Capítulo 45
O cabaré estava lotado. A estreia do anjo depois de algum tempo de "férias", animou o coração dos homens de Cancún, ainda mais com a grande fachada colada na porta que informava: "O anjo não é mais proibido. Prepare-se para se sentir nas alturas".
Durante duas semanas sem aparecer no cabaré, Aurora estava cada vez mais frágil. Chorava constantemente pensando em sua irmã e em William. À noite seus pesadelos não a abandonavam e a cada dia que passava, ela estava mais perto ainda de saber quem era o rapaz que a estuprara. Se esforçava a se alimentar, mas não sentia fome. Adquiriu algumas olheiras, e perdeu um pouco de peso. Desesperava-se cada vez que via seu estado.
Então o grande dia havia chegado. Naquela noite Aurora desmaiou três vezes com medo, aflita e desesperada. Quando entrou no cabaré e viu Dom, logo o abraçou e deixou que lágrimas rolassem desesperadamente, desabafando os últimos acontecimentos de sua vida. Pediu, encarecidamente, para que Dom não abandonasse sua irmã e sempre lhe dissesse o quanto a amava. E pediu para que a ajudasse a sobreviver. Ela precisava viver. A esperança estava a pouco tempo de distância e ela esperaria o tempo que fosse apenas para encontra-la.
Aurora descobriu por Dom que William estava se recuperando. Contou a ela para não e preocupar que daria um jeito de cuidar de William e do restante da família. A jovem agradeceu e foi até seu camarim.
As dançarinas a encaravam, rindo de seu estado debilitado. Alejandra não perdia a oportunidade de cochichar com elas a respeito de Aurora, no entanto, a melindrosa não se contentaria a apenas um cochicho.
— Olha só se o anjo não está de volta. Aproveitou muito as férias em Monterrey? Com certeza deve ter aproveitado. Quem resistiria passar uma semana com o gostoso de William Connor em companhia. Eu poderia desfrutar daquele corpinho sem enjoar. Me diga, ele é bom de cama?
Aurora suspirou fundo e engoliu seco. Preferiu ignorar a rival e se concentrar em sua maquiagem.
— Uma pena que Marcus tenha descoberto. Pois é minha gente, nossa estrela, o nosso anjo, andou fugindo. E sabem o que eu descobri? Que Aurora tem uma filha. Uma filha dada como morta, mas que está vivinha da silva perdida em algum lugar por aí.
Os murmurinhos aumentaram e dessa vez Alejandra havia conseguido chamar a atenção de Aurora. Ela se levantou e encarou Alejandra no fundo de seus olhos.
— Como sabe disso?
— Dom. Ele é meio descuidado em guardar segredos. E não sabe ser muito discreto quando fala ao telefone.
— É melhor não se intrometer nessa história.
—Pode deixar. Coitadinha. Uma peninha. Ainda bem que sua filha cresceu longe de você. Imagina saber que a mãe é uma vadia. Que não vale o chão que pisa. Que casou para tomar posse dos negócios da família Connor, e quando cansou de Marcus, decidiu dar para o irmão. Imagine só se Dom gostasse da fruta, não perdoaria ele também.
Risos.
— Mas sabe — continuou a rival — Mais pena ainda eu tenho da sua irmãzinha. Mais cedo ou mais tarde ela será uma de nós. E eu espero que ela seja mais esperta que você. Porque quando Connor cansar de suas travessuras, não pense que ele vai ser condescendente, pelo contrário, ele a matará, e só terá eu para cuidar da vadiazinha caçula.
— Dobre a língua para falar de minha irmã.
Alejandra gargalhou.
—E vai fazer o que? Seu pedestal caiu. Você não tem mais William Connor pra te ajudar, Dom daqui a pouco vai pular fora e Marcus, ah, esse vai transformar a sua vida em um inferno e eu vou adorar assistir ao seu fracasso.
— Você é uma cretina.
— Ah se você soubesse de um terço das coisas. Uma pena que eu não possa te contar. Mas, não venha me ofender porque você não moral nenhuma para isso. Nós viemos do mesmo barco. Você nasceu pra sofrer, nasceu numa família de merda— ela se aproximou de Aurora. — Podre e nojenta.
— Dobre sua língua maldita para falar de minha família — Aurora gritou e lhe esbofeteou a cara com toda a força que jamais imaginaria ter.
