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Capítulo - 06

Depois do jantar "em família" do qual faltou apenas o meu irmão, Emma pediu licença e subiu para o quarto, ciente que o momento de saber o tão aguardado comunicado da noite havia chegado. E após dispensar as funcionárias, incluindo a Ya Ya, o meu pai pediu para que nos acomodássemos na sala de estar para que a "reunião" fosse iniciada, o que não demora a fazer, adotando a seriedade que um Anziano do Conselho - além de ser o chefe das Famílias Steele, Fiore e Lancelot -, deve ter nessas ocasiões.

- O correto seria que esta reunião fosse realizada com todos os membros desta família, mas devido às circunstâncias e a urgência do assunto, não haverá a necessidade em esperar para que o meu filho pudesse estar presente, uma vez que ele já está ciente do que irei dizer agora.

- E antes que alguém pergunte, não apenas o Vincenzo, mas o Christian e o Paolo também já foram comunicados sobre as deliberações do Conselho no início da noite de hoje.

Vejo Bárbara e Danielle se entreolharem e darem sorrisinhos com as palavras da minha Avó, mas eu fico ainda mais entediada, imaginando que o assunto é realmente sobre o casamento que elas haviam mencionado. O que eu não consigo entender ainda é qual seria a relação que o meu irmão e o Paolo teriam com o casamento entre o Don e a minha prima, mas prefiro não questionar nada e aguardar o meu pai explicar o porquê de estarmos aqui.

- De todos os presentes nesta sala, Harold, Francesca e Lucrezia já tinham conhecimento sobre um acordo que foi lavrado pelos Fundadores da Dragão Negro no que diz respeito ao matrimônio de seus herdeiros, mas resumirei para os demais que ainda não sabem a que estou me referindo.

E assim ele faz quando menciona as cláusulas do tal acordo, sendo que os Herdeiros do sexo masculino da Organização devem se casar até os 35 anos, mas que até completarem essa idade eles podem se casar com quem se apaixonar e escolherem para passar o resto de suas vidas. E caso isso não aconteça, o Conselho tem o poder para interferir e escolher aquelas que serão as suas esposas, sendo elas da Famiglia ou não. E nesse último caso, tendo a possibilidade de agregar uma nova Casa ou fazer uma nova aliança com qualquer outra Organização.

À medida que o meu pai vai falando, percebo que a Bárbara e a Danielle não conseguem esconder a euforia, como se já soubessem o que foi discutido na Assembleia do Conselho. O que eu poderia julgar que fosse o caso se a Lucrezia compartilhasse dos sorrisos que elas trocam, mas diferente disso, a sua atenção está sendo totalmente direcionada a mim. E isso está me deixando intrigada e muito incomodada, pois o último lugar que eu gostaria de estar nesse momento seria aqui, discutindo sobre o casamento da minha prima.

Só que em meio a tudo que o meu pai está dizendo, acabei de perceber a razão para que o meu irmão e Paolo também fossem convocados para a Assembleia, pois eles acabaram de fazer 35 anos - Paolo há 5 meses e o Vincenzo e ele no mês passado -, sendo assim, também deverão se casar com quem o Conselho escolher para serem as suas esposas. Sinto o meu coração se apertar em pensar como deve estar à cabeça do meu irmão, pois eu sei que casamento não estava em seus planos, pelo menos não por agora.

- Porém havia um adendo ao acordo sobre o fato de que era da vontade dos Fundadores que houvesse a união entre um Grey e uma Steele, o que não foi possível nas três primeiras gerações de nossas linhagens, porque ambos os herdeiros nasceram do sexo masculino. - Meu pai faz uma troca de olhar com o irmão, e vejo que isso tem muito significado quando o meu tio assente discretamente. - E se alguém estiver se perguntando o porquê disso está sendo revelado somente agora, se o Don sempre teve a sua prometida, é porque foi necessário esperar o tempo certo para que isso acontecesse. - Ele faz uma pausa e sem conseguir controlar, o meu coração se afunda e o sorriso da minha prima se amplia. - Claro que essa espera haveria o risco de mais uma vez não ser oficializada a união entre os prometidos, pois o mesmo adendo permitia que se caso o Don viesse a se apaixonar dentro do prazo que ele tinha, ou seja, antes dos seus 35 anos, o acordo seria mantido selado.

