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Capítulo - 05

A sensação sufocante de estar sendo observada pelo quarteto que deixei na sala é a mesma se eu estivesse sendo engolida por essas paredes, mas apenas continuo seguindo a Ya Ya, enquanto subimos as escadas e caminhamos pelo extenso corredor, sem soltar a mão de Emma, como se fosse o meu bote salva-vidas que não me deixa afundar nesse mar turbulento de veneno vindo daquelas quatro, e devo dizer que é o que ela realmente está sendo nesse momento.

- Eu não vou conseguir ficar nessa casa. - É a primeira coisa que falo, para ninguém em específico, depois de entrar no quarto e a porta ser fechada por Ya Ya. - Não tem nem 15 minutos que cheguei e estou pronta para retornar para Berlim.

- Você está cansada da viagem, Bambina! Tome um banho quente que ajudará a descansar o corpo e acalmar um pouco essa sua cabecinha.

- Para isso acontecer só se eu tomar banho de sal grosso com arruda, pois estou sentindo um peso em meus ombros desde que cheguei nessa casa, Ya Ya. - Ela arregala os olhos e percebo que fui mais ríspida do que deveria, e me arrependo no mesmo instante. - Desculpe-me, Ya Ya! - Aproximo-me e pego as suas mãos nas minhas. - Realmente estou cansada e confesso que contrariada também, pois estar nessa casa onde me sinto uma intrusa que não é bem-vinda faz com que eu fique mais irritada do que deveria, ainda mais por não ter sido recebida por meu pai como eu pensei que seria. - Ela sorri afetuosa e aperta ainda mais as minhas mãos.

- Eu compreendo o que está sentindo, mas sabemos que o motivo para você ter ficado irritada assim, não é apenas porque o seu pai não estava aqui para recebê-la. - Fico em silêncio, como se não tivesse compreendido o que ela está dizendo. - Eu ouvi como você falou com a Bárbara sobre o casamento. É por causa do... - Nego com a cabeça e me afasto.

- Não, Ya Ya! Sinceramente eu não me importo com quem a Bárbara irá se casar ou não. Eu não sou mais aquela adolescente sonhadora que tinha uma paixonite platônica pelo melhor amigo do irmão. É passado e acabou!

- Tudo bem, Bambina. - Ela não insiste no assunto, mas a forma que me olha antes de desviar a sua atenção para Emma, que havia se sentado no recamier, deixa claro que não acredita no que eu digo. - Tomem um banho e descansem um pouco. Quanto às malas, depois eu virei com as meninas e arrumaremos tudo no closet. - Nego com a cabeça mais uma vez.

- Não há necessidade, Ya Ya! Por mais que eu esteja morrendo de saudades do meu pai e do Vincenzo, assim que eu souber o porquê de ter vindo à Manhattan, pretendo retornar o mais rápido possível para Berlim. 

Ela me dá um sorriso triste, por me ouvir falar que irei embora quando acabei de chegar, mas assente e sai do quarto, e eu dou um suspiro cansado, olhando para Emma que bate no espaço ao seu lado.

- A Ya Ya sabe sobre o... - Assinto a interrompendo e me sentando.

- Sabe sim! A Ya Ya era a única amiga que eu tinha depois que minha mãe morreu. Era com ela que eu chorava de saudade, que me ouvia desabafar sobre não gostar da minha madrasta e que me ajudou a passar pela transição do luto, uma vez que o meu pai estava sofrendo tanto quanto eu. E nem mesmo com o Vincenzo eu pude passar muito tempo, pois ele logo teve que retornar para Londres. - Ela assente e pega na minha mão, quando deito a cabeça em seu ombro. - E por me conhecer tão bem, ela foi à pessoa que me ajudou a entender o que eram aqueles sentimentos conflituosos que estava crescendo dentro de mim, sempre que eu via ou pensava no amigo do meu irmão. A compreender tudo que uma adolescente poderia descobrir com a sua primeira paixão, inclusive, o quanto poderia machucar por saber que nunca seria correspondida pela diferença de idade e por ele ser comprometido com a minha prima. - Ela fica em silêncio por alguns minutos, assim como eu, pensando em suas próximas palavras.

