CAPÍTULO 1: Iniciação.
Quando eu era criança sonhava em ser médico, queria ajudar as pessoas e dar a elas uma nova vida. Nunca consegui realizar esse sonho, pois a guerra não precisa de sonhadores e sim de soldados. Passei minha vida toda morando na cidade de pompeia perto da represa Dâmocles, por ter perdido meus pais durante a "era da unificação" comecei a trabalhar muito cedo para sobreviver. Todas as nações do mundo se uniram depois da primeira guerra mundial e criaram o Empire State, a maior potência do mundo, mas mesmo com tanta riqueza muitos de nós vivíamos na miséria comendo o que a terra não contaminada podia nos fornecer.
Aos 18 anos tive que alistar obrigatoriamente no serviço militar para defender o Fuhrer e a soberania do Empire State. O treinamento foi muito intenso e pesado, tínhamos que nos arrastar por quilômetros no chão contaminado por substancias químicas das batalhas anteriores, tirávamos as máscaras de gás e tentávamos respirar o ar pesado e poluído da terra de ninguém. Quando um dos recrutas colocava a máscara antes do tempo determinado o sargento batia nele com um cassetete e então falava:
(Sargento) Tire isso agora! Como vai ser quando seu pelotão for atacado e sua mascara quebrar? Vai pedir arrego ou vai respirar fundo e fazer alguma coisa?
Foram longos anos de treinamento básico até entrarmos em ação de fato. Alguns soldados eram destacados para a linha de frente enquanto outros ficavam sob a liderança de um comandante de artilharia nas enormes fortalezas espalhadas pelo continente e nas cidades, cada uma mais imponente que a outra. Não importava se você era da linha de frente ou de uma fortaleza, nós soldados aprendíamos obrigatoriamente a reparar canhões, equipamentos danificados, primeiros socorros e a como comandar os dirigíveis pelos céus nublados de nuvens tóxicas. A tal guerra que acabaria com todas as guerras nunca terminou e agora nós perpetuávamos esse legado sangrento dos nossos ancestrais. Eu tinha uma ambição, queria eliminar o líder da nação inimiga, os Krux , e acabar de uma vez por todas com aquela guerra.
Três meses depois do fim do meu treinamento básico me colocaram em um pelotão de elite chamado Striker, nosso trabalho era invadir as bases rebeldes, dar apoio tático para pelotões ou fazer resgates. Um dia chamaram meu pelotão para uma missão, tínhamos que chegar a um posto avançado que estava sendo atacado pelos Krux. Me armei junto de meus colegas John e Clarence e corremos até a plataforma de lançamento de dirigíveis onde o sargento estava nos esperando com as instruções.
(Sargento) O tempo é curto, então serei breve. A missão de vocês é dar apoio a uma unidade ao sul. Neutralizem as ameaças externas , protejam o posto avançado e evacuem os feridos. Agora vá pelotão Striker! Pelo Empire State!
(Todos) Pelo Empire State!
Entramos no dirigível e levantamos voo indo a toda velocidade em direção ao posto avançado. As densas nuvens de gases tóxicos tornavam a navegação impossível, então a aeronave era pilotada por um soldado do comando da frota aérea de dentro da fortaleza. Aquele trajeto que era para de ser de poucos minutos parecia durar uma eternidade, é um pouco assustador olhar pela janela e ver aquelas nuvens amareladas e os projeteis voando por todos os lados.
(Soldado 1) Essa lata velha não anda mais rápido? Se demorarmos mais vai ser recuperação de cadáveres ao em vez de um resgate.
De repente sentimos o dirigível balançar um pouco no ar por causa da explosão de uma bomba, tinha passado muito perto, se fosse alguns centímetros para o lado estaríamos mortos.
(John) Antes de pensar no resgate precisamos chegar lá inteiros.
