014
˖࣪ ❛ CONVITE
— 14 —
TRÊS VILÕES ESTAVAM na ponta dos pés tentando não fazer barulho, mesmo a única mulher do trio aplicando sua tática de 'calcanhar, dedão' e mesmo assim seus saltos não faziam tanto barulho porque caminhavam em ritmo acelerado.
Eles estavam indo para o escritório de Ben, sabendo que estaria aberto, mas não queriam que alguém aparecesse na frente deles e visse que estavam imprimindo em 3D uma imagem 3D de um ovo que fosse fácil de reconhecer.
Carlos estava por trás de tudo, certificando-se de que ninguém espiasse por trás dele. Ele se virou e viu que ninguém os seguia, mas por engano colidiu com uma das mesas que segurava um vaso.
— Não, não, não! — ele tentou impedir que a mesa balançasse e agarrou o vaso para que não caísse. Ele suspirou quando nada fez barulho.
— Sh! — Jay e Heart gritaram com ele, ele olhou para eles indignado.
— Obrigado, posso fazer isso sozinho. — ele sussurrou ironicamente.
Eles chegaram onde a impressora estava. Jay abriu a porta para a ruiva, os dois deram um sorriso malicioso um ao outro ao verem o aparelho, Carlos olhou para eles com uma careta.
— Desde que cheguei, só hoje tive vontade de fazer a tarefa e me levaram para roubar um ovo da rainha vermelha. — reclamou o mais novo, olhando para os dois com insegurança. — Por que?
— Porque, Carlos... — Heart observou-o com seu sorriso gigantesco. — Se meu bebê Jabberwocky crescer e o plano de roubar a varinha na coroação não funcionar, vou conseguir exterminar Auradon inteiro e governar o que mereço, o que pertence para mim por herança. — ela olhou sorrindo para a máquina que os ajudaria em seu plano.
Seus olhos escuros, com o luar que mal filtrava pelas janelas, mostravam um brilho que conseguia chamar a atenção, terrivelmente perigoso.
— Auradon...? — Jay terminou.
— Não idiota, o País das Maravilhas me pertence por herança. — ela embranqueceu os olhos em aborrecimento. — Auradon eu deixo isso para você, é uma imundície comparado ao que terei em breve. — ela olhou para os dois lados antes de falar. — Bem, você já sabe o que fazer?
— Carlos, o gênio da informática, vai imprimir isso com minha incrível ajuda. — Jay destacou orgulhoso, ele carregava um computador com o desenho a ser impresso nos arquivos. — Enquanto você assiste, já que não quer fazer nada, o que é questionável, fazemos setenta por cento do plano e é você quem quer o ovo bobo...
— Apenas faça isso, Jay. — Carlos o empurrou para entrar e não deixar Heart com raiva.
Ela revirou os olhos, deixando a porta alguns centímetros aberta para que não vissem o que os dois vilões estavam fazendo.
— Heart?
Ela se virou despreparada e notou Teo espiando para fora de seu escritório, ela grunhiu baixinho enquanto colocava a mão na testa. Ela preferia que fosse a própria Bela ou o Rei Fera quem a encontrasse, não o chapeleiro.
— Olá. — ele cumprimentou, soltando uma risada. Heart cuidadosamente fechou a porta atrás dela, observando com o canto do olho os dois vilões que tentavam não fazer barulho. — O que você está fazendo? Já é tarde, você deveria ir dormir... — ele coçou a nuca nervoso.
— Chapéus... — Heart interrompeu. — Não é da sua conta com o que eu vim fazer. Volte para... Tanto faz. — ela fez um gesto com a mão, cruzando os braços.
— Eu... Na verdade, eu estava fazendo alguns chapéus, mas fica complicado quando não tenho cabeça para moldar. Se você já terminou, poderia me ajudar? Você não precisa fazer isso se não quiser, não me importo se você disser não...
— Chapéus... — ela o interrompeu, ficando um pouco vermelho de raiva. Teo fingiu fechar os lábios, tentando recuperar o fôlego falando muito rápido. — Você vai calar a boca se eu for?
Teo assentiu, ainda fingindo ter os lábios selados. Heart avançou para entrar na sala, ele pulou atrás dela enquanto sorria sem se conter.
Ao entrar, percebeu que tudo estava cheio de tecidos de muitas cores e texturas, prateleiras cheias de alfinetes ou agulhas, até outros materiais. Mas o principal, em frente à porta a muitos metros de distância, era uma escrivaninha com alguns itens, atrás dela havia longas prateleiras que continham manequins de cabeças com chapéus.
— Venha. — ele sorriu enquanto arrumava o que estava no chão. Ele afastou a cadeira da mesa, deixando-a sentar-se.
Ele ajustou a cadeira dela para deixá-la confortável. Heart estava sentada no lugar especial e no trabalho de Teo. O menino começou a medir, tentando não bagunçar o cabelo dela.