- Você disse que nunca mais o viu depois que foi para Berlim, não é? - Apenas murmuro uma confirmação. - Já imaginou como será quando o reencontrar depois desses 5 anos, Ana? Como o seu coração reagirá na presença dele?

- Não pretendo vê-lo. - Levanto-me e começo a retirar as minhas roupas. - E mesmo se acontecesse, hoje não sinto mais nada por ele. O que eu sentia era apenas uma paixonite adolescente que acabou com o passar dos anos.

- Então porque você tem tanto medo de reencontrá-lo?

- Não tenho! Apenas não vejo razões para fazer isso, e sendo o Don da Organização eu sei que ele é muito ocupado, então não perderá o seu precioso tempo dando atenção a uma menina que logo estará voltando para a Cúpula. - Ela arqueia a sobrancelha, sendo prontamente ignorada por mim, que decido mudar de assunto. - Eu acabei tomando a decisão de ficarmos no mesmo quarto sem lhe perguntar, Emma, desculpe-me! - Ela sorri e nega com a cabeça.

- Está tudo bem. Fazemos isso na Cúpula quase todas as noites, então não vejo razões para ser diferente enquanto estivermos aqui. - Assinto por saber que ela iria preferir dessa forma também. - Agora vá tomar o seu banho, que também estou precisando fazer isso.

Dou risada da careta que ela faz, mas caminho para o banheiro, onde sozinha posso pensar e tentar colocar a cabeça no lugar, que com poucos minutos na presença da minha madrasta e companhia, foi o suficiente para trazer memórias das quais eu não estava disposta a relembrar.

[...]

Tento colocar na minha cabeça que hoje sou dona das minhas emoções e que tudo ficará sob controle, mas enquanto a água quente desliza sobre o meu corpo, acabo dando uma risada sem humor, afinal, eu já sabia que não seria fácil vir à casa do meu pai, por mais que eu pensasse o quanto estaria preparada para esse momento. Só que me deparar com a Susana e a sua família feliz enquanto planejam o casamento mais aguardado da Dragão Negro, realmente não estava em meus planos nos primeiros 5 minutos da minha chegada. E muito menos isso deveria me deixar tão incomodada como está acontecendo.

Mas se for pensar bem, não deveria ser nenhuma surpresa que esse momento um dia fosse acontecer, afinal, é de conhecimento de todos que não é comum que um noivado tão longo - praticamente 8 anos, mesmo que eles tivessem terminado por um tempo por razões das quais eu desconheço -, fosse permitido pelo Conselho, ainda mais levando em conta que a noiva em questão poderia ser considerada fora dos "padrões ideias" de um casamento para o Herdeiro da primeira linhagem, principalmente sendo o Don da Organização.

E sinceramente, eu nunca quis saber antes o porquê para que esse casamento tivesse demorado tanto, até porque eu era uma pré-adolescente de 12 anos quando o noivado foi anunciado pela primeira vez, mas somente aos 15 que eu compreendi o que realmente me incomodava no relacionamento dos dois: eu havia me apaixonado pelo melhor amigo do meu irmão, que era um homem feito, 15 anos mais velho, e que me via apenas como uma criança. "Uma menininha mimada, carente, pegajosa e que o irritava por insistir em chamar a sua atenção".

Doeu muito ouvir isso! Principalmente quando eu acreditava que era "discreta" quanto aos meus sentimentos, pois eu compreendia que um homem de 30 anos jamais ousaria - ou sequer poderia - olhar para uma adolescente de 15 anos e vê-la diferente do que de fato era: uma criança imatura, que acreditava ser possível viver um conto de fadas e que não sabia o quanto estava sendo ridícula em querer se comparar com a própria prima, que era uma mulher com a idade compatível a dele.

