12 - Outono da Alma
— Elohim, você voltou! Senti sua falta!
— Voltei mas não pretendo fic…
Fomos interrompidos pelo psiquiatra principal que me chamou para a sua sala:
— Ísis, como vem se sentindo?
— Estou bem, cada vez melhor. — falei só para ser dispensada logo.
— Não tem nada para compartilhar?
— Não, tudo está indo bem! Os remédios dão um mal-estar mas já me acostumei.
— Está bem, mas tenho que te pedir para não ficar em contato com Elohim, achamos que vocês não fazem bem um ao outro, caso isso continue, vamos te mudar de ala, mas lá não tem a mesma tranquilidade que aqui!
— Isso é coisa do Luan, não é?! Sabia que não podia contar com aquele traidor!
— Ele está só preocupado com você! Fomos verificar e encontramos alguns livros seus com o Elohim, esse tipo de leitura não faz bem para ele, vamos deixar guardados até você ter alta.
— Acho que ele pegou sem minha autorização, nem percebi. — menti.
— Certo! Mas evite a companhia dele pelo bem dos dois. Pode ir.
Não acreditei no que ouvi! Cada vez me despontava mais com a humanidade, ainda mais quando trocaram meus remédios. Se eu estava me comportando bem, só me demonstrava depressiva geralmente, por que me deram umas drogas fortes que me deixavam tão atordoada? Só podia ser coisa do Luan, imperdoável!
Não quis comentar com Elohim, fui direto para o quarto e me espantei ao deparar com Jasmim usando sondas para alimentação, acho que foi uma das cenas mais tristes que vi naqueles tempos. Além do que sua voz estava fraquinha, bem rouca e enquanto ela me contava o que houve, deu vontade de chorar.
Sentei ao seu lado na cama, passei a mão em seus cabelos e só permaneci ali sem palavras por um tempo. Depois contei o que havia acontecido comigo só para mudar o foco.
— Deita aqui comigo! — Jasmim falou me puxando para seu lado.
Estranhei, mas devido ao seu estado quis atender ao pedido. Então deitei, ela pôs a cabeça no meu braço e logo dormiu. Pensei que logo alguém veria pela câmera e pediria para que eu saísse, mas isso não aconteceu e acabei dormindo também.
Os dias seguintes foram difíceis, eu não confiava em ninguém, não podia falar com Elohim e Jasmim estava de uma forma que me causava muita dor. Além disso, os novos remédios me faziam muito mal, me entorpeciam e me enjoavam.
Reconheço que os medicamentos fecharam bastante a minha percepção dos sofrimentos vindos do invisível, fiquei sem as lembranças dolorosas, apenas continuei escrevendo em transe frequentemente.
Estava tentando ser submissa ao que me instruíam, só não conseguia contar a verdade sobre minhas percepções, sempre dizia apenas que eu estava depressiva, que não via muita graça na vida.
Acho que a única coisa relevante que assimilei das orientações dos psicólogos foi que não devíamos deixar a mente vazia e para tentar ser útil.
Comecei então a ajudar os mais velhos, também varria o pátio que era minha atividade preferida, pois eu ficava divagando com as folhas.
Também busquei estimular Jasmim a fazer o mesmo, dentro de suas capacidades. Seu estado era preocupante, ela parecia ter desistido de lutar e estava se apegando muito a mim.
Certo dia insisti que ela caminhasse comigo para tomar um ar e ela resistentemente aceitou. Apesar de saber que seu estado era muito delicado, achei que isso a ajudaria.
Fomos bem devagarzinho, evitando que Jasmim fizesse qualquer esforço, porém poucos minutos depois, para meu desespero, seus olhos entraram num estado de torpor e ela caiu no chão convulsionando. Me apavorei, só consegui gritar para os enfermeiros que já estavam vindo.
Eles a levaram para a enfermaria e eu fiquei varrendo as folhas me culpando muito.
...E Elohim? Ele nem precisou de minhas explicações, nem sentiu minha falta... pois fugiu.
“Vejo o outono aparente
As rosas não abrem
Só folhas caem
Desprendem e se vão
Chegam ao chão
É a ventania da mente
Outono no coração.”
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