Capítulo 41
Havia se passado uma semana desde o encontro entre Carmela e Travis. O rapaz ligou constantemente durante sete dias seguidos e Carmela, muito resistente, não atendeu a nenhuma das ligações. Não porque não quisesse, mas porque julgou necessário que Travis tivesse inúmeras ideias a respeito dessa situação. Além de querer parecer ser uma pessoa muito ocupada.
Porém, era hora de retornar. Pegou seu celular e discou o número de sua primeira vítima. Travis não demorou muito para atender, pelo contrário, no segundo toque já estava grudado ao telefone.
— Carmela? Que prazer você me ligar. Achei que não queria me ver mais, eu fiz alguma coisa? — sua voz estava nitidamente excitada e nervosa. A respiração estava ofegante e as mãos suadas. A jovem não pode evitar sorrir maliciosamente com a situação.
— Imagina. A sua companhia foi realmente ótima. Tanto foi que estou ligando novamente.
— É que... Bem, eu liguei essa semana para você e...
— Eu gostaria de saber se quer jantar comigo essa noite — Carmela o interrompeu impaciente.
— Hoje? Claro. Posso te buscar na sua casa? Eu já sei que não tem carro, embora eu não tenha entendido o porquê de ter mentido.
Carmela suspirou tapando o áudio do telefone. O que Travis tinha de beleza, tinha de lerdeza. Queria não precisar explicar ou ter que entrar em detalhes.
— Não sou mulher de apenas uma noite. Não costumo a dormir com os caras no primeiro encontro. Eu conheço vários rapazes — omitiu, porém, inflar seu próprio ego para agarrar a presa, pareceu-lhe conveniente.
— Eu prometo que serei um cavalheiro. Você é uma mulher diferente das outras. Sinto que é especial e, prometo que te respeitarei. Respeitarei o seu tempo.
A voz de Travis tremia do outro lado da linha. Nem parecia o homem inescrupuloso e criminoso de sete anos atrás. Era uma outra pessoa. Parecia um cachorrinho babando por sua dona. Isso fez com que Carmela enojasse, e tivesse ainda mais coragem e certeza de que seu plano iria dar certo.
— Tudo bem. Eu lhe darei uma chance, mas se tentar qualquer coisa, não medirei esforços para coloca-lo na cadeia. — seu tom era grave. Carmela não usou uma voz sensual ou límpida para se dirigir ao rapaz, pelo contrário, a ameaça invadiu os ouvidos do rapaz e o fez estremecer.
— Fique tranquila. Você irá se impressionar. Te pego as oito?
— Nove! Tenho uns assuntos para resolver antes.
— As nove. Certo.
Carmela revirou os olhos diante do tom patético de Travis. Ela deveria estudar cada movimento do rapaz. Arrancar-lhe o maior número de informação possível para que tudo saísse conforme o planejado. A guerra iria começar e a mistura do medo e do nervosismo, acelerava seu coração. Jogou-se no sofá sem saber exatamente em qual momento havia ficado tão exausta.
Seu celular vibrou notificando uma mensagem de Travis.
"Esqueci de pegar seu endereço".
Ela mordeu o lábio inferior deslizando as mãos sobre o teclado do celular. Respirou fundo e mandou o endereço do hotel mais luxuoso de Cancun. Não poderia, em hipótese alguma dizer onde morava, ou colocaria tudo a perder.
A noite chegou com o céu devidamente estrelado. Carmela estava radiante em um vestido preto discreto na metade de suas coxas, desta vez, não muito decotado. Lembrou-se do que sua mãe uma vez lhe disse: " Uma mulher de personalidade consegue sempre ser sensual, ainda que não haja nenhum decote".
Suspirou por pensar nela. Uma dor invadiu seu peito e por pouco não chorou. Sua mãe deveria odiá-la. Devia ter a renegado como filha. Olhou no espelho e viu que havia uma lágrima teimosa em seu rosto que tratou logo de secá-la.
