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Já faziam algumas semanas desde que Taylor tinha finalmente permitido que suas emoções a dominassem, e o resultado havia sido uma canção que parecia transbordar a alma. Com o lançamento iminente de seu próximo álbum, ela sentia a pressão aumentando. Reputation não seria apenas mais um álbum. Era uma declaração – sobre sua imagem, suas lutas, mas, acima de tudo, sobre seu coração partido. E, sem que Joe soubesse, esse coração ainda batia por Emily.

Nos meses que antecederam o álbum, a mídia havia transformado a vida de Taylor em um espetáculo. A série de escândalos que a envolviam pareciam intermináveis. Fofocas, brigas públicas e acusações falsas tinham feito dela um alvo constante. E, como se fosse pouco, a narrativa da "serpente" havia se espalhado rapidamente. Taylor estava sendo pintada como manipuladora, falsa, e as redes sociais fervilhavam com hashtags que alimentavam a chama do cancelamento.

Cada manchete a atingia como uma facada. Deixaram de focar em sua música e passaram a consumir e distorcer sua vida pessoal. Taylor sentia que estava sendo engolida por uma onda de ódio que não parecia ter fim. Não importava o que dissesse ou fizesse, a perseguição era implacável. A mídia, que antes a venerava, agora a destruía com a mesma intensidade. E foi nesse caos que ela se voltou para sua música. Reputation era sua única válvula de escape, a maneira de tomar de volta o controle sobre sua narrativa.

O álbum precisava ser mais do que uma resposta ao cancelamento, mais do que uma reviravolta na sua carreira. Era sua chance de renascer das cinzas, de confrontar a mídia, os inimigos e, acima de tudo, seus próprios demônios. Para o público, seria visto como um grande retorno. Mas, para Taylor, Reputation tinha um peso muito maior – era o reflexo das lutas internas que ela enfrentava todos os dias. O projeto de um álbum que misturava poder, raiva e, no fundo, uma dor que ninguém poderia imaginar.

Taylor havia passado muitas noites no estúdio, com o caderno aberto em frente a ela, a caneta na mão, mas seus pensamentos estavam sempre distantes. Ela pensava em Emily o tempo todo – em como tudo tinha sido perfeito até não ser mais. As ruas de Nova York, as caminhadas à noite, os risos que ecoavam entre os prédios, e aquele beijo que parecia selar uma promessa que nunca chegou a ser cumprida.

Em um dia particularmente cinzento, sentada sozinha no canto de um café local, Taylor rabiscava algumas ideias no papel. As primeiras palavras de "Delicate" saíram quase sem esforço. Essa seria uma das primeiras músicas que ela sabia que precisaria estar no álbum. Uma carta de amor disfarçada, um sussurro para Emily, envolto na máscara de sua vida pública.

"Isn't it, isn't it, isn't it... delicate?" escreveu. A letra refletia a vulnerabilidade que sentia ao estar com Emily, sempre às sombras, com a mídia e os julgamentos pairando sobre suas cabeças. Mesmo depois de tudo, Emily estava presente em seus pensamentos mais profundos.

E, então, vieram os acordes de "King of My Heart". Era diferente de qualquer coisa que ela havia escrito antes – forte, intensa, e cheia de uma paixão que fazia seu coração bater mais forte. Mas Joe, sempre ao lado dela, via essa música de outra forma. Ele a interpretava como uma declaração de amor a ele. E, por mais que Taylor se sentisse grata pelo conforto que ele oferecia, parte dela sabia que essa canção tinha raízes muito mais profundas e complexas. Era sobre Emily. Sobre o poder que Emily ainda tinha sobre seus pensamentos, mesmo que Taylor estivesse tentando se convencer do contrário.

Ela escreveu, cada vez mais obcecada em canalizar suas emoções nas canções. "Dancing With Our Hands Tied" surgiu após uma noite de insônia. A imagem clara de Emily, o sorriso que ela tinha enquanto dançavam em festas secretas, as mãos delas entrelaçadas, escondidas do mundo, ainda a atormentava. Mas Taylor sabia que essa história tinha um fim trágico. Mesmo com Joe, a música trazia um eco de nostalgia, uma saudade de algo que ela nunca mais teria.

"I, I loved you in secret..." A frase martelava em sua mente enquanto escrevia. Ela se lembrava do medo constante que sentia – não só de serem descobertas, mas também de perder Emily, o que acabou acontecendo.

Joe era diferente de qualquer outra pessoa que Taylor já havia conhecido. Ele era doce, calmo e equilibrado, o oposto da tempestade que Emily havia sido. Ele não fazia muitas perguntas sobre o processo criativo dela, e Taylor era grata por isso. Mas havia momentos em que ele ouvia as novas músicas e sorria de um jeito que a incomodava, porque Taylor sabia que ele estava ouvindo outra história – uma história que ela não estava contando.

"Essa é pra mim, né?" ele perguntou uma noite, enquanto escutavam "Gorgeous". Taylor virou-se para ele, forçando um sorriso, mas seu coração estava em outro lugar.

