Capítulo 19
Tempo Atual
Olhar para Meg naquele estado a incomodava. Sentia seu peito falhar a tos instante por diversos motivos. Havia criado um grande laço com a ex enfermeira e, portanto, a dor era intensa. Vê-la sofrendo, permitia temer pelo futuro. Uma lágrima teimosa rolou pelas bochechas rosadas de Aurora e a jovem se aproximou segurando firme as mãos de alguém tão especial.
Era um laço materno e até paterno poderia se dizer. Um laço forte e talvez mais um anjo para cuidar das irmãs Hough. Aurora teve certeza no momento em que viu Meg pela primeira vez, que ela seria uma pessoa confiável. Estava cedo para ela partir e mesmo que Aurora fosse avisada com anos de antecedência, nunca estaria preparada para aquele momento.
Amava Meg e isso era inegável. O amor era recíproco, a dor da ida e da partida seriam sentidas com toda intensidade. Meg dormia num sono profundo. O médico havia dito que seria bem provável que a antiga enfermeira passasse o retante do seu tempo no hospital.
Por um instante Aurora se desesperou. Novamente estava prestes e a presenciar a morte de mais uma pessoa importante em sua vida. Sentiu medo por Melany. Temia seu sofrimento, mesmo sabendo ser inevitável. Temia o fato de não saber o que fazer naquele momento e sentiu seu mundo desabar. Marcus jamais permitiria a presença de sua irmã na mansão, e nem ela mesma queria.
– Oh Meg! Eu sinto tanto por isso. Não queria que fosse desse jeito. Por que agora? Logo agora que eu havia encontrado uma chance de conseguir dar uma vida melhor a nós. Meg, eu estou desesperada. Estou sem chão e não consigo mais encontrar forças para lutar. Olho para Mel e receio o que acontecerá com ela. Estou perdida – deu espaço para as lágrimas rolarem – Oh Deus! Não deixe Meg partir, eu preciso tanto dela. Já me tiraste minha mãe e depois minha filha, agora Meg? Por quanto tempo eu terei que sofrer para conseguir finalmente uma vida melhor. Será que... – Aurora engoliu seco. Falar sobre seu pai, sempre foi difícil. – É melhor não pensar a respeito. Eu prometo Meg, que eu farei de tudo para que nesses últimos momentos você tenha tudo de melhor, e saiba que eu e Mel te amamos muito. Não faz ideia do quanto você é importante para nós.
Promessa era dívida. Não sabia como cumprir, mas era passaria por cima de tudo e de todos para conseguir uma morte sem dor e sem sofrimento a Meg. Secou os olhos e sentiu o peito queimar. Respirou fundo e foi atrás de Mel. Precisava contar a verdade, mas não sabia como dizer. Por onde começar e nem que palavras usar. Esperaria um pouco mais, precisava construir forças antes de poder cuidar da fraqueza de sua irmã.
– Aurie! – Melany gritou correndo para um abraço. – Me diz que Meg vai ficar bem, por favor!
– Mel – Aurora engoliu seco e se ajoelhou – Meg terá que ficar um tempo aqui no hospital. Ela está muito fraca e precisa ficar em repouso.
– O que ela tem Aurie?
– Eles ainda não sabem ao certo.
– Mentira! Eles são médicos, como não sabem? Meg vai morrer? – a pequena estava aos prantos e vê-la naquele estado era uma tortura para Aurora.
– Mel, vamos esperar um pouco antes de nos desesperarmos. Por favor.
– O que será de mim Aurie? O que eu farei sem Meg?
– Ei! Ei! Você tem a mim. Se lembra do que eu disse? Seremos um elo eterno. Não há nada que eu faça que eu não pense em você. Você é a coisa mais importante na minha vida e nós estaremos sempre juntas. Eu prometo. "Ao chegar a luz da manhã, nós ficaremos sãos e salvos".
Melany abraçou a irmã com toda a força e amor. Aurora precisava daquele abraço mais que tudo e internamente pediu forças a Deus e a sua mãe. Novamente era ela e Melany. Novamente, procuraria por forças mesmo a vida lhe golpeando várias vezes, seu coração ainda batia e isso era o suficiente.
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Aurora e Melany encarava a estrada em silêncio. A brisa tocava o rosto das irmas como se a dor pudesse ser levada com o vento. Como se a mente viajasse a um lugar até então desconhecido quase incolor, mas que transmitia a paz que ela tanto buscavam. Por um instante quiseram esquecer a dor e o sofrimento. Só contemplar o céu e insistir para que a realidade não voltasse.
– Onde a senhora deseja ir? – o motorista cortou o momento.
Aurora fechou os olhos e respirou fundo procurando por um lugar em sua mente.
– Nos leve a casa de Will, por favor.
– Tem certeza? Senhor Connor não vai gostar de saber.
– Ele entenderá, não se preocupe.
O apartamento de Will não era luxuoso, pelo contrário, extremamente simples para o padrão dos Connor's, mas era a única coisa que restava a ele diante das circunstâncias. Mas Aurora não se importava nem um pouco. Trocaria viver na mansão para qualquer coisa que a mantivesse livre de Marcus.
Tocou a campainha algumas vezes, de forma irregular, pois suas mãos tremiam. Will abriu a porta preocupado. Não costumava a receber visitas e a presença de Aurora era praticamente impossível. O fato de ela estar ali aumentou ainda mais sua preocupação.
– Aurie? Você aqui?
– Posso entrar? É urgente. – sorriu nervosa.
– Papai! Quem é? – Clair perguntou aparecendo pela porta. – Tia Aurie! – sorriu animada correndo para abraça-la.