Balançou a cabeça a fim de afastar os pensamentos em sua família. Agora seu foco era outro. Deu um último retoque na maquiagem e não recusou um belo batom vermelho. Carmela havia pedido um táxi para leva-la até o hotel que combinou com Travis. Esperaria o rapaz já na entrada e, portanto, fora meia hora mais cedo do que o combinado.
O vento soprava leve, porém fresco. Carmela sentiu seu corpo arrepiar-se e cogitou estar com frio. Xingou em pensamento por ter que se submeter aquilo e desejou internamente para que Travis não demorasse a chegar.
O barulho de um motor de carro tomou conta das ruas. Um audi TT preto parou em frente ao prédio. O rapaz de dentro do carro desceu com um buquê de flores em mãos — eram rosas. Era Travis, elegantemente vestido com uma calça social preta e uma camisa azul marinho. As mangas puxadas, o cabelo devidamente alinhado, e um sorrido radiante no rosto.
Carmela suspirou. Sentiu seu coração dando cambalhotas e se repreendeu por ser tão fraca. Travis se aproximou. Fez uma leve reverência e pegou uma de suas mãos dando um beijo leve e delicado. Ondas de calor se apoderaram do corpo da moça que só sabia dizer a si mesmo que não deveria sentir aquilo. Não podia demonstrar que se sentia tão abalada pelo toque dele.
— São pra você. Eu não sabia quais eram a sua preferida...
— Tudo bem. Eu adorei.
Travis esboçou um sorriso encantador diante das palavras de Carmela. Estendeu-lhe braço o qual foi entrelaçado por ela e a acompanhou até o carro, abrindo a porta para a mesma.
Se fossem em outras épocas, Carmela estaria totalmente entregue. Sem medo ou qualquer regra. Não deixaria de desfrutar da beleza estonteante que era os músculos do homem ao seu lado. Não que o sentimento tenha mudado, mas agora a sua razão é que falava mais alto.
Durante o trajeto, a moça olhava para as ruas de Cancun austeramente. Estava procurando pelas palavras para poder quebrar o silêncio constrangedor que se formara dentro do carro. Mas elas simplesmente haviam sumido. Tudo o que vinha na sua cabeça era uma forma de tentar conseguir uma prova de que ela era inocente, e Travis era um dos culpados. Culpado por pisar em seu coração e por transformar a sua vida em um verdadeiro inferno.
O restaurante conseguia ser ainda mais luxuoso que o outro. O ambiente com pouca iluminação. Um tapete vermelho curto na entrada com algumas barras em ouro em volta. Os garçons muito bem vestidos com as camisas impecáveis. Carmela agradeceu por estar bem vestida ao notar as roupas das mulheres a sua volta. Todas vestidas de forma que pareciam estar em uma grande premiação.
Travis havia reservado uma mesa para os dois, pediu de um vinho fino que Carmela não ousou contestar, já que era devidamente leiga no assunto, porém, concordar com o rapaz parecia ser o mais correto a se fazer.
— Então, me diga, como passou a semana? — Carmela decidiu quebrar o silêncio que insistia em permanecer entre os dois.
— A correria de sempre. Confesso que senti sua falta.
— Não acha que foi pouco tempo para sentir minha falta?
— Uma mulher como você é inesquecível. Nunca fiquei tão encantando antes. É como se eu a conhecesse há muito tempo.
Carmela sentiu um desconforto no que Travis havia acabado de dizer. Será que ele havia se lembrado e estava esse tempo todo a enganando? Pensou por um instante.
— Mas... — ele continuou. — Com certeza eu me lembraria destes olhos.
"Não se estivesse bêbado o bastante" — a consciência de Carmela soou novamente. Nessa hora o garçom os interrompe servindo o vinho pedido.
— Já decidiram o que vão querer comer?
— Alguma sugestão? — o rapaz pergunta a Carmela.
— Vou querer apenas uma salada de carpaccio. — sorriu.
— Pra mim um fetuccine ao molho da casa.
O garçom se retirou deixando os dois a sós novamente.
— Tenho um convite para lhe fazer. — Travis sorriu com esperança, logo que o jantar foi servido.
