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25 - No Além / O Resgate

Abri meus olhos lenta e forçosamente, estava dopada de sono, queria só voltar a dormir, mas Samuel me chamava baixinho. Olhei para ele como um bebê que vê a mãe pela primeira vez, sua imagem estava muito nítida, diferente das outras vezes e seu toque era quente.

    Quando consegui me sentar na cama reparei que eu estava num hospital, era um lugar bem conhecido para mim, não era qualquer hospital, era um que tratava das almas.

    Só então me lembrei do que havia acontecido no mar, isso não foi nenhum choque para mim, já estava acostumada a viver aqui e lá! Era apenas como se mudar de cidade, mas dessa vez algo me incomodava. — Como estaria Jasmim? — Como estaria Elohim?

    Comecei a questionar Samuel e vendo que eu fiquei muito agitada, ele me injetou algo que acabou me fazendo dormir de novo. Só acordei no dia seguinte e para dizer a verdade, achei desnecessária essa atitude, pois eu só queria informações.

    Ao despertar pela segunda vez, eu estava sozinha, pensei em chamar alguém, mas olhei para aquele imenso quarto tão branquinho e me senti muito calma, quase que extasiada. 

    A leveza do meu corpo e a clareza dos meus pensamentos me faziam querer viver assim para sempre. Eu nunca sonhei com um paraíso mitológico, mas sempre sonhei com essa quietude em meus pensamentos, o estar presente, o não desejar nada, apenas estar bem ali do jeito que estava.

    Caminhei pelo quarto para sentir meu corpo, me estiquei, respirei lentamente, deu até vontade de sorrir por sentir aquele bem-estar que nunca consegui sentir na terra. Mesmo quando eu estava bem, as sensações das dores causadas pelas memórias antigas nunca me deixavam, tive de aprender a conviver sem reclamar.

    Fui até a janela, puxei aquela cortina de tecido tão suave que acariciava minhas mão só de puxá-la. Olhei para fora, eu estava no segundo andar, o sol brando iluminou o quarto e uma brisa suave acalentou mais ainda minha alma.     Algumas pessoas estavam no gramado lá embaixo, nem todas pareciam estar tão bem quanto eu, algumas estavam inconformadas e dando trabalho aos enfermeiros. 

    Acenei para Samuel que estava acalmando uma menina bem novinha que não parava de chamar pela mãe, mesmo assim ao me ver, ele fez um gesto para que eu descesse ao jardim. Quando cheguei perto deles a menininha pareceu se simpatizar comigo e logo foi com as outras crianças que estavam brincando com umas coisas coloridas que flutuavam.

    — Samuel, quer dizer que assim que acabou minha vida?

    — Não estou vendo ninguém sem vida aqui! — respondeu bem humorado.

    — Sei… quero dizer... minha vida na terra. Minha vida de Ísis foi interrompida tão cedo, eu só tinha vinte e um e... agora que tudo estava se ajeitando! Não queria morrer assim, neste momento!

    — Bom, preciso te contar que você ainda está ligada ao seu corpo, os equipamentos estão mantendo seu corpo vivo!

    — Então posso voltar? — Perguntei, mas Samuel desconversou.

    — Você não quer saber sobre Elohim?

    — Ele está aqui? Ele está vivo?

    — Infelizmente não está aqui, e temos um grande trabalho a fazer por ele! Ísis, ele veio para cá como um suicida, essa é uma das piores formas de chegar aqui, pois os seres ignorantes se utilizam destes para sua diversão, mesmo enquanto os suicidas por si próprio já estão se torturando e revivendo por inúmeros anos o momento da morte.

    — Mas ele estava perturbado, não teve culpa do que fez!

    — Não é bem assim que as coisas funcionam por aqui, ainda mais que foi o próprio Elohim quem causou suas confusões mentais, devido às más decisões por centenas de anos. E também provocou o ódio naquele que foi seu filho, que até hoje tenta prejudicá-lo.

    — Mas… mas… aquele que foi filho dele não havia sido resgatado, regenerado, não estava bem?

    — Você deve entender que os elos de inimizades são muito fortes, assim que ele voltou a consciência humana ele caiu nas garras do ódio. Ele fugiu da nossa área protegida e voltou para assombrar Elohim, o fazendo ficar confuso, paranoico e acreditando que ele era seu mestre.

    — Elohim foi vítima daquele que ele mesmo libertou? Que crueldade!

    — Eu diria que Elohim foi vítima daquele que ele vitimizou primeiro! Mas não devemos ficar remoendo o passado, a questão é que ainda há chance para Elohim voltar para seu corpo, ele ainda está ligado, mas vai precisar da nossa ajuda. Por isso te acordei tão cedo, apenas sete dias após sua chegada. Se demorarmos mais ele vai deixar o corpo e ficar vivendo aqui como suicida por intermináveis anos até ter uma nova chance! — Samuel falava com ar tenso.

