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1.7 - Dança & Música

3.900 palavras

1 mês antes, Londres

Enquanto Londres seguia seu fluxo caótico, Alaric Dracul mantinha-se firme em seus planos. Tudo estava acontecendo como deveria. Ele já havia plantado suas sementes na cidade – literalmente. A areia da Transilvânia estava sendo discretamente transportada para os terrenos de Londres, espalhada por mãos fiéis que seguiam suas ordens sem questionar. Era um processo cuidadoso, paciente, mas essencial para que seu domínio se estendesse além da Europa Oriental.

Ainda assim, as vozes nunca se calavam. Elas sussurravam dentro de sua mente como um coro incessante, lembrando-o de quem ele era e do que deveria fazer. Não se desvie. Não se esqueça de seu propósito. Mas por mais que soubesse disso, algo nele hesitava quando se tratava de Lucy. Pela primeira vez em séculos, ele se pegou considerando tratá-la como algo além de uma presa, além de um objeto de sua maldição. Uma amiga.

O pensamento o irritou, mas ele decidiu afastá-lo.

Ao invés disso, voltou-se para outra questão – um convite que já havia sido feito. Ele queria vê-la de novo. Um lugar que não fosse um encontro de socialites, ou um ambiente empoeirado para visitantes. Então, escolhera um cenário diferente: o Harmonia Royale, um dos clubes de música mais promissórios de Londres.

Lucy não pretendia ir. O convite de Alaric ainda pesava sobre sua consciência, como um segredo indecente que não deveria ser contado. Mas então, Selene a procurou naquela tarde, entusiasmada com a ideia de sua amiga.

— Você tem que vir comigo, Lucy! — insistiu, os olhos brilhando. — Faz tanto tempo que não nos divertimos assim. Thomas tem estado tão ocupado ultimamente, e preciso de uma distração.

Lucy hesitou, mordendo o lábio inferior.

— Eu não sei... — começou, tentando pensar em uma desculpa.

— Ah, qual é? James não se importaria, não é? — Selene arqueou uma sobrancelha.

Lucy soube que sua amiga não aceitaria um 'não' como resposta. E, no fundo, talvez fosse melhor assim.

Porque, se dissesse que não, estaria admitindo que aquele convite de Alaric a incomodava.

E Lucy Whitmore não estava pronta para admitir isso.

Então, forçou um sorriso e assentiu.

— Está bem. Vamos ao clube.

Selene sempre teve o mundo aos seus pés. Filha de uma família influente, casou-se com Thomas não por um romance arrebatador, mas por um acordo conveniente entre seus pais e os pais dele. Ainda assim, ela amava o marido — à sua maneira. O casamento lhe deu estabilidade e luxo, mas Selene nunca se tornou uma esposa submissa. Pelo contrário, ela ainda se permitia noites de diversão, de pura despreocupação, e Lucy, sendo sua melhor amiga desde a infância, sempre fora sua parceira nesses momentos.

— Se vamos ao Harmonia Royale, precisamos estar deslumbrantes. — anunciou, observando seu reflexo no espelho enquanto ajeitava os cachos pretos. — O que acha deste?

Ela girou para Lucy, exibindo um vestido de seda azul que abraçava suas curvas na medida certa.

Lucy, que terminava de ajustar as luvas, sorriu.

— Thomas não vai surtar se souber que estamos indo ao clube?

Selene riu, dando de ombros.

— Ele não precisa saber de tudo, minha querida. E James?

Lucy hesitou.

— Ele está ocupado. Sempre está.

— Ótimo. Então, esta é sua chance de se soltar um pouco.

O comentário de Selene fez um nó se formar no peito de Lucy, mas ela não respondeu. Se sua amiga soubesse os verdadeiros motivos para aceitar aquele convite, talvez não estivesse tão animada. Mas Lucy não contou. Não poderia contar.

E assim, com um simples pedido ao mordomo da casa de dois andares de Selene, uma carruagem foi chamada, e logo ambas partiram para o Harmonia Royale.

A entrada do clube era como a de um teatro luxuoso, com detalhes dourados nas portas e uma iluminação quente que prometia um ambiente envolvente e sofisticado. Um negócio promissório, inaugurado recentemente. Assim que entraram, Lucy se sentiu tomada por expectativa e nervosismo.