Mal nos recuperamos do susto e nosso transporte foi atingido novamente, mas dessa vez o projétil deixou um buraco grande o suficiente para fazer o ar dele vazar e nos derrubar do céu. Caímos pouco menos de um quilometro do posto avançado, o som dos disparos do inimigo foi o que fez a gente recobrar a consciência, por sorte ninguém se feriu. Depois de uma rápida checagem no equipamento corremos até a porta do posto e ao entrar nos deparamos com vários feridos e o comandante do local morto.
(John) Droga... queria ter chegado aqui antes.
(Soldado 1) Não é hora de pensar nisso, precisamos tirá-los daqui.
(Clarence) E como vamos fazer isso seu idiota? Perdemos o dirigível! Vamos morrer aqui, droga!
O clima estava muito tenso, era nítido o medo nos meus companheiros, não poderia esperar por um plano vindo deles, então eu tinha que pensar em algo rápido. Eu respirei fundo e olhei em volta os equipamentos destruídos e um pequeno canhão balístico atirando sem um operador nos inimigos, olhei também um posto de comando de frota ainda funcionando ali e uma estação de rádio, o plano estava feito, agora era só por em prática. Como mantive a calma e pensei rápido? Eu tenho um dom especial, consigo parar o mentalmente o tempo e então bolar um plano rápido , dar ordens e depois que recobro a consciência as ordens são obedecidas e o plano flui, eu chamo isso de pausa ativa.
(Soldado 1) Muito bem, vamos fazer o seguinte. John, tente fazer contato com a base e peça reforços. Clarence, faça os primeiros socorros nos feridos. Agora escutem, não fomos treinados para ficar aqui reclamando, então mexam seus traseiros e vamos entrar em ação!
Pode parecer rude o modo que falei com meus companheiros, mas dadas as circunstâncias eles pareciam estar entrando em colapso, então ser rude e gritar foi a solução para fazê-los manter o foco. Enquanto eles faziam o que eu tinha pedido fui até o posto de comando de frota solicitar um novo transporte, pois o rádio parecia não estar funcionando.
(John) Porcaria de segunda mão! O rádio não funciona!
(Soldado 1) *sussurrando* Droga. Ok John, fique no canhão, vamos tentar afastar os inimigos tempo o suficiente até o dirigível chegar.
Depois de meia hora finalmente um outro dirigível estava se aproximando assim como nossos inimigos. O pequeno canhão balístico não foi o suficiente para afastá-los e faltavam dez minutos para o dirigível chegar, mas daquele jeito não duraríamos nem dez segundos. Colocamos os feridos dentro do posto de comando de frota que, além do canhão balístico, era a única coisa inteira naquele lugar. Ficamos abaixados enquanto os disparos de rifle entravam pelas janelas e paredes destruídas, os farelos de concreto caiam sobre nossos capacetes e máscaras deixando a visão turva. Finalmente vi do lado de fora do posto avançado a sombra do dirigível, a nossa salvação tinha chegado.
(Clarence) Cacete, finalmente essa porcaria chegou.
(Soldado 1) Vamos carregar os feridos primeiro, depois ponham o corpo do comandante.
Meus companheiros começaram a colocar os feridos para dentro do transporte, aqueles que estavam com ferimentos leves ficaram sentados nos bancos laterais e os mais graves foram deitados no chão com ataduras pelo corpo todo. Depois disso colocaram o corpo do comandante deitado no meio do chão, o cobriram com seu manto de oficial e puseram seu quepe em cima do rosto, mesmo em meio ao caos tomamos o cuidado de sermos respeitoso para com um finado oficial do estado. Com tantos feridos e corpos dentro do transporte só teria espaço para mais dois entrarem, ou seja, alguém teria que ficar para trás e esse alguém seria eu. Meus companheiros estavam subindo e ao se viram me viram em pé ainda dentro do posto avançado segurando meu rifle.
(John) Você vai ficar? Perdeu o juízo de vez?
(Soldado 1) Um de nós precisar ser deixado para trás, não vamos caber todos aí dentro.
(Clarence) Temos que ir logo John!
(John) Não podemos deixá-lo aqui!