    No dia seguinte haveria uma expedição de resgate ao umbral, nome que davam a algo que chamamos mais comumente de inferno, a intenção era buscar algumas almas perdidas que já estavam aceitando a ajuda oferecida.

    Tivemos então de esperar o dia seguinte, pois não era seguro partir sem um grupo, isso era bem arriscado devido a energia densa e os miasmas que colavam em nossas costas causando até um tipo de insanidade, sendo que quando o grupo se unia uma aura protetora nos envolvia. 

    Isso não quer dizer que as coisas se tornariam fáceis, essa aura funcionava como um guarda-chuva em dia de tempestade,  ele protege a nossa cabeça mas nossos pés ficam molhados.

    Se não fosse por Elohim, confesso que não gostaria de participar disso, pois daquela outra vez me senti muito mal e Samuel já havia dito que onde iríamos era mais para baixo ainda.

    No início do dia seguinte partimos, estávamos num grupo bem maior, acho que  havia umas trinta “pessoas”, “fantasmas”... almas talvez seja um nome melhor. Reparei que eram todos moradores daquela região, não havia nenhum ligado ao corpo físico além de mim, não sei se isso era um privilégio. 

    Eu entendia que uma pessoa com energia corpórea poderia fazer aquelas almas alucinadas lembrarem do seu lado humano ao menos por alguns segundos, sendo isso uma fresta ao auxílio dos enfermeiros de almas.

    Assim que saímos das proximidades do hospital, aquele terrível cheiro de podre começou a surgir, ficando mais forte a cada passo, isso me causava muita ânsia. Eu precisava colocar as mãos no rosto, tapando o nariz e a boca, mas os outros já pareciam acostumados. Depois de um tempo o que víamos era tão mais assombroso que o cheiro não chamava mais tanto a atenção.

    Já estávamos começando a descer os barrancos lamacentos quando Una apareceu, fiquei surpresa e consegui até sorrir naquele local infernal. Eu nunca havia visto Una junto com Samuel, geralmente ela surgia sozinha ou com o Xamã, mil perguntas surgiram em minha mente… — Será que Samuel e Una se conheciam? Será que todos a viam? 

    Me senti mais protegida com minha aliada ao lado, ela também me ajudava a não escorregar tanto e me guiava pelos lugares mais fáceis de passar. 

    Samuel mantinha a energia do grupo equalizada, estabilizando-a quando os ataques e agressões vinham mais pesados. Quanto mais descíamos, mais o cenário piorava. As grutas abrigavam pequenos grupos ou almas solitárias, todos eram muito raivosos ou muito medrosos. Alguns estavam completamente insanos, revivendo a tragédia final de sua vida terrena e nem nos notavam.    

    Algumas cenas eram muito bizarras, como alguns seres com corpos apodrecendo pendurados em alguma coisa que parecia um varal de roupas. Era algo que traumatizaria qualquer um que não tivesse um amparo. 

    Os gritos e gemidos a todo instante causava um caos sonoro carregado por uma vibração de dor inconsolável. 

    Alguns seres eram como zumbis catatônicos,  demonstravam se ocos por dentro. Isso vinha da própria culpa da consciência, pois não tinha ser algum causando punições como certas crenças pensam que é, como se alguém estivesse pronto para julgar a todos que lá chegassem.

Percebi que nesta região especificamente, se encontravam apenas os seres que haviam interrompido a sua vida sobre a terra antes do tempo, para outros casos, existiam outros lugares semelhantes, piores ou melhores... eu não conseguia imaginar o que poderia ser pior. 

Em determinado momento tive um flash que mostrava cenas de quando vivi ali e me deu uma forte comoção, pude entender o porquê das cobranças que sempre tive, como uma voz que dizia: “Por que você saiu daqui e nós não? Você devia estar aqui!” 

Neste momento recobrei a lembrança do dia em que fui resgatada dali, sei que não fiquei muito tempo, mas devido às torturas eternas, cada instante parecia uma vida inteira. 

    Me lembrei detalhadamente de estar no chão, sem forças para levantar. Então no meio da lama e de gemidos, com fome, com sede, sem nunca poder dormir e  torturada por aquele barulho enlouquecedor que nunca parava, vi chegando o meu resgate! 

Lembrei que foi Samuel quem veio e me deu a mão, seus olhos paternos encararam os meus desesperados e me fizeram adormecer, só acordei quando já estava no hospital. 

Suspirei fundo e meus olhos marejaram quando recordei que Samuel que havia me tirado dali, uma gratidão imensa me invadiu e quando olhei para ele, seus olhos já estavam me fitando e havia um sorriso sereno em seus lábios.