O salão, cercado por um piso de madeira polida e reluzente, era envolvido pela melodia de tango e jazz, algo novo, envolvente, quase moderno demais para o gosto da aristocracia mais conservadora. As mesas eram cobertas com veludo vermelho, o palco central iluminado por luzes quentes, e a pista de dança tomada por casais que deslizavam em seus próprios passos.

Diferente dos bailes tradicionais, ali as mulheres se permitiam vestidos mais leves, esvoaçantes, que favoreciam os movimentos, e os homens mantinham um olhar de fascínio enquanto conduziam suas parceiras.

Lucy não sabia ao certo o que esperava encontrar ali. Ou a quem.

Ela acompanhou Selene até o balcão do bar, onde pediram taças de vinho para relaxar. Enquanto Selene, sempre extrovertida, já se envolvia em conversas animadas com mulheres que se aproximavam delas, Lucy apenas observava.

Não era como sua amiga. Ela não tinha o mesmo carisma imediato, nem a facilidade em interagir com desconhecidos. Seu olhar vagou pelo salão, absorvendo o ambiente. Procurando.

E então, sentiu um arrepio súbito na pele exposta de seu ombro.

Um toque.

Gelado.

Preciso.

A ponta de um indicador percorreu sua pele de leve, e ela se virou, já sabendo quem encontraria.

Alaric Dracul.

Ele estava ali. Como se sempre estivesse.

Seus olhos, negros como a noite, a observaram com fascínio. Seu cabelo escuro estava impecavelmente alinhado, e suas roupas eram ainda mais refinadas do que no dia do baile. Parecia esculpido para aquele ambiente, como se tivesse saído de um sonho ou, talvez, de um pesadelo.

Lucy, de súbito, sentiu-se mais consciente do próprio corpo, da forma como o tecido brilhante de seu vestido preto abraçava suas curvas. Um detalhe que James jamais teria comentado.

Mas Alaric notou.

E gostou.

Um sorriso discreto surgiu no canto de seus lábios quando ele se inclinou ligeiramente em sua direção.

— Você veio. — Sua voz era baixa, suave, e ainda assim, atravessou o barulho do salão como se fosse feita apenas para ela.

Lucy umedeceu os lábios.

— Pois é. — respondeu, hesitante. — E você... já esperava por mim?

Os olhos de Alaric brilharam levemente sob a luz amarelada do clube.

— Eu esperava que viesse. E devo dizer... — Ele ergueu o olhar lentamente, como se a admirasse por inteiro. — O destino foi generoso comigo esta noite. Você está deslumbrante.

Ela soltou um suspiro contido. Isso não devia estar acontecendo.

Tentou recuperar o controle da situação.

— Eu não vim sozinha.

— Eu sei. — Ele olhou para Selene, que estava ocupada demais em sua conversa para perceber a presença dele. — Mas confesso que só estou interessado em uma companhia esta noite.

Lucy abriu a boca para retrucar, mas ele se adiantou, inclinando-se para mais perto.

— Dance comigo, Lucy.

Não foi uma pergunta. Foi um convite impossível de recusar.

Lucy hesitou ao dar o primeiro passo, sentindo a firmeza da mão de Alaric guiando-a pelo salão. Mas quando os primeiros acordes animados do piano preencheram o clube, ela parou e puxou a mão de volta, olhando para ele com uma expressão incerta.

— Eu... não sei dançar tango. Ou jazz. — admitiu, mordendo o lábio inferior.

Alaric arqueou uma sobrancelha, os olhos brilhando com um toque de diversão.

— Não se preocupe. — disse ele, afastando-se um pouco e ajeitando o paletó. — Apenas observe.

Ele começou a se mover, e no instante seguinte, seus pés deslizaram pelo chão de madeira polida como se fizesse aquilo há séculos — e talvez, de fato, fizesse.

Os ombros relaxados, os joelhos levemente flexionados, o ritmo leve, mas cheios de energia. Ele girou uma vez, deslizando para trás e depois adiantando-se com um movimento ágil. Alternava entre passos rápidos e sutis, depois lentos e de certa maneira, excitantes. Seu movimento era mais solto, mais expressivo, quase como uma conversa entre ele e a música.

E Lucy riu. Um riso verdadeiro, quase infantil, como se por um momento esquecesse de tudo ao seu redor. Sem que Lucy percebesse, as pessoas começaram a notar.

