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2 - A Suicida


"Princípios, medos, estagnação

Minha prisão, minhas traves

Minhas correntes, socorro!

Quero as chaves!"


Depois de muita insistência Luan me vendeu uns antidepressivos faixa preta. Ele estava muito receoso, principalmente por eu ser menor de idade, mas faltavam apenas dois meses para eu fazer dezoito.

Além disso, ele sabia que eu já tinha ido atrás de ajuda profissional muitas vezes, porém aqueles médicos insensíveis só me fizeram desacreditar da cura.

Com os antidepressivos consegui finalmente a paz de um sono profundo, sem pensamentos, nem lembranças, nenhum sonho, alívio imediato! Dormir me protegia daquilo que os médicos nomearam de síndrome do pânico, mas que descobri depois que o que eu tinha ia muito além de um simples desequilíbrio químico cerebral.

— Como você está se sentindo com os remédios? — Luan perguntou preocupado.

— Bem melhor, muito obrigada! — eu falava sempre tentando parecer muito bem e não confidenciava mais minhas experiências para que isso não fosse um empecilho para ele me vender novamente.

Só meus poemas sabiam minha verdade e como eu estava me sentindo indigna de viver neste planeta sem usufruir dele, eu era uma perda de tempo para a mãe natureza.

***

Depois de dois meses passando os dias dormindo, bem na véspera do meu aniversário de dezoito, senti a necessidade de parar com os remédios e tentar achar outra solução. Decidi dar uma volta e fui numa pracinha que quase não era frequentada, mas que eu considerava o meu santuário, eu costumava ir lá para escrever.

Procurei um lugar limpo para sentar, mas acabei sentando no chão mesmo, encostada na igrejinha que estava toda pichada e com a porta arrombada. De fora dava para ver algumas estatuetas de anjos e santos que sobreviveram aos vândalos e usuários de drogas. Eu sabia que de noite ali não era muito bem frequentado, mas durante o dia este local me permitia ficar num estado reflexivo e ideal para eu criar meus poemas.

Porém logo que me sentei, ao invés de aproveitar do cenário que tanto me fazia bem, comecei a lutar contra o invisível ao sentir a aproximação daquela energia característica de quando as memórias de vidas passadas invadiam minha mente.

— Parem com estas invasões em meus pensamentos, sai da minha cabeça! Me deixa em paz!

Eu implorava para que isso parasse, falava como se um ser poderoso estivesse permitindo estes acontecimentos e pudesse pará-los, mas as lembranças foram se apossando de mim.

Respirei fundo, contrariando o meu corpo que mal estava deixando o ar entrar, entrecortando-o a cada inalação.

Apesar da minha comum resistência, comecei a me esforçar para aceitar aquela imagem que estava chegando, eu a enxergava numa tela mental. Dava para ver onde eu estava fisicamente, mas também via aquele outro lugar, como se as duas vidas fossem simultâneas.

Rendida ali ainda em desespero, observava internamente uma mulher jovem com pouco mais de vinte anos, que aparentava estar calma e feliz. Mas de repente, ela se afastou de todos com quem conversava, buscou um lugar tranquilo e do alto do sereno penhasco encontrado, simplesmente se jogou!

— Não!! — gritei num impulso de impedi-la para que não se jogasse e nisso a visão se desfez.

Aquilo trazia uma densidade tão grande que me deitei ali mesmo ao lado da igrejinha, parecia que não me aguentaria em pé, o peso da cruz em minhas costas era imensurável.

Eu esperava que ninguém me visse nesta situação, mas sei que se me vissem achariam apenas que eu estava entorpecida por alguma droga boa... quero dizer forte.

Achei que a visão havia se findado, mas quando olhei para o lado a vi deitada ali comigo, sim, o corpo da suicida se decompondo ao meu lado, trazendo aquele cheiro nojento de podre e um frio que me fazia tremer.

Fiquei catatônica olhando, só olhando... O que eu poderia fazer? Sair gritando alucinada? Eu queria sim, mas não tinha forças.