Claro que eu nunca fiz algo que pudesse ser considerado desrespeitoso ou que demonstrasse o quanto o meu coração acelerava, o meu rosto ficava quente e as borboletas sempre ficavam alvoraçadas em meu estômago somente por estar ao lado dele. Eu apenas gostava de ficar bonita - mesmo com minhas roupas juvenis e recatadas -, para estar em sua companhia, que sempre me tratou bem, sendo extremamente educado, gentil e muito carinhoso. O que não era diferente da forma que o meu irmão e Paolo me tratavam, obviamente.

E estava tudo bem! Eu aceitava isso, por saber que ele me via apenas como a irmãzinha do seu melhor amigo e me contentei em viver o meu amor platônico em silêncio. Só que diferente do que eu pensava que estava sendo discreta, constatei que não era realmente assim, pois a Bárbara, a sua mãe e a sua avó descobriram o que eu sentia e me fizeram perceber o quanto eu estava sendo patética em ficar como uma boba apaixonada por alguém que jamais olharia para mim, além de estar sendo desrespeitosa com a minha prima e a nossa família com essa situação.

- Está bonita hoje, Priminha! - Assustei-me com a aproximação da Bárbara, sua mãe e sua avó, fazendo-me desviar o olhar do meu irmão e seus amigos para encará-las. - Por um acaso você se arrumou assim para alguém? - Neguei com a cabeça e senti o meu rosto esquentar de vergonha.

- Não me arrumei para ninguém, Bárbara! Eu apenas decidi usar um vestido diferente. - Dei de ombros e olhei para o meu vestido rosè sem mangas, de renda até a cintura e a saia em cetim modelo godê, que ficava um pouco acima dos meus joelhos.

- Você está mesmo linda! Uma verdadeira Princesa. - Tia Martina sorriu, mas não gostei do sorriso que me deu e se aproximou ainda mais, baixando o tom de voz. - Mas tome cuidado! Se o seu pai perceber a forma que você está olhando para o noivo da sua prima e que está se arrumando dessa forma na tentativa de chamar a atenção de um homem muito mais velho que você, ele pode não gostar e ficar muito envergonhado. - Arregalei os olhos e neguei com a cabeça.

- Eu não estou fazendo isso, Tia! - Quase sussurrei, com medo de mais alguém ouvir o que estávamos falando, mas não havia ninguém por perto.

- Espero que não faça mesmo, Bambina, porque a sua prima logo será a Donna da nossa Famiglia! E se alguém viesse a descobrir que a própria prima, que ainda é uma criança, está tentando se insinuar para um homem que além de ser bem mais velho é também comprometido, seria um grande desrespeito e vergonha para a nossa família. - Eu não consegui falar nada depois de ouvir as palavras de Lucrezia, apenas fiquei ouvindo o que elas falavam e buscando uma forma para sair de perto delas.

- Imagine o quanto a sua mãe ficaria decepcionada se estivesse viva e presenciasse o que estamos vendo nesses olhinhos apaixonados, minha Sobrinha? - Tia Martina questionou com pesar e senti os meus olhos marejarem quando ela falou da minha mãe. - Mas não se preocupe que ninguém precisa saber disso, porque é normal se encantar por um homem bonito na sua idade. Ele não será o único homem que chamará a sua atenção e muito menos o último, mas você sabe que em poucos anos terá que cumprir a sua responsabilidade com a Famiglia quando chegar o momento de se casar, não é? - Baixei a minha cabeça, pensando em suas palavras, mesmo que eu não estivesse fazendo nada de errado, mas ainda assim fiquei muito envergonhada.