Os movimentos ágeis de Alaric, a forma como ele ocupava o espaço, o magnetismo quase hipnótico que fazia com que todos quisessem observá-lo.

Uma luz mais forte, destacou sua figura no salão, e os espectadores formaram um círculo ao redor dele e Lucy. Alguns batiam palmas no ritmo da música, incentivando.

Alaric então parou no centro do círculo, e virou-se para Lucy, estendendo a mão para ela.

Ela piscou, surpresa.

A luz, que antes estava apenas sobre ele, começou a se expandir até alcançá-la também, como se estivessem sob os holofotes de um espetáculo particular.

Lucy olhou ao redor, notando os olhares animados da plateia, os sorrisos encorajadores. E então olhou para ele.

O convite silencioso estava ali.

Venha.

Seu coração acelerou. Algo dentro dela gritava para que recuasse, para que lembrasse quem era, quem deveria ser. Mas outra parte, mais profunda, mais escondida, queria aceitar.

Ela hesitou apenas por um segundo antes de, finalmente, segurar a mão dele.

A multidão vibrou, e Alaric sorriu, como se já soubesse que esse seria o desfecho inevitável.

— Agora, me acompanhe. — sussurrou ele, aproximando-se.

E então, a dança começou.

O ritmo do tango guiava seus passos, e Alaric fazia com que tudo parecesse fácil. Ele a girou suavemente, depois a puxou para mais perto, inclinando-se levemente para sussurrar em seu ouvido:

— Tango e jazz são sobre sentir a música, não sobre seguir regras. Confie em mim.

Ela tentou. Tentou deixar-se levar.

Os primeiros passos foram hesitantes, mas Alaric a guiou com destreza, segurando-a com firmeza, mas sem forçá-la.

Os pés de Lucy começaram a acompanhar os dele, os movimentos fluindo com mais naturalidade. Se ele se direcionava à esquerda, ela se posicionava à direita, e então, faziam passos rápidos alternando de um lado para o outro até que seus corpos se juntassem mais, instintivamente.

Quando ele a girou de novo, ela riu, mais livre do que jamais se sentira em muito tempo.

E naquele instante, no centro do salão, sob a luz intensa que os envolvia, com as notas vibrantes preenchendo o espaço ao redor...

Lucy esqueceu de tudo.

De James.

De Londres.

De quem ela era e de quem deveria ser.

O cantor, empolgado, deixou-se levar pela energia da música, elevando sua voz em um agudo carregado de emoção:

"A beleza da noite, as estrelas ao luar, me trouxeram até você, sem você me encantar, já estou aos seus pés..."

O piano acelerava, o saxofone roubava a cena. Os passos de Lucy ainda seguiam o ritmo instintivamente, seu corpo leve, quase flutuante. Seu peito subia e descia, ofegante, e quando Alaric soltou sua mão, ela recuou um passo, rindo de pura euforia. Ele não parecia nenhum pouco exausto, nenhuma gota de suor estava em seu rosto.

O calor da dança e o uísque em sua corrente sanguínea a deixaram levemente zonza. Ela levou uma mão ao rosto, limpando o próprio suor, tentando não desfazer a maquiagem e se recompor. Seu coração ainda martelava no peito, como se recusasse a desacelerar.

E então ela viu.

Alaric moveu-se na direção de Selene.

Ele não hesitou, não quebrou o fluxo da música, apenas deslizou pela pista e estendeu a mão para a amiga de Lucy. Seu olhar faiscava como a de um predador que já previa o próximo movimento da presa.

Lucy congelou.

O sorriso que iluminava seu rosto desapareceu por um instante tão breve que ninguém notou —exceto Alaric.

Ele viu.

E foi como um jogo silencioso entre eles. Um jogo que Lucy não queria admitir que estava jogando.

Alaric puxou Selene para a pista com a mesma destreza com que conduzira Lucy. Selene soltou um riso encantado, permitindo-se ser girada e conduzida com elegância e ousadia.

A multidão explodiu em novos aplausos, casais se levantando para imitar os movimentos, transformando o salão em uma celebração viva da dança. Homens puxavam suas parceiras, mulheres incentivavam seus pares, e logo a pista estava cheia.

Lucy olhou ao redor, percebendo que o espaço que antes era apenas dela e de Alaric, se completava com outras pessoas, casais rodopiando ao som do jazz que roubava a cena.