"Claro que sim," ela mentiu, sentindo um nó se formar em sua garganta. Mas a verdade era mais dolorosa do que ela estava disposta a admitir. Gorgeous havia sido uma confissão velada dos sentimentos que ainda ardiam por Emily. Tudo – desde o jeito que Emily olhava para ela até as pequenas piadas que compartilhavam – estava ali, disfarçado nas entrelinhas. Mas Joe não sabia disso. Para ele, as músicas de amor de Reputation eram declarações dedicadas a ele. Acreditava que Taylor estava expressando sua paixão por ele através de cada acorde, cada verso.

Conforme os dias passavam, o estúdio se tornava o refúgio de Taylor. Ela podia se perder entre as gravações, as mixagens e a produção. Mas, à noite, quando estava sozinha, os fantasmas de Emily voltavam com força total. Mesmo com Joe ao seu lado, parecia que Emily estava sempre ali, à espreita, lembrando-a do que elas haviam tido.

Se por um lado as músicas de amor traziam um toque delicado e sutil, as outras faixas de Reputation revelavam um lado mais sombrio de Taylor. Ela havia aprendido a transformar a dor em força, e isso ficou evidente nas músicas mais poderosas do álbum, como "Look What You Made Me Do" e "I Did Something Bad". Essas músicas eram dedicadas ao mundo que a havia traído, à mídia que a perseguia incansavelmente e às falsas amizades que a haviam cercado.

Enquanto gravava "Look What You Made Me Do", Taylor se lembrava de todas as manchetes, de todos os escândalos que a haviam sufocado, e da sensação de impotência que a acompanhava. Mas havia uma camada escondida ali também. A raiva que sentia por si mesma, por ter deixado Emily escapar. Por não ter lutado o suficiente por elas. E, mesmo que ninguém mais soubesse, Taylor colocou essa dor dentro da música. "I don't trust nobody and nobody trusts me," ela cantava com raiva, mas também com um toque de tristeza. Ela havia perdido mais do que apenas sua reputação – havia perdido alguém que amava.

O processo de criação do álbum era catártico, mas também doloroso. Cada nova faixa parecia arrancar um pedaço de sua alma. "Don't Blame Me", com sua batida pulsante e letra intensa, era outra confissão de como seus sentimentos por Emily haviam se tornado uma obsessão. Taylor se lembrava de como era impossível resistir ao magnetismo de Emily, de como, mesmo quando tentava se afastar, ela sempre acabava voltando.

"Don't blame me, love made me crazy," ela escrevia, a caneta correndo pelo papel com fúria. Joe não tinha ideia de que essa música não era sobre ele – era sobre a intensidade com que ela ainda amava Emily.

Quando Taylor lançou as primeiras faixas de Reputation, a resposta foi imediata e estrondosa. Todos os olhos estavam nela. A crítica elogiava sua ousadia, a forma como ela havia se reinventado após tantas crises públicas. As pessoas ficaram obcecadas pelo novo som, pela nova persona que ela havia adotado. Era um triunfo – ou, pelo menos, era o que parecia.

No entanto, ninguém sabia que a verdadeira batalha estava acontecendo dentro dela. Cada vez que Taylor subia no palco ou lançava uma nova música, sentia como se estivesse vestindo uma máscara. E, mesmo quando Joe a acompanhava nos eventos, a sensação de vazio persistia.

"Call It What You Want" foi uma das últimas músicas que Taylor escreveu para o álbum, e também uma das mais íntimas. O refrão ecoava uma verdade que ela ainda estava tentando aceitar – ela queria chamar o que tinha com Joe de amor, mas ainda havia algo errado. As palavras não eram inteiramente sinceras. O relacionamento com Joe parecia seguro, mas não era completo. Ela escreveu sobre ele, mas, ao mesmo tempo, era como se estivesse escrevendo uma carta de despedida para Emily,

...

Olhando para o celular, com os dedos pairando sobre a tela, Taylor suspirou profundamente. A mensagem para Emily ainda estava fresca em sua mente, mas algo a impediu de enviá-la. Ela apagou as palavras e guardou o telefone, sentindo o peso daquilo que jamais poderia ser dito.

Reputation estava prestes a ser lançado para o mundo, e Taylor sabia que estava colocando mais do que sua música em jogo. Ela estava expondo sua vulnerabilidade, suas dores, e, mais do que tudo, a confusão em seu coração. O público aplaudiria, criticaria, e tentaria entender as camadas do álbum, mas ninguém jamais saberia da verdadeira batalha que ela travava por dentro.

Enquanto a noite avançava, Taylor se permitiu um último momento de fraqueza. Encostada na janela de seu apartamento, observando as luzes de Nova York brilhando ao longe, ela pensou em Emily. No que poderia ter sido. Nas palavras não ditas e nas promessas quebradas. Em como, mesmo com Joe ao seu lado, ela nunca havia realmente conseguido se despedir.

Fechando os olhos, ela murmurou para si mesma: "É hora de seguir em frente."

...

Mas, no fundo, sabia que algumas histórias jamais terminam.

Com o lançamento do álbum e o peso da expectativa crescendo, Taylor se preparou para enfrentar o mundo mais uma vez. Reputation seria a sua armadura. Mas Emily? Emily sempre seria seu segredo.

E com isso, ela virou as costas para a janela e seguiu em frente, deixando a noite — e talvez seu coração partido — para trás.

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25/10/2024

Beijão sofi