Alejandra segurou seu rosto com alguns fios de cabelo desalinhados pelo seu rosto. Ela bufava de raiva e avançou em Aurora, prestes a revidar, mas uma mulher com a adrenalina e com raiva guardada durante anos, conseguiria ser muito mais forte e mais esperta ainda que debilitada. Segurou seu punho e puxou Alejandra pelos cabelos dando lhe outra bofetada.
— Eu deveria te matar. — Aurora bufava.
— Eu vou acabar com você Aurora. — Alejandra puxou os cabelos de Aurora, enquanto a mesma apertava seu rosto com as unhas.
As duas acabaram caindo no chão, rolando sobre ele, até que Aurora conseguiu ficar por cima e segurar o corpo de Alejandra com as pernas.
— A diferença entre mim e você, é que eu tenho caráter. — Um tapa.
— Eu tenho vontade de mudar de vida. — outro tapa.
— Eu não piso nos outros e os faço sofrer para subir ao topo — mais um tapa.
— Eu tenho pena do seu destino. Ah! Eu vou acabar com você — Aurora havia saído de si. A raiva lhe consumia, a adrenalina estava a mil, ela não conseguia se conter e gritava cada vez que batia em Alejandra. Enquanto as dançarinas assitiam tudo boaquiabertas, Maitê gritou por ajuda e Dom apareceu segurando Aurora.
— Aurora, pelo amor de Deus, você não pode se estressar desse jeito... Você é uma estrela e em poucos minutos terá que se apresentar.
— Eu não me importo. Eu quero... — Aurora sentiu o ar lhe faltar e cambaleou.
— Aurora, acalme-se, por favor. Ajeite essa maquiagem. Contro-le.
— Eu não quero Dom. Eu não quero — chorou encostando sua cabeça no colo de Dom, enquanto as dançarinas tentavam socorrer Alejandra.
— Aurie, você precisa ser forte. Você sabe que precisa. Se você não dançar sabe como Marcus vai ficar. Pelo bem das pessoas que você ama, seja forte.
— O que está acontecendo aqui? — A voz de Iara ecoou pelo ambiente chamando atenção de todas as dançarinas.
— Iara?
— Você a conhece, Dom? — questionou Aurora entre choro.
— Mais ou menos — respondeu.
— O que aconteceu com você, garota? — referiu-se a Alejandra.
— Essa desgraçada me bateu. Deveria expulsá-la.
— Ninguém apanha de graça — Iara sorriu irônica.
— Quem e você — quis saber Alejandra, tentando ainda manter a pose.
— Sou a mais nova sócia deste lugar, e eu fico encarregada de cuidar da organização do cabaré a partir de agora. Portanto, quero que vocês arrumem essa bagunça de lenços e maquiagens quebradas agora mesmo. — ela olhou para o seu relógio — Vocês tem três minutos. — Enquanto a você, acho bom ficar secar essas lágrimas e retocar a maquiagem, ou eu mesma te deixarei pior do que a sua amiguinha.
— Espera aí, eu é quem cuida das dançarinas. — Alejandra berrou.
— Não é mais queridinha. Agora eu estou no seu lugar.
— O que? Marcus não se atreveria.
— Ora, olhe para você. Você se olhou no espelho? Não consegue dançar direito, não consegue vencer uma briga, e ainda quer coordenar as dançarinas, por Deus. Esses hematomas deveriam ser permanentes pra quando você se sentir superior que as outras, ver o quão fracassada é. — Alejandra calou-se engolindo a humilhação. — Aliás, já que você não vai se apresentar hoje, você cuida da faxina, enquanto as outras vão dançar.
— Como assim, eu não vou dançar hoje?
— O tema da festa de hoje, não é o coringa. E você está parecendo um.
Iara e as dançarinas se entreolharam confusas e amedrontadas.
Aurora apresentou-se divinamente, mas a noite depois da apresentação, não foi nem um pouco agradável, mas velha, pesada, barbuda e grosseira. E a cada fim de noite, durante dois meses, enquanto uns rocavam ao seu lado, ela simplesmente deixava as lágrimas rolarem baixinho.
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Perdoem-me a demora. Estou com dificuldades para arranjar tempo para escrever, mas prometo fazer um esforcinho para terminar a história ainda essa semana.
Contem-me o que estão achando, acredito que amanhã, já teremos mais capítulos.
Espero que tenham gostado e preparem-se porque os próximos capítulos serão emocionantes.
Um beijo no coração de vocês.
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