— Disseram que você tem medidas bonitas? — ele chamou a atenção dela. Ela ergueu uma sobrancelha: — Eu faço chapéus para Ben e alguns outros, mas não há muito o que fazer, suas cabeças são tão pequenas e suas cores são tão chatas, sempre azul e amarelo, amarelo e azul. — ele riu. Heart olhou para ele com curiosidade.
— Carlos foi o único que notou que eu tinha mais cabeça que os outros, herdei isso da mamãe. — Heart sorriu. — As cabeças dos outros são... Cabecinhas que precisam ser cortadas. — admirou com confiança e contentamento o menino que estreitou os olhos.
— Sim... Bem, desde que eu saiba fazer chapéus não é algo que me incomode. — ele deu de ombros, bufando divertido. — Mas sua cabeça é... Magnífica, tenho desenhos lindos que caberiam perfeitamente. — observou-a com um brilho diferente do que sempre foi notado em Heart.
Aos seus olhos, ela era perfeita.
— Que desenhos você faria para mim? — isso o tirou da bolha. Ele tirou um caderno das gavetas.
— Tenho vários. Você prefere boina ou turbante? Embora também existam chapéus ou coroza, em formato de sino, gorro, com capuz, copa, trançado, fitas e muitos mais. — ele começou a movimentar as páginas, mostrando os desenhos. Ele ficou quase antes do final do livro. — Que tecido você quer?
— Contanto que seja vermelho. — Heart respondeu brevemente. Ele assentiu rapidamente olhando para longe dela.
Heart moveu as páginas e começaram a aparecer desenhos de chapéus, todos em tons vermelhos e corações ou cartões. No final da página estava escrito 'para Heart'. Seu sorriso começou a se espalhar involuntariamente, aqueles acessórios eram simplesmente perfeitos para ela. Havia até brincos ou pulseiras combinando.
— Ah. — ela olhou para Teo que havia falado em voz baixa, percebendo que ela havia entrado naquelas páginas.
— Eu quero esse. — ela mostrou um de praia, que a cobriria quando tivesse muito sol.
Teo olhou para o sorriso dela e deu um suspiro de alívio, mas também sorriu.
— O que você quiser. — ele concordou, começando a procurar a tesoura.
Heart só ficava ouvindo o chapeleiro júnior que falava demais, ele estava trabalhando enquanto gostava de ver Heart sentada em seu lugar.
— E a Bela e a Fera chegaram ao País das Maravilhas contando o que queriam fazer, então a rainha branca concordou em governar o País das Maravilhas, mas também ensinar aqui. — ele disse costurando. — Ela, junto com o gato sorridente, deu-lhe forma humana para as criaturas do país das maravilhas que eles queriam para poder coexistir com os humanos. Como os pais de Gabriella. Eles escolheram ser humanos.
— Você está falando... Do coelho branco e da lebre de março? — Heart perguntou, Teo assentiu. — Nunca imaginei eles juntos.
— Bom, já que parecem ser da mesma espécie. — ele fez sinais de ter orelhas de coelho e dentes grandes, fazendo Heart quase rir. — E então humanos, eles se apaixonaram. Um amor raro. Mas, amor... — ele sorriu ao pensar nisso. — Eles adotaram Gabriella e Taran.
Heart assentiu, quando de repente sentiu um peso na cabeça. Teo colocou um espelho na frente dela.
— V-Você está linda. — Teo riu enquanto observava a ruiva se olhando de perto.
— Eu sempre estou assim. — ela viu Teo e sorriu de sua expressão. — Eu acho... Obrigada. — Heart hesitou, mas murmurou. O moreno piscou surpreso antes de sorrir novamente.
— Ah, não é nada, é um presente, como as caixas de chá e os próximos chapéus. — ele deu de ombros, tentando não pular do lugar.
Heart não entendeu, ela olhou para ele e realmente achou que ele era estúpido. Ou seja, ele colocava chapéu, não parava de rir, sempre dava presentes para ela, estava sempre presente para ela. Quando sua mãe arruinou a vida de seu pai e de sua família e ela planejava fazer o mesmo.
— Por que você faz isso? Sobre os presentes. — disse ela, tirando o chapéu. Heart pegou Teo desprevenido.
— Ahm, porque... — ele ergueu as sobrancelhas sem saber o que dizer. — Sinto um frio na barriga quando vejo você e não é algo que acontece comigo quando vejo Melody ou Gabriella, são sensações diferentes que deixo meus impulsos carregarem embora. — Teo esclareceu, brincando com as mãos. — Gosto de te dar chá ou chapéus, assim como quero te convidar para a coroação de Ben. Mas temo que você corte minha cabeça antes de se sentar comigo na frente do reino.
Heart teve que desviar o olhar, havia uma pequena pontada em seu peito que a deixou desconfortável, mas ao mesmo tempo a fez sorrir.
