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Capítulo 1



Giulia

Por que as pessoas diziam que "recordar é viver"? Isso só seria verdade se houvesse algo bom a ser lembrado e quando se tratava dos meus tempos de escola, aqueles anos precisavam ser esquecidos.

Infelizmente, eu não estava com tanta sorte naquela noite.

Cruzei os braços, encarando o banner de lona com o símbolo que, quando jovem, não suportava olhar no uniforme escolar. Abaixo dele, em letras coloridas — como se fosse um momento de pura felicidade —, brilhava o aviso: Reunião de dez anos do colégio Aristóteles.

Yay... que alegria ...

Por que diabos eu vim?

— Vai entrar ou vai ficar parada aí criando raízes feito uma planta? — Antonela me cutucou com o cotovelo.

Ah, sim! Estava ali porque perdi uma aposta com a única amiga que me restou daquela época. Toni ou Totô, como eu costumava chamá-la só quando queria deixá-la irritada, queria participar, mas não aceitou vir sozinha. E eu, idiota, caí em sua lábia. A gente deveria dar voltas na piscina levando dez pranchas, uma de cada vez, do lado direito para o esquerdo, quem terminasse primeiro ganhava. Uma das poucas coisas boas que fiz no ensino médio foi nadar, por isso estava confiante, porém, até agora, não compreendi como minha amiga tinha se tornado o Michael Phelps de uma hora para a outra.

Poxa, eu perdia até no que deveria ser uma vitória garantida! A culpa era minha, não era para ter aceitado uma aposta quando Mercúrio estava retrógrado. Se bem que, considerando meu histórico, a sensação era de que eu vivia com Mercúrio sempre retrógrado durante uma eterna conjunção de Saturno e Plutão. Pelo bem da humanidade, esperava que tal coisa não fosse possível.

— Que tal eu dar meia volta e ir embora?

— Deixa de drama. — Ela plantou ambas as mãos na minha lombar e me deu um empurrãozinho para dentro do salão de festas. — Você está gostosa, maquiada, perfumada e arrasando nessa roupa, a gente não passou horas se arrumando para se esconder em casa e assistir Netflix ou ler um livro.

Seria uma programação muito melhor! E eu tinha sérios questionamentos sobre a parte "gostosa" de sua afirmação. Ganhei peso nos últimos cinco anos e não conseguia me livrar dos quilos a mais, o que afundou tanto a minha autoestima quanto o meu casamento.

Bom, isso e o fato do meu marido estar trepando com a secretária.

— Nunca fui popular, agora vai ser pior ainda.

Toda turma tinha uma esquisitona sem muita habilidade social, ou uma desengonçada, talvez nerd demais para sair com os descolados. No meu caso, eu era uma mistura de todos.

— Como pode ter certeza? — Arqueou a sobrancelha com o que eu chamava de "olhada mortal", que ela usava para detonar os oponentes no tribunal.

— Uma década se passou e eu não terminei a faculdade, não tenho casa própria nem um bom emprego, além disso, há mais pneus na minha barriga do que no meu carro de merda.

Por passar pela adolescência sem namorado, caí perdidamente de amores pelo primeiro cara que me deu bola. Eu estava no começo do curso de direito e ele no fim, Guilherme era lindo e inteligente, tão mais experiente que eu! Quando se formou, com seis meses de namoro, ele me pediu em casamento e me convenceu a parar de estudar para cuidar da casa. Meus pais foram contra, claro, mas Gui me convenceu que era por eles não desejarem a minha felicidade. Considerando que nunca tive uma boa relação com minha mãe, acreditei em seus argumentos. Por causa dele, saí de casa e até com Antonela eu parei de falar.

Fiquei isolada e dependente dele, do jeito que meu ex queria. Aquilo não era amor, era eu pagando todo o carma ruim das vidas passadas. Após o divórcio, coloquei como meta me impor, mas ainda estava trabalhando nisso.

— Ei! — Toni me segurou pelos ombros e me virou de frente para ela, a preocupação tomando lugar da expressão severa. — A gente divide um apartamento porque quer, a sua loja está deslanchando, ser formada não torna alguém melhor ou pior do que ninguém e você é linda, nunca duvide disso.

Forcei um sorriso, tentando aliviar o clima, apesar de ser difícil de acreditar em suas afirmações quando as redes sociais e a mídia insistiam que eu vivia a minha vida de forma errada. Não queria estragar a noite de Toni, ela fez de tudo para me resgatar da situação em que vivia na época e me acolher até hoje, por isso usei as minhas melhores armas para ameninzar a situação: humor e sarcasmo.

— Fácil para você falar, Barbie Malibu.

Ela relaxou de imediato, sabendo que eu estava brincando:

— Isso é bullying.

— Ai, coitadinha de você... loira, alta, olhos claros e advogada, tenho até pena do seu sofrimento!

Para Antonela, o fim da puberdade foi uma bênção, era a típica história da lagarta que virou uma borboleta. Ela desabrochou na universidade e ganhou um nível de confiança que nunca teve quando mais jovem, tornando-se uma adulta capaz de fazer os oponentes tremerem de medo diante dela.

— Já acabou? — Cruzou os braços, esperando que eu parasse de enrolar na entrada.

Não adiantava mais postergar o inevitável, com ou sem aposta, acompanhar Toni era o mínimo que eu podia fazer.

— Já.

— Então, vamos.

Respirei fundo e abri a porta que nos separava de nossos ex-colegas de turma. Vivi no inferno por anos com o meu ex, uma reunião seria molezinha. Certo?

****

Eu estava errada.

Aparentemente, existiam vários tipos de inferno e esse era um deles. A reunião não era apenas da minha turma, mas de todas as que se formaram no mesmo ano. Como a minha escola era grande, o terceiro ano do ensino médio ia do A ao F e muitos foram acompanhados de seus pares e até alguns filhos. Tinha uma média de quinhentas pessoas, não era à toa que fizeram em um salão de festas enorme!

— Veja pelo lado bom, as chances de encontrar alguém conhecido são menores.

Qual o sentido de estar ali, então?

Logo descobrimos que ao contrário do otimismo de Antonela, nos depararmos com o pessoal se mostrou inevitável, pois as turmas estavam separadas em mesas gigantes e a nossa ficava perto da pista de dança. Ajustei o cinto vermelho em meu vestido preto de gola canoa, checando se estava apresentável mesmo.

Você não é mais a adolescente tímida, é uma mulher adulta de vinte e sete anos, haja como tal!

Ao encarar os rostos familiares, mas que ao mesmo tempo eram estranhos, maduros, eu me senti com dezessete outra vez.

— Antonela! — Ana Paula se levantou, ela era a figura mais próxima de uma Regina George que tínhamos, uma menina malvada que adorava implicar com os outros. — Soube que você detonou no caso da menina desaparecida. Parabéns.

O nome da Toni estivera no jornal nos últimos meses por ter defendido um caso famoso e um tanto polêmico. Quase virou uma celebridade, até dobrou o valor cobrado aos novos clientes, devido ao aumento exponencial de demanda.

— Obrigada, houve negligência por parte da polícia, eu apenas fiz o que era certo para a família dela.

— Continua sendo incrível! — Ana Paula se voltou para mim e o semblante amistoso se tornou julgador, encarando-me de cima a baixo: — Giulia? Nossa... você está... — pausou por um momento, ponderando o que dizer — bonita.

O sorriso doce não me enganava, ela praticamente cuspiu a palavra como se quisesse colocar a mentira para fora logo.

— Você também.

O elogio era sincero, seus cabelos pretos estavam ruivos, de um vermelho profundo e os olhos azuis continuavam encantadores e bem maquiados, a pele não tinha uma marca de sinal, espinha ou linha de preocupação. No entanto, por dentro, demonstrava ser a garota fútil de sempre.

Jararaca demoníaca.

— Eu sei! — Ela deu uma voltinha com as mãos na cintura fina, exibindo o vestido bordô justíssimo que marcava seu corpo como uma segunda pele. — Acredita que é o mesmo que eu usei na nossa aula da saudade? Não precisei de ajuste algum para caber.

Seus olhos desceram por meu corpo de novo e não precisava por em palavras os pensamentos, eles eram explícitos o suficiente para eu entender.

— Que bom para você, não fui para aquela aula, então nem faz diferença para mim.

Afinal, por que eu teria saudade da DESGRAÇA que era estudar com aquele povo? A cara da mulher azedou de imediato e antes que ela pudesse nos apresentar ao charmoso homem ao seu lado — que deveria ser o marido, considerando o quanto Ana Paula gesticulava com a mão esquerda para mostrar a aliança de ouro maciço — Antonela tomou a dianteira, se metendo entre nós em uma pressa desesperada para nos fazer cumprimentar o resto do pessoal com variações de "olá", "oi" e "e aí?".

Deus do céu, que pressa! Ao passar por eles, analisei as mudanças em cada um, alguns pareciam os mesmos, outros estavam bem diferentes. Não apenas no físico, mas na forma confiante com que se portavam e se vestiam. Eu me perguntei o que viam em mim...

Toni fez questão de se acomodar na ponta oposta da mesa, o mais distante possível de Ana Paula. Não que eu estivesse reclamando, mas estranhei sua reação ainda mais ao perceber que ela estava mais pálida do que o normal, quase suando frio.

— Que foi?

— O marido de Ana Paula deu em cima de mim no tribunal semana passada, eu nem sabia que ele era casado!

Estiquei o pescoço para espiar o homem, o que rendeu um beliscão de Toni, mandando que eu disfarçasse. Ela estava empolgada com um carinha mais velho que conheceu ao ter ido resolver um problema em um tribunal diferente do que costumava ir.

— Ele foi o cara do happy hour?

— Uh-hum...

Nada bom! O advogado elegante a convidou a sair para um drinque, que resultou em algo mais.

— O que você beijou?

Toni me lançou um olhar exasperado enquanto sorria para as pessoas ao lado e ralhava comigo entredentes:

— Fala baixo!

Transbordar simpatia para os outros enquanto brigava com alguém era um dom que ela tinha.

— Como você não sabia que ele era casado? — Devia ter uma marca de aliança, certo? A menos que ele passasse tanto tempo sem o anel no dedo para ludibriar mulheres pela rua que nem ficou com a marca esbranquiçada causada pelo uso contínuo da jóia.

Passei o dedo por meu anelar esquerdo, feliz por não ter mais aquela lembrança constante em minha mão. Hidratei bastante a área e com o tempo voltou ao normal.

— Ao contrário do que você pensa, não existe um Tinder Law & Order para a gente saber quais advogados são solteiros em busca de amor e quais vivem na base do sigilo. — Coçou a têmpora direita, estressada. — Ele disse que era divorciado.

— Quer ir embora?

Observei Ana Paula, que se levantou para cumprimentar outro recém-chegado e, desta vez, teve tempo de apresentar o marido. Ela estava linda e orgulhosa de suas conquistas, sem saber que vivia uma mentira.

Já estive no lugar dela e não era nada bom.

Ninguém estava isento de ser chifrada, nem mesmo as populares magras e encapetadas.

— Não... Lembra o que a psicóloga disse sobre sair da bolha de conforto, confrontar as coisas que te assustam e erguer a cabeça? — Toni esperou que eu concordasse. — Vale para mim também, não fiz nada de errado, o comprometido aqui é ele. Esta é uma noite de festa, depois a gente decide o que fazer em relação à Ana Paula. — Ela também observou o feliz casal e meneou a cabeça, decepcionada. — Você não queria vir porque se arrepende das escolhas que fez, mas veja Ana Paula. A vida de ninguém é perfeita, Lia.

— Isso não faz eu me sentir melhor.

Eu sabia o que era ser enganada e usada, a trouxa da relação e não desejava nem à minha maior inimiga da escola. Bom... talvez para o meu ex, seria bom se ele provasse do próprio veneno.

— Uma das coisas que amo em você é que não fica feliz com a desgraça alheia. Todo mundo faz escolhas erradas, não se martirize pelas suas. — Ela apertou a minha mão por baixo da mesa, mas largou assim que o garçom passou com uma bandeja cheia de drinques, resgatando dois para nós. — O nosso erro foi colocar a língua na boca de mentirosos gostosos. — Piscou para mim. — Acho que o problema são os advogados, o seu não valia nada e aquele ali não é muito diferente. O que vamos fazer? Que tal nos abstermos deles daqui para frente?

Por mim, tudo bem. A minha tática mais recente era abstinência sexual, antes só do que mal acompanhada.

— Que tal a gente procurar a solução para os nossos problemas no fundo das taças? — Encostei a minha na dela, fazendo um brinde improvisado.

— Essa é minha garota!

A festa se tornou mais fácil à medida que os drinques não paravam de chegar e eu decidi relaxar para aproveitar o momento, já que tinha ido até ali. Fiquei surpresa ao perceber que a galera sentada perto de mim era mais divertida do que eu esperava. Eles eram chamados de "neutros" ou, como diria minha mãe, "os que não fedem e nem cheiram", nem eram populares e nem chegavam ao meu nível de nerdice.

Com alguns, inclusive, cheguei a fazer trabalhos em grupo. Era engraçado como apesar das redes sociais que conectavam as pessoas, alguns a gente perdia o contato a ponto de nem lembrar que existiam.

Era um desfile de gente que até minutos atrás eu não me importava em saber que rumo tomaram, mas que agora eu estava curiosa para descobrir o que faziam. Valentina e Luciano se casaram, o que foi uma surpresa, eles nunca foram amigos quando estudaram juntos, porém se reencontraram ao acaso em um avião e caíram de amores. Eu não me lembrava desse Luciano, mas acenei em concordância diante da fofoca para ninguém perceber meu ato falho. Enquanto que Berta virou a esposa de Matheus, de quem foi melhor amigo apesar dele ser mais velho, desses dois eu lembrava, pois o cara era lindíssimo e o crush de todas.

O casal também chamou minha atenção por outro motivo: ela estava acima do peso que nem eu, mas era casada com um dos homens mais lindos que tive o prazer de conhecer pessoalmente e ele só tinha olhos para ela. Quais as chances de acontecer? Uma em um milhão! Ela era sortuda.

Os dois contaram uma história maluca de como se reencontraram após anos separados. Eles eram legais, eu tinha esquecido disso.

Do que mais esqueci?


_____________________

Qual a lembrança que vocês tem da época da escola? É boa ou ruim?

Para mim, é um misto de coisas boas e ruins. Cresci muito tímida para ser popular, mas sempre tive um grupinho pequeno de amigas. No geral, as lembranças boas prevalecem. Provavelmente, não lembraria do nome de metade deles. Hahahahahaha

Beijos, Aretha.

Ps.: Doida para que vocês vejam a entrada triunfal de Félix.


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