- Não precisa ficar com essa carinha amuada, Priminha! - Bárbara voltou a falar e levantei a cabeça para encará-la e ver um sorriso em seus lábios. - É compreensível, pois o meu noivo é mesmo bonito e chama muita atenção, mas todas nós sabemos que ele nunca se interessaria por uma criança, não é verdade? - Ela se aproximou e pegou na minha mão, que me segurei para não puxá-la de volta. - Só não queremos que você tenha o seu coraçãozinho quebrado por não poder ser correspondida, mas eu não estou brava de você ter se encantado por ele, que se soubesse disso também acharia engraçado e muito fofo, pois ele sempre a viu como uma bonequinha sensível, delicada e que não é nada mais que a irmãzinha do seu melhor amigo. - Ela deu uma risadinha da qual não consegui compartilhar e o assunto foi encerrado quando a minha avó Francesca se aproximou um pouco desconfiada, porém sorri para ela como se nada tivesse acontecido.

Porém hoje, sendo uma adulta muito consciente dos meus atos e das atitudes de outras pessoas, eu consigo compreender que a intenção delas não era apenas me alertar sobre o quanto "fantasiar um Conto de Fadas" com o noivo da minha prima era errado, mas sim me machucar, quando usaram isso para dizer o quanto a minha mãe ficaria decepcionada com a minha atitude se estivesse viva, da mesma forma que o meu pai ficaria envergonhado se descobrisse tal coisa.

E talvez eu tivesse ignorado a forma que elas vieram conversar comigo sobre esse assunto naquela época, por conhecer a capacidade que elas têm em serem falsas e venenosas quando querem. O que fiz a princípio, pois eu era sim uma adolescente, mas não era boba e muito menos tão inocente quanto acreditavam, mesmo que eu tivesse ficado sem reação naquele momento por ter sido pega de surpresa, e também muito preocupada com o que o meu pai pensaria se ele viesse a descobrir os meus sentimentos por um homem mais velho e que era totalmente proibido para mim.

Porém um pouco mais tarde naquele mesmo dia, eu fui procurar o meu irmão e perguntar se ele havia conversado com o nosso pai para que me deixasse vir com eles para New York, mas quem eu acabei encontrando foi o Paolo conversando com ele. E sem querer eu ouvi o que estavam falando, e mesmo que fosse errado permaneci igual uma boba parada sem que percebessem a minha presença e sentindo o meu coração se quebrar pela primeira vez.

- Pretendo embarcar para New York o quanto antes, Paolo! Não aguento mais ficar aqui. Se você e o Vincenzo quiserem ir depois, por mim tudo bem. - Ouvi sua voz irritada, mas tinha um tom cansado também.

- Eu não vejo problemas em anteciparmos alguns dias, então quando você for eu irei também. - Eles ficaram em silêncio por alguns minutos. - Você sabe que ela quer ir para New York conosco, não sabe?

O meu coração acelerou e sem conseguir controlar comecei a mordiscar o canto do meu polegar, por imaginar que seria sobre mim que estivessem se referindo, pois possivelmente o meu irmão já havia conversado com eles.

- É claro que ela não vai! Se eu decidi antecipar a minha ida para New York é justamente por não aguentar mais o Carrick e a insistência dela em permanecer perto de mim. - A raiva em seu tom de voz fez o meus olhos marejarem, mas eu não consegui me mover para sair daquele lugar. - Vincenzo está neste momento conversando com o pai dele sobre isso, pois sinceramente eu não estou mais com paciência para lidar com as atitudes infantis dela. Ela age como se fosse uma menininha mimada, carente, que está ainda mais pegajosa com o passar dos dias, desde que retornamos de Londres, o que está me deixando ainda mais irritado com a sua insistência em querer sempre chamar a minha atenção.

Suas palavras frias acertaram em cheio o meu coração, fazendo-me sentir como se os seus pedacinhos caíssem aos meus pés apenas para serem ainda mais pisoteados quando eu me movesse. E sem conseguir ouvir mais nada eu saí a passos rápidos e os deixei na varanda sem olhar para trás.