- Mas pelo que estamos compreendendo, independente do acordo entre os prometidos, a união aconteceria de qualquer forma, porque o Don completou 35 anos recentemente e deverá cumprir a ordem do Conselho, não é isso? - Meu pai confirma a pergunta de Susana, e isso faz com que ela sorria para a sobrinha.

- E em quanto tempo o casamento deverá acontecer, Tio Ray?

- O noivado deverá acontecer no máximo em 30 dias, tendo o prazo final o baile de comemoração de 100 anos da Dragão Negro. E o matrimônio será oficializado 30 dias depois.

- Meu Deus, Ray! Esse prazo de 60 dias é muito curto para organizarmos um casamento.

Tia Martina se manifesta, mas meu pai me olha e sorri de lado, como se me pedisse desculpas por essa situação, mas mesmo não querendo estar aqui, compreendo que eu sou parte dessa família também, e retribuo o seu sorriso como posso. Porém eu poderia ter sido informada desse casamento por uma ligação ou simplesmente recebendo o convite em Berlim, não havendo a necessidade que eu estivesse presente, sendo parte de algo que não faço a mínima questão em participar.

- Minha mãe tem razão, Tio Ray! São tantos detalhes, o vestido, a decoração, a festa, a lua de mel, os padrinhos! Céus! Quem serão os meus padrinhos, eu...

- Fique calma, Bárbara! Você não terá que se preocupar com esses detalhes por enquanto.

O meu pai a interrompe fazendo o seu sorriso murchar, e todos os olhares são direcionados para ele, mas vejo que isso não é nenhuma surpresa para o tio Harold, a minha avó e a Lucrezia, pois já sabiam sobre o que ele está falando.

- Como não, Tio Ray? O Senhor não acabou de dizer que...

- Eu disse que o Don terá que se casar em 60 dias com a sua prometida, mas em nenhum momento foi mencionado que ela seria você, Bárbara!

O meu pai mais uma vez a interrompe, ainda mais gentil do que antes, como se precisasse se desculpar por algum equívoco na informação, mas por alguma razão eu não estou gostando da direção que essa conversa está tomando.

- Mas... Eu não entendo. - Ela olha para Lucrezia, entrando em desespero. - Vovó! Eu pensei... Eu pensei que... Você disse que...

- Fique calma, Querida! Logo tudo será esclarecido. - Lucrezia tenta ser gentil, mas percebo que também não está satisfeita com as palavras do meu pai.

- Poderia nos explicar isso direito, Raymond? - Tia Martina se levanta tão indignada quanto à filha, que está prestes a chorar, aproximando-se do meu pai que permaneceu em pé para poder olhar para todos os presentes na sala. - Você disse que o Don tem que se casar por já ter 35 anos e que há um acordo onde menciona o matrimônio entre um Grey e uma Steele. - Ela afirma e o meu pai assente, mesmo tendo acabado de dizer exatamente isso, e não sei bem o porquê, mas sinto o meu coração acelerar e a minha garganta ficar seca de repente. - A Bárbara é uma Lancelot, mas é uma Steele também, e se não é ela a prometida do Don, então só pode ser... - Ela para de falar por um momento, mas logo direciona um olhar incrédulo e também raivoso para mim, mas o meu pai completa o que ela não conseguiu finalizar.

- Exatamente o que estão pensando! A prometida do Don é e sempre foi a Anastásia.

- O QUÊ?!

O questionamento indignado não partiu apenas de mim, que me levantei do sofá como se estivesse pegando fogo, mas da Bárbara, da Danielle e da Susana também, já que Tia Martina parece muito mais interessada em me olhar como se eu fosse à culpada dessa decisão insana do Conselho.

- Isso é um absurdo, Tio Ray! - Bárbara se altera, levantando-se e ficando ao lado da mãe, mas eu ainda estou incrédula, olhando para o meu pai e tentando controlar a minha respiração que ficou acelerada. - O Senhor sabe há quanto tempo estou esperando por isso? Há quanto tempo eu venho sonhando com esse casamento? O Christian e eu tivemos alguns desencontros e mal-entendidos, mas eu sei que ele me ama, assim como eu o amo. Sem mencionar o fato que ele jamais iria aceitar a se casar com essa... Com essa... Criança! - Ela fala como se proferisse um xingamento e nego com a cabeça, ainda tentando assimilar o que acabei de ouvir.