A luz intensa que a iluminava alguns minutos atrás agora se dissipava, cada vez menor.

Ela se afastou, discreta.

Não queria admitir o que sentia.

Não queria reconhecer que algo dentro dela a incomodava ao ver Alaric conduzindo Selene com a mesma intensidade, a mesma fluidez.

Mas havia algo diferente. Ela sabia disso.

Selene não percebia o olhar predador de Alaric, quase como se estivesse jogando com Lucy.

E Lucy não queria jogar esse jogo.

Com cautela, afastou-se entre os casais dançantes, deslizando para o outro lado da pista. Sua respiração estava acelerada, mas agora não era mais da dança.

Algo que queimava dentro dela de forma insuportável.

E Alaric?

Ele dançava.

Mas sabia exatamente para onde ela tinha ido.

— Me vê mais um desses. — Lucy pediu ao barman, sem desviar os olhos do líquido âmbar dentro da garrafa.

Ela empurrou o copo de vidro vazio para o balcão, o eco do vidro contra a madeira quase inaudível em meio à melodia pulsante do jazz.

O homem arqueou as sobrancelhas, hesitando por um instante antes de servi-la. Ele não costumava ver damas pedindo uísque daquela maneira, sem sequer um piscar de olhos.

O copo deslizou até ela. Lucy o segurou com firmeza, sentindo o frescor do vidro contra sua pele quente. Levou-o aos lábios pintados de vermelho e tomou tudo de uma só vez, como se a bebida fosse capaz de dissipar a inquietação que pulsava dentro dela.

— Que coisa fascinante. — A voz grave e sedosa chegou a seus ouvidos antes que pudesse processar sua origem.

Ela virou a cabeça e lá estava ele.

Alaric.

Tinha surgido ao seu lado como sua própria sombra, como se sempre estivesse ali, apenas esperando o momento certo para se manifestar.

Lucy não respondeu. Apenas desviou os olhos de seu rosto e concentrou-se no copo vazio.

Alaric inclinou-se levemente sobre o balcão, observando-a com um meio sorriso divertido.

— Espero não estar interrompendo algo importante.

— Não. — Lucy respondeu, seca.

— Certamente não pareceu isso há alguns minutos. — Ele brincou.

Ela soltou um riso irônico, virando-se de frente para ele.

— Você gosta de brincar com os sentimentos dos outros, não é?

Alaric enrubesceu as sobrancelhas, como se estivesse genuinamente curioso.

— Oh...? Achei que éramos apenas amigos, Lucy.

Ela apertou os lábios, um brilho de fúria passando por seu olhar.

— Amizade não se baseia em joguinhos.

— Joguinhos? — Ele riu, inclinando a cabeça ligeiramente para o lado. — Não sabia que uma dança entre amigos poderia ser considerada um jogo.

Lucy afastou o copo, desejando outro copo.

Alaric a observou por um instante, então se aproximou, reduzindo a distância entre eles de forma quase imperceptível.

— Você parece brava. — Ele murmurou, sua voz mais baixa, quase um sussurro.

Ela suspirou, pousando os dedos sobre o balcão, segurando o próprio pulso como se estivesse tentando se controlar.

— Eu não estou brava. — disse, pausadamente. — Só não gosto de ser feita de tola.

— Ah... — Alaric sorriu de lado. — E o que a fez pensar que eu faria isso?

Ela o encarou. Diretamente, sem medo.

— Você dançou comigo como se eu fosse a única mulher neste salão... e depois fez o mesmo com Selene.

Alaric piscou lentamente, como se digerisse as palavras dela com um interesse renovado.

— E isso te incomodou?

Lucy sentiu a pulsação acelerar. A pergunta era simples. Direta. Mas cheia de implicações.

Ela não queria responder.

Porque não queria admitir.

Alaric sorriu de canto ao notar sua hesitação.

— A resposta já está em seus olhos.

Lucy pegou outro gole da bebida, servido pelo barman, dessa vez sem fazer pré julgamentos, e desviou o olhar.

— Você se acha muito esperto, não é?

— Não. — Ele inclinou-se ainda mais perto. — Só sou muito bom em enxergar o que está bem à minha frente.

O coração de Lucy deu um salto.

O jogo continuava.

Mas dessa vez, ela não sabia se queria fugir ou continuar jogando.