Não perguntei ao Vincenzo o que ficou decidido com o nosso pai e quando ele ameaçou a tocar no assunto, eu disse que não queria mais ir para New York, e isso o fez estranhar a minha mudança súbita sobre a viagem, ainda mais por saber que eu queria ficar o mais distante possível da nossa madrasta, mas não me questionou nada, apenas respeitou a minha decisão em não querer conversar sobre o assunto.

No dia que eles iriam embarcar não me despedi dele, e fiquei sem entender quando o meu irmão me disse que o seu amigo estava me procurando para fazer isso, mas eu não conseguia nem mesmo olhar na cara dele sem me lembrar de suas palavras duras e raivosas. E a partir daquele dia, alguma coisa mudou dentro de mim, a começar aceitando a "sugestão" da Susana de ir para a Cúpula, mesmo que a saudade fosse apertar o meu coração por ter que ficar longe do meu pai por tanto tempo.

E hoje eu não sou mais aquela menininha boba e apaixonada, que acreditava um dia poder viver um lindo conto de fadas, até porque eles não existem e a vida real é bem diferente dos livros, principalmente no mundo do qual nasci. Não perdi a minha essência, é claro, mas assim como eles, eu posso ter aprendido uma coisinha ou outra em dominar as minhas emoções. Posso não ter os melhores dos temperamentos quando estou irritada ou conseguir me segurar quando preciso falar algo, afinal, agora eu sou uma mulher de 20 anos que age como tal e que não precisa mais baixar a cabeça para ninguém.

[...]

- Como eu estava com saudades, mia Principessa!

Sorrio em meio às lágrimas, que não consegui conter, ao receber o abraço do meu pai, assim que ele entrou no quarto que foi indicado como meu. E não posso negar que a decoração seja de muito bom gosto... Se fosse para receber uma adolescente e não uma mulher como sou hoje.

- Eu também senti muito a sua falta, Papà! - Afastamos do abraço e vejo os seus olhos também marejados, apesar do sorriso bonito em seus lábios.

- Mas agora você está aqui e poderemos acabar com toda a saudade que sentimos, mia Bambina!

- E faremos isso, Papai! Aproveitaremos todo o tempo que eu estiver em Manhattan, antes que eu possa voltar para Berlim.

Ele acaricia o meu rosto, secando as minhas lágrimas e sorri de lado, o que dispara todos os alertas existentes dentro de mim, por ele não ter dito nada, mas antes que eu questione algo, Emma sai do closet, muito envergonhada enquanto cumprimenta o meu pai, mesmo que já o conhecesse das vezes que ele esteve na Cúpula para me visitar ou na casa do Franco e Giovanni nos feriados prolongados, mas acabo interrompendo as boas-vindas por estar muito curiosa para saber a razão para que eu precisasse vir a Manhattan.

- O que aconteceu para que eu precisasse sair de Berlim de forma tão repentina, Pai? - Decido não mencionar que talvez eu saiba a razão, mas prefiro ouvir o que ele tem a me dizer primeiro.

- Vamos descer e após o jantar conversaremos sobre isso, tudo bem? - Assinto por não ter opção melhor no momento e olho para Emma que sorri e nos acompanha ao sairmos do quarto.

- O Vincenzo veio com o Senhor, Pai? - Ele me abraça pelos ombros e nega com a cabeça.

- O seu irmão não sabe que você chegaria hoje, e preferi não falar nada por enquanto, pois ele também está com muita coisa para pensar depois da Assembleia que tivemos no Conselho. - Fico confusa, mas ele beija os meus cabelos e nega com a cabeça. - Depois do jantar, mia Piccolina! - Mais uma vez assinto por saber que ele não falará nada, e assim que chegamos à sala de jantar, vejo que Lucrezia e o meu tio Harold, que se levanta quando me vê, estão presentes também.

- Como você cresceu, Bambina! - Sorrio e caminho em sua direção, para receber o seu abraço apertado, sentindo-me bem-vinda pela primeira vez por alguém da família nesta casa, depois do meu pai, é claro.