- Bárbara! - Tio Harold adverte a filha, fazendo-a dar uma risada debochada.

- Não, Papai! O Senhor não está percebendo que o Tio Ray está acabando com a minha vida? E os planos que eu fiz a vida inteira? E por que o Senhor não está fazendo nada? Vai simplesmente aceitar que o homem que eu amo se case com uma criança que praticamente ainda fede a leite, enquanto eu sou uma mulher de verdade e que é perfeita para ele?

- Já chega Bárbara! - Tio Harold eleva o tom de voz, repreendendo-a duramente, e isso faz com que eu saia da inércia que essa notícia absurda me provocou.

- Isso não faz sentido, Pai! - Ele me olha, mas não fala nada. - Eu não vou me casar com aquele... Com o Don. - Quem pronuncia como se fosse um xingamento agora sou eu, não conseguindo nem mesmo pronunciar o nome daquele Stronzo. - A Bárbara tem razão! Ela está a quase uma década esperando por esse precioso momento. E como acabamos de ouvir, eles se amam e estão comprometidos durante todo esse tempo. - Nego com a cabeça e encaro a minha prima que parece uma gata amarrada. - Fique tranquila, Priminha! Não faço a mínima questão de ter nenhum tipo de compromisso com o seu noivo. Faça bom proveito, que sejam muito felizes e não precisam nem mesmo me convidar para o casamento, porque amanhã mesmo eu volto para Berlim.

- Sente-se, Anastásia! 

O meu pai fala de forma dura, quando faço menção de sair da sala, o que me assusta um pouco, pois ele nunca alterou o tom de voz para falar comigo antes.

- Mas, Pai! Eu não...

- Eu disse para se sentar! E vocês também, Bárbara e Martina! - Faço um som nada elegante ao bufar ou grunhir, nem sei dizer. E pisando duro caminho na direção do sofá e me sento, ação repetida pelas outras duas citadas. - Isso aqui não é um debate que precisa ser discutido, e sim o comunicado de uma decisão que já foi tomada e é assim que será!

- Querido, será que não há um meio de mudar essa decisão? - Susana fala de forma mansa, vendo que o meu pai ficou levemente irritado com as objeções, e essa é a primeira coisa que minha madrasta diz que me agrada. - A Bárbara tem razão em estar chateada, até porque você sabe que ela e o Christian têm uma história.

- Eu nunca pensei que fosse dizer isso em algum momento da minha vida, mas concordo plenamente com você, Susana! Esses dois têm uma história da qual não faço parte e continuo não pretendendo fazer, pois essa ideia de casamento é um absurdo, Papai!

- Você tem certeza que é mesmo um absurdo, Priminha? - Bárbara fala com deboche e isso está começando a me deixar irritada. - Será que você não tem nenhuma contribuição para que essa situação estivesse acontecendo? Ou você vai negar que sempre sonhou em estar no meu lugar? Vai tentar convencer a todos que você nunca quis isso? Ainda mais sabendo que sendo a filhinha do papai e a Princesinha da Dragão Negro, teria todos os seus pedidos atendidos?

Eu começo a rir! Na verdade eu gargalho com toda essa baboseira que sai da boca da minha prima, porque se ela soubesse o que tenho vontade de fazer con quello stupido, ser esposa dele seria a última coisa da minha lista, com toda certeza.

- Não seja estúpida, Bárbara! - Começo a falar assim que o meu acesso de riso nervoso se encerra, mas agora estou muito mais irritada com a insinuação dela. - Nem aqui eu queria estar, e se não fosse o meu pai ter exigido que eu viesse a Manhattan, eu jamais faria isso por livre e espontânea vontade. Ainda mais se eu soubesse que o assunto a ser discutido fosse um casamento, do qual não faço a mínima questão em ser parte e muito menos que eu teria que ficar olhando para a cara de vocês. Então feche essa boca e evite falar merda, porque calada você é uma obra de arte, mas daquelas que devem ser vistas, talvez apreciadas e com toda certeza esquecidas num canto qualquer.

- Anastásia!

Meu pai e minha avó me repreendem, quando um coro ultrajado ecoa pela sala, mas apenas dou de ombros, irritada demais para ter senso de etiqueta, porém foco em um detalhe muito importante que foi mencionado.