Lucy afastou-se de Alaric, sentindo a necessidade de escapar daquela proximidade que a deixava tão vulnerável. Ele percebeu seu movimento e, colocando-se em sua frente, soltou com um tom de voz que misturava preocupação e autoridade:

— Para onde você vai?

— Para casa. — respondeu ela, tentando soar firme.

Alaric deu um passo para trás, bloqueando o próximo passo dela.

— Não é seguro andar por aí nesse estado. — disse ele, seus olhos fixos nos dela.

Lucy ergueu o queixo, desafiadora.

— Vou pegar um táxi. Você pode levar Selene para casa.

Por um momento, o olhar de Alaric pareceu penetrar sua alma, intenso e hipnotizante.

— Você não vai embora ainda. Não assim.

As palavras dele soaram menos como um pedido e mais como uma ordem velada. Lucy sentiu uma estranha compulsão para obedecer, como se a voz dele tivesse um poder que ela não conseguia resistir. Sem protestar, ela assentiu, quase contra sua própria vontade.

A próxima coisa que lembrava era estar sentada com Alaric em uma área privada, afastada do burburinho do clube e das luzes brilhantes. O ambiente era íntimo, com bancos de veludo vermelho, confortáveis e pouco iluminados. O coração dela batia acelerado; nunca havia estado sozinha com um homem em um lugar tão reservado.

Sentia que havia sido conduzida até ali por uma força imperceptível; mágica, e dele. Olhou ao redor, tentando encontrar uma âncora na realidade.

— Onde está Selene? — perguntou, a voz um pouco trêmula.

Alaric inclinou-se ligeiramente, seu rosto parcialmente sombreado.

— Ela está com as novas amigas no bar. — respondeu ele, sua voz suave e tranquilizadora.

Lucy queria duvidar, mas algo na maneira como ele falava a fazia acreditar. Não parecia estar mentindo.

Ele se aproximou mais, e suas palavras sussurradas transmitiam uma mensagem clara:

— Você não precisa ter medo de mim.

Ela sentiu uma estranha calma invadi-la, uma confiança que não conseguia explicar.

— E por que eu estaria? — enrubesceu as sobrancelhas, tentando controlar suas emoções.

Alaric ergueu a mão, deslizando suavemente os dedos pelo pescoço dela, afastando delicadamente uma mecha de seu cabelo liso e longo. O toque era frio, mas não desagradável.

Os olhos de Alaric brilharam em um vermelho intenso. Um arrepio percorreu a espinha de Lucy, e seu instinto gritou para fugir. Ela tentou se mover, mas a força dele a manteve no lugar, absoluta.

Ele não precisou dizer nada. Seu olhar sozinho a paralisava.

Lucy sentiu uma pontada aguda no pescoço quando os dentes de Alaric perfuraram sua pele. O choque inicial deu lugar a uma onda de calor que se espalhou por seu corpo, uma dor mascarada por uma estranha euforia.

Instintivamente, bateu suas mãos nos ombros de Alaric, tentando afastá-lo, mas, estava receosa de acabar piorando o local já afetado. O sangue escorreu lentamente pela curva de seu pescoço, até chegar próxima à seu busto.

Alaric, com uma precisão quase reverente, deslizou o polegar pelo rastro escarlate, impedindo que a preciosa essência se perdesse. Sua língua seguiu o trajeto de seu dedo, limpando cada gota antes que pudesse manchar o tecido do vestido dela. A sensação de ter um homem tão próximo ao seu seio e seu corpo, fez Lucy arfar, e então, o dedo indicador de Alaric pressionou seu lábio, a impedindo de emitir sons.

Embora ele tivesse pedido que ela não sentisse medo, a dor era inegável. No entanto, havia algo na maneira como ele a segurava, firme mas cuidadoso, que a fazia confiar. Alaric ergueu o rosto, seus olhos fixos nos dela, e então inclinou suavemente sua cabeça para o lado oposto, expondo o outro lado de seu pescoço.

Sem hesitação, ele cravou novamente os dentes na pele macia, mais fundo desta vez, como se estivesse viciado no sabor e no aroma dela. Suas mãos deslizaram para a cintura de Lucy, os dedos pressionando com força, puxando-a para mais perto, como se quisesse fundir seus corpos. Cada sucção enviava ondas de calor pelo corpo dela, e ela se viu agarrando os ombros dele, tremendo e ofegante.