Continuei parado olhando para os dois quando de repente eles foram baleados, em um movimento John puxou sua pistola e atirou na direção dos disparos tentando em vão matar algum inimigo.
(Clarence) Entre logo John! Se ficarmos aqui vamos morrer!
Ambos estavam sangrando bastante, logo fizeram os primeiros socorros e colocaram gazes com soro no local do ferimento. Me aproximei de John, coloquei a mão em seu ombro, dei um tapinha como quem diz "vai dar tudo certo" e olhei o dirigível levantando voo indo em direção a nossa base, eu tinha programado a rota dele, então não precisaria ficar no posto de comando de frota o controlando.
Agora estava sozinho, apenas com meu rifle e o canhão balístico que fumegava cada vez que disparava. Fiquei próximo a um buraco na parede onde coloquei o cano da arma e então atirei como se não houvesse amanhã. Acertei as máscaras de gás do inimigos e via eles sufocando e sangrando pelos olhos por conta do ar poluído, um deles jogou uma granada bem onde eu estava, em um pulo eu a peguei e joguei de volta segundos antes dela explodir nos inimigos lá fora, foi intenso ver os pedaços deles voando por todo o lado. A troca de tiros e explosões continuou por algum tempo até que eu fiquei sem munição de rifle, então peguei minha pistola e me mantive abaixado até que ouvi uma explosão muito forte vinda do lado de fora. Quando levantei vi por um buraco na parede que todos os inimigos foram mortos pela explosão de uma bomba, mas de onde ela tinha vindo? Cai de joelhos no chão aliviado por ter passador por aquele tormento e continuar vivo.
(Soldado 1) Acabou... finalmente... acabou
De repente ouvi o som de vários dirigíveis pousando do lado de fora, mas eu não me levantei, ainda estava atônito por ter sobrevivido a aquela batalha. Ouvi alguns soldados aliados entrando, vieram até mim , me levantaram do chão e perguntaram se eu estava ferido e se podia andar, respondi que sim para ambas as perguntas, então me levaram para um dos dirigíveis e voltei até a base onde me levaram a um posto médico para tratar de alguns ferimentos que eu ignorei enquanto lutava. Assim que me recuperei fui chamado até a sala do General Kranz, o militar mais condecorado de todo o Empire State. Ao entrar na sala bati continência para ele e logo me sentei enquanto ele me apresentava uma oferta muito interessante.
(Gen. Kranz) Estava olhando sua ficha soldado. Você se meteu em uma grande encrenca não é?
(Soldado 1) Sim senhor.
(Gen. Kranz) Vejo que se feriu, mas é bom ver que se recuperou rápido. Os raios médicos do posto de enfermagem realmente fazem milagre.
(Soldado 1) Senhor, por falar em feridos sabe me dizer se o dirigível com os feridos do posto avançado que foi atacado já chegou?
(Gen. Kranz) Chegou sim soldado, mas infelizmente os soldados de seu pelotão estão em estado grave. As balas atingiram pontos vitais, presumo que não passem dessa noite.
Assim que o general falou isso engoli em seco e baixei a cabeça, tive que disfarçar minha expressão de tristeza para não demonstrar fraqueza na frente de um oficial.
(Gen. Kranz) Deixando isso de lado vamos falar de você. Mandei lhe chamar aqui porque estou surpreso com o que está em seu relatório. Nunca vi um soldado comandar outros em meio ao caos com tanta calma e maestria, sem contar o fato de ficar para trás enquanto seus companheiros partiam.
(Soldado 1) Minha missão era para proteger o posto avançado e resgatar os feridos, fiz apenas o que pensei o certo para cumpri-la senhor.
(Gen. Kranz) E eu o saúdo por isso soldado. Alias, gostaria de lhe fazer uma oferta. Estou lecionando na Escola de Doutrina de Artilharia e tenho uma vaga na minha turma para um recruta corajoso e de pulso firme. Gostaria de estudar para ser um comandante da linha de frente?
