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3 - Xamã


Meu aniversário sempre me trazia um momento de retiro interior, não era um momento de receber falsidades de quem nem se lembrava de mim durante todo o ano e nem de me empanturrar de lixo comestível.

Neste ano algo especial aconteceu, eu havia completado dezoito há poucos minutos quando dormi profundamente, mas em poucas horas acordei, ou melhor, fui acordada por um som, tipo um assovio e notei um Ser surgindo dele.

Ele andava de um lado para o outro do meu quarto fazendo esse som com a boca, algo do tipo soltando ar entre os dentes. Eu o enxergava como um vulto apenas, mas vi um cocar em sua cabeça e um cajado em sua mão, de fundo ouvia sons de tambores.

Não me assustei, aliás, essa foi a primeira vez que eu vi algo bom vindo do além, geralmente só via coisas torturantes e enlouquecedoras.

Eu queria muito perguntar algo, pois aquele ser parecia ter respostas, ele tinha uma energia superior a tudo o que eu já havia visto, mas fiquei num estado de êxtase e só olhava.

Foi quando vi ao seu lado uma pantera negra, que coisa linda! Fiquei tão absorvida pela imagem que esqueci que estava no meu quarto, por uns instantes eu estava na floresta. Então a vi andando em minha direção, ela deu várias voltas ao meu redor e se deitou ao meu lado, fiquei numa sensação de alegria jamais sentida antes, aliás, geralmente eu não sentia alegria.

Também não me esqueço do cheiro da fogueira e das ervas queimando, vi que uma fumaça levava umas energias cinzas que estavam incrustadas em mim, me deixando mais leve. E quando me concentrei na fogueira, aquele fogo falava comigo, me instruía e revelava coisas que eu estava começando a entender devido às frequentes percepções e buscas por respostas.

Por fim, fui retomando aos poucos à consciência corporal e a visão foi se desfazendo, ficando apenas uma sensação de conforto.

Neste dia ganhei um presente de aniversário muito singular, esta pantera negra! Ela começou a se apresentar, geralmente eu não a via, mas ouvia seu rosnado e sentia o seu calor.

Seria esta uma alucinação? Se fosse, por que me senti melhor, como se um peso tivesse sido tirado de mim?

Às vezes me dava um medo imenso, só de imaginar que eu estava alucinando sobre os fatos sobrenaturais que já presenciei. Uma parte minha entendia tudo como muito real, mas eu sabia que os loucos também acham as suas loucuras reais!

De qualquer forma, comecei a perceber que cada vez mais minhas experiências me deixavam consciente de quem eu era, porém mais distante de ser entendida pelos outros. Achei que realmente era melhor não contá-las a ninguém, sendo que eu mesma sempre me encontrava confusa, percebendo que a clareza e a loucura são separadas por uma linha muito tênue.

Na tentativa de me esclarecer sobre as minhas crises existenciais e as tantas dores da minha alma, comecei a ler muito sobre assuntos metafísicos e afins. E depois deste encontro com este ser ao qual eu chamava simplesmente de "Xamã", pois não sabia seu nome, procurei por algum livro de xamanismo.

Encontrei o "Portal da floresta" que falava do contato com o além como algo normal, apenas algo que a maioria das pessoas não percebem devido às suas mentes pouco expandidas, isso me surpreendeu muito.

Lê-lo no clima da pracinha dava um prazer maior. Infelizmente, esse meu esconderijo não me confortou naquele dia em que eu lia suas últimas páginas, e me deixou tão... mas tão desapontada!

Latas de tintas, escadas, materiais de construção, barulho e homens uniformizados estragaram o meu plano. Aquele local era tão perfeito, seu clima gótico e de abandono, com teias de aranhas e pó decorando os anjos e santos, davam um ar de mistério que fazia minha imaginação fluir.

— E agora? Iria se tornar mais um lugarzinho de turismo?

Sentei ali numa escada na lateral da igrejinha, lendo e observando as pessoas passando na rua, cada uma em seu mundo, sem notarem a minha presença e muitas vezes sem notar a presença de quem estava conversando com elas. Cada uma vivendo dentro da sua cabeça, inclusive eu.

— Licença, você precisa sair daí, nós vamos pintar as escadas. — me pediu um dos funcionários, me fazendo voltar à realidade, até derrubei o livro e perdi a marcação da página que eu lia.

Um rosnado do além me mostrou que não foi só eu que fiquei incomodada, daí que percebi que o calorzinho que vinha do meu lado esquerdo não vinha do sol.

— Sim, é claro! — respondi no automático com a mente longe, só pensando que eu precisava encontrar o escritor deste livro.


"Às vezes tento me enquadrar

Mas sou assim tão errante

Sou de outro mundo, todos sabem

Que sou alguém de um mundo distante."

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