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˖࣪ ❛ DESCENDENTES DO PAÍS DAS MARAVILHAS
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— NÃO HÁ MAIS CHÁ!
Heart e Teo se abaixaram quando uma xícara voou direto para eles, bateu contra a parede e os dois se endireitaram, ela mexendo uma mecha de cabelo sorrindo enquanto Teo ria. Gabriella, que respirava pesadamente de aborrecimento, se acalmou ao vê-los.
Ela sorriu saltitante enquanto continuava procurando chá no armário. Ela resistiu à vontade de gritar de felicidade como uma chaleira fervendo quando os viu entrarem juntos.
— Oh, bem-vinda à cozinha. — Teo curvou-se ao lado do chapéu e apontou para a sala. Heart passou observando tudo.
Ela havia descoberto onde eles cozinhavam, isso foi bom já que no dia anterior com os vilões eles estavam pensando onde fazer os biscoitos. Agora Heart sabia que a cozinha da escola estava aberta para eles e que poderiam sair à noite.
— Como você está? — Damian estava sentado na mesa enquanto comia alguns cupcakes que diziam. — Comam. Mamãe mandou esses doces... Para você, Heart. Comi dois com Gabriella.
A ruiva olhou para a bandeja com as pequenas sobremesas. Ela conhecia a história do que eles fizeram no País das Maravilhas, mas não pareciam ter magia, eram apenas uma piada interna.
— Eu não os quero. — disse Heart sem rodeios, cruzando os braços e com o seu sorriso.
— Sim. — Teo deu um pulo para pegar um e comê-lo. — São uma delícia, tem certeza que não quer? — ele estendeu Heart, falando de boca cheia, ela bateu na mão dele. — Ouch... — ele olhou para baixo com olhos repreendidos.
— Ah! — Damian voltou para pegar outra xícara voadora: — Heart, não há mais chá.
— É por isso que estamos neste lugar nojento? — ela apontou irritada. Gabriella assentiu: — Aqui. — Heart tirou alguns saquinhos de chá do bolso. Um doce também caiu e ela pegou para guardar. Os descendentes do País das Maravilhas olharam para ela com expectativa. — O quê? É para Carlos.
Teo suspirou, notou aquela gentileza em Heart que ela não percebia. Heart era pura atenção quando se tratava do pequeno Carlos, tanto que sempre carregava um chocolate na jaqueta para ele. Junto com quatro pequenos saquinhos de chá.
Ele sorriu, soltando aquele suspiro e se sentindo uma bagunça. Algumas borboletas no estômago, borboletas de Auradon com uma mistura das do País das Maravilhas, já que eram mais mágicas e barulhentas na opinião dele. Isso o fez sentir magia e rugidos. Esse sentimento o assustou.
— Obrigada! — Gabriella a abraçou feliz, ela afagou sua cabeça desconfortavelmente e Gabriella se separou para ir fazer chá. — Tem certeza que não quer os biscoitos da minha madrinha?
— Eu já disse não. — uma leve camada vermelha se formou em seu rosto.
— Tudo bem, entendemos. — Damian ergueu as mãos em uma zona de paz, mas a pessoa que ela menos tolerava era ele. — Mas ei...
— Dami... — Gabriella sussurrou, querendo detê-lo. Ela adorava Heart e mesmo que isso a assustasse, a assustava ainda mais sabendo que ela não a tinha visto com raiva e Damian poderia deixá-la com raiva.
— Somos todos vilões de uma história mal contada. — Damian esclareceu, ignorando a amiga. O rosto de Heart ficou mais vermelho. — Todos nós podemos ser vilões se tivermos razões suficientes e sua mãe foi uma vilã pelos dois motivos, foi injusto.
Teo engoliu o bombom de Alice, observando com medo a interação entre a vilã e seu amigo, quase irmão.
— Mas você está aqui, conosco e todos nós sabemos disso. Então mamãe te manda esses doces em paz, e ela até quer te conhecer. — ele estendeu o prato novamente.
