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🩺SOB A LUZ DO ALTRUÍSMO🪽

"Há uma profunda beleza  no amanhecer, como se a cidade despertasse em compasso com meu coração cansado, lembrando-me de que até mesmo o caos encontra momentos de paz."

O sol mal despontava no horizonte, tingindo o céu de Seul com tons da aurora, quando Kim Seokjin despertou. O alarme de seu celular tocou suavemente, uma melodia calma que ele escolhera para evitar sobressaltos matinais. Ainda meio adormecido, esticou-se na cama, sentindo os músculos despertarem lentamente, e seus olhos captaram os primeiros raios de luz que atravessavam as cortinas semiabertas.

A cidade, ainda em seu despertar, murmurava ao longe. O som dos carros, mesmo àquela hora, era abafado pelas janelas, enquanto o cheiro de café vindo de algum apartamento vizinho permeava o ar, mesclando-se ao aroma fresco e quase imperceptível de chuva noturna, que ainda se dissipava do asfalto úmido. Dezembro trazia consigo um frio cortante, mas o céu limpo prometia um dia agradável, embora gélido.

Seokjin respirou fundo, fechando os olhos por um instante enquanto o peito se enchia com uma paz momentânea. Ainda deitado, sentia um leve aperto no coração, uma familiar melancolia que o acompanhava desde sempre. Não era tristeza, mas algo mais sutil.

Depois de alguns minutos de contemplação, levantou-se e seguiu sua rotina matinal. O apartamento em Gangnam era simples, mas confortável, com uma decoração minimalista que refletia sua preferência pela funcionalidade. Na cozinha, preparou seu café preto, sem açúcar, enquanto cortava fatias de pão integral para acompanhar. Enquanto comia, sua mente já vagava para o dia que tinha pela frente no Hospital Central de Gangnam, onde trabalhava como cardiologista.

Havia algo profundamente gratificante em sua profissão, mas também havia um peso. Ele lidava com corações fragilizados — não apenas no sentido literal, mas também emocional. Em cada consulta, via mais do que diagnósticos; via histórias, vidas inteiras comprimidas em relatórios médicos. Aquilo era ao mesmo tempo um privilégio e uma responsabilidade imensa.

Vestindo uma camisa social azul clara e uma calça de tecido confortável, Seokjin checou o relógio e decidiu ir de bicicleta até o hospital. Sempre gostou da sensação do vento frio contra o rosto, além de considerar isso uma forma de manter o corpo ativo e minimizar seu impacto ambiental. Seu apartamento ficava a poucos quarteirões do hospital, e o trajeto era uma mistura harmoniosa de ruas movimentadas e pequenas alamedas, com árvores secas pelo inverno alinhadas nas calçadas.

Com a bicicleta destrancada e o capacete ajustado, Seokjin começou a pedalar. As ruas de Gangnam já mostravam sinais de vida, com comerciantes abrindo as portas e os primeiros cafés servindo seus clientes. Ele gostava de observar as pessoas em suas rotinas, imaginando as histórias por trás de cada rosto. Talvez fosse essa empatia natural que o tornava tão bom no que fazia.

Ao chegar ao Hospital Central de Gangnam, encostou a bicicleta no estacionamento e cumprimentou o segurança com um sorriso educado, como fazia todas as manhãs. Enquanto subia as escadas para o terceiro andar, onde ficava o departamento de cardiologia, sentiu o familiar misto de ansiedade e determinação que o invadia no início de cada dia de trabalho.

━━ Bom dia, Dr. Kim! ━ cumprimentou uma enfermeira no corredor, com uma expressão calorosa que dissipou parte de sua tensão.

━━ Bom dia ━ respondeu ele, com sua voz calma, enquanto caminhava em direção ao consultório.