– Oh minha pequena! Que bom ver você.
– Trouxe Mel pra brincar comigo?
Aurora olhou para Will como se pedisse permissão e ele concordou. Em seguida olhou para Mel que parecia desanimada.
– Claro que sim. Vai ser bom pra ela. Ela anda meio desanimada.
Clair estendeu a maõzinha até Melany que parecia irritada ao mesmo tempo em que triste. A filha de Will estava pensando em conter o bracinho quando Aurora se aproximou da irmã.
– Eu sei que está triste, mas fazer companhia para Clair vai te distrair um pouco. Por favor! – Aurora deu um beijo em sua testa e ela acabou concordando.
As duas entraram indo em direção ao quarto da pequena Clair. Will se afastou da porta para que Aurora entrasse, fechando a porta logo após.
O silêncio se instalou entre eles. Por mais que fossem muito amigos, Will perdia a fala ao estar com Aurora, ainda mais a vendo em seu apartamento, aparentemente frágil.
– Vou por uma camisa, eu já volto.
– Não – Aurora o interrompeu quase como uma súplica e então se deu conta do que todo o uniforme de barman escondia. Um corpo definido com algumas tatuagens espalhadas pelo corpo. Por um instante se perdeu no mio de tanta beleza, mas precisava manter o foco, aliás, eles eram apenas amigos, bons amigos. – Quero dizer, eu vou ser breve. Não precisa se incomodar.
– Você parece preocupada, quer se sentar? – ofereceu e a jovem não recusou. Will sentou ao seu lado.
– Eu estou desesperada! – olhou para o corredor certificando que Melany estava ausente. – Meg desmaiou hoje, assim, de repente. Levamos ela ao hospital e foi diagnosticado um tumor. Ela tem pouco tempo de vida. Pode morrer a qualquer momento Will. O que eu vou fazer? Como vou dar a Meg um tratamento digno, uma morte tranquila na situação em que nos encontramos e o pior, o que vou fazer com Melany? Com que eu vou deixá-la? Sabe como seu irmão é. Estou desesperada. Eu não aguentou mais! – desesperou num sussurro e por um instante se sentiu um completa idiota por estar tão fraca diante de Will.
Will queria abraça-la. Queria acalentá-la e dizer que está tudo bem, mas tinha receio de não conseguir se controlar. Ele estava sem palavras depois de tudo que Aurora havia dito, mas a euforia, o choro incontido do seu raio de sol lhe machucava por dentro.
– Ei – ele segurou seu queixo para que Aurora o olhasse nos olhos. – Eu vou te ajudar. Não se preocupe, Aurie! Daremos um jeito.
– Que jeito? Eu só vejo escuridão e é como se houvesse um precipício em cada passo.
– Eu tive um ideia, mas é arriscada e meu irmão pode não concordar.
– Que ideia?
– Melany morará aqui quando... quando...
– Will, Marcus jamais aceitará isso.
– Ele faz tudo por você, Aurie.
– Não tudo. Tenho medo de ele fazer alguma coisa ou me proibir de ver minha irmã por ela estar aqui. Sabe que ele não gosta de nos ver juntos.
– Ameaça ele. Sei lá.
– Ameaçá-lo? Como?
– Vai parecer meio estranho eu te oferecer uma coisa como essas, mas diante dos fatos não fará muita diferença.
– Fala logo Will – apressou.
– Seja lá o que ele for aprontar ameaça-o. Use a chantagem e seu poder de sedução. É difícil resistir.
– Como?
Will engoliu seco. Precisava se controlar.
– Meu irmão. Será difícil meu irmão se controlar. Diz que abrirá mão do casamento e viverá como as outras dançarinas. Ele não vai suportar perder você, ainda você esteja numa condição como a delas.
– Mas e se ele ameaçar fazer algo com Melany?
– Ele não pode matá-la ou você morrerá também. Ele sabe que o que te mantém viva é Melany. Se o caso for vendê-la diga que não será de todo ruim já que sua irmã terá uma vida melhor com alguém que possa lhe dar carinho.
Aurora desesperou-se. Se algo desse errado jamais se perdoaria e pensar nas possibilidades massacrou seu coração.
– Isso é cruel demais, Will. Como consegue dizer isso?
– Aurie, me desculpe. Não foi minha intenção. Eu adoro sua irmã como se fosse minha filha. E assim como você eu desejo o bem dela, e o seu também, mas sei que isso só será possível de Melany também estiver bem. Marcus não pode ter escolhas e odeia ser contestado. Ele ainda está no poder porque ninguém consegue enfrentá-lo. – abaixou a cabeça como se tivesse dizendo isso a si mesmo.
– Você tem razão. Mas não quero te atrapalhar cuidando de Mel e Clair.
– Eu não me importo. Faço tudo para te ver feliz. – arregalou os olhos quando viu que disse mais do que deveria.
Aurora sorriu e sentiu as bochechas queimarem. Sem pensar muito o abraçou.
– Obrigada. – deu um beijo em seu rosto e isso proporcionou uma onda de arrepios no corpo do rapaz.
Por um momento, Aurora sentiu algo estranho. Seu coração acelerou e era como se não tivesse forças. Seu corpo amoleceu e sentiu protegida pela primeira vez. O corpo nu de William em contato com sua pele descoberta, acelerou sua respiração. Ela se afastou e encarou os olhos verdes do homem a sua frente. Ele estava perdido. Encarava seus lábios sedento. Os olhos dos dois se fecharam e o desejo consumiu ambos.
– Papai!
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Huuum? O que me dizem?
Só eu que senti um clima aí?
Beijinhoos amores... e bom final de semana
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