- Oi, Tio Harold! E o Senhor não mudou nada, continua tão bonito quanto me lembro, assim como o meu pai. - Lanço uma piscadela na direção do meu pai, assim que me afasto do abraço do meu tio, fazendo-os sorrirem.

- Isso é muito gentil de se dizer para dois velhos como o seu pai e eu, Principessa, mas você realmente cresceu e ficou ainda mais linda do que era. - Ele acaricia o meu rosto e beija a minha testa, olhando para o meu pai em seguida. - La nostra bambina è già una bellissima donna! Siamo più vecchi di quanto pensassi, fratello mio! (A nossa garotinha já é uma linda mulher! Estamos mais velhos do que eu pensava, meu irmão!). - O meu pai dá risada e assente, fazendo-me sorrir também e negar com a cabeça, pois de velhos eles não têm nada.

Harold Steele é o meu único tio e desde que saiu da Sicília passou a ser o Capo dos Distritos de Manhattan, Bronx e Queens. E eu não exagerei em nada ao dizer que ele está tão bonito quanto eu me lembrava, pois eu tenho certeza que com os seus 62 anos, olhos azuis e os cabelos castanhos claros ainda faz muita mulher suspirar pelos cantos. Uma pena que a esposa não sabe valorizar o homem maravilhoso que ele é, o que não consigo entender toda a amargura que exala pelos poros da minha tia Martina.

Mas enfim, sendo o primogênito, ele teria o direito a assumir a cadeira do Conselho no lugar do meu avô, pois o meu pai foi o escolhido para ser o 3º Consigliere da Organização, mas por alguma razão que eu desconheço, ele abriu mão do seu direito de ser um Anziano, cedendo ao irmão caçula, decidindo em ficar apenas com o cargo de Caporegime, o que não agradou muito a sua esposa e filha, mas nada fez com que ele mudasse de ideia quanto a sua decisão.

- É verdade, Ragazza! Você realmente está bem diferente da última vez que nos encontramos. - Lucrezia me olha da cabeça aos pés, o que não me importo, obviamente. - Parece muito mais madura para a pouca idade que tem, e realmente está mais bela, além de estar com um brilho diferente no olhar. - Abro um sorriso e me sento em meu lugar à mesa.

- Agradeço pelo elogio! E quanto ao brilho no olhar, podemos dizer apenas que não sou mais aquela adolescente ingênua de 5 anos atrás, Lucrezia, afinal, uma hora ou outra eu teria que amadurecer. Uma pena que nem todos fazem uso do benefício que as experiências da vida nos proporcionam, não é verdade?

Ainda sorrindo e sem conseguir controlar, direciono o olhar para Bárbara e Danielle, que parece agirem como eternas adolescentes até hoje, pelo pouco que pude presenciar desde que cheguei nesta casa.

- Pode ser uma mulher hoje, mas você sempre será a minha bonequinha! - Uma voz, que enche o meu coração de amor, interrompe o momento que Lucrezia iria retrucar e abro um imenso sorriso ao me virar.

- Nonna! (Vovó!).

Levanto-me e rapidamente estou sendo acolhida por seus braços, que logo me afastam apenas para me avaliar minuciosamente com um olhar cheio de afeto, que significa mais do que mil palavras.

- Apesar de ser a cara do seu pai, eu consigo ver tanto da sua mãe em você, mia Nipote (minha Neta).

Ela acaricia o meu rosto, e eu também vejo muito da minha mãe quando olho para ela, principalmente o mesmo amor que era refletido em seus olhos verdes e o calor que aquece o meu coração ao receber o seu sorriso e o seu abraço tão gostoso e acolhedor.

Francesca Fiore Riva é uma mulher linda e imponente, e mesmo tendo 82 anos exala uma vitalidade invejável. Minha Nonna é muito vaidosa, fazendo questão de manter os seus cabelos castanhos avermelhados sempre devidamente tonalizados, além de não abrir mão de usar as suas maquiagens, dando destaque aos seus olhos verdes felinos, que são tão iguais aos que minha mãe tinha. Sem dúvida ela é o exemplo de mulher que pretendo seguir, tanto por sua bondade quanto por sua força e determinação em sempre querer fazer a diferença no mundo da Máfia.