Assim que entrou, respirou fundo, sentindo-se em casa. Ajustou o estetoscópio ao redor do pescoço e organizou os papéis sobre a mesa antes de checar os primeiros pacientes do dia. O mundo lá fora parecia um borrão distante. Entre paredes brancas e equipamentos médicos, ele sabia exatamente quem era e por que estava ali.

Ainda que não dissesse em voz alta, Seokjin sabia que, em algum lugar, aquela sensação de presença o acompanhava. Como sempre.

Após alguns minutos revendo os prontuários, o telefone do consultório tocou, e uma voz profissional do outro lado da linha informou sobre o primeiro paciente do dia. Era um senhor de idade avançada, transferido da emergência após apresentar sinais de insuficiência cardíaca. Seokjin agradeceu à recepcionista e levantou-se, pegando o prontuário detalhado antes de caminhar até a sala de observação.

O corredor estava silencioso, exceto pelo som dos passos firmes de médicos e enfermeiros que, como ele, carregavam a responsabilidade de salvar vidas. Ao entrar na sala, foi recebido pelo som monótono e abafado do monitor cardíaco, um som que, apesar de técnico, sempre lhe trazia uma estranha sensação de conforto ━━ como se fosse um lembrete rítmico de que a vida persistia, mesmo nas condições mais frágeis.

Dr. Kim observou o paciente à sua frente, um homem com os cabelos prateados pelo tempo e o rosto marcado por rugas que contavam décadas de histórias. A respiração irregular do idoso contrastava com o silêncio quase absoluto que dominava a sala. Com gestos cautelosos, Seokjin ajustou a máscara de oxigênio do paciente e verificou os sinais vitais. Seus olhos atentos captavam cada detalhe, concentrados, como se o mundo além daquela sala deixasse de existir.

Enquanto trabalhava, aquele sentimento de presença o envolvia novamente, discreto, mas constante. Era como se algo — ou alguém — estivesse ali, observando, silenciosamente torcendo para que ele continuasse a fazer o que sabia fazer de melhor: cuidar.

Desde criança, Seokjin carregava dentro de si um chamado, uma vocação que não sabia nomear. Enquanto outras crianças sonhavam com aventuras grandiosas ou riquezas inatingíveis, ele encontrava felicidade nos pequenos gestos: oferecer um ombro a um amigo, enxugar as lágrimas de alguém, estender a mão a quem precisasse. Não era algo planejado ou aprendido. Fazia parte de sua essência, tão intrínseco quanto o ar que respirava.

Havia uma memória específica que sempre retornava à sua mente. Ele tinha apenas oito anos, e a noite era fria, com uma leve garoa caindo sobre os telhados do bairro. A cozinha de sua casa era pequena, mas aquecida pelo cheiro reconfortante de sopa de legumes fervendo na panela. Seokjin estava sentado no banquinho próximo à mesa, observando Kim Hayeon, sua mãe, mexer a sopa com movimentos tranquilos.

━━ Jin-ah, venha cá ━ chamou ela, com a voz suave.

Ele obedeceu prontamente, aproximando-se enquanto Hayeon enchia um prato fundo com o caldo fumegante. Com o avental amarrado na cintura e os cabelos presos de maneira descuidada, olhou-o com ternura e um sorriso que parecia conter todo o amor do mundo.

━━ Leve isso para o senhor Park. Ele está doente e não pode cozinhar para si mesmo.

Seokjin hesitou por um instante, segurando o prato com cuidado, os olhos fixos na sopa que tremulava ao menor movimento.

━━ Por que ele não pede ajuda omma? ━ perguntou com curiosidade infantil.

Sua mãe riu baixinho e colocou uma mão gentil sobre seu ombro.
━━ Algumas pessoas têm dificuldade de pedir, mesmo quando precisam, A-ji. É por isso que precisamos prestar atenção nelas. Você nasceu com um coração maior do que o mundo pode entender, Jin. Um coração que sente o que outros não conseguem expressar.

Ele não entendeu completamente o significado daquelas palavras na época, mas o calor na voz de sua mãe e o brilho em seus olhos ficaram gravados em sua memória.