— Estou ouvindo.
— Amanhã terá um festival na praça central. O que acha de irmos juntos?
— Festival? Parece interessante. Sobre o que é?
— Ao que parece envolve de tudo um pouco. Teatro, música, dança. Acho que será legal.
— Não imaginei que gostasse de artes.
— Um pouco. Gosto de uma boa música, uma boa peça de teatro.
— E dança?
— Digamos que eu não saiba dançar. — abaixou a cabeça, envergonhado.
— Então vamos mudar isso amanhã.
— Isso é um sim?
— Por que não? Estou precisando me divertir um pouco depois de tanto tempo presa.
— Presa?
— Dentro de casa... No trabalho... Na correria do dia a dia.
— Ótimo. Prometo que vamos nos divertir.
Apesar dos esforços que Carmela teria que se submeter para Travis não desconfiar, ela sabia que seria necessário. Os taxistas passariam a virar seus motoristas particulares, mas aos final, Travis estaria totalmente apaixonado por ela.
O festival estava lotado. Havia muitas pessoas de tudo quanto é jeito e estilo. O sol estava ardente, mas o dia estava agradável. Carmela e Travis estavam descontraídos, ela com um vestido rodado de flores, e ele com uma bermuda e camiseta polo vermelha. Pareciam o casal perfeito.
Entraram naquela multidão esperando o espetáculo começar e então avistaram o prefeito Hernandes dando as boas vindas às pessoas presentes. Novamente ele anunciou a presença de da família Connor, no caso, apenas Cassandra, Dom e Marcus. Todos bateram palmas e eles retribuíram com um pequeno aceno. Sabiam que mais cedo ou mais tarde, iriam até eles perguntarem sobre o restante da família.
— Caramba! São eles mesmo? A família Connor, dono do mais requisitado cabaré do México? — Carmela pergunta animada e visivelmente curiosa.
—Sim, são eles mesmo, porém está faltando William e... Aurora, a esposa de Marcus.
— Aurora?
— Sim, a Aurora além da estrela do cabaré, também é esposa de Marcus.
Carmela sentiu o coração tremer ao ouvir o nome da moça. Apesar do pouco tempo de convívio, ela havia gostado da companhia de Aurora, mesmo elas sendo tão diferentes. Algo lhe dizia que se encontrasse a moça, ela chegaria em sua segunda vítima.
— Por acaso você já foi ao cabaré?
Travis engoliu seco. É claro que ele já havia ido, várias vezes afinal. Ele e o seu melhor amigo eram cliente fiéis e ainda são, e dizer isso, com certeza poderia não agradar em nada Carmela.
— Na juventude, apenas.
A jovem não pode deixar de esboçar um leve sorriso.
— Sozinho?
— Oh não, eu e meu melhor amigo íamos juntos.
— E é tão bom quanto dizem.
— Sim, com certeza.
— Gostaria de ir qualquer dia, pode me levar?
O rapaz a encarou com os olhos arregalados. Pasmo pelo interesse de Carmela em querer conhecer o cabaré, e ainda mais perturbado por ter que dizer alguma coisa que pudesse fazê-la a mudar de ideia.
— Lá, não é um lugar pra você.
— E por que não?
— Não iria gostar de lá.
— E como pode ter certeza? — ela arqueou as sobrancelhas e lhe lançou um olhar desconfiado.
— Olha, a primeira apresentação já vai começar. — apontou ao palco mudando de assunto.
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Olá amores, como vão?
Quero dizer que se eu demorar a postar, me perdoem. Red Blush está entrando em um momento crucial, e apesar de ter esse momento final inteiro em minha cabeça, organizar as ideias as vezes é um pouquinho difícil.
Mas não se preocupem, tentarei ao máximo postar com mais frequência.
Espero que estejam gostando.
Ah! E pra quem quiser, me adicionem no facebook: https://m.facebook.com/profile.php?ref=bookmarks , estarei postando os dias de atualizações e algumas novidades, entre outras coisas, e se quiserem, podem falar comigo por lá também.
É isso.
Beijinhos
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