Observei então os detalhes daquela cena tão deprimente, uma jovem tão bonita, agora toda roxa e estraçalhada. Ao vê-la, eu tinha a percepção de tudo o que havia ocorrido, era como um download direto em minha mente, ou uma visão dentro de outra visão.

Seu nome era Anna, sua família forçou seu casamento com um rapaz de uma família influente e muito tradicional. Esta obrigação causava repúdio na jovem de apenas dezessete, porém com o passar do tempo surgiu um sentimento muito forte. Infelizmente esse sentimento não era recíproco e Anna descobriu que seu marido mantinha relações com a mulher com quem ele realmente desejava ter se casado.

Desde que isso foi descoberto Anna entrou em profunda depressão, mas sua família não permitia que ela tomasse nenhuma atitude e a obrigava a simular um casamento perfeito.

A jovem infeliz cumpria com seus deveres, mesmo que muito amargurada, porém quando descobriu que a amante havia engravidado de seu marido, sendo que ela mesmo não havia conseguido dar um herdeiro à família, Anna que já não aguentava mais viver esta vida sem sentido, decidiu pular do local mais alto que encontrou, onde não haveria chance alguma de sobreviver. Desta forma também deixaria seu marido livre para ser feliz.

Para mim o pior não era eu presenciar esta história tão cruel, o pior era ter a certeza de que eu fui ela! Todas essas lembranças, mesmo que tão antigas, faziam muito sentido para mim e para meus comportamentos em minha vida como Ísis, elas ainda viviam em meus sentimentos atuais.

Eu estava mergulhando fundo demais neste oceano de lembranças e emoções, mas comecei a me estimular a voltar para a realidade quando a cena se desfez. Me senti muito entorpecida, foquei então a minha visão numa pequena flor que nasceu em meio ao cimento tentando me conectar ao aqui e agora.

Me esforçava também para respirar, tocar minhas mãos, sentir o meu coração e o tempo todo tentava me lembrar de quem eu era.

— Ísis, eu sou a Ísis! Ísis, eu sou a Ísis!

Resolvi então entrar na igrejinha pela porta arrombada, sentei em um banco bem de frente ao altar onde dois anjos segurando candelabros ficaram me observando.

Estava tudo muito empoeirado, e a luz do sol entrava pelos poucos vitrais que não haviam sido quebrados, refletindo raios multicoloridos numa atmosfera enigmática.

— Afinal o que está acontecendo Ísis? — Luan estava irritado por eu ter ligado em horário de serviço, mas eu não tinha outra pessoa para recorrer naquele momento.

— Eu também me pergunto isso todos os dias! — respondi.

— Aconteceu mais algum fenômeno, é isso? — Luan perguntou percebendo minha esquisitice.

— É difícil de explicar! Agora o que vejo vem de dentro.

— E se tudo for alucinação? — sugeriu Luan sem talento para lidar com um momento tão delicado.

— Seria bom, algo apenas mental seria mais fácil de tratar. As dores da alma são as que doem mais e na medicina não tem tratamento. — Achei melhor não falar mais, sabia que minha jornada seria solitária.

— Ísis, não posso continuar te ajudando, procure um tratamento. Preciso voltar ao trabalho!

Desliguei o celular na cara dele, e então, fiquei apenas em silêncio olhando vidrada para os anjos que estavam com as asas iluminadas pelo sol que logo iria se pôr.

Fui embora antes que anoitecesse, caminhava lentamente refletindo nessas intromissões do além, eu queria saber pelo menos os motivos disso.

Do que me adianta ter tantas informações se não posso fazer nada com elas? O que fazer com as lembranças do soldado capturado, da suicida e das outras? Como achar uma saída num labirinto tão imenso?

Quis parar com esses pensamentos repetitivos e ao chegar em casa resolvi escrevê-los em forma de poesias, somente assim meu dia teria sido proveitoso. Se tudo o que vi não me servisse para nada, ao menos eu criaria algo.

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