Tanto que ela é a Fundadora da Cúpula, que teve como intuito em fazer com que as Filhas da Máfia aprendessem muito mais do que é pressuposto para uma mulher nascida e criada nesse mundo, que é aprender a ser uma boa esposa, com aulas de etiqueta, bordados e corte-costura - como se é esperado por todos -, mas sim tendo como missão a nos ensinar a ser fortes, determinadas, a ter uma formação acadêmica, se for algo que desejamos. E a nos defender a ponto de conseguir caminhar ao lado do homem que vier a ser o nosso companheiro para a vida, e não apenas a sermos submissas às vontades deles. Na Cúpula aprendemos a nos impor, respeitando os limites da boa educação e da hierarquia, obviamente, mas nunca a baixar a cabeça para qualquer pessoa ou para tudo que nos for dito.

E acredito que a sua vontade para que as mulheres fossem mais bem-preparadas para viver no mundo da Máfia se dá ao fato de que ela não teve um casamento tão feliz como gostaria que tivesse sido, pois o seu marido era um homem complicado. E pelo pouco que eu sei, até porque ela não gosta muito de falar sobre o assunto, o meu avô não se casou por amor como aconteceu com a minha avó, pois na cabeça dele o homem devia ter mais voz que a mulher no nosso mundo e acreditou que se casando seria ele a assumir o lugar que pertencia a minha Nonna por direito no Conselho.

Giancarlo Riva, o meu avô, era irmão mais velho da Lucrezia, que na época já estava casada com o Alfredo Lancelot - pai da minha tia Martina e da Susana -, e querendo fazer parte da Famiglia Dragão Negro, que sempre foi uma Organização muito conhecida em nosso meio, aproveitou para "cortejar" a única herdeira da Casa Fiore, que havia se encantado por ele. Porém a minha avó poderia sim ter sido apaixonada e amado o meu avô, mas nunca foi ingênua a ponto de não saber as intenções do marido, que morreu sem ter aproveitado do poder que gostaria.

- Eu quero que a Senhora conheça a Emma, a amiga que eu havia falado, Nonna!

- Vamos jantar primeiro, Querida! O seu pai precisa fazer um comunicado importante e estamos muito ansiosos para ouvi-lo. - Reprimo a vontade de revirar os olhos assim que ouço a voz de Susana, mas minha avó a encara seriamente.

- Não seja inconveniente, Susana, eu tenho certeza que o comunicado que o Ray tem para fazer poderá esperar mais alguns minutos. Então eu acredito que ele não se importará de aguardar 5 minutos para que eu possa conversar com a minha neta, que estou morrendo de saudades por fazer alguns meses que não a vejo.

- Tem razão, Tia Francesca, desculpe-me!

Mordo no lábio para segurar a risada da cara que ela faz ao ouvir a minha avó, mas que não tem coragem para contradizer a tia, mesmo que seja ela a dona da casa. No entanto apenas faço as apresentações rapidamente, pois não quero causar problemas nas primeiras horas que estou sob o seu teto, afinal, eu também estou muito ansiosa para ouvir o que o meu pai tem a nos dizer.

Mas acredito que a minha ansiedade seja diferente da alta expectativa que vejo refletida nos olhos delas - com exceção de Lucrezia que deve saber do que se trata essa reunião familiar -, pois o meu único interesse é acabar logo com isso e poder voltar para Berlim, o lugar que virou o meu segundo lar e do qual realmente me sinto bem.

Pelo menos é isso que eu espero que aconteça!

Se teremos o restante do capítulo amanhã, a parte em que a Ana ficará sabendo sobre o que a aguarda nessa reunião?

Vai depender do quão feliz vocês me deixarem com estrelinhas e comentários 😏😏😏!

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