- O Senhor acabou de dizer que um Grey e uma Steele são prometidos em casamento. A Bárbara também é uma Steele, que já está passando da hora de se casar, diga-se de passagem, então pronto! Não precisa me envolver nessa história, pois diferente dela, eu não estou desesperada para me casar. Ainda sou muito jovem e tenho bastante tempo para fazer isso. - Faço questão de enfatizar o "muito jovem" e "bastante tempo" de forma irônica, o que deixa a minha priminha ainda mais vermelha de raiva.

- Faça alguma coisa, Papai! 

Reviro os olhos quando Bárbara começa a chorar e bater o pé no chão de forma irritante, sendo amparada pela mãe e por sua avó. Céus! Nem parece uma mulher de 35 anos e depois eu que sou a criança aqui!

- Ray, eu acredito que seria melhor se você conversasse com a Anastásia em particular sobre esse assunto, levarei a minha família para casa e conversarei com a minha filha também. - Tio Harold tenta acalmar os ânimos, e meu pai assente, mas Lucrezia que parecia pensar sobre algo, chama a nossa atenção.

- Durante a reunião do Conselho, devido aos ânimos exaltados, eu não havia pensado sobre esse adendo direito, mas a Anastásia disse algo que faz sentido, Raymond. - Meu pai apenas assente, incentivando-a a continuar. - Se a prometida do Don é uma Steele, por que não pode ser a Bárbara, que é uma mulher mais experiente e que vem se preparando há muito tempo para ser uma Donna?

Meu pai suspira, como se esperasse que essa pergunta fosse feita em algum momento, mas ele direciona o olhar para o irmão mais velho, dando permissão para que o meu tio possa responder a pergunta de sua sogra, enquanto a sala permanece em completo silêncio, e até mesmo o choro encenado da Bárbara foi interrompido.

- Dentro da cláusula que fala sobre a união entre um Grey e uma Steele, há também o fato de que ambos deveriam ser herdeiros legítimos a assumirem a uma cadeira do Conselho, o que apenas fortaleceria ainda mais o poder da hierarquia suprema da Organização, mas quando... - Bárbara se levanta num rompante, interrompendo o pai.

- Quer dizer que se o Senhor, que é o primogênito, não tivesse cedido o direito à cadeira do Conselho para o Tio Ray, nada disso estaria acontecendo? Então a culpa por eu não poder ser a esposa do Don é sua, Pai? - Meu tio respira fundo e nega com a cabeça.

- Não, minha Filha! O fato de eu ser o primogênito não me daria esse direito a cadeira do Conselho de qualquer forma, pois esse lugar sempre pertenceu ao seu tio por ser mais capacitado e disposto ao peso dessa responsabilidade da qual eu nunca quis ou conseguiria assumir. Além do mais, a Anastásia não é apenas a segunda herdeira legítima a uma cadeira no Conselho, mas sim a duas.

Bárbara volta a chorar, e vejo o exato momento que tia Martina e Susana fazem uma troca de olhar e confesso que fiquei bem intrigada com isso, mas a voz do meu pai chama novamente a nossa atenção.

- E não apenas isso faz com que a prometida do Christian seja a Anastásia, mas também porque houve um segundo acordo, que começou com uma brincadeira quando a Carla e a Grace engravidaram ao mesmo tempo, e seguindo a data prevista do parto, os bebês nasceriam no mesmo mês, semelhante ao que aconteceu com a Pilar e a Martina. No entanto quando a Carla...

Ele faz uma pausa e respira fundo, e sei que foi por ter se lembrado da minha mãe. E mesmo que eu esteja muito irritada, sinto os meus olhos marejarem por saber que é nessas situações que o meu pai deixa a sua máscara fria cair, demonstrando as suas emoções para outras pessoas que não seja comigo e o meu irmão. Porém estando ciente desse fato, a minha avó sorri de forma carinhosa para ele, e continua com a história, dando tempo para que o meu pai pudesse se recompor.

- Quando descobrimos que a Carla e a Grace teriam os bebês no mesmo mês e que os dois seriam meninos, Carrick fez o Raymond prometer que quando tivesse uma filha, que ela seria prometida ao filho dele. E no momento que a promessa foi feita, Rocco Grey e Vittório Steele levaram aquela brincadeira muito a sério, e fizeram o segundo acordo entre eles, justamente por ser algo vantajoso para a Famiglia. No entanto a Carla demorou a engravidar e no dia que a Anastásia nasceu, Carrick e Raymond foram chamados por seus pais e relembrados da promessa que foi feita antes mesmo que o Christian e o Vincenzo tivessem nascido.