— Ben me disse para me apressar mas eu queria te dar espaço, entendo que seja difícil vir da ilha, talvez primeiro você queira ir comigo na comemoração do Dia dos Pais. Se você quiser. — ele esclareceu em resposta ao silêncio dela, tentando falar em um ritmo lento e constante.
— Tudo bem, vamos, mas se eu cortar cabeças, não se preocupe, não suporto príncipes e princesas, prefiro que você faça chapéus para eles. — ela pediu, tentando ficar séria.
— Eu não sou um príncipe. — ele ressaltou animado, Heart finalmente soltou uma risada que cativou o moreno. — E eu farei chapéus para ele se você quiser, mas você sabe disso...
— Você prefere fazer isso com os vivos. — ela revirou os olhos, indo embora. Teo a observou se dirigir para a porta, sorrindo eufórico.
— Até amanhã! — ele gritou, Heart simplesmente saiu sem se despedir.
Teo colocou o punho na boca para mordê-lo com alegria e começar a dançar alegremente. Heart concordou em ir com ele.
★
— Jogue algo e você perderá a cabeça.
Coração apontou para Carlos que fez olhares de cachorrinho assustados, Jay bufou abrindo a janela traseira, ele carregava uma mochila. Sendo a segunda vez que entraram sorrateiramente e para algo mais fácil, já sabiam como evitar erros. Ele pulou dentro.
— Você sabe que não tocaria em um fio de cabelo dele. — ele apontou para Carlos, obviamente. Heart sorriu.
— Nunca com Carlos. — ela balançou o cabelo do garoto de cabelos negros e soltou um suspiro de alívio. Ela entrou pela janela com a ajuda dos dois. — E Gabriella também não. — Heart admitiu, observando os arredores.
— Jay também não. — Jay apontou para si mesmo indignado, Heart ergueu uma sobrancelha e começou a andar, ignorando o que foi dito. Jay olhou em dúvida para Carlos. — E Jay também não, certo? — ele repetiu em dúvida.
Carlos fez uma careta antes de correr para pegar a mão de Heart e ir para o seu lado, o filho de Jafar os seguiu reclamando baixinho.
A janela pela qual entraram ficava a uma distância segura das escadas. Eles começaram a correr para subir e tentar evitar onde tinham visto as câmeras da última vez. Eles pararam onde viram uma.
— Quando ele apontar para outra direção, passamos agachados e rápidos. — Heart ordenou aos dois, que aceitaram a ordem.
Eles esperaram e cumpriram a ação.
Eles passaram despercebidos para a sala dos vilões. Era mais fácil quando Heart estava no comando e levava tudo com muito cuidado e preparo, os dois vilões não queriam chatear ou decepcionar a amiga caso cometessem um erro e não pegassem o ovo.
— Adeus, mãe. — Carlos cumprimentou a estátua de Cruella.
— Adeus, pai. — Jay cumprimentou Jafar.
— Olá, mãe. — Heart abriu a porta que dava para o quarto privado de sua mãe.
Os dois vilões ficaram boquiabertos com a estátua da rainha vermelha. A rainha branca alcançou bem a essência de sua irmã. Eles estavam com muito medo da rainha vermelha, ela era uma versão muito mais maligna de Heart.
— Aqui.
Eles correram até chegar ao lado dela, tentando não se distrair com as coisas do reino vermelho. Heart estava na frente da caixa de vidro.
— Tem censor. Jay, você levanta a caixa, eu pego o ovo e Carlos, você tem que colocar o falso. — sussurrou, calçando as luvas. — Só temos três segundos, não falhem.
— E quando você nos contou a ideia, você disse que era seguro. — Carlos reclamou baixinho.
Os três cercaram a caixa, Carlos pegou o ovo que Jay carregava na mochila. Eles trocaram olhares significativos naquela sala silenciosa, o ar tenso era evidente. Se falhassem, seria mais difícil salvar-se desta vez. O guarda estava acordado observando pelas câmeras ou até mesmo rondando.
— Preparados? — eles assentiram. Carlos estava com o ovo nas mãos, Jay estava com as mãos no copo e Heart com as dela estendidas.
— Um...
— Dois...
— Três! — Heart ordenou.
Jay ergueu o cubo de vidro, Heart pegou o objeto de formato oval, de textura dura e escamosa para que o pequeno Carlos colocasse rapidamente o que tinha nas mãos e para Jay colocar o copo de volta.
Eles viram como o ovo balançou suavemente e fez caretas de medo, mas ficou parado e nenhum alarme soou ou qualquer aviso ao guarda.
Heart sorriu olhando para a origem de seu próximo animal de estimação. Ela olhou para os dois vilões que começaram a sorrir da mesma forma.
— É preciso colocá-lo no fogo violeta para que nasça rápido. — ela falou entusiasmada.
Os dois riram ao vê-la animada, imagem que nunca tinham visto. Heart estava realmente feliz. Eles fugiram e tentaram não fazer ouvir suas risadas ou sussurros.
Naquela noite iria nascer o Jabberwocky da princesa vermelha.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro