Capítulo 14
O cartão em suas mãos brilhava assim como seus olhos. O coração palpitava com a possibilidade de poder finalmente seguir seu sonho. Mas o medo pelas palavras de seu pai ainda se firmaram em sua cabeça. Mesmo morto era como se ele anda estivesse presente lhe dizendo palavras tão grosseiras. Lembrou-se da primeira vez em que Marcus havia lhe dado o cartão, a expressão firme e olhar frio de seu pai.
Respirou fundo e balançou a cabeça dizendo que tudo não passava de um sonho idiota. Lavou a mão prestes a atender o próximo cliente quando foi interrompida por seu chefe.
– Aquele rapaz que estava aqui, ele é o dono daquele cabaré, não é mesmo? – a moça consentiu. – E está esperando o que para aceitar?
– Eu não sei se deveria. Teria que me manter integralmente neste trabalho e sei o quanto o senhor precisa de mim aqui no restaurante, não é justo.
– Minha filha, o que não é justo é você deixar o seu sonho escapar. Essa oportunidade muitas jovens gostaria de ter e ela veio até você. E não se preocupe comigo, sentirei sua falta, meu filho ainda mais, mas não posso prendê-la.
– Agradeço – sorriu fraco – Mas tem Meg e Mel, não sei se elas topariam mudar assim tão de repente. Mel ainda é uma criança.
– Exatamente por isso que você deve pensar em começar a muda de vida para poder cuidar de sua irmã. Aqui nós lhe pagamos pouco.
– É o suficiente.
– Mas até quando será suficiente? Escuta, Meg já não é mais uma mulher jovem. Com o tempo ela precisará de uma atenção maior e Melany não poderá ajudá-la e você terá que se entregar de forma absoluta. Ganhando mais você conseguirá deixar a situação mais fácil.
– Você tem razão, mas...
– Nada demais, minha filha. Você vai ligar para aquele engomadinho. Meu filho irá sobreviver. Depois ele termina a faculdade de direito e vai para Coimbra terminar os estudos, então ele estará com a cabeça ocupada em outra coisa que não seja você.
Ela riu e Martim que ouvia toda a conversa as escondidas, sentiu um nó na garganta. Sua Aurora iria embora sem nem poder dizer a ela o que sentia.
Depois que o sol deu lugar para que a lua mostrasse o seu brilho, a jovem já estava em casa saboreando o refogado de Meg. Melany balançava as perninhas por de baixo da mesa empolgada contando sobre as atividades que fez na escola.
– Olha Aurie, o desenho que eu fiz. – a pequena entregou a irmã uma folha de sulfite.
– O que é isso? – perguntou antes de analisar com mais cautela.
– A professora pediu para que fizéssemos um desenho sobre a nossa família.
Aurora não respondeu de imediato observando os desenhos de sua irmã. Nele estava seu pai, Meg, ela, e Melany, mas no alto, com asinhas de anjo, encontrava sua mãe e Melina. Aurora sorriu pela inspiração da caçula.
– Posso guardar de recordação?
– Claro.
Um breve silêncio tomara conta do lugar. Aurora deslizava os talheres em sua comida, distraída com os últimos acontecimentos e com a proposta. Meg a observava esperando por uma reação e o momento em que ela se abriria, mas nada. A loira continuava aérea.
– Aurie, querida? O que houve?
Aurora suspirou e olhou para Meg voltando a atenção ao prato novamente.
– Nada – sua voz não era nem de longe convincente.
– Sei. Eu te conheço. O que passa?
Respirou fundo e decidiu contar a enfermeira.
– Hoje lá no restaurante apareceu um rapaz. O senhor Connor, o dono daquele cabaré, sabe?
– Perfeitamente.
– Pois então, durante a minha apresentação, ele me viu e me entregou um cartão. Dizendo que eu tinha talento para a coisa e...
– E você ficou pensando na possibilidade de participar. – Meg completou a frase de Aurora.
– Isso – sorriu desconfortável.
– Aurie! Isso fica em Cancun. É um pouco longe para nós.
– Eu sei. Recusei de imediato pensando em vocês, e ele até disse que daria um lugar para vocês morarem por lá. Mas sei que...
– Você vai para Cancun Aurie? – Mel estava atenta.
– Não eu...
– Vai sim. – respondeu Meg.
– O que? – a garota se surpreendeu.
– É o seu sonho. Não posso impedi-la. E agora está mais fácil. Uma oportunidade como essa não é sempre que aparece.
– Mas Meg e você? E Melany?
– Ora, mas seu novo chefe não disse que nos daria uma boa casa?
Os olhos da futura dançarina brilharam. Sentiu o peito arder e um sorriso radiante formara-se em seu rosto. Sem pensar muito, pegou o cartão e se preparou para ligar a Connor.
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Havia inúmeras garotas embarcando junto com Aurora. Meg e Melany iriam depois. O nervosismo era seu aliado e em alguns momentos o medo lhe incomodava. Foi uma despedida dolorosa. Seu Calisto era como um pai a ela e Martim sofreu calado.
Olhava as outras garotas ao seu lado que também estavam na mesma situação que ela. Todas lindas e com muito talento, pensara. Decidiu se concentrar na viagem e afastar todos os pensamentos ruins que decidiam lhe assombrar. A sua frente, encontrava-se Connor que a observava em silêncio e da forma mais discreta possível.
Cada movimento da moça o excitava. Sua inocência, sua ingenuidade, pensara que ainda era pura, mas isso não lhe seria problema, pelo contrário, seria ainda melhor. Naquele instante a desejou mais que tudo, mas sabia que colocaria tudo a perder caso não conseguisse se controlar. Precisava tê-la, nem que a força.
Assim que embarcaram, Cassandra, Kerchak, Dom e mais algumas pessoas estavam esperando todas as meninas, no centro de eventos de um luxuoso hotel. Todas as meninas ao entrarem tinham os queixos caídos os olhares atentos a cada detalhe. Aquilo era novidade a todas elas. A alegria estampada no rosto de Aurora, incendiava ainda mais os instintos de Marcus.
Sentaram-se em suas respectivas cadeiras e avistaram os empreendedores do cabaré a sua frente. Cassandra segurava um microfone em mãos, enquanto Dom tinha uma expressão nenhum pouco amigável. Aquilo para ele era um inferno o qual fora obrigado a viver.
– Querida meninas. Sejam bem-vindas. Se vocês estão aqui, significam que tem talento, já que não escolhemos qualquer pessoa para adentrar ao tão renomado cabaré. Antes de mais nada, quero dizer que vocês aqui, serão nossas pupilas e serão quase da família. A família Red Blush. Red Blush nasceu em 1980, com outro nome, Dancing. Um lugar renomado de Los Angeles. Porém, este entrara em falência, e eu, junto com meu marido, procuramos expandir nosso negócio e compramos o estabelecimento criando o Red Blush. O nome surgiu em inspiração ao Mouling Rouge, pois nós gostaríamos de passar a mesma magia dele, em nosso cabaré. Mas, estava cada vez mais difícil manter o cabaré por lá, então descobrimos Cancun, um ótimo lugar para se abrir um ambiente como Red Blush. Sendo assim, hoje somos o mais renomado e requisitado da cidade e pretendemos expandi-lo para que esse título seja nacional e quem sabe mundial. Portanto, somos extremamente minuciosos na escolha de nossas dançarinas. E para isso, elas merecem um tratamento especial, com direito a uma bela estadia neste lindo hotel, uma visita o cabeleireiro e um novo guarda-roupa.
A platéia vibrava. Sorriam e gritavam animadas por tamanho luxo e conforto e por tamanha ilusão. Davam palminhas e conversavam umas com as outras enquanto Cassandra sorria maleficamente por dentro, os olhos de Kerchak transformavam-se em cifrões, e o coração e atenção de Marcus, era apenas de Aurora. Dom sentia pena pelas garotas e queria gritar para que elas dissessem não. Mas infelizmente, sua voz era lhe arrancada nestes momentos.
– Como vocês são muitas, nós iremos dividi-las em grupo e cada grupo ficará sob a responsabilidade de nossos profissionais.
Marcus cochichou no ouvido de sua mãe que franziu o cenho. Em seguida foi a vez de Dom que também estranhou a atitude do irmão.
– Aurora Hough? – Cassandra chamou-a.
Ela se levantou para que fosse vista. Sem querer acabou chamando a atenção das outras garotas que a observam, algumas com admiração, outras com inveja, e muitas com nojo por suas vestimentas.
– Certo, querida, pode esperar lá fora?
Aurora se assustou e por um instante pensara que tudo aquilo era um sonho o qual estava prestes a acordar. Com o coração apertado, seguiu seu caminho e abraçou a si mesma, preocupada.
– Ei! – Marcus aparece a sua frente.
– Oi! – ela diz sem ânimo.
– Não se preocupe, pedi para que Cassandra a tirasse de lá, porque quero a você um cuidado especial.
– Sou tão feia assim?
Marcus riu.
– É claro que não. É a mulher mais bonita que eu já vi. – não resistiu e Aurora corou – Desculpa, não queria constrangê-la. Mas é que por ser tão bela, quero transformá-la em uma estrela.
– Sério? Isso é possível?
– Claro.
– Estou aqui, Marcus. – Dom apareceu com uma sobrancelha erguida olhando Aurora de cima embaixo.
– Então, Dom, essa é Aurora, quero que a trata de forma especial. Quero transformá-la em uma estrela.
– Ela? – Aurora encolheu-se.
– Sim. – confirmou Marcus.
Dom a olhou novamente e deu a volta para analisá-la em 360 graus.
– Bonita, magra, mas precisa de um trato. Não se preocupe querida, ficará linda. Eu sou o melhor – gritou e Aurora se assustou, enquanto Marcus apenas revirava os olhos.
– Não ligue para ele. Ele costuma a gritar e andar feito uma gazela.
Aurora riu.
– Querida, você vai dar de dez a zero em Alejandra. E falando nela, se prepara porque ela vai ficar furiosa.
– Alejandra? Quem é ela?
– Não se preocupe que dela cuido eu. Vamos? – estendeu seu braço a ela.
A futura estrela brilhou. Abriu um largo sorriso e laçou seu braço ao de Connor.
Aurora poderia dizer estar vivendo em um dia de princesa. De fato as mordomias as quais estava tendo, coincidia com as de uma princesa, e ela se sentia assim. Estava feliz, uma sensação a qual nunca havia sentido. Olhou para as ruas de Cancun pela janela da limousine e era possível enlouquecer com toda a beleza daquele lugar.
– Encantada?
– Muito senhor Marcus.
– Ai! – Dom gritou e o motorista deu uma freada brusca devido ao susto.
– Está querendo nos matar, sua... – Marcus se controlou. Não podia ofender o irmão na frente de Aurora e muito menos do motorista – Meu querido irmão? – sorriu irônico.
– Desculpa, mas Aurora querida, Marcus detesta que o chame de senhor, e eu também. É uma repulsa da família Connor, então, por favor, sem formalidade.
– Desculpa, eu...
– Não se preocupe, meu irmão é exagerado.
– Que legal vocês trabalharem em família.
– Mais ou menos – balbuciou Marcus.
A primeira parada foi ao shopping. Aquele era o lugar onde vendia as roupas e os acessórios mais caros de todo o México. Não tinha como não ficar encantada com todo aquele luxo. Aurora se sentia perdida, com uma mistura de sentimentos. Gostaria que sua mãe estivesse ali para lhe apoia e abraça-la. Emocionou-se, mas não deixou transparecer.
Por mais que não tivesse com que se preocupar com dinheiro, sentia desconfortável em ter que escolher alguma coisa. Dom ia falando sem parar pelo caminho, e Marcus não desgrudava de Aurora em nenhum momento. Iria ser difícil submetê-la ao mesmo tratamento que as outras garotas teriam. Pela primeira vez sentia-se incomodado com o que estava prestes a acontecer.
Dom escolheu algumas roupas, entregando tudo para que Aurora segurasse. Uma montanha havia se formado em seu colo e a moça quase não conseguia se movimentar, precisando contar com a ajuda de Marcus, um verdadeiro cavalheiro, pelo menos até o momento.
Dirigiu-se ao trocador sem saber por qual peça começar. Olhou-se no espelho e viu uma Aurora que por algum tempo ficou perdida, mas continuaria por muito tempo procurando por ela, porém, ela só descobriria mais tarde.
Pegou a primeira peça que estava a sua frente e a provou, gostando do que via. Saiu do trocador, um pouco envergonhada esperando as respostas de seus companheiros.
– Linda! – Marcus foi o primeiro a dizer.
– Arrasou querida. Pode pular para o próximo.
– Eu vou ter que provar todas essas mil peças?
– Sim, querida. Não que ser uma estrela, te que arrasar amore! – Dom tentou animá-la.
Não sabia quantas peças ao todo tinha experimentado, mas estava ficando exausta com tudo aquilo e cada vez que pensava estar acabando, Dom vinha com mais peças. A última, era um vestido vermelho sangue. Um decote em coração, drapeado até os quadris, onde encontrava-se uma calda transparente, evidenciado por trás do tecido suas lindas pernas.
Assim que saiu do provador, Marcos sentiu seu coração parar e a respiração lhe faltar. Jamais esqueceria aquela cena. Jamais esqueceria aquela visão maravilhosa de sua estrela em contraste ao vermelho. Uma cor quente, chamativa, sensual e provocante. O dono do cabaré sentiu os lábios secos e os seus instintos criarem forma. Neste instante o seu sentimento de posse havia se aflorado. Aurora seria apenas dele e mais ninguém. Ninguém que fosse preciso utilizar-se dos meios mais inescrupulosos possíveis para isso. Nada muito difícil para o seu caráter.
E isso foi apenas um sinal a Aurora. Mais um tom o qual ela levaria para a vida toda.
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Queria pedir desculpas por não ter postado na terça, mas a faculdade está tomando meu tempo e por isso, tive um imprevisto. Estou na correria aqui, com provas e trabalhos, e portanto, o próximo capítulo será postado no sábado que vem. Depois disso, eu volto com as postagens em duas vezes na semana.
Espero que entendam.
E então, como vocês estão?
Esse capítulo teve alguns detalhes importantes. Pegaram?
Beijinhoooos e bom final de semana.
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