Enquanto caminhava até a casa do vizinho, segurando o prato com todo o cuidado que suas pequenas mãos permitiam, sentia algo diferente. Uma espécie de contentamento e uma conexão inexplicável com aquele gesto. Quando o senhor Park abriu a porta e aceitou o prato com um olhar emocionado e um "obrigado" trêmulo, Seokjin sentiu, pela primeira vez, que havia algo especial em ajudar o próximo.

A frase de sua mãe ecoava em sua mente desde então, guiando-o como uma bússola em momentos de dúvida.

Mas essa memória trazia consigo outra sensação. Desde aquela noite — talvez até antes — havia algo que ele sentia, algo que não era visível, mas que estava presente. Não era um olhar físico, mas uma percepção sutil, como o calor de um raio de sol atravessando uma janela. Era familiar, quase reconfortante, e, embora ele não soubesse o que era, aceitava sua existência com a mesma naturalidade com que aceitava o ar que preenchia seus pulmões.

Quando criança, acreditava que fosse um amigo imaginário, alguém que velava por ele nos momentos de solidão. Porém, conforme crescia, percebeu que aquilo era mais do que fruto de sua imaginação. Havia noites em que, sentado na cama, sentia como se um par de olhos invisíveis o observasse, não com julgamento, mas com uma mistura de curiosidade e ternura.

Em sua adolescência, essa presença se tornara mais nítida; como uma sombra que dançava à sua volta, um sussurro nos momentos de dúvida, um alívio nas horas de desespero. Durante os anos difíceis da faculdade de medicina, Seokjin enfrentava desafios que não estavam apenas nos livros volumosos ou nas longas horas de estudo. Havia noites em que a dúvida o consumia como uma tempestade, fazendo-o questionar suas escolhas e sua capacidade de seguir em frente.

Sentado à mesa do pequeno dormitório que dividia com outros estudantes, ele encarava os livros abertos, as palavras embaralhando-se diante de seus olhos cansados. A lâmpada de estudo lançava uma luz amarelada sobre suas anotações, mas não era suficiente para afastar a escuridão que começava a se formar em sua mente.

━━ Por que estou fazendo isso? ━ murmurou, a voz entrecortada por um suspiro profundo.

Olhava para as páginas repletas de termos técnicos, mas sua mente vagava. Ele pensava nos colegas de turma, muitos dos quais pareciam lidar com a pressão com mais facilidade. Alguns eram prodígios, absorvendo o conhecimento com uma velocidade que ele não conseguia acompanhar. Outros tinham conexões familiares na área, herdando não apenas a profissão, mas também um suporte emocional e financeiro que ele não possuía.

Seokjin, por outro lado, sentia-se como um marinheiro tentando navegar em um oceano tempestuoso, com uma bússola quebrada e velas rasgadas. Por mais que se esforçasse, parecia sempre um passo atrás.

A memória do estágio clínico vinha à tona, trazendo consigo um peso quase insuportável. Ele se lembrava do paciente, um menino de apenas oito anos, diagnosticado com uma condição cardíaca grave. Durante semanas, Seokjin havia observado o caso, ajudando os médicos mais experientes e tentando absorver cada detalhe do tratamento. Ele acreditava, com toda a força de sua juventude, que o garoto melhoraria.

Mas, em uma manhã fria de inverno, tudo desmoronou. O menino não resistira. Seokjin se lembrava nitidamente da sensação de vazio que o atingira ao entrar no quarto do hospital e encontrar a cama vazia. Lembrava-se também do som abafado do choro dos pais do lado de fora e da impotência que o dominara, como se o mundo houvesse perdido parte de sua luz.

━━ Há tanta dor no mundo. Como alguém pode esperar mudar algo sozinho? ━ sussurrou naquela noite,  para si mesmo, o coração pesava com um vazio desconhecido.