O mundo ao redor desapareceu; não havia mais música, nem luzes, nem pessoas. Apenas a escuridão íntima daquele canto isolado e a conexão intensa entre predador e presa.

Após se alimentar, Alaric observou Lucy atentamente. Seus olhos estavam marejados, não de medo, e sim, de surpresa e incerteza.

— Você é um... vampiro? — sua voz rouca e trêmula, soava como um sussurro.

Alaric suspirou, sua respiração quase descontrolada e ofegante. Seus dedos traçaram suavemente o contorno do queixo dela, seu olhar carregado de um pesar profundo.

— Sim, mas não exatamente. — respondeu, como se o termo "vampiro" não capturasse a totalidade de sua existência. — Eu sou um Drácula, a espécie original, pai de todos os vampiros. O primeiro da minha espécie, e o último que irá existir. — Seus olhos encontraram os dela, sinceros e intensos. — Mas você não precisa ter medo, Lucy. Eu nunca machucaria você. Você é muito especial para mim.

Enquanto falava, seus dedos roçaram levemente os lábios dela. Lucy, ainda processando a revelação, perguntou com cautela:

— O que você vai fazer comigo?

Alaric esboçou um sorriso suave.

— Nada, por enquanto. Só precisava me alimentar. — Ele fez uma pausa, inclinando a cabeça ligeiramente. — Você bebeu tanto uísque, que seu sangue está com o aroma. Acho melhor eu levá-la para casa.

Lucy sentiu verdade em suas palavras. Ele não a machucaria. Mas, franzindo as sobrancelhas, uma preocupação se tornou evidente em seu rosto. Sua amiga poderia estar em apuros.

— Não posso deixar Selene aqui, sozinha.

Alaric segurou a mão dela com delicadeza, seus olhos transmitindo confiança.

— Não se preocupe, meu amigo irá levá-la em segurança.

— Quem? — ela perguntou, ainda desconfiada.

Ele apertou suavemente a mão dela.

Confie em mim, Lucy.

Após um momento de hesitação, ela assentiu. Alaric a envolveu em seus braços fortes, e juntos, deixaram o clube, desaparecendo na noite enquanto ele a conduzia de volta para casa.

Durante o caminho, a cabeça de Lucy girava. Ter tanta proximidade assim com alguém que havia conhecido por algumas semanas, era inacreditável, e ao mesmo tempo, cruel.

Ela ainda morava com a mãe, e ao se aproximarem da casa, Alaric sentiu uma barreira invisível que o impedia de entrar sem permissão. Sabia que, se ela o convidasse a entrar, cruzaria um limite sem retorno, algo que preferia evitar naquele momento.

Ao chegarem à porta, ele a colocou gentilmente no chão. Lucy cambaleou levemente, tentando recuperar o equilíbrio.

— Você está bem? — perguntou Alaric, a voz suave, mas cheia de preocupação.

Lucy ergueu o olhar para ele, seus olhos ainda turvos pela confusão e pelo efeito do álcool.

— O que aconteceu esta noite...?

Alaric manteve uma distância respeitosa, suas mãos descansando ao lado do corpo.

— Foi uma noite incomum, admito. Mas você está segura agora.

Alaric observou-a atentamente, percebendo sua vulnerabilidade.

— Seria prudente cobrir as marcas em seu pescoço. Talvez um lenço ou uma echarpe.

Lucy assentiu lentamente, ainda evitando seu olhar.

— Sim... farei isso.

Ela deu um passo em direção à porta, mas hesitou, virando-se para ele mais uma vez.

— Por que eu...? — a pergunta pairou no ar, carregada de emoções não ditas.

Alaric segurou seu olhar, seus olhos profundos refletindo um furacão de sentimentos.

— Porque você é especial, Lucy. Você ainda irá saber.

Sem esperar por uma resposta, ela entrou em casa, fechando a porta suavemente atrás de si. Alaric permaneceu ali por um momento, olhando para a porta fechada, antes de desaparecer na escuridão da noite.

Lá dentro, Lucy encostou-se na porta, sentindo o peso da noite finalmente desabar sobre ela. Com passos lentos, dirigiu-se ao banheiro, desejando que a água quente pudesse lavar não apenas o sangue seco em seu pescoço, mas também as lembranças confusas que iriam assombrá-la.



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