O rosto de Heart voltou ao tom normal, ela bufou e pisou no chão, revirando os olhos ao mesmo tempo. Ela pegou um pedaço de doce e colocou na boca para mastigar com estresse, mas sua boca começou a sentir o gosto doce e ela suspirou, apreciando o sabor que eles tinham. Pegou a bandeja e sentou-se à mesa, começando a devorar aquelas iguarias que nunca havia consumido e muito menos algo de sabor semelhante.
— Eles são bons, certo? — Damian sorriu para ela, erguendo as sobrancelhas. Heart grunhiu de boca cheia mas balançou a cabeça. — Eu sei. — ele queria pegar um mas Heart bateu em sua mão. — Aí.
Teo e Gabriella suspiraram de alívio, mas a menininha de tranças abraçou alegremente os três, apertando-os. Teo soltou uma risada feliz, Damian sorria suavemente e Heart tentava se afastar.
— Eu adoro vocês!
★
Carlos segurou os ombros de Heart, ela acordou do transe e olhou para o garoto de cabelos brancos que estava preocupado.
A ruiva lentamente virou o rosto para o espelho de seu quarto, notando suas mãos no rosto. Ela os removeu sentindo sua pele queimar. Heart gentilmente tocou sua bochecha. Ela estava arranhando a pele do rosto.
— Você estava nas nuvens, como sempre, mas... Heart, você começou a gritar e a arranhar a pele do seu rosto. — ele sussurrou, olhando nos olhos vazios da amiga.
— Eu precisava sentir dor... Acho que estar aqui está me fazendo sentir mal. Preciso voltar para a ilha. — Carlos, hesitante, a abraçou. A ruiva agarrou-se à cintura do rapaz. — Este lugar é tão... Saudável e seguro.
Ela estava sentada em sua mesa em seu quarto. Carlos parado na frente dela e a sala aberta. Ele tinha ido procurá-la para surpreendê-la com Gabriella quando passasse por ali.
— Vamos pegar a varinha e ir embora. — ele assegurou e se afastou para sorrir para ela. — Eu tenho uma ideia, uma com Gabriella. Você quer ir?
Heart assentiu, mas se virou para maquiar as feridas. Quando sua mãe beliscava suas bochechas, ela sempre pensava que um dia iria arrancá-las por causa da força que fazia, raramente sentia falta disso. Então ela queria arrancar a pele do rosto.
Também querendo tirar aquela camada que por segundos ela achou que tinha, uma camada de tranquilidade cobriu seu corpo que a assustou. Heart sorriu ao ver algumas pequenas gotas de sangue, relaxando, sua loucura ainda estava lá. Seu sorriso se alargou, sim, ela ainda estava louca.
★
Heart mergulhou o pincel grande no balde de tinta e aplicou-o na rosa com um grande sorriso. Gabriella estava à sua direita cantando, Carlos também estava ao lado dela cantarolando.
Damian e Teo estavam à sua esquerda, o chapeleiro falava quase até os cotovelos enquanto ria ao ouvir Gabriella, o filho de Alice acompanhando a conversa.
— Fofos. — eles ficaram em silêncio e se viraram para ver Ben que se aproximava. — Quando Gabriella me perguntou sobre pintar as rosas brancas de vermelho, pensei que fosse uma piada, mas... Parece que não. Posso ajudar? — Heart aceitou com um sorriso e entregou-lhe uma escova.
Ben olhou para os filhos dos personagens do País das Maravilhas, todos reunidos em torno dela e de Carlos. Heart foi a última descendente desaparecida do País e agora estava completo. Era como ter o próprio País das Maravilhas à sua frente.
Ele começou a pintar as flores, pensando no que elas faziam para que Heart se sentisse confortável. Mudar a cor das rosas do seu jardim manualmente nunca teria ocorrido a ele.
— Ben! O que está fazendo? Vocês enlouqueceram! — eles se viraram, depois de minutos em paz, para ver Audrey. — Você sabe que as rosas são a coisa mais linda do castelo, eu as escolhi!
— Ah, Audrey, bem... — Ben quis explicar sem tirar a tranquilidade dela.
— Querida, todo mundo sabe que sou louca. — Heart interrompeu sem estremecer o sorriso. — E para mim é um elogio, mas Gabriella não gosta de ser chamada assim, ela é sensata à sua maneira. — defendeu ela.