Por mais que tentasse racionalizar, as dúvidas voltavam, implacáveis. Ele se perguntava se seria forte o suficiente para continuar, se não era presunção de sua parte acreditar que poderia fazer a diferença. A sensação de fracasso misturava-se à frustração de saber que, apesar de todo o esforço, não poderia salvar a todos.

Enquanto ele lutava internamente, Haziel observava de longe, invisível, mas presente. O anjo ainda tentava compreender aquele humano que parecia tão diferente dos outros. Haziel nunca havia se deparado com alguém que carregava uma bondade tão genuína, mas também uma vulnerabilidade tão profunda.

Seus olhos celestiais pousaram sobre Seokjin, e, por um instante, o Querubim sentiu um toque de algo que indescritível. Era como se a tristeza do humano fosse capaz de atravessar as barreiras entre os dois mundos, atingindo-o de uma forma inexplicável.

━━ Ele é frágil... ━ pensou Haziel, quase com pesar. Mas, ao mesmo tempo, algo no coração do anjo sussurrava outra verdade: havia força naquela fragilidade.

Enquanto Seokjin descansava a cabeça sobre os braços, tentando afastar os pensamentos sombrios, Haziel aproximou-se, ainda que imperceptível. Não podia interferir diretamente, mas desejava, mais do que nunca, aliviar o peso que o oprimia.

O anjo fechou os olhos e concentrou-se, permitindo que sua própria essência emanasse uma energia calma e reconfortante. Não sabia ao certo se funcionaria, mas, quando viu Seokjin levantar a cabeça e respirar fundo, como se uma nova determinação estivesse se formando dentro dele, o Querubim sentiu uma centelha de esperança.

Mesmo sem compreender, Haziel admirava aquele jovem que, apesar de suas dúvidas e dores, continuava. Havia algo em Seokjin que ia além da lógica, algo que o anjo sabia que valeria a pena proteger e, talvez, aprender.

Seokjin, por sua vez, não sabia explicar, mas sentiu-se estranhamente mais leve. A dúvida ainda estava lá, mas era como se algo, ou alguém, lhe dissesse: Continue. Você é capaz.

Foi essa força invisível que o guiou para a conclusão do curso de medicina. Enquanto outros colegas escolhiam a profissão por prestígio ou tradição familiar, Seokjin sabia que sua escolha era mais profunda. A medicina não era apenas uma carreira; era um reflexo do que ele acreditava ser seu propósito na vida.

Nas salas de aula, ele era sempre o primeiro a chegar e o último a sair, absorvendo cada palavra, cada conceito, cada técnica. Durante os estágios clínicos, foi a compaixão que o destacou. Ele não tratava apenas corpos; tratava almas. Escutava com atenção, segurava as mãos trêmulas de pacientes e se certificava de que cada um saísse de seu consultório com mais do que apenas uma receita médica.

Mesmo assim, havia momentos em que ele duvidava de si mesmo. Momentos em que a dor do mundo parecia grande demais, quando perdia pacientes ou via famílias desmoronando sob o peso da perda. Era nessas horas que a presença retornava, mais forte do que nunca, como se alguém estivesse ao seu lado, compartilhando sua dor.

Naquela noite específica, enquanto terminava de atender o último paciente, Seokjin sentia o peso do cansaço. O senhor idoso que tratara estava estável, mas o dia havia sido longo, repleto de consultas que o deixaram emocionalmente drenado.

Ao apagar as luzes do consultório, ele parou por um instante, encostando-se à parede. De olhos fechados, a respiração lenta, sentiu novamente aquela presença familiar, uma companhia invisível que parecia tão constante quanto seu próprio reflexo no espelho. Era como uma brisa leve tocando sua pele, algo que não podia ser visto, mas que sempre estava ali.

━━ Ainda está aí, não é? ━ murmurou, sem abrir os olhos.

Por um breve momento, um sorriso brincou em seus lábios. Ele sacudiu a cabeça suavemente, como se auto censurasse.

━━ Olha só pra mim... Se alguém me visse agora, pensaria que estou enlouquecendo ━ disse em um tom quase jocoso, ainda que suave. ━━ Mas, de alguma forma... obrigado. É estranho, eu sei, mas... obrigado por sempre estar aqui.

Seokjin abriu os olhos, olhando para o vazio à sua frente, como se esperasse, por um segundo, que algo se revelasse. Não aconteceu, mas o sorriso permaneceu. Ele ajustou a alça da mochila no ombro, recolheu suas coisas e começou a caminhar para a saída, os passos ecoando pelo corredor quase vazio do hospital.

Haziel, invisível para os olhos humanos, estava ali, como sempre. Mas, desta vez, algo diferente aconteceu. O anjo, que por incontáveis anos limitara-se a observar em silêncio, sentiu seus lábios se curvarem em um sorriso. Foi algo involuntário, uma resposta que não conseguia conter diante da simplicidade e sinceridade de Seokjin.

━━ Ele fala comigo... mesmo sem me ver. Mesmo sem ter certeza de que existo ━ murmurou Haziel para si mesmo, as palavras carregadas de um misto de curiosidade e admiração.

Movendo-se de forma imperceptível, Haziel aproximou-se mais de Seokjin, acompanhando seus passos com a leveza de um sussurro. O anjo observava o médico atentamente, como se buscasse gravar cada detalhe de suas feições: a linha suave de seu maxilar, os olhos que, mesmo cansados, ainda carregavam uma centelha de determinação, e o sorriso, pequeno, mas genuíno, que ainda pairava em seus lábios.

━━ Há algo nele... algo que não consigo entender ━ continuou Haziel, como se confessasse ao vazio. ━━ Ele carrega tanto peso, tantas dúvidas, mas ainda encontra força para sorrir. Para agradecer.

Enquanto Seokjin deixava o hospital e caminhava pelas ruas de Seul, Haziel permanecia próximo, acompanhando-o como uma sombra silenciosa. O anjo nunca estivera tão consciente da humanidade de Seokjin, e, ao mesmo tempo, tão atraído por ela.

━━ Você é diferente, Seokjin. Sua luz... é mais brilhante do que qualquer estrela que já contemplei no céu. E, no entanto, é tão humana, tão cheia de falhas e dúvidas. Talvez seja isso que a torna tão bela ━ disse Haziel, em um tom baixo, como se as palavras fossem um segredo guardado apenas para si.

Seokjin não podia ouvir as palavras do anjo, mas, de alguma forma, sentia-se menos sozinho. A presença que ele agradecera pouco antes parecia mais próxima, mais corpórea, como um calor reconfortante que o envolvia na noite fria.

A cidade, com suas luzes brilhantes e tráfego incessante, nunca dormia verdadeiramente. Para Seokjin, no entanto, havia uma serenidade nas multidões apressadas, uma harmonia caótica que refletia a humanidade que ele tanto amava e servia.

Pedalando em direção ao seu apartamento em Gangnam, o vento frio da noite cortava seu rosto, mas ele não se importava. O peso do dia em seus ombros era aliviado pela sensação de movimento, de estar em meio à vida que pulsava ao seu redor. Cada rua iluminada, cada som de buzina e risada distante lembrava-lhe de que a humanidade, apesar de todas as suas imperfeições, era bela em sua essência.

Ao parar em um semáforo, seus olhos pousaram em uma cena que o fez apertar o freio levemente. Próximo a uma estação de metrô, um homem idoso, com roupas gastas e um cobertor fino enrolado sobre os ombros, estava sentado na calçada, segurando uma pequena caneca de metal. Seu olhar era cansado, mas havia algo de pacífico na forma como ele observava os passantes, como se aceitasse seu lugar no mundo sem rancor.

Seokjin desceu da bicicleta, encostando-a em um poste próximo, e caminhou até o homem. Retirou do bolso um pacote de biscoitos e uma garrafa de água que sempre carregava em sua mochila.

━━ Aqui, senhor ━ disse, com um sorriso gentil. — Não é muito, mas espero que ajude.

O idoso levantou os olhos, surpreso, e um sorriso lento e genuíno se formou em seus lábios, iluminando um rosto marcado pelo tempo.

━━ Obrigado, filho. Deus abençoe você ━ disse ele, com uma voz rouca, mas cheia de calor.

Seokjin sentiu um aperto no coração. Ele sabia que, por mais que tentasse, não podia fazer mais por aquele homem no momento. Não podia tirá-lo daquela situação, não podia garantir que ele teria um lugar seguro para dormir ou uma refeição quente todos os dias. Mas o sorriso do idoso, aquela expressão de gratidão sincera, fez algo dentro dele florescer.

━━ O sorriso dele... É mais valioso do que qualquer prêmio ━ murmurou para si mesmo enquanto voltava para a bicicleta.

Haziel, que o seguia a uma distância invisível, observava em silêncio. Era fascinante para o anjo como Seokjin conseguia enxergar beleza em gestos tão pequenos. Haziel sabia que a ajuda de Seokjin era limitada, que ele não podia mudar o destino daquele homem, mas, de alguma forma, o simples ato de compartilhar algo, por menor que fosse, era significativo.

━━ Ele não tem o poder de transformar tudo, e ainda assim tenta. Que estranho... e admirável ━ pensou Haziel, aproximando-se de Seokjin, curioso.

Enquanto pedalava novamente pelas ruas movimentadas, Seokjin refletia sobre o breve encontro. Sentia-se pequeno diante das injustiças do mundo, mas ao mesmo tempo grato por ainda ser capaz de causar um impacto, por menor que fosse. A lembrança do sorriso do homem ficou gravada em sua mente, como um lembrete de que sua vocação ia além do hospital.

Quando finalmente chegou ao seu apartamento, deixou a mochila no chão e sentou-se no sofá. A sala estava silenciosa, exceto pelo som distante do trânsito que nunca cessava. Olhou para o teto e respirou fundo, a imagem do idoso ainda fresca em sua mente.

━━ Se eu estou aqui para algo maior, espero que esteja valendo a pena ━ disse, quase como uma prece para o vazio.

Ele não sabia que, ao seu lado, Haziel o observava com olhos que misturavam admiração e tormento.

Enquanto Seokjin adormecia no sofá, Haziel permaneceu ao seu lado, a presença invisível que o humano tantas vezes sentira. Pela primeira vez, o anjo permitiu-se sorrir, ecoando o gesto do idoso que Seokjin ajudara.

━━ Como pode alguém tão limitado em poder carregar tanta luz dentro de si? ━ murmurou Haziel, movido por uma mistura de perplexidade e fascínio.

O que Seokjin não sabia era que suas ações simples não passavam despercebidas. Cada sorriso que ele recebia em troca de sua bondade, cada pequeno gesto altruísta, tocava algo profundo em Haziel, fazendo-o questionar não apenas a natureza de sua missão, mas também sua própria existência.

Naquela noite, enquanto a cidade descansava, duas almas tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão semelhantes permaneciam conectadas. Seokjin, o humano, e Haziel, o anjo, estavam destinados a mudar um ao outro de formas que nenhum dos dois ainda podia imaginar.


𝐏𝐔𝐁𝐋𝐈𝐂𝐀𝐃𝐎 𝐄𝐌: 11/01/2025
𝐓𝐎𝐃𝐎𝐒 𝐎𝐒 𝐃𝐈𝐑𝐄𝐈𝐓𝐎𝐒 𝐑𝐄𝐒𝐄𝐑𝐕𝐀𝐃𝐎𝐒 ©𝐋𝐘𝐃𝐈𝐀 𝐓𝐀𝐕𝐀𝐑𝐄𝐒

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