Capítulo 1: Desejos Vampíricos
1.130 palavras
28 de setembro, ano de 1890, Transilvânia
A carruagem cortava todas as silhuetas da floresta como se fosse uma navalha, passando rapidamente por uma estrada sinuosa, envolta em neblina. Lucy continuava silenciosa, seus olhos fixos na janela, mas sua mente era um turbilhão. Desde o momento em que Drácula a tomara de Londres, ela não sabia mais onde terminava seu medo e começava a curiosidade que ele despertava. Ele estava ali, sentado diante dela, imóvel como uma estátua esculpida em mármore, mas seus olhos ardiam como brasas, nunca desviando dela.
A presença dele a consumia. Ela podia sentir o peso da atenção de Drácula, mesmo quando ele nada dizia. Era como se ele estivesse esperando que ela cedesse, que finalmente aceitasse aquilo que ele havia prometido: uma existência além da vida, do tempo e das leis humanas.
Quando a carruagem parou diante do castelo, Lucy sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. As torres escuras erguiam-se contra a lua cheia, como garras prontas para capturá-la. Drácula desceu primeiro, estendendo a mão para ela. Sua voz, tão suave quanto perigosa, quebrou o silêncio.
— Bem-vinda ao seu novo lar, Lucy. Aqui, nada pode nos alcançar. Nem tempo, nem medo. Apenas nós dois.
Ela hesitou, mas aceitou a mão dele. O toque de Drácula era frio, mas ainda assim uma onda de calor inexplicável tomou conta de seu corpo. Ela não sabia se era o medo ou algo muito mais profundo — algo que ela não ousava admitir.
O barulho de lobos uivando ecoavam à distância. Para ser sincera consigo mesma, não lembrava da viagem que tiveram, não lembrava de ter sido carregada à carruagem, e vagos flashes de memórias a faziam se sentir receosa sobre o que de fato aconteceu quando vira pela última vez James, seu marido. Tudo se tornou escuro de repente, e quando percebeu por si mesma, já adentrava as portas pesadas de ferro, com Drácula segurando sua mão enquanto subiam as escadas.
Seu coração tornou-se tambores fortes dentro de seu peito, fazendo-lhe crer que Deus já não a acompanhava à tempo. Rezava para que sua vida não acabasse abruptamente, principalmente, naquela noite.
Dentro do castelo, a escuridão era quebrada apenas por candelabros cujas chamas tremeluzentes pareciam ter vida própria. O ambiente, era vivo, as cores nítidas em vinho, quase respirando ao redor dela. Drácula guiou-a por corredores intermináveis, até que finalmente pararam diante de uma porta maciça de madeira escura. Ele a empurrou, revelando um quarto opulento, adornado com tecidos de veludo vermelho e detalhes dourados.
— Você está cansada. — A voz dele era quase um sussurro. — Mas saiba que esta noite não será como nenhuma outra. Aqui, você será livre de tudo o que a prendia antes. Livre de sua mortalidade, livre de suas dúvidas.
Lucy recuou um passo, seus olhos vasculhando o quarto em busca de algo, qualquer coisa que a trouxesse de volta à realidade. Mas nada parecia real naquele lugar — nem mesmo ela mesma. Antes que pudesse responder, Drácula aproximou-se, com uma rapidez quase sobrenatural, e inclinou-se para falar próximo ao seu ouvido.
— Não lute contra o que você já sabe ser inevitável.
Ela não respondeu. Não havia como negar o que sentia, embora lutasse contra isso com todas as forças. E então, antes que pudesse pensar, o olhar ardente dele encontrou o dela, e ela soube que estava perdida.
Lucy avançou pelo quarto em passos hesitantes, como se cada movimento a aproximasse mais de um abismo invisível. As velas piscavam suavemente, criando uma atmosfera aconchegante e íntima. Drácula permaneceu à porta, observando-a como um predador observa sua presa. Mas não havia pressa em seus movimentos. Ele parecia saborear cada instante de sua inquietação.
— É um lugar bonito... — Lucy murmurou, tentando se concentrar em algo concreto, qualquer coisa que afastasse o magnetismo da presença dele. — Apesar de... escuro.
Drácula sorriu, um sorriso quase imperceptível, mas cheio de intenções. Ele deu um passo em sua direção, e Lucy prendeu a respiração.
— A beleza e a escuridão são como amantes inseparáveis. Assim como o prazer e o medo. — Ele estendeu a mão para ela novamente, mas desta vez, não para guiá-la. Seus dedos tocaram de leve o rosto dela, como se delineassem suas feições. — Você sente isso, não sente? A verdade é que sempre existiu dentro de você, à qual você tem tanto medo de se render.
Lucy recuou, mas apenas o suficiente para criar uma distância tênue. Sua respiração estava acelerada, e o calor que a consumia crescia a cada instante. Ela deveria odiá-lo. Deveria temê-lo. Mas o que sentia era algo muito mais complexo. Algo que não conseguia entender — ou admitir.
— E o meu marido? — A voz dela saiu trêmula, quase como um protesto desesperado. — E James?
Drácula inclinou a cabeça, como se aquela menção fosse um detalhe insignificante.
— O que você sente por ele, Lucy, é diferente do que sente por mim. Ele pertence ao seu passado, ao mundo que a aprisionava. Eu... sou o seu presente. — Ele se aproximou mais, suas palavras envolvendo-a como um encantamento. — E talvez, o seu futuro.
Ela fechou os olhos, tentando afastar a voz dele, mas era impossível. Havia uma intensidade, uma verdade crua no que ele dizia que a deixava sem forças para resistir. Quando abriu os olhos novamente, ele estava tão próximo que ela podia sentir o frio de sua pele.
— Você quer se convencer de que pode voltar à sua antiga vida. — Ele deslizou a mão pelo braço dela, lento, deliberado. — Mas, no fundo, você sabe que não há retorno. Não depois de me conhecer.
Lucy engoliu em seco. Ela sabia que ele estava certo. Não importava o quanto tentasse, algo havia mudado dentro dela desde o momento em que o conheceu. Algo que James nunca entenderia.
— Por que eu? — Ela finalmente perguntou, sua voz quase um sussurro.
O sorriso de Drácula suavizou-se, mas seus olhos continuaram intensos.
— Porque você é diferente. Você é mais forte do que acredita. E mais... apaixonante do que percebe.
Ele segurou a mão dela, trazendo-a para mais perto. Ela deveria recuar, mas não conseguia. Seus corpos estavam tão próximos que ela sentia como se estivessem compartilhando a mesma respiração, embora soubesse que ele não respirava como um homem comum.
— Não quero perder quem eu sou, — ela sussurrou, a confusão em sua voz evidente.
Drácula ergueu o rosto dela pelo queixo, obrigando-a a olhar em seus olhos.
— Talvez você nunca tenha sido quem acreditava ser, — ele respondeu. — Mas aqui, comigo, você pode descobrir.
Antes que pudesse responder, ele se inclinou, seus lábios roçando os dela, mas sem tocá-los completamente, como uma promessa silenciosa. Era uma provocação, uma escolha. Lucy sentiu o coração disparar, a tensão entre recuar ou se render pulsando dentro dela.
E então, ela cedeu.
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