Sua mãe criou um reino para os imperfeitos, pessoas como ela. Heart iria cuidar de Gabriella, pensando que em seu reino ela certamente teria sido feliz. Aquela de duas tranças sorriu ao ver a amiga, ela até sentiu seus olhos cristalizarem. Poucos a defenderam.
— São apenas flores, Audrey. — Damian continuou olhando cansado para a princesa. — Que diferença faz se você as escolheu ou quem quer que seja? Eles ainda são de Ben e ele escolhe o que fazer. Se isso não o incomoda, por que incomoda você? Ele é o futuro rei. Não você.
— Eu sou sua futura rainha. — ela sorriu superiormente e obviamente, Ben olhou para Heart e ela sorriu ao vê-lo desconfortável. É claro que ela não era a futura rainha. — E Heart, fale bem comigo, você não tem poder aqui.
Heart ficou sério e mergulhou o pincel na tinta, Carlos pegou a mão de Gabriella e eles se afastaram dois passos. A garota olhou para ele confusa, mas ele colocou um dedo nos lábios dela indicando para não se envolver.
— Mamãe e eu... — Heart deixou o pote no chão e caminhou balançando os quadris até ficar na frente da princesa. — Tínhamos o corpo do meu pai, Ilosovic Stayne, como um enfeite. — ela ficou tão perto que a filha de Aurora deu um passo para trás: — Você realmente acha que me intimidaria, Audrey?
Inclinou a cabeça com um gesto zombeteiro, Damián engoliu saliva e olhou para Teo que apertou os lábios para não soltar uma risada nervosa ou de surpresa. Ele tendia a rir em momentos sérios.
— Acho que não. — concluiu Heart, recuando.
— Agradeço que Alice tenha acabado com a cabeça imensa...
Antes de Audrey falar, o pincel carregado de tinta na mão da princesa vermelha moveu-se abruptamente, manchando-a propositalmente com tinta. Audrey gritou ao ver a tinta vermelha em suas roupas e rosto.
Eles pareceram surpresos mas Teo não aguentou começar a rir, Gabriella se juntou a ele e depois Damián, Carlos também e Ben tapou a boca com o punho para não rir da namorada.
Heart não aguentou tantas risadas atrás dela, tão contagiantes, e ela começou a rir enquanto deixava cair o pincel no chão. Audrey saiu chateada por não receber ajuda.
As risadas de Teo diminuíram até que ele ficou em silêncio, observando Heart encantado, ele acreditava que Clint, filho do Cupido, devia ter passado pelo jardim porque foi atingido por flechas.
Os demais sons haviam desaparecido, antes mesmo de seus olhos tudo ficar embaçado, ele só conseguia apreciar, totalmente cativado, a imagem de Heart rindo.
Que som lindo. Ele pensou, querendo salvar o momento da vilã, a primeira risada que ouviu dela desde que ela chegou. Apesar de sempre sorrir, ele nunca a ouviu rir. Não até então.
— Obrigada! — Heart quase tropeçou, olhou para baixo e percebeu Gabriella a abraçando.
Carlos sabia que ela não era fã de abraços, mesmo até chegarem na ilha nunca tinham dado um e eram os mais próximos. Mas ele sorriu ao ver que a vilã apenas revirou os olhos e deu um tapinha breve no ombro de Gabriella.
— Agora, saia daqui. — Heart a separou, ouvindo a risada da filha do coelho branco.
Ela se abaixou para pegar o pincel e pintar novamente, Ben ficou ao lado dela com um sorriso. Heart olhou para ele com o canto do olho. Talvez não tivessem muitos atritos, mas o filho da fera conseguia ver em Heart uma melhor amiga.
Damian olhou para Teo e puxou seu ombro para colocá-lo ao lado dele e trocar de lugar. Ele agiu como se nada tivesse acontecido, começando a deixar o branco carmim vermelho, mas Teo olhou para ele de forma estranha até se virar e ver Heart, que ergueu uma sobrancelha com desdém. O filho de Alice o colocou ao lado dela. Ele deu uma risada nervosa e começou a pintar ao lado dela.
Eles acabaram pintando uma rosa juntos.
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