- Mas isso não faz sentido, Nonna! - Levanto-me novamente do sofá, querendo sumir por ter que ouvir falarem sobre o meu futuro dessa forma, mesmo que eu soubesse que isso um dia iria acontecer, só não pensei que fosse tão rápido assim. - Eles não deveriam ter feito isso se era uma brincadeira entre o meu pai e o Tio Carrick. Então esse segundo acordo não deveria ter nenhuma validade legal, ainda mais quando eu nasci 15 anos depois da suposta brincadeira deles. - Meu pai nega com a cabeça, olhando-me com carinho.

- Mesmo que fosse uma brincadeira a princípio, Carrick e eu concordamos em selar a promessa diante aos nossos pais, e a palavra de um Homem de Honra vale mais do que qualquer acordo assinado, minha Filha. - Agora quem faz uma troca de olhar é Susana e Lucrezia, mas nego com a cabeça, pois estou confusa e irritada demais para ver algo coerente em alguma coisa no momento.

- Eu não aceito isso, Tio Ray! O Christian tem que se casar comigo, estão ouvindo? É comigo que ele vai se casar!

- Fique calma, minha Filha! Se essa é uma decisão do Conselho, não podemos mais interferir.

Ela nega com a cabeça e se afasta da mãe, dando-me um olhar furioso antes de sair correndo da sala, mas logo tia Martina e tio Harold se despedem e vão atrás da filha, enquanto eu apenas queria que esse pesadelo acabasse.

- Mas... E quanto a mim, Tio Ray?

Reviro os olhos para Danielle, que resolveu abrir a boca para questionar algo pela primeira vez depois que essa bendita reunião começou, o que não vou negar que eu tivesse me esquecido da presença dela. E sinceramente, era só o que me faltava agora, ela também querer entrar na "disputa de quem vai se casar com o Don".

Mas o seu questionamento faz o meu pai dar um longo suspiro e massagear as têmporas, olhando de modo repreensor para Lucrezia, pois imagino que esse assunto não deveria ter sido mencionado ainda, ou talvez ele só não tivesse imaginado que esta "reunião" fosse tão "animada" como está sendo.

- Por enquanto você está livre de qualquer compromisso, Danielle. Foi feito um novo acordo com o Don, onde o Sottocapo e o Consigliere terão um prazo de seis meses para apresentarem as suas respectivas noivas ao Conselho, mas não se preocupe que trataremos sobre isso depois, tudo bem?

Ela assente, mesmo não estando satisfeita, e me pergunto o quê que deu nessas duas que fazem tanta questão de se casarem tão de repente? Ah, sim! Elas já estão com mais de 30 anos e passaram da idade para arrumarem um bom casamento! Droga, Anastásia! Não seja tão cretina, pois você sabe como essa questão sobre o matrimônio é tratada para as mulheres na Máfia. Repreendo a mim mesma, porque não sou assim, só estou deixando a raiva do momento falar mais alto.

- Eu só não entendo se até mesmo a Francesca estava ciente desse segundo acordo, feito entre o Raymond e o Carrick e validado por Rocco e Vittório, o porquê de não ter sido mencionado no momento da Assembleia na presença do Don? - Lucrezia parece não se conformar, o que compartilho do sentimento, pois eu não quero me casar com ninguém agora, muito menos com ele.

- Naquele momento esse assunto não era relevante, e não seria colocado em pauta aqui também se não fosse necessário esclarecer para a Bárbara que ela não poderia se casar com alguém que estava prometido a outra. - Lucrezia arregala os olhos ouvindo as palavras duras do meu pai, mas ele continua. - Claro que isso não estaria acontecendo, se você não tivesse desde o início incentivado a sua neta a ir atrás do Christian quando estava em Londres, pois você também sabia sobre o acordo original, assim como todos os demais membros do Conselho.

- Fique calmo, Querido! - Susana tenta amenizar o clima que ficou tenso, aproximando-se dele, mas eu apenas estou perdida sobre o que eles estão falando. - A minha mãe só queria o melhor para a minha sobrinha, então ela não agiu de má fé quando nos contou sobre esse acordo da união de um Grey com uma Steele, e como a Bárbara e o Christian sempre se deram tão bem, então ela pensou que...

- Pensou que poderia quebrar o sigilo de um acordo que só seria aberto aos interessados quando o momento chegasse. - Minha avó afirma, interrompendo-a de forma altiva. - Justamente por saber que se o Don quisesse ter se casado antes de fazer 35 anos, independente de quem ele escolhesse o Conselho não iria interferir, não é verdade, Lucrezia?

Ela permanece calada, totalmente sem argumentos, ciente que quebrou uma regra da Famiglia e pode, inclusive, ser penalizada por sua transgressão, mas eu nego com a cabeça, mesmo sabendo que ainda preciso conversar com o meu pai, querendo apenas esquecer tudo isso e me trancar no quarto e sair só na próxima vida.

- Sinceramente toda essa história é absurda em vários níveis, mas pelo visto não há nada que eu possa fazer, não é? - Pergunto ainda com um fio de esperança que o meu pai desista dessa ideia de casamento prometido, mas ele se aproxima e pega em minhas mãos.

- Não, minha Princesa! - Sinto os meus olhos marejarem, mas não irei chorar, pelo menos não agora. - Eu sei que você ainda é jovem e se dependesse apenas de mim, eu a manteria sob a minha proteção para sempre, mas sabemos que não é assim que funciona quando se trata da Famiglia. - Apenas assinto e respiro fundo.

- Poderemos voltar a falar sobre isso depois? Eu estou cansada da viagem, a minha cabeça está uma bagunça com o fuso horário e com toda essa história. Eu posso subir para o quarto agora, Pai?

Ele sorri de lado e assente, dando um beijo na minha testa, mas a minha avó se aproxima e me abraça apertado também, como se soubesse que eu precisava desse conforto agora, antes de começar a sussurrar carinhosamente em meu ouvido.

- Não precisa tentar encontrar razões do porque que esse casamento deve acontecer, mia Piccolina. - Ela me mantém no abraço e continua sussurrando. - Apenas saiba que tudo tem um porque e que algumas ações do passado podem ser a salvação do que nos espera no futuro.

Ela se afasta e mesmo confusa não pergunto o que esta tentando me dizer, apenas me despeço de todos e caminho na direção das escadas, pensando que desejar não encontrar quem eu tanto queria evitar não foi o suficiente, pois é impossível fugir de alguém que será o meu futuro marido, ou pelo menos assim será até que a morte nos separe!

[...]

Jamais poderia passar por minha cabeça que eu estaria nessa situação! Não agora, depois de 5 anos que sou diferente daquela adolescente sonhadora e apaixonada que daria tudo para que esse momento acontecesse. Hoje não vejo como isso poderia dar certo, pois a Bárbara deixou claro como água que eles se amam, e apesar de terem enfrentado alguns contratempos estavam esperando que o matrimônio fosse oficializado, mesmo que eu ainda não consiga compreender o porquê de terem esperado tanto.

E ainda tem as palavras da minha avó que ficam girando e girando sem parar na minha mente, onde tento encontrar alguma conexão que faça algum sentido. E confesso que está impossível "não pensar nas razões para que esse casamento devesse acontecer", quando tudo que eu quero é pensar numa forma para que não aconteça.

Ele é o Don dessa Famiglia e ainda tem 35 anos, sendo assim ele pode decidir com quem deverá passar "o resto da sua vida", pois tecnicamente o seu prazo não acabou, ainda mais se ele fizer isso dentro dos próximos dois meses. Droga! Será que ele pelo menos está de acordo com isso, quando claramente não irá se casar com quem fez planos durante todos esses anos?

E se aceitou a imposição desse acordo - absurdo, diga-se de passagem -, por que não tentou mudá-lo como fez quando conseguiu mais seis meses para o meu irmão e o Paolo? Ainda mais sabendo que como regra, nem mesmo o Conselho separaria duas pessoas que se amam, quando defendem a possibilidade de haver um casamento por amor.

Balança a cabeça e sem conseguir controlar acabo dando uma risada de escárnio, pois se ele não queria uma menininha mimada, carente e pegajosa perto dele antes, imagine agora que terá que se casar com ela? Com certeza deve estar me odiando ainda mais nesse momento, o que será ainda pior se tivermos mesmo que conviver como um casal.

Eu sempre soube que um marido seria escolhido para mim, quando eu atingisse a idade para me casar, e isso não é nenhuma novidade, afinal, esse é o destino de todas as Filhas da Máfia. E com o tempo de convivência como casada eu poderia vir a me apaixonar pelo homem que tomasse a minha mão e se tornasse o meu marido, ou até mesmo antes disso, dependendo do tempo que tivéssemos antes de oficializar o matrimônio.

Só que nessa situação eu não vejo como isso poderia dar certo, quando claramente o meu futuro marido é alguém que um dia eu me apaixonei, que amei em silêncio e passei a odiar com todas as minhas forças depois. E se não fosse o bastante, ele ainda está sendo obrigado a se casar com quem não foi a sua escolhida e que não gosta nem mesmo de manter qualquer aproximação, quando deixou claro naquele dia que até mesmo a minha presença o irritava.

- Bom dia, Ana! - Assusto-me no momento que Emma abre a porta de vidro da sacada e se aproxima, deixando o seu sorriso bonito sumir ao me encarar. - O que aconteceu? Por que você está chorando? - Passo a mão no meu rosto e percebo que realmente há lágrimas deslizando sem permissão, mas nego com a cabeça. - Desculpe-me por não tê-la esperado ontem, mas eu acabei pegando no sono. A reunião foi tão ruim assim? É por isso que você está desse jeito? Realmente vai ter casamento? - Acabo dando risada, pois ela fica nervosa e começa a disparar uma pergunta atrás da outra.

- Não tem problema, imaginei que você estivesse cansada, e a reunião demorou mais do que deveria. - Afasto-me dando espaço na chaise redonda para que ela possa se acomodar ao meu lado. - E sim, vai ter casamento, mas não será da Bárbara.

- Como assim? Então por que você está desse jeito? - Dou uma risada irônica, que acaba virando mais um choro sem controle.

- Porque o... O casamento será meu, Emma!

- Scheiße! (Merda!).

O palavrão em alemão vem acompanhado dos seus olhos arregalados, e mesmo assim ela me abraça, onde mais uma vez eu me entrego às lágrimas, como se ter passado a madrugada fazendo isso não tivesse sido o bastante. Mas depois de alguns minutos, respiro fundo e tento me controlar, afinal, não adianta ser uma menininha frágil agora, quando a minha vida inteira eu sempre soube que esse momento um dia fosse chegar. Eu só não sabia que seria com ele, é claro!

- Essa situação é mesmo uma merda, Emma, mas uma coisa eu não posso negar. - Seco o meu rosto e dou uma risada, totalmente contraditória a como eu estava minutos atrás. - Presenciar o castelinho de areia da minha prima, sendo derrubado pelas ondas que foi o comunicado do meu pai, não teve preço. - Começo a gargalhar, sendo acompanhada por ela. - Teve até lágrimas de crocodilo e o pé batendo no chão, igual uma criança birrenta.

- Você não tem jeito, Ana! - Nego com a cabeça, e seco o meu rosto, mas agora das lágrimas pela gargalhada, ou não, vai saber.

- De tudo que eu ouvi ontem, pelo menos um lado cômico tinha que ter, concorda comigo? - Quem nega com a cabeça agora é ela, mas vejo que está curiosa e receosa ao mesmo tempo em perguntar o que está explícito em seus olhos. - Pode perguntar, Emma.

- O noivo... Quer dizer, o seu futuro marido será o Christian? - Faço uma careta, pois evito pronunciar esse nome, mas mesmo assim assinto. - E como será isso? Digo, vocês dois, já que...

- Não faço a mínima ideia. - Interrompo-a entendendo o que está querendo me dizer. - A única coisa que sei é que em 60 dias eu serei a Esposa do Don Grey! Isso se eu não conseguir uma forma para esse casamento não acontecer.

- E o que você está pensando em fazer, Ana?

- Ainda não sei, Emma! Mas irei descobrir.

Porque se eu não conseguir evitar esse casamento, não sei como eu sobreviverei a ele, mas a verdade é que sendo sincera comigo mesma, não sei se o meu coração será capaz de permanecer inteiro...

...Não depois de ter demorado 5 anos para que eu conseguisse reconstruí-lo!



Desculpem-me, por não ter postado ontem, mas espero que gostem! E sabem aquelas estrelinhas e comentários marotos? 🤭🤭🤭

Eu amo de paixão, viu?! 🤩🤩🤩

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