Ao ouvir aquelas palavras do general eu quase caí da cadeira, afinal ele tinha me oferecido um lugar na Escola de Doutrina de Artilharia onde só os melhores e mais capacitados entram. Eu sabia que era uma oportunidade única, era pegar ou largar, então respire fundo e prontamente respondi:
(Soldado 1) Senhor, eu aceito. Será uma grande honra ser seu aluno.
(Gen. Kranz) Excelente soldado, então se apresente lá amanhã as 08:00 em ponto. Espero que eu possa contar com sua ajuda na luta contra os Krux comandante... Perdão, qual seu nome mesmo?
Naquele momento eu fiquei sem resposta, pois nunca tive um nome pelo qual pudesse me apresentar. Quando criança as pessoas no orfanato onde morei me chamavam de Tristan, é um nome celta para denominar alguém triste, pois eu passava meus dias triste esperando meus pais irem me buscar, mas nunca vieram. Já adulto me chamavam de Gheorghe, vem do grego antigo e significa agricultor ou o que trabalha na terra, antes de ser militar meu ofício era cuidar de uma lavoura na zona rural da capital, então era um nome apropriado. Continuei ali calado sem saber o que falar, o general percebeu e logo encerrou o assunto, pois tinha muito o que fazer.
(Gen. Kranz) Soldado? Tudo bem estar nervoso, só não deixe isso dominar você.
(Soldado 1) *nervoso* Sim senhor, permissão para me retirar.
(Gen. Kranz) Permissão concedida soldado.
Me levantei e novamente bati continência antes de sair da sala. Ainda na base decidi passar na enfermaria para ver como os soldados que tinha salvo mais cedo, todos aparentavam estar bem. Quando perguntei onde estavam os outros soldados do pelotão Striker alguns enfermeiros ali de plantão abaixaram a cabeça e apenas apontaram na direção do necrotério, meus colegas estavam descansado em paz.
Retornei ao meu alojamento e fiz minha higiene pessoal enquanto olhava algumas marcas em meu corpo, era resultado da batalha daquele dia. Ainda tinha que digerir toda aquela informação, tudo aconteceu tão rápido que pensei ser uma alucinação. Meu pelotão, meus companheiros estavam mortos, eu era o único Striker vivo naquele momento e também o mais novo aluno da Escola de Doutrina de Artilharia, deveria ficar animado com isso, mas sabia que me tornar um comandante seria extremamente difícil, mais difícil seria pensar em um nome para usar oficialmente.
No outro dia logo que o sol raiou em meio as nuvens tóxicas me levantei, fiz minha higiene pessoal, vesti meu uniforme e me dirigi até a Escola de Doutrina de Artilharia. Cheguei pontualmente as 08:00 e ao ver um dos monitores na porta de entrada bati continência e entreguei a ele uma carta de recomendação assinada pelos oficias do meu regimento.
(Monitor) Seja bem vindo soldado, em que posso ser útil?
(Soldado 1) Gostaria de inscrever nessa instituição. Tenho aqui uma carta de recomendação de meus superiores.
O monitor abriu a carta e a leu pacientemente, depois pegou alguns papeis e me entregou com uma caneta tinteiro preta.
(Monitor) Muito bem soldado H19042016, assine na linha pontilhada e ponha seu nome para ser colocado no uniforme.
Comecei a preencher a papelada e no campo "nome para uniforme" eu hesitei um pouco, mas depois de pensar um pouco decidi colocar algo forte e que tivesse um significado para mim. Assim que acabei devolvi os papeis para o monitor que mandou o seguir para dentro do prédio, fomos então a sala do diretor do local que leu a minha ficha e a carta de recomendação.
(Diretor) Seja bem vindo a Escola de Doutrina de Artilharia soldado Striker.
(Striker/soldado 1) Será uma grande honra estudar aqui senhor.
Ali começava minha jornada rumo ao alto escalão do Empire State, onde eu poderia lutar na frente de batalha comandando uma fortaleza para acabar com a rebelião dos Krux e dar um fim a essa maldita guerra.
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