    Fiquei muito envolvida com a minha própria história e fui amavelmente lembrada por uma enfermeira, que eu estava ali com um propósito e deveria me focar nisso. Logo senti que deveríamos seguir para uma das grutas que estava pouco mais a frente e notei que Una já estava me indicando isso, mas eu havia me distraído demais.

    Separamo-nos em grupos menores, cada um com seus objetivos, fui com Samuel, mais duas enfermeira e a Una.  Quando chegamos perto da gruta de destino, fiquei muito gelada e com medo de ver o que me esperava ali, pois mesmo estando com um grupo, sabia que aquela tarefa era minha.    

    Elevei então o meu pensamento na 33ª dimensão como Samuel me instruiu e entrei. Estava escuro e logo na frente estava aquele que havia sido o filho de Elohim, fiquei sabendo que seu nome era Natanael. 

    Ele parou numa postura impetuosa de guarda, nos impedindo a passagem, mas Una pulou em sua frente soltando um rugido muito ameaçador que fez com que ele se desarmasse e saísse do caminho.

    Quando entramos um pouco mais no fundo encontramos Elohim em uma forma deplorável, ele nem me reconheceu, seu olhar era cheio de desespero, confusão e dor. E para piorar ele que agora estava amarrado como um animal. Apesar da vontade que me deu de chorar, tive de ser forte para conseguir ajudar.

Cheguei até ele e tentei tocar suas mãos, mas ele se afastou medrosamente, eu tentei explicar que eu era sua amiga e que ia levá-lo para um local melhor, mas ele não conseguia confiar em mim. 

    Então olhei para Samuel como que perguntando o que fazer e pedindo ajuda, mas vi que seria mais fácil Elohim aceitar a minha ajuda do que a de um ser mais elevado, na verdade, ele nem conseguia perceber a presença dos outros ali. Por um instante achei que a minha responsabilidade era maior do que eu suportaria, o local em si já estava me esmagando.

Comecei a contar para ele coisas que passamos juntos na tentativa de que ele tivesse um instante de clareza e relembrasse quem eu era. Comentei sobre o dia que fomos resgatar Jasmim no hospital psiquiátrico e no tanto que ele havia me ajudado nesta e em outras ocasiões. Falei com o máximo de sinceridade o quanto eu estava grata a toda a ajuda que ele havia me dado, assim transmutando e transcendendo um pouco ao menos aquela densidade.

De repente seus olhos mudaram, mas não foi pelo motivo esperado, ele começou a gritar perturbado:

— Eu te matei, eu te matei!

— Não Elohim, eu não morri. — falei para consolá-lo mesmo não sabendo ao certo a minha situação.

Fui me aproximando devagar para ver até onde ele permitia, até que consegui tocar sua mão e depois seu pescoço para tirar a corda que o prendia, ajudando-o também a ficar de pé e dando-lhe um longo e apertado abraço.

— Você vai ficar bem Elohim, você vai ficar bem! Você tem que voltar!

— Não, não posso voltar! Vou acabar machucando alguém! Eu fico confuso demais! — Elohim falava com grande medo de si próprio.

— Vai ficar tudo bem, vamos sair daqui!

Neste momento Elohim viu Una e se certificou de que podia tocá-la, mas ele estava tão fraco que acabou desmaiando. Una se deitou e entendemos que ela queria ajudar, então Elohim foi colocado em suas costas, amarrado com uns panos. Una parecia de carne e osso, eu nunca havia visto-a tão materializada e assim facilitou bastante a nossa tarefa de retorno a superfície.   

Quando saímos dos abismos, fomos encaminhados para aquele hospital que mais parecia um bosque, Elohim foi colocado numa das macas feitas de troncos de árvores para se restabelecer antes que fosse feito o seu religamento ao corpo.     Nós estávamos esperando o médico que o atenderia, quando de repente, não pude acreditar em meus olhos. 

— O Xamã é um dos médicos???

As coisas estavam começando a fazer mais sentido para mim! 

    Eu queria permanecer ali, mas não pude, tive que voltar ao meu próprio quarto, afinal, eu também estava num processo de recuperação. Samuel e Una permaneceram, mas alguns do grupo me ajudaram a voltar, afinal eu não lembrava o caminho.

    Quando cheguei no meu quarto me senti muito cansada e uma das responsáveis pela ala que eu estava, veio me trazer algo para comer, me deu uns remédios e trouxe roupas limpas para eu trocar após o banho. 

    Depois de ter as minhas necessidades atendidas comecei uma maratona de perguntas para ela que muito pacientemente me esclareceu uma a uma e me disse para descansar pois que eu necessitaria de muita energia no dia seguinte.

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