foi em minha casa, mais você era tão jovem. . - Ele passou as costas da mão em minha cabeça - Você tem quantos anos?

- 19 anos - Falei irritada

- Uma criança - Balançou a cabeça - Então. . Os Simpson te abandonaram?

- Não quero falar nisso - Falei.

Percebi que Dylan dormiu e me levantei para coloca-lo em minha cama.

- Vocês dormem aí? - Guilherme perguntou com incredulidade olhando para a minha cama, nem percebi que ele havia me seguido.

- Sim - Respondi e o rodeei de almofadas.

- Caralho.. Vocês iram se mudar sábado, eu pago tudo.

Ele saiu mais nem deu tempo de segui-lo, terminei de colocar as almofadas e o segui, mais ele já estava colocando o dinheiro na mão de Carina e não pude fazer nada.

- Obrigada - Agradeci a ele - Assim que eu receber eu te pagarei, intrometido.. Eu falei que não iria me mudar agora!

Ele sorriu e se aproximou de mim tentando me beijar, me afastei sem jeito.

- É melhor não - Neguei seu beijo, não queria confundir as coisas.

Ele acenou e começou a andar pelo meu apartamento, parou na cozinha e fiquei com vergonha ao ver que na cozinha não havia nada para comer e nem nada.

- Vou pedir uma pizza, ok? - Ele me olhava com carinho e fiquei feliz que pelo menos uma pessoa não me olhou com pena.

- Vai lá - Sorri timidamente

- Eu vou cuidar de você - Ele colocou os braços em volta de minha cintura e o olhei, completamente hipnotizada por aqueles olhos azuis.

Senti meus olhos se enchendo de lágrimas, ele me aninhou em seus braços e eu correspondi o abraço, feliz por ele estar aqui, afinal.